sábado, 29 de setembro de 2012

slogans, hoje









fotos.tukayana.blogspot

apenas isto, é pedir demais?

foto tukayana.blogspot
Sinceramente senhores, qual é a parte que não entendem?

união

foto tukayana.blogspot
Hoje, esta bandeira falou mais alto. Calou mais fundo. Tocou mais que o corpo, a alma portuguesa.
Provou que somos muitos.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

intenções



Solto intenções presas. Guardadas. A sete chaves. 
Livres de intenções ficarão. Ficarei. 
Solto-as na liberdade de não mas apanharem à má fila, violenta ou antecipadamente. 
Solto-as portanto, em tempo útil. Sim. Porque quando h
á intenções, há uma forma de fazer as coisas. Não precisa de ser em modo de, pôr tudo em pratos limpos. Apenas deve ser de uma forma mais ou menos natural. Óbvia. Lógica.

Solto intenções presas. Organizadas e construídas que foram em termos de ideia. 
Que quando direccionadas passam a intenção num abrir e fechar d’ olhos. 
Bem sei que de boas intenções está o inferno cheio. E de más também, porque é lá que os espíritos malignos terminam, dizem, e eu que acredito no que me dizem não contesto. 
Deixá-los lá arderem no fogo que consome essas almas que não foram iluminadas nem tiveram boas intenções.
Isto já não é o que era. De intenção em intenção, de roupagem em desvario, de máscara em propósitos bem intencionados vejo as intenções saírem porta fora, escaparem-me da mão ao encontro das mal intencionadas intenções, para governo sabe-se lá de quem, sabe-se lá de quê.
Solto intenções que tenho de reserva. Poupei-as de propósito. Só porque quero ser poupada, não sou mal intencionada e é no poupar que está o ganho. Só porque estou na idade de não guardar na manga intenções pouco claras, porque não há quem me cale, me dê música ou me force a dançar sem que haja festa ou não esteja para aí virada.
De intenção em intenção vou libertando o peso da culpa, da desculpa e da espinha. 
Nunca foi intencional pôr-me a jeito de mal intencionados. Ou bem intencionados. Ou de apenas intencionados. Só me ponho a jeito do que quero, quando quero e porque quero.
Mas, aqui deixo a minha intenção escrita em palavras legíveis, mais ou menos credíveis . Curtas e grossas. 
Tudo que for em nome da minha liberdade de dizer, fazer, dar e receber, abençoados sejam os que tiverem a intenção de apanharem as minhas intenções. As quais libertei hoje. Só porque sim… 



m.c.s.

nascem açucenas




Nascem açucenas por entre as pedras do caminho
Brotam  puras e singelas
Espontâneas
Alegres
Brancas, vermelhas, amarelas
E espalham a cor na manhã clara
Perfumando  a caminhada
Nesta fria e grata alvorada

Adivinho a dádiva de mais um momento de magia
No tempo que me saúda sorrateiro
E no nascimento tranquilo deste dia
Brilhante ousado e soalheiro
Pinto-me com a tinta destas  flores
Misturo-me intensamente nestes odores
Que timidamente me pincelam de alegria

Quero voltar a olhar as açucenas
Que vão enfeitando as minhas estradas
E suavemente crescem por entre as pedras do caminho
Trepando no arame farpado
Garridamente penduradas
Nos fundos da minha saudade
Indiferentes ao cimento armado
Que se ergue cinzentamente na cidade

Não, não estendas a mão
Não colhas a flor que desabrocha não tarda
Oferece-me o perfume quando a estação se instalar
No outono do meu desalento
E verás então o  seu respirar
E a cor do meu sentimento

Nascem açucenas por entre as pedras do caminho
Desvia as pedras e percorre comigo esse caminho…

m.c.s.

por entre os pingos da chuva


Chove. Saio do carro.
Choveu toda a tarde e pela noite fora.
Como no inverno. Que se passa com o tempo?
O outono não pode chegar tão abruptamente. Causa danos nos corpos  doentes.
Nos espíritos inquietos. Nos solitários. Nos cansados. Nos desiludidos.
É triste e espalha tristeza. Desânimo. Lembra mais a pobreza e o desencanto.
Saio do carro. Atravesso a rua. Não abro o chapéu. Sou rápida e escapo por entre os pingos da chuva. Às vezes consigo essa artimanha. Hoje consegui. Num esforço sobre humano.
Às vezes é necessário. Não há outra saída. Ou é…ou é. E o que tem de ser, tem muita força, dizem.
Dou à chave. Oiço o motor do carro quando acendo a luz das escadas. Sorrio. Inunde-se de luz o meu espírito.
Quase tanto como cuidar, gosto que cuidem de mim. Dou por isso. Nos pormenores mínimos. Se calhar, só eu os vejo. Não importa. Importa é o que sinto.
Levam-me a casa vezes sem conta. Já não conto nem têm conto. O que conto é que continuem por muito tempo. Porque é uma bênção.
E não há ninguém que me deixe à porta e que não espere que eu entre, feche a porta e acenda a luz.
Entro. Fecho a porta e acendo a luz.
Subo as escadas. Abro a porta. Num rompante surge-me a Pitanga no tapete. Sôfrega.
Quase tanto como cuidar, gosto que cuidem de mim. Tenho a certeza de que a Pitanga acha que mais que cuidar, gosta que cuide dela. Estamos em sintonia.
Eu cuido, ela gosta de ser cuidada.
Pego nela ao colo. Como quem hoje de mim cuidou sem que tivesse sequer percebido.
É tão fácil cuidar de alguém…
Chove. Há dias em que escapo por entre os pingos da chuva. Hoje foi dia.

domingo, 23 de setembro de 2012

ontem, no castelo de almourol






fotos tukayana.blogspot

votos


Não gosto de chapéu de chuva. Nem d’árvores desnudadas. 
Não gosto que mude a hora antes do sol se esconder. 
Não gosto de dias pequenos, nem noites geladas. 
Não gosto do vento soprando nem da chuva os meus pés encharcando. 
Não gosto de solidão nem do frio a tocar-me a alma.
Não gosto do sono que me dá mas que em nada me acalma.
Não gosto da nova estação outonando o meu corpo e gritando no meu coração.
Mas mesmo não gostando aqui estou eu reconhecendo que a chuva é necessária.
E mais que isso, a estação, que renova o tempo e nos traz novas promessas.
Um Bom Outono a todos.

chá das cinco

Para os dias como o de hoje. Outonais.

