quinta-feira, 28 de abril de 2016

sorrir

...diz que faz rugas de expressão, 
mas eu afirmo
sem qualquer provocação
que o sorriso desenruga a alma
e rejuvenesce o coração

m.c.s.

o sorriso

Nasce da ternura da alma
Do agrado dos olhos
Do gesto do outro
Da pureza
Do fascínio
Também da beleza

O sorriso...

Que chega, do prazer do corpo
Da satisfação
E permanece recorrente 
Nos nossos sentidos
Na emoção...

m.c.s ( Dia Mundial do Sorriso )

quarta-feira, 27 de abril de 2016

amar-me

Embalam-me as vozes
do sol e mar
Cantam-me as manhãs claras, 
o seu trinar
E arrepia-me a pele, a brisa gelada
Acorda a alma, ao dia feliz
- Amar-me para ser amada -
É o que o destino me diz...

m.c.s.

Sou tão pedinchona, que posso até ficar de boca fechada, silenciosa, muda, para o mundo, mas não me calo para Deus. Estamos sempre na conversa. Num tu cá, tu lá, alto e bom som, para o caso de não ser ouvida. Na pedincha.
E não é que Ele me ouve? Quando não me manda calar a ver se ganha tempo e espaço para me brindar com algumas bênçãos.

m.c.s.

só por isso tanto...

Só porque me fazes sorrir, 
te quero na minha expressão...
Só porque te gosto, 
te quero no meu coração...
Só porque te sinto saudade 
Te quero na minha eternidade...

m.c.s.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

(i)mortal

Às vezes, está numa melodia, 
num sorriso,
num beijo, 
numa intenção, 
um presente chegado do céu.
E então dá-se o milagre
( jorram-me em cascata, fonte d' água pura,
uma lágrima, duas, três )
que me renasce emoção, 
coração,
ressurreição 
e me sussurra ser o mundo eternamente meu... 
Liberta, me dispo de qualquer mal 
e faço de mim, por um segundo, 
mais que mortal, imortal...

m.c.s.

caminhando-me

Vou perseguir o horizonte, que ali é que se abrem os caminhos.

m.c.s.

fosses tu...

Fosse só o inverno
A tempestade
A lágrima gelada...
Fosse só a distância
A insónia continuada
A música desvalida
Ou o poema inacabado...
Fosse só a ilusão adormecida
A ausência
E o silêncio 
E tudo isso eu riscava

Que o meu querer pode muito mais...

Fosses tu por entre os versos
Abrindo os braços ao sonho
e beijando-me 
Em rimas ousadas 
De versos de amor,
e pura poesia te chamaria
E com mestria
nela me gravava sem pudor ...

m.c.s.

frutando-me

A memória de dias amenos e coloridos, está no futuro tão próximo, saboreando cerejas.

m.c.s.

terça-feira, 19 de abril de 2016

pressentimento

Amanheci mais cedo que o amanhecer.
Só p' ra te (pre)sentir.
Mesmo sem te ver...


m.c.s.

pensamentando-me

Acreditar é ser presente. E caminhar...
m.c.s.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

desejo

Espero as cerejas e o sol
Os jacarandás
Os dias mornos
E a paz
A brisa perfumando as manhãs
A coroa imperial
E o sabor das romãs
Espero o beijo
Coroado de prazer
Néctar
Poema para sorver 
E a emoção
Nos sentidos a ferver
Bombeando o coração
Nesta estranha falta
Nesta doce espera de ti...

m.c.s.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

ilusão

Se a alma necessita, 
poisar o olhar no horizonte,
o mar é o caminho.
Se o corpo pede calma;
e paz, 
o coração,
a onda beijando a praia, 
devagarinho,
me oferece essa ilusão...

m.c.s.

