sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O teu dia

Não querias sair do quentinho.
Estavas enorme e fazias-me gigante.Davas pontapés constantemente e eu ficava tão feliz com a cócega na barriga que tu por dentro, fazias...
Escolhi-te o nome e desejava muito conhecer-te o corpo. A alma era um pouco da minha, mais pequenina, mais jovem, mas conhecia-a.
O soro que me colocaram provocou o teu nascimento.
Tive pela primeira vez as dores de parto que as pessoas tanto falam. Contigo foi mesmo a doer.
Que fora um crime o meu parto, disse-me um médico, muito conceituado da Alfredo da Costa, anos mais tarde. Uma violência, dado o teu peso.Deveria ter sido cesariana...
Quando ia para a sala de partos vi a Paula.Ela foi ter connosco. Ela sempre presente...
Eram 18,50 horas quando nasceste.
Apenas tive coragem de perguntar: Ele tem tudo?
A doutora Helena riu-se e disse vitoriosa: Nunca fiz nascer um bebé tão grande.
Meu filho, tu já ao nasceres eras GRANDE e de peso.Cinquenta e três centímetros e quatro quilos e novecentos é obra. Deixara de fumar e por isso engordei e fiz engordar.
A doutora exibiu-te a mim. Tinhas umas costas tão bonitas...Uns ombros enormes, um sinal no pescoço que descobri de imediato e choravas com voz forte, fechando os olhos com força.A tua pele era clara e apesar de inchado, eras mais bonito que eu ambicionara.Vesti-te o fato que a tua irmã vestira quando nasceu. Quis que fosse assim e não me arrependi.
Levaram-te para te mostrarem pelo hospital inteiro. Ela ia vencedora, exibindo o troféu. Quando me pûs bem em ti, percebi que apesar de chorares muito, tinhas uma expressão bonita e não parecias um recém nascido.Ia ser fácil cuidar de ti.
E foi.
E foste sempre um menino de oiro.E deste motivos fortes para te admirarmos.E hoje tenho um profundo respeito por ti. E tenho saudades das nossas conversas, agora que não estás.E tudo e tudo...e és o meu filho e amo-te muito, de paixão.
E ainda bem que nasceste...

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