Pitanguinha domingando


hoje

Que ventania! Que chuva!
Hoje é mesmo daqueles domingos que uma mantinha nas pernas, uma televisão em frente, um computador no colo, um telemóvel ao lado, um livro do lado contrário, um chá na chávena, e uma gata de olhos azuis a olhar para mim é o melhor que eu posso ter, por isso, há que aproveitar.
Boa tarde portugal e arredores. Tá-se bem na preguiça!

A nova estação

Choveu à noite na cidade.
As gotas d’ água tocaram a vidraça anunciando a viragem do tempo.
Este tempo sempre reclamado. Já não é a mesma coisa, dizem alguns.
O tempo passa a correr, dizem com falta de fôlego.
Que tempo chalado, dizem outros. Sempre virado do avesso, acrescentam.
Sempre pouco, sempre ansiado. Não tenho tempo p’ra nada, oiço dizer, digo eu.  Ai tempo da chuva! Já cá faltava…
Choveu à noite na cidade. Primeiro mansamente. Quase imperceptível. Desajeitada e envergonhadamente.
Depois, ganhou embalo, força, como tudo o que chega para se instalar.
Bateram fortes à minha janela estas primeiras chuvas d‘um tempo novo e nunca por mim suspirado.
Bateu forte, sim.  Tocou mais que a pele, a alma.
Ainda vivendo os sonhos de verão.
Ainda apanhando os restos do ar, do sol, do mar e do chão.
Dormia a noite a bandeiras despregadas. Dormia eu, cansada. Descansada.
Despertou em mim esta chuva outonal que me pareceu pedir perdão e que mais que mal, me fez pelo menos perceber a chegada duma nova estação.
Chegou a chuva e o outono.

João Só e Abandonados feat Lúcia Moniz - Sorte Grande

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Acordai

antecipação ou não




Acordou a cidade. Num Outono ousado e inoportuno. Fora d’hora que ninguém o chamou. A que propósito?
Sabemos todos que logo logo estará a fazer-se presente. Embirrentamente desagradável. Antipático e frio. Húmido e pega

joso. Gordurento e fedorento. A ferro e fogo.
A armar ao pingarelho. Chovendo no molhado como sempre. Cacimbando sem pudor e brincando de esconde-esconde com o astro rei. Que hoje não acordou a cidade. Não me acordou e até esqueceu de se acordar. Despertador serve para essas coisas. A menos que tenha feito um pacto com o diabo da estação danadinha por se instalar na cidade, na minha pele, na minha alma e provocar tristeza nas minhas palavras, fazendo chorar o meu coração. De saudade…
O sol não despertou, na verdade. Nem a vontade de caminhar à luz do fim de semana. Não me mostrou os raios que partam dias tristes e monocórdicos. Não me animou, consolou ou apaziguou.
É sexta-feira, diz o calendário, a cidade, digo eu e a canção.
O vento sopra, as nuvens passeiam-se e o frio chega. O verão deixa-se seduzir. Estamos de restos. Sinto a despedida mais que ontem, que anteontem e que nas férias, porque essas já nem há memória delas. Apenas quando dispo a máscara que gentilmente me ofereceram, eu aceitei e coloquei, a pele exibe contrastes entre o pálido e o moreno, sinal de mar, praia, ondas e lazer. Sinal do auge da estação.
Olho a cidade. Em breve as castanhas bravas, dos castanheiros do jardim cairão para a calçada, junto ao rio. As folhas amarelas e murchas serão o tapete da sala de visitas a que chamam a velha avenida. O castelo se acinzentará. Os frutos secos se venderão em feira anual. Os diospiros me alegrarão e as romãs me conquistarão.
Mas hoje, o dia devia prometer. Calor e sol. Viagens e amores. Festas e arraiais.
Mas…acordou a cidade num outono atrevido e provocador.
Deixo-me envolver nele. Já vislumbro a manta aos quadrados que me acolherá. Beberei um chá de gengibre e limão. Apagarei a luz da sala. Mais uma vez a juntar a tantas outras ouvirei “ Aubrey “ e comemorarei o dia de hoje. E a noite também. Só porque sim. Viver é o que importa. Um dia de cada vez…

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

constatando

Diz que a vida é uma tristeza quando não há objectivos.
E quando o objectivo é destilar veneno, como fica a vida?
Venenosa? Ou Envenenada?
A vida devia ter como objectivo envenenar os invejosos...digo eu, preocupadamente... 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

se eu fosse o verão



Se eu fosse o Verão, dava tudo por tudo, nos próximos dias. Decadentes e tristes dias da despedida.Não saía de fininho, rabo entre as pernas, por entre os pingos da chuva como que a esconder-me envergonhado, fustigado,
culpado. Qual burro carregado de pancada…
Não. Mil vezes não. A saída tinha de ser em grande. Não é o sol uma estrela? Pois então? Uma despedida cinco estrelas para ninguém botar defeito.Haviam de se lembrar de mim nos dias que vão chegar, cinzentos nas nuvens, nas folhas caindo de murchas e de desesperança, no vento soprando em desfavor, varrendo as ideias e os propósitos optimistas. Nos corações lamentando, nas mãos desistindo e nos rostos chorando. Assim, mesmo que uma nesga, para agarrar e esfregar na cara dos mais cépticos. Se eu fosse o Verão, este ano, deixava a minha marca. A ferro e fogo. Valia tudo menos tirar olhos. “ Lembram-se do verão quente de 2012? Ah sim, aquele célebre, valente e persistente verão, saindo à rua, gritando em brasa no auge da estação . “ “ Ah, escaldante e recorrente Verão, empunhando as palavras no cúmulo da exaustão. Do trambolhão. “Havia de juntar os indecisos. Casar não, que custa dinheiro e custa mais depois, a desunião. Aproximava os idealistas e sonhadores e no calor dos abraços oferecia-lhes rosas e cravos. Vermelhos…Havia de apoiar os lúcidos e expulsar as ideias loucas que no calor do meio dia tresloucam de sede de poder despir mais que se despirem, mesmo que nos píncaros da temperatura que atinge o rubro neste cantinho pequeno, pouco mais que uma acha. Pouco mais…na fogueira perigosa deste Verão. Ai se eu fosse o Verão, saía, mas saía em grande no tapete vermelho estendido. E nas despedidas abraçava as andorinhas, as gaivotas e os albatrozes. Animava as cozinheiras. Comprava-lhes boiões para as compotas e geleias. Para os dias à lareira.Frutava as uvas e as azeitonas. Avermelhava os diospiros e coroava as romãs. Aquecia o insensível e beijava a viúva triste e conformada. Despenteava o puto e coloria-lhe uma bola. Escaldava as águas salgadas do litoral mais próximo. Alumiava o percurso do descrente e protegia os fracos e destemperados. Amaciava as areias. Derrubava barreiras e abria caminhos. De preferência estendendo passadeiras vermelhas.Depois, acenava com o lenço branco e partia. Ao encontro de outros verões. Quentes e kambas. Onde as mangas estão a amadurecer, as acácias ficam ao rubro e as águas da praia recebem os raios do sol e os corpos bronzeados e ávidos de verão.


