domingo, 22 de maio de 2016

ser feliz

Ser feliz é querer
Não se perde nem se encontra
Não se compra

Ser feliz é deixar nascer
Deixar florir
É ir...
m.c.s.

salvação

Só o amor faz o coração bater
Só esse impulso nos faz caminhar...

Quisera eu, 
Ter asas e poder viver
Entre o céu, a terra e o mar

E voar...

Num segundo morrer no teu ser
E noutro ressuscitar
Nesse momento ser-te o prazer
E no outro a mim regressar

Só o amor nos faz entender
Só esse querer nos faz acreditar...

m.c.s.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

amar é

Amar é voltar atrás porque tu estás lá;
quando os cépticos dizem que para a frente é que é o caminho.

Amar é estares em todos os caminhos...

m.c.s.

sábado, 14 de maio de 2016

vagabundeando-me

Sentada num banco de pedra - aquele, do tempo do uauê, meu amigo e confidente, parceiro de castelos no ar, na areia e onde calhar, suspiros de além mar, sonhos mais atrevidos; 
Aquele, minha fantasia tomando forma de lugar dileto no pensamento vagabundo que se recolhe quando é de se resguardar; que se expõe quando é de se atrever;
Sentada nesse banco que me escolheu, lugar recatado de mim, os pensamentos atropelam o silêncio dos deuses e parece querem falar coisas que eu não sei dizer, não são de dizer ou confessar, nem a boca sabe guardar. E calar... 
Anarquista das ideias desconsigo dar ordem no impulso de os travar. Ou na escolha de os deixar soltar.
Espectadora de mim mesma, nem bem nem mal, assim-assim dos dias entediantes, mal dormidos, mal vividos, assisto no banco escolhido, que me escolheu, acolheu e acolhe, à chuva das ideias, palavras, frases e poemas, toda uma gramática procurando se expressar, bailarinos gestos de mim, anseios aos gritos, que hei-de abraçar. 
Tudo isto, entre aspas a embelezar, vírgulas a encaminhar, reticências exageradas, exclamações sorridentes, nenhumas interrogações e na voz que a alma tem, enquanto se vagabundeia entre pensamentos insolentes; 
Tudo isso - porque, sentada num banco de pedra, o coração se amolece, se aquieta, se fortalece e se junta aos pensamentos libertinos, à voz confessa, mal esperando para se libertar; e com as letras todas que o vocabulário tem, dizer que se reconhece, mais que nesse diz que disse, chamado recatado pudor, no exaltado, intrépido e vagabundo amor...

m.c.s.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

superstição

O azar não existe.
Constrói-o aquele que desconstrói a sorte.

m.c.s.

recomeços

Recomeços são laços que deixámos desatados no tempo. 
Mas não esquecidos. 
São secreta esperança sem hora certa. Para a sua ressurreição.
Para voltar a enlaçá-los, no coração.
Recomeços?! São feitos de fé no amor...

m.c.s.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

( des )Encontros

Destinos cruzados
Num minuto se tanto...
Rostos sorrindo 
Outros em pranto
Gente partindo
Gente chegando
Gente sonhando...
Encontros cruzados
Destinos adiados...

m.c.s.

na ponte vasco da gama

Pontes são braços que abraçam a vontade de descobrir, seguir e realizar...
m.c.s.

viajando

O importante da viagem não é chegar.
É partir.
Deixar o sonho andar...

m.c.s.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

amar

Quanta beleza existe
No olhar da mulher que ama...
Acende-se a luz nessa chama
E apaga tudo o que é triste

Quanta entrega ela faz
quando sorri docemente
oferece-se pura semente
ao amado, carente de paz

Quanta alegria, ao tocar
a alma que sorri feliz,
no silêncio com que diz
Que o amor é para amar...

m.c.s.

