terça-feira, 31 de maio de 2011

inauguração

A ponte da Kianda




Foi inaugurada a nova ponte de acesso à Ilha do Cabo. Chama-se Kianda ( sereia ). Que feliz nome lhe puseram...A minha terra está a ficar cada dia mais bonita.
Ganda banga!
( obrigada G.M., sempre gentil )

mais uma vez parabéns, Rafael




Parabéns bebé!!!! Tenho tantas saudades tuas...Quando te voltar a ver já nem te conheço. Estás aqui estás a ir para a...tropa, não? Ah!!! Agora já não se vai para a tropa. Mas vais para a primária aprender o b-a-bá. Enquanto vais e não vais, muitos parabéns, muitas velinhas sopradas, muito bolinho de aniversário para comeres e muitos apitos para apitares. Ias deixando-me surda, ao telefone Rafael. Eu que ao ouvir a mãe dizer: Vem falar com a tia clara, pensei que perguntarias: quem é essa? Afinal, fui brindada como sempre com um olá e uma apitadela no apito novo...Bebé, estou à espera do teu abraço bom e doce, e enquanto não chega até mim, dou-te muitos e muitos beijinhos. Estás quase um homem nos teus quatro aninhos. Vivas tu, assim desse jeito feliz, sempre.

a mezinhas...

Se tivesse comido pepinos espanhois, andava agora a contas com sintomas. E com o coração aos pulos numa recaída hipocondríaca. Assim, ando a chá de burututo com a vesícula aos coices. Ou será que é o estômago? Mas para o que der e vier, alguém sabe dizer se o sushi leva pepino? Aqueles legumes no meio dos rolinhos têm uns verdes que me parecem por vezes pepino de conserva. E frango de caril? Esse não tem hipótese né? Será que o frango comeu pepino? E sardinhas assadas com salada de pimentos, não, né? É desta que a minha boca se fecha.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

salud senõra

- Por favor, sabe de um restaurante para comer frango? perguntou-me uma mulher sozinha e aparentemente da minha idade, falando num espanholês perfeitamente perceptível. Eu descia os Restauradores a caminho da Praça da Figueira. Parei para responder e verifiquei que ela se escapava de um metediço, com ar desleixado, que me disse: deixe lá que eu ensino a senhora. A turista em questão, agarrou-me o braço e disse: Posso ir com a senhora? Ele está aqui para roubar. A senhora não sabe do restaurante?! No hotel disseram que era por aqui. Mas aqui na baixa tem muitos, onde pode comer bem, esclareci. Continuava a caminhar ao meu lado. Subitamente, olhou-me para os pés e disparou? - Você não cai dos saltos, nesta calçada? É perigoso. Como é que consegue? Eu não uso. Vieram-me à memória todas as quedas que dei, sempre de sapatos rasos, ou quase sempre. Em seguida passou à crítica aos franceses. Aqui tem muitos franceses. Isto quando passaram por nós vários turistas franceses. Eles são antipáticos não acha? Eram demasiadas perguntas. E o que devia responder? Sei lá se são antipáticos. Já lá estive e não tive grande razão de queixa, embora ache que falam muito alto, são indiferentes e um pouco desarrumados. - Acha? perguntei. - Acho! Você é espanhola? continuei. Não, sou da América do Sul. Não quis dizer o país ou não achou importante. Não insisti. Não me interessava saber. Começava a chover e estávamos já no Rossio. Parou para comprar um chapéu de chuva. Despedi-me. Desejou-me salud. Desejei-lhe boas férias. Repetiu: Salud senõra. Fiquei a pensar nos saltos e na observação. Na chuva, na calçada e nas quedas. Nas férias...

Ufa, que alívio!!!

Um dia destes, perguntei a umas pessoas se tinham piolhos. É que passamos juntos muito tempo e podia acontecer. E eu não saber. Ter piolhos é uma porcaria. Sinal de muita carência. Ou não...A mim bastou-me entrar numa piscina municipal e sair com os ditos bichinhos pretos e nojentos. A seguir ia de férias para o sul de França, em pleno mês de Agosto e quando dei por isso com temperaturas de 38 e 40 graus desesperei com o " suor " que sentia percorrer-me o couro cabeludo. Um suor com perninhas, perfeitamente instalado. Foi um sarilho resolver este problema. Tomo banho todos os dias e muitos deles mais do que uma vez, ou duas ou três. Porque é que perguntei meio a sério meio a brincar se havia piolhinhos em tão limpas cabeleiras que me fazem companhia diariamente? Porque tenho tido uma coçeira dos diabos, na cabeça. Afinal, descobri o enigma quando fui cortar o cabelo. Não. A Ana cabeleireira não me descobriu piolhos. D. Clara, não tem comichão na cabeça? Mau! Ana da minha alma. O que será que descobriu? Mas não. Não são piolhos. Diz que é muito cabelo a nascer. Pequenino. E que faz comichão. Sosseguei. Afinal, se fossem piolhos ia fazer como então? Quem mos cataria? Ufa, aliviei!!!

partir

Parte a lenha
O cacimbo e o verão
Parte a louça, o bolo, a conta
Parte o coração
O pai, a mãe, o amigo
Parte o pão
A cabeça, o chão
Parte a solidão
E o poeta
O cantor leva a canção
Parte a montra
A feira, a brincadeira
O mau tempo
O comboio
A andorinha
Parte a saudade no avião
Parto eu e tu
Parte a dor
E a paixão
Parte o amor
Sem condição...



m.c.s.