vou fingir...


Vou fingir que estou em Lisboa. Que mania esta de chamar Lisboa ao Olival Basto...eu sei que não é Lisboa, claro que sei, e sei também que é Odivelas. Mas a tabuleta do fim de Lisboa está ali no fim da calçada de Carriche, paredes meias com o Senhor Roubado, estação do meu metro. O Olival, fica ali algures a uns metros. Depois das bombas de gasolina, o taxista carrega e muda de tarifa, mas logo, logo é a minha casa. 
Não me incomoda ter casa na periferia. No subúrbio. Afinal, quando vivia em Luanda a minha casa ficava na avenida Brasil. 
Entre a baixa e o muceque. Entre o asfalto e a terra batida. Entre o sangue azul e sangue do povo, vermelho como todo ele é.
Vou fingir que estou em Lisboa. Não tenho nada contra o Olival Basto. E tudo a favor. A bem dizer ainda não percebi, nem quis perceber, é mais isso, o que é o Olival Basto. Sei que é uma freguesia de Odivelas. Mas nada mais sei. Parece um bairro. Um simples bairro. Mais que uma aldeia. Um bairro como o era a Vila Alice ( muito mais pequeno ), a Vila Clotilde ou o Cruzeiro, o Alvalade, o São Paulo. Tem gente desses bairros. E de Cabo Verde. Guiné, Moçambique. Tem gente da Índia. Tem gente...
Se eu fingir que estou em Lisboa, quer dizer no Olival Basto, vou fingir que é fim de semana. Vou fingir que estou usando o Netbook da minha cria. Aquele que eu e a irmã oferecemos num Natal. E que me é emprestado cada vez que vou a Luanda. Cada vez que vou de viagem cá dentro ou lá fora. Já me acompanhou para alguns países europeus. Para a praia e para o campo. Para Trás-os-Montes e para o Algarve. Para Guimarães ou para Peniche. Nazaré ou São Martinho do Porto.
Se eu fingir que estou em Lisboa, melhor dizendo, no Olival Basto ao fim de semana, não me lembro que o meu computador avariou. Porque afinal tenho o Netbook do meu príncipe.
Mas, agora que falo nisso, como me custa ter ficado sem o meu computador!
Desconsigo esquecer. Meu companheiro de quase cinco anos. Como a Pitanga. Chegou à minha vida quando chegou a minha Pitanguinha. E completam-se.
Não há dúvida que a vida é sempre a perder. Mas custa tanto...

terça-feira, 18 de setembro de 2012

desabafo

Odeio puxa-saco. Ainda se mo aliviassem das costas que nem sempre estão no seu melhor...

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

consequência

fototukayana.blogspot
Cheguei ontem à noite, do fim de semana no Norte, completamente imprópria para consumo.
Nunca me custou tanto fazer a viagem de volta para casa. Uma dor de cabeça e um mau estar, fruto de todos aqueles exageros que um dia vou pagá-los um por um.
Esqueço-me que já estou entradota na idade. Esqueço-me sempre. Até que coisas como indisposições, cansaço físico, e outros parecem sinos tocando, sirenes prevenindo, tudo à minha volta dizendo que está na hora de ter juízo.
Foi um arrojo ir para Guimarães na manhã de sábado, fazer tudo a que tinha direito, por lá, e voltar no dia seguinte do mesmo jeito. Muita vagabundagem dá nisto.
O que valeu é que o motivo foi o melhor, a peça Andiamo, a cidade vale muito a pena e  dei de caras com um feira medieval o que me agradou bastante e também ajudou ao cansaço e às indisposições. E mais não digo.
Chegada a casa, e depois dos afazeres ( mínimos ) necessários, quer dizer, imprescindíveis, tomou conta de mim um sono que parecia ter sido mordida pela tal mosca de que tanto falam.
E como tinha sono, dormi e acordei de madrugada completamente podre da vida.
Hoje é segunda-feira, mesmo. 

domingo, 16 de setembro de 2012

Spice Girls - Viva Forever

manif

Um Milhão éramos nós, os que abandonaram as ex-colónias. E provocamos o pânico no povo português, que com a nossa " invasão " temeu pelo seu futuro.
Será que a classe política não ganha medo a um milhão, zangado, roubado, à beira de se tor
nar indigente?
Um milhão é muita gente. A manifestaR-se.
Quantos milhões ficaram em casa a torcer por esse milhão?
Como dizem os angolanos:: Kinga só!!!!
O povo unido não pode, não deixa, ser f.........quilhado

cidade berço

foto tukayana.blogspot.
Eu não nasci, mas estou cá de fim de semana.
Gosto muito de Guimarães. E quero voltar...

sábado, 15 de setembro de 2012

esta cidade...


