sábado, 7 de novembro de 2009

O Luto

Disseram-lhe que seria assim.
Não acreditou. Não aceitou. Não se conformou.
Insistiram que não podia saltar essa parte.
O luto...ter que fazer o luto.
Roupas negras, olhar negro, gestos negros.
Pensamentos negros. Sentimentos negros.
Ela que gostava de vermelho...
E sem música, sem canções, sem poemas, sem gargalhadas.
Só persianas fechadas, ausências, medos e solidão.
Perguntou-se se o luto já chegara.Se era isso que estava a viver.
E os fazedores de sonhos olhavam-na mestres e diziam que " queria tempo passado ".
Repetiam que depois da tempestade vem a bonança.
Tangas, pensava ela. Na pele dos outros até nos metemos num caldeirão a ferver.
Pela primeira vez duvidava dos seus fazedores de sonhos.
Um dia destes, vestiu-se de vermelho, subiu as persianas, escreveu poemas e ouviu canções.
Dançou à chuva, cantou ao luar e sonhou com os Anjos.
Olhou para o céu e viu o sorriso de Deus.
O Tempo passara no seu tempo...
E acreditou de novo, nos seus fazedores de sonhos.

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