PINA - Bande annonce - de Wim Wenders pour Pina Bausch - 3D

Vão ver " Pina " este filme maravilhoso sobre o trabalho, a obra de Pina Baush. Não percam. A dança contemporânea no seu mais puro, belo, inteligente e emocional estádio. Gostei tanto de assistir em 3 dimensões a esta arte que me diz tanto que teria ficado o resto da tarde ali, simplesmente gozando a emoção de ver o belo na sua forma mais exposta e sentida.

sessão da tarde

"A minha versão do amor", um filme a não perder. Está por aí. Eu vi-o no Corte Inglês, em Lisboa. Levem lenços, os que choram. Porque já vivi 55 anos, muito me passou ao lado, mas também muito me atingiu. Daí as lágrimas na fase final do filme. Vi o meu querido pai terminar como o protagonista. Eu própria tenho muito medo de terminar desse jeito. Sem jeito, sem norte... Não percam. Não é um drama. É um grande filme.

o cheiro da partida

Viajar nos transportes públicos não é pêra doce. É o tempo que se espera e que nos leva. São os cheiros nem sempre fáceis. São as pernas, os cotovelos tocando-nos abusivamente. São os pedidos de ajuda, as latas na mão, às vezes o cão de lata na boca, coitado, são os bocejos, os espirros, a tosse, os vírus. São os larápios, os bêbados, os mal educados. É o cansaço, o desalento, o sono, a solidão. Faço parte do grupo dos que têm de usar os transportes públicos desde há quatro anos. Não posso dizer que aderi de bandeira na mão, gritando, avante camaradas, avante que o verdadeiro cidadão é o que não tem condição. Ou condução...Mas também já passei a fase de odiar o metro ao domingo. Quando chegava a hora de me meter num metro mal cheiroso, meio vazio, carregado de angústias como a minha e outras, fruto de gentes que nasceram longe, vivem longe e choram saudades, perdas, traições e frustrações, ficava verde, azul, podre, de raiva e de revolta. Não há nada como o tempo. Que tudo (?) cura. Ahn? Então para que são precisos fármacos? Bem, mas dizia eu que já lá vai. Agora sou como aquelas pessoas que preferem andar fora da auto-estrada e assim apreciarem o que se passa à sua volta, conhecendo e interagindo com o mundo real. Cantando e rindo pelos caminhos de Portugal nem que seja ao pé coxinho. Hoje fiz o percurso que faço sempre, ou quase sempre. Quando subi a escada rolante que me dá acesso à estação dos expressos, senti o cheiro do ódio, dor, perda de há uns tempos atrás. Os sentires têm cheiro. Este, deve estar lá sempre. Nem sempre dou por ele. É o cheiro das lágrimas que prendia, de casa, áquele lugar e que ali desabavam sem licença me pedirem. É o cheiro da partida para mais uma semana longe de alguns afectos. É o cheiro da solidão e da impotência que sentia nesses tristes e vazios fins de tarde de domingo em que era dura a caminhada. Sim, cheira muito, quem muito sente. Hoje tive uma tarde maravilhosa numa sala de cinema. Que não queria que acabasse. Que me encheu de sentimentos bons como a emoção. Se calhar, por isso voltei a sentir aquele cheiro de quem não quer partir ao domingo à tarde. Afinal, tenho odor e por isso um dos sentidos bem apurados. É domingo e parti a caminho de mais uma semana em terras de ribatejo, algures numa cidade que se chamou Nova Augusta, Nove Torres, Torres Nove, e que finalmente se chama torres novas e que sobretudo ao domingo dá pelo nome de tarrafal no meu dicionário emocional. Hoje recordei...

domingo, 29 de maio de 2011

As saudades da pitanga

As saudades que eu já tinha da minha alegre gatinha...e ela de mim...

D. Pitanga em adoração. Como se eu fosse o ser mais importante do mundo. Bem sei que a deixei 6ª feira à tarde e só agora voltei; bem sei que enquanto estive fora, os remorsos de a deixar sozinha foram mais que muitos e até sonhei que ela me tinha fugido, telhados fora, por esse bairro, que no sonho até para mim era desconhecido, ficando de mãos vazias, num nada que me dá um meeeeeeeedo, só de imaginar. Quando eu ouvia alguém dizer que o cachorrinho, o tareco, o piriquito, o rato da índia e outros animais de estimação eram mais do que algumas pessoas, eu sorria divertidamente e até lhe chamava de boca pequena, doido varrido, coitaaaaaaado, que vidinha poucachinha. Paga-se pela língua, pelo pensamento, pelos sorrisos de escárnio, pela falta de chá e de sensibilidade. Cada vez gosto mais da Pitanga e cada vez me custa mais deixá-la. Sexta-feira, a D. Pitanga foi para a balança. O concorrente era de peso. E por isso ganhou. E eu fui. Não digo que fui como cão a roer ferro porque fui por opção minha, mas tinha ido bem melhor se ela tivesse ido comigo. Só que cada vez que vai, a logística é tão complicada até em custos que só muito de vez em quando, e quando há mais do que um fim de semana pela frente. Já cá estou. Já apanhei a roupa interior e os pijamas que sempre tira da gaveta da cómoda do corredor, a cada fim de semana. Deve ser um fetiche que ela tem e a minha roupa é que paga. Já tratei do areão, da comida e da água. Já lhe dei um colo grande e já corri atrás dela pois as asneiras hoje são a multiplicar por muitas. A minha vida, segundo eu própria quando não tinha a Pitanga, pode ser muito poucachinha, mas que é uma animação, lá isso é...