Esta cidade tem coisas do arco da velha. Ou talvez não. Esta cidade será como outras pequenas cidades de interior embora esteja a 100 quilómetros de Coimbra e de Lisboa e a 70 do mar, no sopé da serra de Aire e Candeeiros, ao dobrar da esquina de Santarém, Fátima, Tomar, Abrantes, Vila Nova da Barquinha, Constância, Tancos, Barragem de Castelo de Bode, paredes meias com o Entroncamento e a Golegã, com a Azinhaga, a terra de Saramago, com as terras dos toiros e dos campinos, com as quintas dos senhores de outrora, com as grutas das lapas, a um quilómetro de mim, ou as de  Santo António, Mira d’Aire e Alvados, a um instantinho da sopa da pedra de Almeirim, da fataça, das enguias em Boquilobo, aldeia do concelho e terra de Humberto Delgado  e até a uma unha negra de Riachos, terra do músico Luís Santos, que amandou um ovo à ministra da agricultura ( toma que é democrático ); também  é a terra de Carlos Cruz. Ah não sabiam? A criatura é duma aldeia de torres novas de nome Parceiros de S. João, apesar de ter ido fedelho para Angola. Esta terra é também a terra do Torres, esse monstro sagrado da bola, infelizmente falecido, e também a terra onde Pedro Barroso vive ( Riachos ) e onde compõe a sua música e as suas letras há mais de 40 anos. Por fim, pois que não me lembro de mais, a terra de Vale e Azevedo. Han? Terra fértil esta!
Sem esquecer que é a terra onde vivo desde os 20 anos, onde os meus irmãos vivem, os meus pais estão enterrados e onde os meus filhos nasceram, onde me casei, onde me perdi e encontrei e permaneço. Até ver…
Tudo isto faz dela uma terra um pouco diferente. Não digo melhor, mas diferente.
Hoje, apeteceu-me falar de Torres Novas e da região. O Ribatejo, pródigo e afável.
Apesar de muitas vezes desdenhar, eu curto Torres Novas e a região. Se bem que muitas vezes ache que o melhor que tem, são os acessos ao exterior; autoestrada, comboios e expressos.
Sou só eu a achar, com a propriedade de quem nada tem mas olha para tudo à volta, com a indiferença de quem trata o que sabe que é certo e está cá, ou lhe pertence.
Afinal, são 37 anos a ver correr o rio Almonda para o Tejo. A ver o castelo imóvel e secular. A percorrer os caminhos empedrados e a atravessar pontes que nem sempre me levam
aos caminhos que quero para mim. A ver os campos repletos de figueiras e oliveiras. A ver desaparecer pessoas que conheço. A envelhecer…

o Norte é que está a dar...

foto tukayana.blogspot
Estou aqui, estou de cesta aviada a caminho do Norte.
Este fim de semana o Sul que me perdoe, mas o Norte é que está a dar…
E depois, conforme a música, eu danço ou vejo dançar!
“ Andiamo “

constatando

foto tukayana.blogspot
É tão difícil a gente levar a água ao nosso moinho!
Dá uma trabalheira e causa tantos dissabores...

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

por isso, siga a marinha


Não há dúvida de que, se quiser, há sempre pano para mangas nas minhas andanças pela vida, que parecendo pacata, quer dizer, é pacata, vai tendo alguns altos e baixos, para quebrar a monotonia, a seca que por vezes são os dias de semana.
Há tardes que não vou logo para casa. Fico no alto da cidade. Contrariada a maior parte das vezes. Porquê? Porque tenho dias que apenas queria ver o caminho de casa. Mesmo não estando lá gente. Acho que até por isso, na verdade. É. Como as coisas são. Mas são.
Dar à chave, ver  dona Pitanga aparecer feliz e ansiosa por afiar as unhas no tapete da entrada. Esperar pacientemente que o faça. Agarrar nela depois e levá-la até ao pratinho da comida, húmida, claro está. Pois que este acepipe come-o duma assentada e depois passa o resto do dia a comida seca para não ser gulosa. Espera ansiosa que eu a sirva pela posta do meio, como diz a minha amiga Manuela, e devo ser o sol, a lua, as estrelas e deus quando me vê chegar.
Há tardes, que quando chego a casa, eu própria tal como a Pitanguinha que passa o dia pitangando como quer e lhe apetece, e não é o meu caso, vejo o sol, a lua, as estrelas e deus na minha rica casinha. Na minha confessa liberdade que encontro dentro de quatro paredes.
Mas, dizia eu, que se quiser tenho pano para mangas nas minhas andanças pela vida, e é verdade.
Ontem fiquei na zona alta. Para além de precisar da farmácia, odeio deixar dinheiro na farmácia, afinal, hoje em dia, odeio gastar dinheiro, também precisava de ir ao Modelo. Se chego por volta das 5 e meia, tenho tempo para apanhar o TUT das 6. Se me atraso, estou feita e como não tenho pachorra para esperar, faço o percurso a pé o que não sendo por apetites se torna doloroso pois que moro longe, o calor aperta e as compras pesam. Tudo fiz em meia hora o que foi um verdadeiro achado. Feliz e contente dirigi-me para a paragem do TUT. A dona Stela que já não via há muitas luas fez-me uma grande festa. Esta senhora foi uma sofredora a vida toda. O filho matou-se na prisão. Gostava do filho dela. Gosto dela. E a tragédia que atingiu essa família tocou-me. A droga é lixada. É uma puta que vicia gente sensível e boa. E destrói tudo. A dona Stela é uma bordadeira de mão cheia e durante os anos do infantário no João de Deus foi ela quem bordou o monograma dos bibes da minha cria mais velha. Depois disso quase não a vi. Já passaram décadas desde então. Gostei de a ver.
Comi o croquete que comprei no hipermercado. Abri o sumo de maçã e cenoura fresquinho e bebi um pouco. Chegou o TUT. Abri o porta-moedas e verifiquei que não tinha moedas. Apenas uma nota de 20 euros. Acenei-a ao motorista. Já no interior do autocarro. Este disse-me que não tinha troco.
- E agora? Como vai ser?
- Entre. E para a próxima paga-me.
Fiquei incrédula. Acrescentei: E se não for o senhor? Na próxima vez entrego o dinheiro ao seu colega?
- Não, não. Quando voltar a viajar comigo paga.
Como quem diz: esqueça. É que foi mesmo assim que eu entendi.
Fui toda a viagem a pensar no assunto. E que só em terras pequenas isto pode acontecer, acho. Perguntei-me se em Lisboa, no 36, Cais do Sodré/Olival Basto seria possível. E…acho que sim.
Nunca me aconteceu uma coisa destas mas já aconteceu andar no elétrico desde Belém até Alcântara de borla por não ter moedas para colocar na maquineta. Sei que fui apoiada por uma certa pessoa que vigilante ia dando as coordenadas necessárias para que perante uma dificuldade saísse na paragem seguinte ou ficasse de sobreaviso, mas confesso, não quero repetir a façanha. Não é p’ra mim. Ainda há algo que eu não perdi. Vergonha. E se fosse apanhada morreria de vergonha mesmo. Não fui. Correu tudo bem e ontem não foi este o caso mas esta história ocorreu-me de imediato. Viajar sem pagar…eis a questão.
Agradeci ao senhor motorista quando saí do autocarro. Ele não estava nem ali. Não deu a importância que eu dei.
Quando ia a iniciar a minha marcha, bati com os olhos numa montra em frente à paragem que dizia – Morango & Pitanga.
Mais uma loja em torres novas. Uma frutaria pelo que me foi dado observar. Achei curioso o nome. Uma chará da minha Pitanga. Um fruta boa que eu sei lá, da minha terra. Alguém que conhece e gosta. Ou simplesmente marketing.
Cheguei a casa. Como sempre a Pitanguinha a receber-me. A esticar as patinhas da frente. A miar, num jeito que parece que me quer saudar. Estou em casa. Finalmente. Não me sabia tão caseira.
Os tempos mudam. E as vontades também. Melhor assim. Será?
Não sei. Mas também não me ralo. Haja andamento e peripécias a mudarem o rame-rame em que vivo. E haja alegria. Não sei, mas arrecadei ontem 1 euro e tal, por isso, siga a marinha… 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