domingo, 10 de abril de 2016

a notícia

Tenho a televisão na SIC Notícias. 
A quantidade de vezes que hoje ouvi a notícia do quadro sobre o nu de Trump, proibido nos EUA, agora exposto em Galeria de Londres, bem como da polémica, porque a criatura foi pintada como Deus a deitou ao mundo, ou seja nuazinha e com a sua intimidade ( pequenina ) tão exposta, foi tanta e ainda nem estamos a meio do dia, que já estou para lá de Bagdad, num enjoo que vai lá vai. Também não é para menos. À figura de tal anatomia...
Nada contra a pintora llma Gore, de apenas 24 anos, mas com talento e arte para a coisa, tudo contra a notícia repetitiva. 
Ah! Completamente a favor da proibição da exposição do quadro. Do Trump. Não só nos EU. Também em Londres. Em qualquer parede deste mundo. 
Não. Mil vezes não a esta figurinha ridícula. Em modo nu, com genitais à mosta. 
Genitais? Aonde? Ofereçam uma lupa por favor. Não a mim. A quem quiser observar. Porque eu não estou nem aí para ver misérias. Acho mesmo muito bem esse quadro não estar exposto. Ninguém merece olhar esse Trumpa. Perdão. 
Esse Trump. Que fala, fala, fala, mas não tem conteúdo e é só para se compensar...

m.c.s.

um panamá

Desde a semana passada que ando aos papéis.
E o sol a fazer-me mal à moleirinha.
Já cá me dera um panamá...


m.c.s.

de mim...

De mim pouco resta do que já foi belo.
As rugas tomaram assento. 
As manchas se evidenciaram.
Os cabelos branquearam.
E a pele se tornou flácida. 
Os músculos não resistiram à dureza dos dias. 
As costas se curvaram ao peso da idade, 
das ausências e perdas, da solidão e das amarguras. 
E até a memória se ausenta nos hojes;
se alongando apenas no antigamente. 

Que já passou e não interessa nada.
De mim pouco resta do que já foi belo. 
Olhar seguro. 
Palavra certa. 
Gesto correcto.
Passo encaminhado. 
Curiosidade apaixonada.
Descoberta entusiasmante.
Ideia inconformada.
Hoje apenas o coração me diz que siga em frente.
Que não está doente, senão de tanto querer. 
De tanto sonhar. 
De tanto amar.
De mim, resto eu...

m.c.s.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

o Padre Luís partiu :( ...

Vi agora. Li agora. " O Funeral do "meu" Anjo da Guarda (Padre Luís Salvan) é amanhã (quinta-feira, 07 de Abril de 2016), às 10:00 h (de Itália, e às 09:00 h de Portugal. Do Convento do Frades Capuchinhos de Conegliano irá para o Cemitério de S. José, em Conegliano (Treviso (Véneto (Itália))), para o Descanso Eterno..."
O Padre Luís partiu. 
E não pude deixar de me arrepiar à notícia. E não impedi uma lágrima de brilhar no meu olhar. E um aperto no meu coração. E não pude evitar um Ohhhh! Coitadinho...
Mas não. O Padre Luís não foi um coitadinho, não. Viveu nas suas escolhas. Dedicou-se à religião, à fé e às pessoas. Viveu feliz. 
Faz parte da vida de muita gente. De muitos paroquianos. De muitos casais. De muitas meninas e meninos que hoje têm a minha idade. E por ele foram tocados.
O Padre Luís, faz parte do imaginário de angolanos e portugueses que viveram em São Paulo, Bairro Operário, Bairro do Cruzeiro, Maculusso, Ingombotas, Vila Clotilde, Vila Alice, Caop, Marçal, Sambizanga, Cuca. E de todos os que com ele privaram dos mais variados bairros de Luanda. 
O Padre Luís era um homem abençoado por Deus, rosto de anjo e voz de santo. Que espalhava a fé e o bem. 
Dele recordo-me, recordo-o, era eu muito pequena. Aluna do colégio. Da primeira classe ( 6 anos ). Todas as semanas lá ia para uma aula de catequese. Distribuía santinhos ( preciosos para mim ) e pregava a religião. O bem. A fé. Fantasiava, embelezando as palavras e tornando-as mais fascinantes. Fascinava-me com a sua voz e o encanto da cor dos seus olhos. E das suas vestes castanhas de capuchinho. Dele, sei a história do Pinóquio contada pela primeira vez. Passeando-se pelas carteiras, entre alunos completamente conquistados por um padre que dava vida a um boneco de madeira mentiroso. A cada semana se movia com leveza por entre nós, espalhando a fantasia de histórias de encantar.
Quando teria talvez 12 anos e já com a 1.ª comunhão feita era a ele que me confessava, aos domingos e dias santos. Na Igreja de São Paulo. Conhecia-me de ginjeira e sabia sempre aplicar-me a devida penitência aos pecados, iguais, de semana a semana - Disse palavras impróprias ( asneiras ), desobedeci, menti aos meus pais e fui mal educada. Fiz partidas. Discuti, bati nos meus colegas - Ele, por entre a rede que nos separava, sorria, chamava-me - minha filha - mandava-me rezar o acto de contrição e aplicava-me a dose certa para uma semana de arrependimento. 
Baptizou a minha irmã caçula quando eu tinha 14 anos. Vi-o casar muita gente das minhas relações. Assisti a muitas cerimónias. Procissões e funerais a que presidia. Cruzava-me com ele na rua. Sempre me sorria e falava. 
Há cerca de 25, 30 anos encontrei-o em Fátima. Tinha vindo a Portugal de propósito, para o encontro dos retornados, que acontecia ( não sei se ainda acontece ) no primeiro domingo do mês de Setembro. Estava rodeado de pessoas de Luanda que o acarinhavam. Fiquei tão feliz por voltar a vê-lo! Que só repetia - Padre Luís, padre Luís! É mesmo o senhor? Cumprimentei-o com um abraço apertado e dois beijos. Ele agarrou-me nas mãos e sorriu-me, como o fizera quando eu tinha seis anos. Quando me confessava ou dizia a missa, poisando o olhar bondoso em mim e em todos nós, que ali íamos. Disse-me que estava em Roma. E fez festas na cabeça dos meus filhos. 
Abençoou-me com o sinal da cruz na minha testa; e eu voltei para casa segura que Deus tinha passado por mim e se detivera para me abençoar.
Nunca mais o vi. Nunca mais dele soube. Até este momento. 
Foram muitos os textos em que dele falei. A cada Natal. A cada Páscoa. A cada lembrança do meu passado de criança estudante. A cada viagem a Luanda e à igreja de São Paulo. A cada confessionário e altar. A cada missa. A cada missionário. A cada história. A cada Pinóquio...
Morreu um homem de bem. Que representava com honestidade e dedicação, a Igreja. Morreu mais um elo ao meu passado, à minha terra, à minha infância, ao meu catolicismo. 
Morreu mais uma doce lembrança do meu imaginário...
O seu eterno descanso e paz à sua alma.