O AREIAS

Ofereço-vos a minha descoberta. Fantástico este coro composto de alunos. Genial...simplesmente fantástico!
Um bom domingo para todos.

É tarde

foto tukayana.blogspot É tarde
Brevemente será noite...
E tu não estás
Não és, não dás
O gesto, a voz, a intenção
Caminho só, por entre as sombras que deixaste
Por entre o eco dos sons que não levaste
Nesta solidão que me criei
Porque é tarde e tu não estás
Se voltares...Quando voltares...
Não digas nada
Traz-me a última madrugada
E aquela lua cheia
Que me roubaste
O poema que te escrevi
Traz-me a noite derradeira
Aquela noite primeira
Em que para ti sorri
Devolve-me o meu amor
O abraço e o olhar
Beijos de mel, o nosso mar
A minha dor
E o tempo
Aquele que te não vivi
Que te dei e me perdi
Se voltares...Quando voltares
Estarei à tua espera
Só para de volta ter
A minha alma roubada
Depois...partirei eu
Sem dizer nada
Sem te querer ver
É tarde, muito tarde
P´ra me perder.



m.c.s.

sábado, 28 de maio de 2011

amanhecer

foto tukayana.blogspotAmanheceu no Olival Basto. Não dei pelas horas. Conversando, comendo chocolate e ouvindo música ao mesmo tempo que escrevia, as horas passaram. Há algum tempo que não participava num amanhecer. Fi-lo no primeiro dia de Janeiro, em Luanda. Aqui, hoje, os pássaros chilreando numa sinfonia de encantar, despertaram-me para um momento tão bonito como o nascimento de um dia especial. Sábado. Já se vêm as cores da natureza como as aprendemos. O céu azul esbranquiçado, o monte verde e as casas brancas, umas, e outras conforme as quiseram pintar. Eu vou olhar para dentro umas horas. Não muitas. As que são suficientes.

Bom dia, pessoas. Um bom sábado.

ecomog - I Need A Dollar (feat. Aloe Blacc & Au) - DL link in description

proposta

foto tukayana.blogspotAinda não vos contei...tenho-me esquecido, mas não fiz por mal. Recebi uma proposta. Não. Não foi uma proposta daquelas...dessas não se podem falar aqui porque envolvem terceiros que podem não gostar de exposição. Pois. Mas não foi dessas. Já assim, é o que é. Há até quem ache que eu estou apaixonada. Diz que versejo muito. Poemas de amor. E sonho que me desunho. E textos tratando por tu um não sei quem. Diz que não é normal expôr tanto os meus sentimentos. Tem endereço, é o que palpitam num pondo-se a advinhar que me diverte. Até me disseram assim: Com a verdade me enganas, e também, me engana que eu gosto...Ena pá! Xinamene! Uauêeeeeee! Pópilas! Vou dizer o quê? Os cães, salvo seja, ladram e a caravana passa. Não é que estar apaixonado seja proibido. Eu sei que é para lá de bom. Não estou a falar das minhas paixões, mas da paixão por uma criatura qualquer; pela voz, pela palavra, pelo toque, pelo jeito, pelo olhar, pelas mãos, pelos sapatos que calça, pelo sentido de humor, pela inteligência, pela educação, pela sensibilidade. É dessas paixões assim que fazem tremer, dá insónia, falta de apetite, ansiedade, taquicardia, pasmadice, dá para voar, cantar, bailar, rir e chorar, e se não parar não aguentamos, porque isto dá cabo de qualquer um em pouco tempo. Estão a ver-me assim? Não né? Afinal, a proposta que recebi pode ter a ver com uma paixão grande p'ra xuxu, mas apenas é de emprego. A sério. Queriam que eu fosse chefe de loja, gerente, pide, ou sei lá o quê de funcionários de uma loja de confecção. Que está para abrir. Agora, advinhem só aonde? Querem pistas? Chegam lá rapidamente se vos disser que se estivesse reformada nem pensava duas vezes. Não olharia para trás nem um segundo que aquilo ali é o meu mundo. Então? Fácil não é? Bingo! Para Luanda. Claro que não passou disto mesmo. Não estou reformada ainda. Fiquei contente com a hipótese de voltar a trabalhar na minha terra e acabar ali os dias. Alguém me questionou sobre as saudades que teria do que deixasse para trás. Enfim. Foi uma proposta que valeu o que valeu. Serviu para meditar. E ficar-me por aqui mesmo enquanto é e não é. Depois logo se verá...