lembrando

Hoje faz 37 anos que cheguei a Torres Novas.
Cheguei e fiquei, até hoje.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

ontem recordando anteontem


Nesta vida que já vai longa mas que quero muito mais longa ainda, já vi de tudo. Ou quase tudo. Já senti de tudo ou quase tudo. Já falei de tudo, ou quase tudo...
Ontem, no meu sofá, no ribatejo, ao cair da tarde e por várias horas, falei. Para o microfone. A sério. Até porque não é hora de brincadeira e mesmo que fosse, não gosto de mentir porque sim.
Ontem falei muito. Narrei, recordei, chorei. Morri e ressuscitei. Respirei fundo, enrouqueci a voz, deixei o coração envolver-me as palavras e o espírito correr livremente ao encontro das perguntas. E percebi que perdoei. Perdoei-me e tenho o coração ao largo e disponível. Tudo por amor à minha terra. Tudo em nome da verdade. Da minha verdade. Da minha realidade. Só dessa posso falar com certezas.
Um telefonema. Um carro da RTP à minha porta. Uma jornalista. Uma das que andam próximas de mim. Das minhas pessoas. Curiosamente, filha de um angolano. Mais curioso ainda, que o seu pai fez parte do conjunto musical “ Os Jovens “. Quem não conheceu “ Os Jovens?! “
“ … Chamo-me Maria Clara Santos, tenho 57 anos, sou Angolana, nasci e vivi em Luanda, abandonei Angola com 20 anos, em 1975; à época era professora e hoje sou oficial de justiça…”
O resto não posso contar. Quando chegar a hora eu conto. Eu anuncio. Poderão, ver, ouvir…
Ontem dei comigo a perceber que 37 anos permitem distanciamento duma estória que fez história. Permitem que me coloque na terceira pessoa e que não seja ( já ) tão doloroso falar dos tempos passados. Dos fantasmas do passado. Dos tiros, das rajadas, dos rockets, das anti-aéreas. Das noites passadas em branco, deitada no chão na esperança de não ser atingida. Das preces ao meu deus, que era injusto morrer na flor da idade apanhada por uma bala traiçoeira e enganada. Do recolher obrigatório. Do silêncio, prenúncio de algo terrível para acontecer. Das filas do pão. Dos dias e dias sem sair de casa comendo arroz de atum, feijão com atum, atum com atum…
Trinta e sete anos permitem que não chore ao falar das camionetas carregadas de mortos para as valas comuns, de mortos nas ruas, dias a fio, daquela mãe transportando nos braços o seu filho morto. Do êxodo das populações, atravessando a cidade com a trouxa à cabeça. Permitem que descreva o dia em que fugi de casa e nunca mais lá entrei. Da noite em que  a saquearam e perdi tudo. Até as recordações materializadas em fotografias. Imensas fotografias de todos os tempos de vida, minha e das minhas pessoas. E também as peças de ouro de criança. Canetas com bico e tampa de ouro do pai. Os meus poemas, coleções, cartas, muitas cartas de amigos e namorados. Revistas, livros.  Enxoval. Dinheiro, roupa. Tudo.
Da fuga, apenas salvaguardando um diário e três fotografias, onde eu não estava. Da fuga num jipe, com os meus vizinhos, caçadores de pacaças.  Da fuga e das balas assobiando por cima das nossas cabeças. Da estadia em casa da minha madrinha Regina Garnacho.
Trinta e sete anos permitem que fale do dia da fila no IASA, para a inscrição na ponte aérea. Ali no Palácio de Ferro. Do caixote que o pai construiu para nele colocar a máquina de costura Oliva, da mãe, o esquentador que o primo Fernando nos ofereceu, umas louças, duas malas, alguns livros meus. E pouco mais. Os nossos magros haveres depois de despojados a 4 de Junho. Permitem que fale daquele rapaz que foi preso e levado porque no BI dizia que nascera em Catete. D’outro que diante dos meus olhos foi morto pelo mesmo motivo. Da mulher grávida que levou uma coronhada. Do desespero da minha querida Arminda quando levaram o seu filho Mário, um adolescente de 15 anos, para a sede da FNLA, porque uma miúda o foi denunciar.  Dos dias iguais. Das noites iguais. Em pânico. Do desespero do pai. Da resignação da mãe. Dos hospitais S.Paulo e Universitário sendo evacuados para o Maria Pia. Em coluna militar. Debaixo dum silêncio, angústia e dor imensos. Das amigas, Manuela Barbosa, Hortênsia Rocha, Ana Maria Rocha, Fátima Matias, Julieta Tonet, Arminda Correia, Carolina Soares oferecendo-me roupa, calçado, carteiras. Carinho e muita amizade.
Da chegada do dia da partida. Do anúncio na rádio. A lista. O nome. O nosso nome. Das despedidas. Daqui por cinco anos voltamos.
Trinta e sete anos não permitem que me lembre e fale da viagem de casa, outra casa onde vivi um mês, na avenida brasil também, com passagem pela minha casa, pela última vez, sem que chore. Não permitem que lembre e fale do meu bairro, a Vila Alice, e da minha última vez à rua Alda Lara, para me despedir da minha kamba de toda a vida, Carolina Soares, para mim, Milú  e de toda a família dela, sem que chore.
Trinta e sete anos, são uma vida. Para esquecer. Para engolir lágrimas e olhar em frente. Passar pelos dias maus de chegada a Portugal e a tentativa de fazer parte desta sociedade fechada e cinzenta de então. Para acreditar que um dia inevitavelmente voltaria a Luanda. Para iniciar um processo de perdão, saudade e oração. Pela paz. Pelos angolanos. Por mim  e pelo meu regresso.
Aquele era o meu país. Sempre foi o meu país mesmo quando era Portugal. Angola era o meu mundo.
Ontem lembrei de novo a palavra – retornada - . Se doeu? Pelos pais. Que o eram. Pela conotação negativa. Pela agressão a cada vez que era pronunciada.
Trinta e sete anos estão passados e vividos por mim.
Ontem tive a certeza, ( pois confrontei-me com o passado ),  que sou livre. Não tenho culpas nem desculpas. Não tenho ódios nem zangas. Nem de Angola nem de Portugal. O passado passou.
O tempo mau que mudou a minha vida, também. Tinha de passar por isso? Se calhar,tinha.
Sou angolana e amo a minha terra. Amo o meu povo. Respeito as minhas raízes. Que pertencem aqui.
Gostei de falar ao micro. ( esta é só para desanuviar ) Gostei de ver o carro da RTP parado à minha porta. ( outra para sorrir um pouco ). Gostei de abrir a minha casa e as minhas memórias à Inês. ( gostei mesmo muito ). Gostei de saber que posso contribuir para um trabalho que será sério e transparente. Gostei de sentir a libertação de não ter ódios, nem dor, no coração. Apenas lembranças. Apenas constatação. Apenas a melancolia desses dias longos que estão arrumados no passado.
Apetece-me dizer: Viva Portugal! Viva Angola! Viva eu! 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

