quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Olá, está boa?

Olá, está boa?
Cumprimentou-me um homem jovem, simpático e bem disposto.
Estava bem de frente de mim, com umas folhas na mão.
Julguei tratar-se de mais um utente. Que acordou simpático, ou apenas educado.
Não se lembra de mim?
Fiz um esforço. Olhei-o de novo.
Quero um documento igual ao que cá vim tratar há uns meses atrás.Para actividade profissional, no estrangeiro.
Fez-se luz. Viera acompanhado de outro mais novo ainda, quase um menino.Quando sairam, deixaram-me um cartão com números de telefone e uma morada da Vila Alice.
Que telefonasse, quando voltasse a ir.Que não se iam esquecer de mim. Que gostavam que fosse comer uma funjada ali à Vila Alice...
Apenas os vira dessa vez.
O documento que solicitam faz sempre com que eu entabule conversa com eles. Saiem quase sempre amigos do peito.
Vão para Angola trabalhar...cheios de ilusões. Quando voltam cá, dizem-me, porque se lembram de mim, que estão muito contentes. E até deixam cartões, como este, hoje.
Falou de Luanda.
Ainda cheira muito àquela terra. Chegou à pouco. Percebe-se pela forma como fala.Ainda trás o calor daquele espaço.
Voltou a convidar-me para uma funjada. No espaço próprio. Onde sabe melhor. Onde é genuína.
Não sei se levo o cartão. Se passo à sua porta. Se passar, sei que páro.
Transmitiu-me um pensamento que é meu, desde que regressei de Luanda, o ano passado.
" Sinto-me mais seguro em Luanda que aqui, que em Lisboa ".

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