tudo por cinco cêntimos

foto tukayana.blogspot

- Boa noite. - Boa noite, respondi. Já tinha estranhado que não viesse cobrar-me o bilhete. - Oriente - disse. - Onde entrou? perguntou ele. Nos Riachos, respondi. - Sete euros e cinco cêntimos. Disse-me. Estendi a nota de 10 euros. - Tem cinco cêntimos? - Não sei. Vou ver. E procurei o meu porta-moedas preto que comprei em Genéve quando lá estive, há uns anos. É nesse porta-moedas que guardo as moedas para os trocos, bilhetes de autocarro, elétrico, carrinho no supermercado, chá, descafeinado e outros. - Se não encontrar não faz mal.- Mas tenho de encontrar. - Eu sei como são as malas das senhoras. Jesus, Maria, canário... Apeteceu-me dizer, menos senhor cobrador, menos. Pica de uma figa; perdoar-me 5 cêntimos porque lhe dá jeito aos trocos é uma coisa, ser sarcástico, outra. E abusador, outra ainda. Quem é que lhe deu confiança para tal? Que sabe ele das malas das senhoras? Sim, que sabe ele da minha mala? Tudo o que ele souber é pouco para descrever a minha casa móvel. Vai um lenço de papel? E uma toalhita? Um leque? Um penso íntimo? Ou um penso rápido? Um MP4, uma carregador de telemóvel, o próprio, uma máquina fotográfica? Um caderno, duas canetas, vários batons, vernizes, uma pinça, um corta-unhas, um espelho, uma escova de cabelo, uma de dentes, amostras de perfume, comprimidos, mentos, anéis, pulseiras, pen de net móvel, cartões de máquina fotográfica, pacotes de açúcar e cartas. Várias cartas de serviços. Talões de multibanco, de lojas. Fotografias...isto é do que me lembro. Porque pode ser muito mais. Pois senhor revisor, ainda acha que sabe como são as malas das senhoras? Bem sei que a minha é como o toyota, cuja fama vem de longe. Eu própria acho um exagero e de vez em quando subtraio alguns objectos, mas vou fazer como então, se chego à conclusão de que tudo me faz falta? Gosto de trazer a casa às costas, que nem um caracol e não me arrependo nada. O senhor revisor saiu de junto de mim para continuar o seu trabalho sem a promessa de que voltaria para receber os 5 cêntimos mas eu não parei de procurar e encontrei uma moeda de 10 cêntimos. Quase em Vila Franca, o homem voltou. Estendi-lhe a moeda. - Isso é para quê? perguntou com um tonzinho a dar para o irónico. - Devo-lhe cinco cêntimos. - Está bem, pronto. Ficam as contas liquidadas. Sorriu e conforme chegou assim desapareceu. Às vezes há aitudes que me conseguem surpreender. Para bem. E ainda bem, que assim é.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

lágrima

Trago uma gota

Transparente

Quente

Salgada

Suspensa na pálpebra,

A baloiçar

A segurar...

Pestanas compridas

Que choram segredos

Abrigam os medos

Molham-me o rosto

Derretem a cera

Máscara

Careta

Sempre a brilhar

Sempre a bailar

Só esta gota

Teimosa

Vaidosa

Reclama a pose

Anseia chorar

Se eu permitir

Se nada disser

Continua a fingir

Ser só a enfeitar.

m.c.s.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

à mercê da tesoura

Olha só a minha cara. Triste né? Pudera. Por que faço eu sempre a mesma asneira? Fui cortar o cabelo. Dois dedos. Apenas dois dedinhos. Qual quê? Dedos de gigante que me deixou neste estado. Gigante que se chama Ana. Nunca me pusera as mãos em cima. Mas são todas iguais. Apanham-se de tesoura na mão e é um vamos lá que é uma pressa. Assim parecido com os doutores que nos tiram a vesícula, o apêndice e outras miudezas; a fama é a mesma, apanham-se de bisturi e aí vai disto. Eu não sei porque nunca que fui operada. Mas já me cortaram o cabelo tantas mas tantas vezes que perdi a conta e a vontade de contar. As más línguas é o que dizem. Bem mas quem me fez este servicinho foi a Ana, sobrinha do Raul. Quem é o Raul? Ah pois é! Uma figurinha que conheço há 36 anos, desde quando cheguei a torres novas e fui viver para o largo do banco Ultramarino, em frente à pensão Parque. O Raul era um adolescente que ajudava o irmão que trabalhava na pensão. À noite, dava na rádio o Quando o telefone toca. E o Raul todas as noites se sentava na soleira da porta da pensão de transistor na mão ouvindo o dito programa. E eu ouvia o telefone tocar e todas as malditas noites a Gal Costa cantar Índia, que até apanhei um enjôo que ficou para sempre, porque odeio essa música. E também o, Si quieres ser mi amante, de Camilo Sesto. Essa então não falhava uma noite. Se penso nisso fico com náuseas, como quando oiço relato de futebol no carro em andamento. O Raul cresceu. E tornou-se empregado do merceeiro mais conhecido dali do bairro. O meu . Onde, depois de ser dona de casa e mãe de família, passei a fazer compras com carácter de cliente mais assídua que as assíduas. E o Raul fez parte das minhas rotinas até há 5, 6 anos atrás. Fui até ao seu casamento. Voltei a vê-lo no velório de uma senhora amiga há 1 ano atrás. Veio ter comigo e dadas as circunstâncias do momento e lugar onde estávamos até se manifestou com algum exagero, que me comoveu. Perguntou pelos meninos. A Ana que é sua sobrinha, cresceu apanhando boleia do tio, na mercearia, diariamente, para a aldeia onde viviam. Por isso a conheço. Não a via há 5, 6 anos também. Encontrei-a um dia destes. Ia eu com a Ana Maria. Custou-me conhecê-la. Hoje fui ao salão de cabeleireira de que é proprietária, em torres novas. Um pouco por acaso. Apenas para acompanhar a minha amiga Ana Maria. Deu-me uma veneta e zás- vamos a isto. Cortar as guedelhas que já estavam demasiado compridas e sem corte. Estou, como sempre, arrependida. Sim, que eu não sou daquelas pessoas que muito assumidamente dizem: Ah eu cá nunca me arrependo do que faço. Uma ova. Há tanta coisa que não fiz que queria ter feito e já não sei se vou a tempo. E outras que fiz acontecerem que antes tivesse partido uma perna. Quer dizer, um dedo. Não, uma unha, já chegava. Mas se arrependimento matasse... Como podem observar, estou assim, esta carinha de sonsa que até doi. Hoje não há dúvida nenhuma, dou-me conta que não vou para nova, mas...quero que se dane a idade!