10 de setembro, dia sui generis


Hoje 10 de Setembro, é um dia sui generis.
Marcado por  diversos acontecimentos.
Um deles, o de se iniciarem as aulas desde sempre. P'ra mim.

Pelo nascimento do Paulo, meu primo querido. Dei-lhe os parabéns depois do almoço.

Malas à porta e aí vai disto que se faz uma pressa e… quero mudar de vida que estou farto desta, já lá vão 5 anos. Uma vida portanto. Já perdoei. Já me libertei e ok, lembro-me da data, apenas.

Do meu regresso a Luanda e à campa onde repousam os restos mortais da minha avó, Rosalina das Dores Pais, neste dia.

Há fins que provocam mudanças, inícios e esperanças. Não há como me esquecer de um albatroz, do carro da tifa e de doce de tomate. De um pára-quedas. Duma tela em aguarela e do silêncio. Não há como esquecer que alguém um dia escreveu: Gosto tanto, tanto de ti que acho que te amo…
Este dia marca uma estória. Breve, como as boas estórias.
Abraço do tamanho do Mundo, ou melhor, maior do que o Universo, PL…

vozes de burro não chegam ao céu


Eu já sabia! Porém esperava que as pessoas aprendessem com a vida. Não é a morte que ensina. É a vida. E também não é o bem bom, mas as agruras, que nos fazem crescer.
Sempre gostei dos lugares comuns. Até porque sou uma pessoa comum, vinda do povo, de Trás-os-Montes e da Beira Alta, detrás das fragas e da terra dos “ pretos “.
E depois, o lugar comum, as frases feitas dão um certo jeito, porque podemos sempre responsabilizar os outros, dizendo que foi o outro que inventou, que disse ou que diz, podemos sempre dizer: como diz fulano. E zás, fica o outro nos cornos do boi e nós limpamos a nossa barra…
É. Mas eu, de minha graça, maria clara das dores, filha do meu pai e da minha mãe, gente simples, até na educação dada aos filhos que simplesmente a receberam, até nos sentimentos partilhados que nos fizeram amar e ser amados, respeitar e ser respeitados, eu,  esta aqui que até pode ter mau feitio, até pode errar milhentas vezes, até pode desiludir, até pode ser egoísta, jamais imputa aos outros culpas que não têm. Jamais é ingrata e desleal. Jamais é mentirosa e invejosa. Jamais usa o lugar comum para brilhar ou ser má.
Porquê? Simples. Mais simples não há.  Porque se coloca no lugar do outro.
Porque a minha vida é para ser vivida por mim e porque nunca quis ser outra pessoa que não eu. Porquê? Não porque me penso a maior. A melhor. A única. Não. Mas porque nas minhas limitações que vou conhecendo e ultrapassando, nas batalhas que travo, nas conquistas que faço, me encontro pessoa que vale a pena ser esta. Maria Clara das Dores…
Eu já sabia! Mas no fundo no fundo eu sei, eu conheço-me e sei, que estou a caminho de ser boa pessoa. E tento acreditar que é possível a lagartixa chegar a jacaré. Mas não. Mais uma vez me confronto com o lugar comum. Quem nasceu para ser mesquinho, perverso, mau, não sabe o que fazer com compaixão, altruísmo, paz, amizade, amor, generosidade, sensatez e até, silêncio.
Tenho uma amiga, sim, porque eu, eu tenho amigos. Porque será? Porque será que há pessoas que gostam de mim? De quem eu gosto? Muito…Tenho que parar o meu raciocínio quanto ao que a amiga que tenho me diz com toda a frontalidade e conhecimento, até porque fez sociologia e está na praia dela quanto a isso, para me, vos, interrogar sobre a amizade. Ninguém tem amigos se não for amigo. Não estou a falar daquelas pessoas que bebem café connosco, nos cumprimentam na rua ou ocasionalmente dançam no mesmo local que nós, comem na mesma mesa ou por ventura estão no mesmo banco, na missa. Não estou a falar dos amigos do facebook que a gente nunca lhes pôs a vista em cima, e a alguns, muitos, nem sequer quer pôr. Falo, e os que vêm aqui ler-me, sabem, que falo de amigos do peito. De amigos de infância. Da adolescência. De ontem, de hoje. Que serão também de amanhã. Porque será que tenho uma mão cheia de amigos desses? Sorte né? A sorte justifica tudo.
Só para que conste, tenho uma amiga, daquelas amigas do peito, que me diz que a minha inteligência não joga a meu favor. E diz também, num lugar comum, porque também ela é uma pessoa comum, daquelas que sabe o que quer dizer amizade, respeito e lealdade e viver em sociedade, que não me devo iludir para não me desiludir. E tem razão, a minha amiga.
Há pessoas que estão à porta da minha vida e não entram, simplesmente porque eu não quero. Não confio nelas. Porque não são confiáveis. E... ponto.
Mas, como a vida nos faz seres sociáveis, há pessoas, muitas, que se cruzam connosco e mesmo que não sejam tu cá tu lá com os nossos sentimentos mais sérios e profundos, podem ser pessoas nossas. Gente na nossa vida. Aquelas com quem bebemos um café. Jantamos de vez em quando,  emprestamos livros, falamos de música, de moda, vamos ao cinema, ao teatro, à praia, passear, até temos alguns desabafos, rimos, brincamos, enfim,  convivemos. Perfeito.