m.c.s.

amanhecendo-me

Amanhecendo-me...
Entre janelas abertas, 
asas
e as cores da manhã...
Há dias assim
Entre voos
e a leveza
d' um regresso a mim...

m.c.s.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

liberdade

Não é o mapa que me encaminha,
me espera,
me aproxima
Ideia, de soltar amarras de sina pequena
mostrando-me o seu espaço
Linha, traço
Contornos para navegar
Pelo lugar
Onde a primavera se esconde
Perde o nome
E o gosto de se espraiar
Não é rasgando os dias dados
Futuros iguais a passados
Mil pedaços em papel
Preço
Endereço
Versos
E destino a acompanhar
Que determina o caminho
No esboço
No ensaio d' ave a voar
Asas
Penas
Desejo de céu rasgar
Alastrar
Terreno, terreiro, oráculo
Divindade a governar
Previsão...
Só à lei do coração
Me rendo e vou
Na liberdade de ir e vir 
E a mim regressar

m.c.s.

a bofa à ministro

Aviso a navegação (in)culta (?), que a partir de agora não aturo madurezas.
Ah... porque tal e coiso e coiso e tal, parece mal reagir. É falta de educação. De nível. É baixaria resvalar o pé para o chinelo... ou a mão para a lambada.
Como é que é? Depois da coisa ter ido do alto nível para o brejo, também eu, sim, eu, que gosto pouco de me pôr travão às indelicadezas, grosserias e outras miudezas a mim dirigidas; de assobiar para o lado às insinuações, acusações e outras orquestrações, de fingir-me de morta a dedos apontados ou mesmo risinhos e piscadelas de olhos, eu, maria clara das dores, que não sou pessoa de encanar a perna à rã, nunca mais engulo sapos em nome dos bons costumes e das boas maneiras. E não me venham com tretas de ser obrigatório saber ser uma senhora.
A partir de agora senhores, cada desaforo, meia dúzia de bofas. A que chamarei - A BOFA À MINISTRO!

m.c.s.