hoje amanheci assim

Toda a noite ouvi grilos. E outros bichos. Moro quase no campo. E o calor chama a bicharada a verdadeiros concertos. Acordei com a Pitanga miando para a janela da sala, onde, no parapeito chilreava um pássaro, muito do folgado, mal sabendo que o perigo espreitava através de uns olhos azuis celestes duma gata atrevida e folgadíssima, que espevitava os bigodes numa antevisão de pitéu que nunca eu permitiria. Como sempre, tomo o pequeno almoço de um gole, numa pressa de falta de tempo, diária. Tenho inveja das pessoas que se sentam para a primeira refeição. Se o faço, quando faço, é só ao sábado. E é para a desbunda. Mas sábado é dia único...Olho as horas. 8 e 5. Nos pés, sandálias rasas. Nada de frescuras que me impedem de correr e ainda me atrapalham com tralhos desnecessários. Vejo o TUT passar veloz, ao meu lado. Dou como perdido o meu autocarro. Passam um a seguir ao outro. Mas enganei-me. Quando me faltam uns 20 metros para a paragem, ei-lo que chega, pára e espera por mim. É um querido este sr. margarido. Apesar de parecer cacimbo em manhã de Julho lá na outra banda, está abafado. Sento-me. E descanso. Sim. Dou-me conta que estou a descansar. Como quando a gente se magoa num dedo, ainda que o mindinho e nos faz uma falta dos diabos. Ligo o MP4. O som que sai me agrada demais. É a voz de Paulo Flores cantando Caboledo. Penso na tristeza que deve ter de ter visto o pai partir para sempre há uma semana. Oiço a letra e sorrio até à alma que ninguém lhe vê. E ela gosta. Contemplo o campo. As terras cheias de verde e flores silvestres. A serra de Aire está bonita. Imponente, mais que sempre. Ou é dos meus olhos. Uma cegonha voa até à chaminé da fábrica de curtumes onde tem ninho antigo. Sorrio de novo. Ainda sinto o aroma das flores de tília que invadiram a cidade num perfume adocicado e um pouco exagerado. E o lilaz das flores dos jacarandás. Nunca tinha percebido da quantidade de tílias ou tileiras, não sei bem qual está certo, e também dos jacarandás que existem neste burgo. Penitencio-me. Onde é que tenho andado? Por que afectos e saudades me tenho perdido que deitei este kimbo à indiferença? Se tivesse nascido aqui, hoje, gostaria da minha cidade. Eu gosto. Mas...Tem sempre um mas qualquer. Como quando estamos num sítio mas sabemos que não pertencemos ali. Como uma ponte, que faz a passagem. De onde vim, para onde vou. A travessia pode ser demorada mas torna-se um lugar incerto, inseguro e desenraizado. Torres Novas é mais ou menos isto. Deixo de pensar nisso. Esta é uma maka minha, antiga. Tem 36 anos e não há resposta matemática. Nem solução. Olho para dentro de mim. E falo com Deus. A sério. Falo, calada. Sem gestos espalhafatosos. Se sou maluca?! Não sei e se sou, nem me interessa. Gosto de falar com Ele nas minhas viagens de silêncios profundos. Pergunto-lhe porque não me dá uma coisa boa para a viver, hoje. Uma notícia fixe, já era fixe. Assim, qualquer coisa que me deixe de sorriso de orelha a orelha e me faça sentir em transe, tipo pateta, mas feliz. Pateta alegre, a bem dizer. Não Lhe oiço a voz, me respondendo, mas acende uma luzinha. Ingrata! Ainda a semana que passou tiveste uma notícia de trús. Que te deixou nas nuvens de alegria, com a alma iluminada, como se a coisa boa fosse para ti, era também para ti...Ingrata! É verdade. Tive mesmo. Me envergonhei. Vou-me queixar de quê? Páro de pensar. Olho a vila a que chego. Onde fico o dia todo. Parece manhã de praia amanhecida encoberta. Daquelas, depois de um escaldão que até Lhe agradecemos. Dia de passear à beira mar chapinhando na água salgada que vem beijar-nos os pés. Dia de comer bola de berlim. Ler finalmente aquele livro que envelheceu de tanta viagem que viajou sem se estrear nos nosso olhos. Dia de sentar na esplanada, recebendo o chuvisco cuioso que só ele...A minha viagem diária está chegando ao fim. Perdi-me entre perfumes de flor de tília e lilazes de jacarandás, silêncios de sono que ainda não acordou, acordes musicais, daqueles, vôos de cegonhas ribatejanas, e puxões de orelhas dentro de mim e da minha ingratidão de querer sempre mais e nunca estar contente com o que me é dado. Hoje despertei deste jeito. Ficou uma pergunta a dançar no espírito inquieto e observador. Será que estou a envelhecer? Não quero. Esta aparente insatisfação se mistura com a conformação de apreciar dias nascendo bonitos e me fazendo bem. Não quero resignação. Não gosto de encolher os ombros. No entanto, a resposta se é que a tenho não me perturba muito. Se estou a envelhecer, é bom este estado de alma com que a manhã me brindou. À tarde, logo se vê.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Diversidad Experience - On My Way

parabéns África

No meu olhar

Olho para lá da linha
Que se curva no horizonte
Além-terra, além-mar
Olho-te dentro de mim
Savana, planalto, deserto
Musseque, asfalto...
Olho-te Povo
Olho-te África
E fico cega de Amor.

m.c.s.