O que não é perfeito, é termos de estar com um olho no burro e outro…no burro. É um desgaste. É de certa forma uma deslealdade. Mas há pessoas más, mesquinhas e invejosas. Amargas. Mal amadas ( com os meus amigos eu utilizo outra expressão que chocaria alguns e não vou usá-la ). Com a língua afiada. Que nos tentam atingir em todas as frentes. Ora nos nosso filhos, ora na nossa terra, ora no nosso passado, no nosso viver, ora na nossa personalidade, ora até no blog e no facebook.
Há pessoas que conhecem o meu blog. E vêm cá como bebem um copo d’água. E não comentam. Nem dão a cara. Quando o fazem põem-se cobardemente como anónimos. Quando não o fazem, fazem-no nos locais mais diversos e improváveis. Sem que eu esteja presente. Cobardemente.
Porquê? Porque não se querem denunciar. Mas querem falar mal. Destilar veneno. Criticar. Quando falam dão erros gramaticais de criar bicho. De rir para não chegar às lágrimas. Mas quando falam do meu blog, pessoas que nunca souberam escrever uma linha acertada, fazem-no com a autoridade de quem pode falar sobre o que eu escrevo porque o blog passa a ser considerado algo maior do que realmente é. E deles. Escandalosamente ganham-lhe a posse.
Gente, o meu blog é meu. Pequenino. Com 59 seguidores. Apenas. Nunca nosso. Nunca do povo. Muito menos do invejoso, do mesquinho e malicioso. É tão meu, que ninguém mais pode postar nele seja o que for. Apenas comentar. E se eu não quiser, posso apagar todos e quaisquer comentários. O meu blog pode ser uma merda mas é meu. Os meus escritos podem não valer um cu mas são meus. Só tem acesso a ele quem lá quer ir. Os motivos, nem sempre são os melhores. Eu sei.  Os motivos às vezes são os piores.
Ele tem uma password. Apenas uma e minha. O povo não vai e usa como lhe apetece. Não entra e sai como quer. Escolhe sim. Mas, não pode interferir na minha escrita. Se não gostam do que escrevo, se não gostam do que penso, temos pena. Não vão lá.  
Por isso, caros amigos de peniche (?), falsos e maliciosos, esqueçam o blog tukayana.blogspot.com, pois que ponto 1º - Não vou deixar de escrever. Ponto 2º - Não vou fazer o vosso jogo. Ponto 3º - Não escrevo nada que seja para vos agradar, nem vou mudar uma vírgula por vossa causa.
Se eu estivesse no vosso lugar, ganhava vergonha e nunca, mas nunca mais me lembrava da existência deste blog. Porquê? Para o vosso bem. Eu já percebi que o meu blog faz-vos mal. Torna-vos piores pessoas. Com instintos ruins de crítica destrutiva e agressiva, de maldizer e inquietação. De limitação. Num julgamento que só pode fazer quem não tem rabos presos e já passou a linha do comum mortal. Sentimentos menores que atrasam ao crescimento, se bem que volto ao mesmo, o povo diz e se calhar tem razão, que quem nasceu para lagartixa nunca chega a jacaré.
Não, não estou a falar do Ter, mas sim do Ser. Porque é isso que vos falta descobrir. E que eu descobri há muito tempo. Por isso não me incomoda ser gente simples, comum e pobre. O que me incomodaria muito, me faria sofrer horrores era ser uma pessoa menor. E isso eu sei que não sou. Quanto ao ter, tenho o sonho de um dia qualquer ganhar o euromilhões e aí, as minhas pessoas, que são muitas, para além de tudo, ficarão, ficariam muito bem porque eu sou generosa, altruísta e grata. E gosto de gente feliz à minha volta. Só assim sou feliz.
Como hoje em dia procuro atingir metas a nível espiritual que me tornem uma pessoa serena e tranquila, atenta e feliz, espero que este post, porque eu sei que o vão ler, não caia em saco roto. Nunca é tarde para se mudar. Se não for comigo, até porque não tenho feitio para coitadinha nem queda para a vitimização, que seja com alguém a quem eventualmente não tratam bem, não ajam com justiça, compaixão e honestidade.
Eu já sabia! Por isso não há surpresa nenhuma. Mas não gosto que me subestimem. E depois…achei um tema porreiro para postar hoje aqui sem dar a minha vida a conhecer, quer dizer, sem parecer que já sabem tudo a meu respeito. Desenganem-se. Eu dou um voto de confiança mas não sou burra. E muitas vezes, porque sou filha de transmontano e beirã, e da terra dos “ pretos “, já comi o pão que o diabo amassou e já passei por coisas na vida que nem que nasçam dez vezes passarão, quando estão a ir, já eu estou a voltar, só que faço de conta que caminhamos lado a lado para que não haja desequilíbrios e aprendam a andar no mesmo passo que eu…
E agora, para fazer jus ao que eu costumo dizer – Vozes de burro não chegam ao céu e puta que os pariu, aos que pensam que sim.

porquê? porque sim

Larguem do meu pé. E tenham coragem de viverem as vossas próprias vidas. Os vossos próprios sonhos. Ok?

domingo, 9 de setembro de 2012

de volta

foto tukayana.blogspot
Depois de 5 dias exaustivos, belos e muito saudáveis, de noitadas até às quinhentas, ainda hoje o relógio marcava cinco e meia da manhã e eu sentada numa cadeira da cozinha conversando em sussurro com a minha companhia noturna, voltei à realidade.
Aqui estou deixando para trás S. Martinho do Porto.
Aqui estou regressada à minha vidinha em torres novas.
Até quando? Sei lá. Até que se decida quando será oportuno.
Foram boas as minhas férias. Com pessoas boas.
Com companhias agradáveis.
Com praia, sol e calor. Passeios, descobertas, fotografias. Afectos. Amigos.
A tosse ainda cá está. E outros sintomas deste vírus que me tramou.
Amanhã voltarei ao trabalho. Se estou incomodada com isso? Não.
Apetece-me dizer: Bora lá então que o que não tem remédio, remediado está.
  

do outro lado do dia


Sento-me do outro lado do dia. Só para poder olhar a noite chegando. 
O sol beijando as águas salgadas nesse horizonte que é teu. Mas também o meu.
Que mania esta de tomar posse de tudo o que se vê e não vê...
De tudo o que a alma alcança!
Que mania esta de querer ser adivinha e pôr no universo as palavras que podem ser as certas para que este se deixe encantar e aja de acordo com o que o meu coração, a minha intuição, a minha curiosidade e a minha paixão, tudo junto se misture e possa resultar uma estória  ímpar. Um romance singular. Daqueles que ficam escritos nos céus. 
Neste momento de contemplação, da entrega do astro rei ao mar, algo, que vem das profundezas do oceano,  da eternidade que adivinho nos astros que me brindam e me pôem em êxtase nem que seja num segundo, qualquer coisa me diz, e eu que sou tudo menos desatenta aos sinais, mesmo às reticências, pontos de exclamação ou parágrafos sem ponto final, que esse só se deve pôr quando já nada há mais a esperar de nós, de mim, de ti, do sol, do mar e da vida, leio  nas entrelinhas, das estrelas e dos planetas, do azul e do vermelho do céu, tenho a certeza, que é que queres? as minhas certezas andam entre o sonho que me faz avançar e a vontade de alcançar o sonho, porque eu sou uma sonhadora, uma tola romântica e crédula, porque sei ler mesmo quando soletro ou gaguejo, e ia apostar, mas para ganhar, que um dia, escreve, porque tu sabes escrever, quando menos se esperar, vou estar sentada do outro lado do dia, contigo ao lado, assistindo ao acto maior da natureza.
O universo rendendo-se. Amando para além de si, para além do mundo, do infinito e de todas as eternidades,
  num enlace eterno e repetido a cada dia, não importa o dia, não importa o lugar.
Tenho a certeza, vou assistir ao sonho se tornar realidade do amor vencer em todas as frentes, da paixão se perder e se encontrar e se recriar. 
Sento-me do outro lado do dia. Só para te esperar sentada.
Nem sempre os propósitos são pássaros que andam nos mares e apenas vêm a terra uma vez no ano.
Nem sempre o sul mora longe. 

sábado, 8 de setembro de 2012

S. Martinho do Porto







fotos tukayana.blogspot

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

figuras tristes


É uma alegria estar em casa de pernas esticadas, num fare niente que até dá nojo aos que muito trabalham e já completaram as suas férias. Temos pena mas não conseguimos chorar.
Crocodilos há-os, mas nos rios da minha terra ou nas malas e sapatos das senhoras que nem hoje nem ontem nem amanhã farão seja o que for para merecerem uns sapatinhos e uma mala caríssimos e nem tão pouco defenderão os direitos dos animais e a sobrevivência das espécies. Lágrimas, choram os crocodilos mas isso é outro departamento.
É uma alegria ligar a televisão. Não, não vou falar mal de jornalistas. Eles são preciosos e o mundo era muito mais injusto, hipócrita, corrupto, se os jornalistas não o denunciassem. Não escarafunchassem na porcaria para que o travão se pusesse a quem atropela o povo, a seu bel prazer.
É uma alegria ouvir falar vezes demais da tristeza do Cristiano Ronaldo. Coitadinho. Um pano encharcado no meio da testa e ficava a saber o que é tristeza. Tristeza, triste, mas triste é a figura ridícula deste menino mimado que fala de boca e bolsos cheios. Olhe para África e vai ver o que é peixe agulha.
E à Srª Procuradora, que não há políticos corruptos, não é um país corrupto. Será que com o acordo ortográfico o significado das palavras já não é o que era?
E ver o mister Tony em plena sala de imprensa portando-se de forma pouco correta, melhor, malcriada e agressiva, mas, sem me espantar. Sempre achei que a criatura engolia muitos sapos para parecer bem aos olhos de todos. O verniz estalou…
Na verdade tudo isto me enerva e uma pessoa que quer ter as suas férias descansadita é obrigada a levar com estas notícias perturbadoras.
E o pior de tudo é que a gente paga e não bufa, não que é melão…
Como já não tenho idade para me calar, aqui estou eu triste e honestamente foribunda a reclamar a tristeza, lata, má educação e agressividade de gente que devia ter vergonha e não fazer figuras tristes.