Please

Alguém me sabe dizer o que é que faço para que os textos e os poemas sejam publicados com os espaços normais? Os meus textos de há um tempo a esta parte aparecem sem parágrafos. Eu sou uma mulher de parágrafos. E porque é que aparecem assim? Porque se os fizer, fico com um espaço de linha superior ao normal. E quanto aos poemas, de um verso para outro há um parágrafo medonho, que até se perde a vontade de ler. Eu, é. Esteticamente é horrível. Às vezes, o caso de ontem, consegui o feito de os publicar direitinhos, sem crise. Mas foi um acontecimento que não sei repetir. Ajudem-me por favor, pessoas que percebem o que me está a acontecer. Vão ficar no meu coração para sempre. ;*)

A cor do Amor

A cor do amor

Desenho-te as formas


Sombreio-te o rosto

Evidencio-te a voz


Amacio-te as mãos


Enterneço-te o olhar


Espevito-te a paixão


Toco-te os olhos


O cabelo


A boca


Entrego-te um beijo


Carmim


Preso em mim


Desde que te adivinho.


Pinto-te a cores


Mil cores


Só p'ra te ver


Da cor do amor.



m.c.s

terça-feira, 24 de maio de 2011

beijos no coração ou um coração de beijos




Me disseram para te retratar. Imagem de ti como espelho. Papel brilhante e máquina de objectiva." Estão a brincar? " eu disse, sorrindo, sorriso meio amarelo, tipo papel de fotógrafo quando quer fingir que a foto é antiga. Eu? Olha só! Como é que pode? Vou-te descobrir no meio do pó das memórias que invento cada dia? Mentira! Não me entrego assim. Não te entrego assim, por dá cá aquele espanador. Por isso, não aceitei. Não ousei te descrever na minha memória futura. Não me vendo desse jeito, que fico de mãos a abanar de ti, de mim e deles. Mas, também...te sei o quê? Fazer como para ser exacta qual me ensinaram? Verdadeira, no somatório dos pormenores que o evidentemente deixa vislumbrar até ti. Não. Fico no meu canto, fingindo que não me disseram nada, e tal e coisa e comê que é, afinal? Te entrega só... Contigo não. Não quero me enganar. Prefiro não dizer nada. Tu és mesmo feito de nadas. Vou fazer como então, para entregar a tua ficha? Não te fichei. E depois, querem saber mais o quê? Vão fazer de quê com a minha informação? se é que algum dia, nos tempos que correm, parece gazela assustada, eu vou-te descrever por dentro e por fora. Achei melhor dizer que não te conheço. É mesmo verdade. Conhecer é isso que eu sinto, vejo e adivinho? É pouco para o bilhete de identidade. Por isso não vale a pena. Teimosa, bati o pé, tantas, mas tantas vezes que fiquei com ele a doer, como quando me doi o coração se te finges de morto, de morte matada na minha esperança de te conhecer melhor e poder dizer: Eu lhe conheço bem mas até que não há nada para contar. Vou-te proteger mesmo do princípio ao fim. Vais ver só. Não. Não disse nada. Ainda. E não vou dizer nada mesmo que me ameaçem com o quimbanda do morro. Perguntem p'ra ele. Não. Não tenho nada p'ra lhes narrar. Tu és o meu segredo. Eu que não gosto de segredos, mas, tu és especial. Nunca que te vou pôr nas línguas dos linguarudos. Tu és a minha inspiração. E isso te retrata. A prosa terminou e eu te deixo beijos no coração. Ou um coração de beijos...

ponto pé de flor

Ponto pé de flor


A velha calçada
A lilás bordada
Alegria
Ponto pé de flor
Jacarandá
Tapeçaria
Vento soprado de sul
Calor
Dourado
Cor de verão
Sol bronzeado.
A sina na palma da mão
Ergo os olhos numa prece
Devolve-me o tempo de outrora
Paz que o dia me dava
Regresse a mim o prazer
De esperar na avenida
Tapete multicor
Perfumado
Devolve o meu amor
O meu amado
Jacarandá
Jacarandá
Ponto pé de flor...

m.c.s

encruzilhada

Páro
Cansada
Olho a encruzilhada
Hesito por um segundo
Distraio-me
" Não desisto ", repito, repito...
Recomeço
Tomo o atalho mais longo
É certamente esse
O caminho de casa.

m.c.s

segunda-feira, 23 de maio de 2011

One Day Like This - Elbow

Ofereço-vos este linda melodia neste fim de tarde quente de segunda-feira. Façam favor de entrarem na noite com tranquilidade.

sem sentido

Alguém disse numa voz quase indiferente, que: - Hoje é um daqueles dias em que queria perceber que sentido tem a minha vida. Ouvi e quis perceber. E entristeci. Há dias que o sentido é proibido mas obrigatório.

domingo, 22 de maio de 2011

ter chão

Queria um chão, raízes fortes. Me disseram - Não! Semeia-te primeiro, colhe-te depois, na planície lavrada, terra, semente, água, flor. Queria o pó, castanho, barrento, tocando-me os pés, abrindo a estrada, erguendo a cidade, que encontra caminho para a minha casa. Queria ter chão, ser flor, ser água, não dizer, Não. Morar no Amor.

xéeeeeee, vamos s'embora

Lembrando palmeiras da terra longe, hoje como ontem, e porque já há aqui deste lado, quem ofereça cacussos, feijão de óleo de palma, banana assada e mandioca, a isso me vou " submeter ". Almoço africano em seio africano. E amigo. Advinho uma tarde tipicamente calorosa, em que um dos temas será o velho amigo Baba, como sempre acontece quando se reunem condições para que tal aconteça. E hoje a minha praia será esta. Navegar no passado mais longínquo, com gente do passado, do presente e do futuro, com os kitutes da terra, o sotaque, a alegria, o amor que nunca morre, mesmo que o presente seja uma leve brisa do vento sul e a presença das ondas da união enrole na praia de maré baixa apenas este domingo sem que saibamos quando outra maré vazará. Ainda assim, não troco esta praia hoje, por nada deste mundo. Estar com kambas é estar m'bora mesmo com N'gananzambi que curto buéréré, e, xéeeeee, vamos s'embora então...

a cidade pintada de lilás

De lilás em lilás na rota dos jacarandás.

a cidade dos meus olhos, ontem



jardinzando por lisboa








Jardim da Estrela em tarde de sábado.

Devem achar que eu estou a ir para velha e por isso já só me vejo sentada nos bancos de parques e jardins, contemplando os patinhos do lago e dando-lhes pedaços de pão, de quando em quando, antecipando os crepúsculos da vida, nas tardes do calendário. Ou dando milho aos pombos, como na imagem do livro do passado, da saudosa segunda classe, do colégio...é mais isso, sim. Manter a vivacidade de ontem na lucidez de hoje, para uma tranquidade e sabedoria maiores, amanhã. Não conhecia este jardim por dentro e fazia mal. É perfeito para uma tarde quente de sábado. E depois de uma sushizada. Fica em caminho, a bem dizer, entre o sushi e a sobremesa, ali mais para o Chiado, para o Santini, passando pela avenida, pela esplanada nova, ( uma das ), para uma água das pedras. Um conselho para as senhoras que façam este percurso, não o façam de saltos, pois que malham e vão acabar estateladas na calçada velha, polida e íngreme dos caminhos apertados em que se vão meter, se fizerem o percurso do alto das " andas " em que por vezes andam, e eu também. É um conselhozinho que dou e não levo nada por isso. A mim o que me valeu desta vez, foi a ajuda sempre pronta da caçula e da cria, mas que parecia uma tantan, lá isso parecia, pelas ruas, becos e esquinas desta Lisboa em dia de calor, sol e prazer. Como diz uma amiga minha, ovelhas não são para mato. Mas com uns ténis, sabrinas ou umas sandalitas rasteiras, podem percorrer estes caminhos de portugal que os turistas fazem cantando e rindo, alegremente, tal qual eles. O que é preciso é cair no espírito da coisa. Até porque têm esplanadas dentro da jardim, bancos, relva, e uma feira de antiguidades, para o que der e vier. E têm bem de frente, a Basílica da Estrela para conhecerem, os velhos eléctricos e autocarros para se deslocarem e as ruas da calçada para o passeio pedestre, podendo apreciar e fotografar os jacarandás lindíssimos que existem nos caminhos, até à avenida da Liberdade, ali mais para o lado do Rato. Esta foi a minha praia, ontem, e não me fez falta mais nenhuma. Lisboa, caçula e cria, é como estar com Deus, e quando estou com deus não tenho carências.

Maksim Mrvica - Claudine original

Um bom Domingo para todos.

O Sonho

foto tukayana.blogspot




Sonho-te terra, Sonho-te mar


Melodia no seu marulhar


Fantasia, Sol e luar


De quem tudo tem


Na alegria de ser mãe


Mulher pensante, Poeta errante


Anónima , amante


No sonho verdade


No sonho ilusão


Canto-te canção


Sonho-te amizade


Sonho-me


África, deserto, planalto


Gazela no mato


Sonho-te criança, velho, sem idade


Na força do pensamento , de sonhar


Quebro conceitos, protocolos, barreiras


Ergo a bandeira


Lenço da paz, branca, de côr


E neste desejo de sempre sonhar


Passo a fronteira


Que se abre ao Amor.



m.c.s.

de sonho em sonho

fotos tukayana.blogspot

sábado, 21 de maio de 2011

de espera em espera

foto tukayana.blogspot Caminho. Lentamente apressada. Ao encontro do sábado.
A cada semana, eu espero.
Sonho. Invento. Crio.
E se não receber a dádiva de viver em plenitude o descanso e o prazer de horas que tanto anseio, não me zango, entristeço ou desanimo.
Os sábados que a vida tem, hão-de dar-me algum presente.
Mais que o resto da semana.
Enquanto o vento soprado, no rosto me parece falar, segredos de além mar, bailas-me o pensamento, num momento, num segundo, a sul, nesse sul que é o meu mundo. Meu caminho a encontrar nos fins de semana da estrada que percorro a cada vez, que posso nela caminhar.
Lentamente apressada, encontro o tempo que quero.
Na esperança que este dia me dá.

esta semana, em trás-os-montes















Não sei se é a região que eu mais gosto. Sei sim que é um sítio diferente. De gente que sente diferente e vive de outro jeito. Sem contudo se afastar do resto do mundo. Sei que aqui, o silêncio é de ouro. E ouve-se. E é fantástico. E as palavras não são importantes nem imprescindíveis. Aqui a voz do coração fala mais alto. E eu gosto. Muito. Tudo.

as mais desejadas

Ei-las!

a cerejeira da tia fernanda

A tia Fernanda levou-me para baixo da cerejeira do seu quintal. Carregadinha de belas e vermelhas cerejas. Aqui comi directamente da árvore o belo fruto, tão ansiado por mim e tão rejeitado este ano. Ainda estou para descobrir o verdadeiro motivo. Já não terá grande importância, pois a barrigada de cerejas que apanhei e ainda tenho de reserva para apanhar, deitam por terra os argumentos por mim apontados e defendidos.

contra factos...

Contra factos não há argumentos. Eles ganharam tudo. Eles ganham tudo. São mesmo os Máiores.

Mas já é um pouco demais, eu vir ao Porto, ao estádio do Dragão, não vos parece? Há coisas na vida que a gente faz, como cão a roer ferro...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

mais um

Quando uma pessoa vai para velha até...deixem lá, que ia sair disparate. Quando uma criatura vai para velha tudo lhe acontece. Tinha jantado um ensopado de cabrito com grelos, de companhia com gente que amo muito, um deles, há uns anos que não nos abraçavamos num daquele abraços maiores do que o Universo, pelo que desta vez não nos fizemos rogados. Estava na hora das despedidas. Até sabe-se lá quando. Doi-me sempre muito. Doi-me literalmente.

Levantei-me para fazer um pipi e lavar as mãos. Tinha uma viagem de mais de três horas para fazer, nas Ás todas que o norte tem. A24, A25, A1, A23...Não conhecia a casa de banho do restaurante paronâmico a caminho de Murça, antes das curvas começarem, que nos oferece uma paisagem deslumbrante. Abri a porta e encontrei escuridão e duas paredes. Procurei o interruptor por apalpação. E zás! Quem disse que não se pensa? E não se assusta? E não entra em pânico? É mentira. É rápido mas sabemos exactamente o que está a acontecer quando vamos galgando degraus, saltando-os até pararmos, assim lá para o 8º, com as mãos cheias de sangue e em carne viva, falanges sem pele, cotovelos esfolados, pé torcido e tornozelo dormente. O que é que eu faço a isto? Alguém me diz? Eu não acredito que tenha tanta queda para a queda, o tralho, a asneira. Logo pela manhã deixara no sapateiro dois pares de sandálias que rebentei em quedas que dei no verão. E ao calçar umas terceiras, estas novas, disse de mim para mim, maria clara, vais toda empiriquitada para lá do marão, mas ali mandam os que já lá estão. Se cais lá, se vão umas sandalocas acabadinhas de estrear que te custaram os olhos da cara, num devaneio aquando da estadia na Nazaré na semana da Páscoa. E se o pensei, mais depressa aconteceu. Tenho para mim que devia comprar daqueles sapatos ortopédicos em rede que as velhas usam. Tenho para mim que não devia pôr o pé na rua, embora um dos meus maiores espalhanços que até fiquei sem fala foi numa passagem de ano dentro de casa, há uns anos atrás. Hoje as minhas mãos que foram as mais atingidas, no desespero de tentar agarrar-me, doem-me que eu sei lá. Meto-me em caminhos apertados e depois dá nisto. Mas, tudo bem, quando acaba bem. Até à próxima.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Richard Bona~O Sen Sen Sen ~Live~

Porque vou ver o estado dos blogs que por aí mexem, comigo, há-os que têm música assim que os abro, e gosto. Também gostava de saber como se faz, mas...pronto. Não gosto de ser macaca de emitação e fico quietinha neste blog de trazer por casa que já me dá que fazer, que chega, mas a música roubo no capiango denunciado sempre ou quase sempre. Blog da minha eleição ( um dos poucos ), adorei esta música que não conhecia, por isso, assim como este espalhafato todo, que não sou discreta, já a trouxe para o meu kimbo. Thanks. Kisses.

hoje serei tia

-Tia?
-Sim, querida? Tudo bem?
-Tudo bem, tia Clara.
O papá está a dizer que estamos a sair do hotel, mas ainda estamos na cidade...

E o meu coração se enterneceu. Tenho dois sobrinhos verdadeiros. Também me chamam tia. Nesta terra, só sou tia para eles e para os filhos dos amigos. Alguns. Ah, o Nuno também me chama tia.
Mas quando oiço uma voz sotacada chamando-me assim, sinto-me já em casa.
Vejo-me andando na cidade. Comprando os doces na rua. Sendo abordada na praia, na esplanada ou na igreja. Vejo-me com os amigos; e os filhos, sobrinhos e os netos dos amigos. Vejo-me Luanda. Comigo. Em mim empoleirada. Instalada. Completamente. E sorrio, logo pela manhã.
Hoje Luanda chegou a mim, assim, na voz duma menina que é quase sobrinha, e que me conquista a cada vez que me chama de tia.

olho o dia entardecer

A terra pára na tarde
O sol não apareceu
O mar mora lá longe
A flor avermelhou
O céu escureceu
E eu, penso em ti
Não sei se é certo
Não sei se existes
Se te desenho
Arco-íris multicor
Na chuva branca
Gelada
Sagrada...
Deste fim de tarde
Não sei se te escrevo

Te chamo ou te rejeito
Se te esqueço...
Enquanto sei e não sei
Olho o dia entardecer...