sábado, 7 de maio de 2016

hoje chamei-me duchesse

Eu pecadora me confesso...
Foi o 2.º pecado desta semana. 
Uma boa média. 
Hoje foi em nome do encontro, da família e do bem estar. 
Do relax e das recordações. 
Da chuva na rua. 
Em nome do aconchego. 
A escolha é óbvia. Já quando andava no liceu, eu e a minha amiga Suzette, descíamos as escadas a correr; e em ânsias e taquicardias, tentávamos a meta, ou seja, a cantina onde a dona São vendia os bolos num tabuleiro de madeira, gigante, antes que as outras lá chegassem primeiro, para garantirmos o duchesse. Na falta, o russo, na falta a torta; e ou, os rissóis de camarão. 
Hoje chamei-me, chamei-o duchesse. 
Eu pecadora me confesso...mas não me arrependo. 
Porque é tão bom pecar, como que chegar ao céu, por uma coisa doce! Sobretudo quando lutamos contra um dia meio amargo...

m.c.s.

e eu fui...

...disseram-me que me levavam. À terra dos doutores, dos poetas e dos estudantes que queriam ser doutores. Das serenatas e do Mondego. Da boa e da má vida.
...disseram que me levavam. A ver a minha mãe. Que jazia numa cama de hospital, na terra da morte, também.
Tantos sustos já nos dera. Tanta taquicardia me fizera, já tantas tinham sido as vezes, de camas de hospitais, de médicos e enfermeiras, de sinas lidas a futuros pouco optimistas...
Já tanta alegria a findar-se, tanto sorriso em caretas, tanto olhar perdido, no silêncio da sua resignação...
E eu. E nós. E ela, ali internada, numa cama de hospital duma terra longe, a norte, mais perto da dela, uma terra que eu gostava...
... disseram-me que me levavam. A ver a minha mãe. 
Era o dia dela. No calendário. Era O Dia da Mãe. Domingo, 7 de Maio.
E eu fui. Era a minha mãe. Era a sua filha. Era ela muito doente. Aquele dia era nosso e todos os outros também. Mas aquele... era o dia dela e de todas as mães...
Ela era tão jovem. Tão jovem eu era! 
Tinha apenas 32 anos. E pânico de a perder. E entre angústia e dor, vi-a pela última vez. 
Depois, dois dias depois, partiu para esse eterno sempre onde se encontra e onde a hei-de encontrar...

m.c.s.

silenciosamente poetando

Tenho em mim o virgem silêncio das palavras por dizer. 
Com ele farei um poema. A declamar.
Entre sons e tons de voz calada. 
De alma exaltada, 
numa primeira vez...

m.c.s.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

entrega

Onde estão as cerejas que hei-de comer?
Onde está o tempo que se há-de dar
ao tempo de cor e grato viver?
Onde me aquieto dessa dor de esperar
enquanto me anseio em desusado prazer?!
Ainda (a)guardo o sabor doce das cerejas, 
que de memória,
a boca ávida deseja...
e se entrega
às promessas do tempo e da glória.

m.c.s.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

pensamentando-me

Acordei num desejo absurdo de ser-me eterna. 
E de te ser - um instante - que toque a eternidade.

m.c.s.

já a formiga tem catarro

No metro da linha azul. Eu. E algumas dezenas na carruagem. Fazendo o percurso para o Terreiro do Paço, em dia de Mãe.
À volta, mães e filhas ( mais que muitas). Estas, adolescentes. Invariavelmente entediadas. Outras, mais crescidas e igualmente enfadadas. As mães, imperturbáveis.
Ao meu lado, uma rapariga grávida. À minha frente mãe e filha. Mãe jovem. 
Filha de tenra idade. Não mais de três anos.
Acabada de me sentar, ouvi,
- Chama-se Vitória? Olhando a pequenita e com a mão acariciando a barriga ( como as grávidas fazem instintivamente ). A minha bebé vai chamar-se Vitória.
A outra - Que giro! Não há muitas. Na escola é a única. Quando nasce?
- Em Agosto, disse a futura mamã.
A outra - Vai ser Leão.
- O pai também é. Eu sou Virgem.
A outra - O pai da Vi também é. Eu sou Escorpião.
- Eu sou Sporting! diz a pequena Vitória.

m.c.s.
P.S. Fiquei a pensar na pequena Vitória. No Sporting e em premonições. Quis bater com os nós dos dedos na madeira mas o metro é todo em aço. Então agarrei-me à ideia de que nem tudo é perfeito. Não estava na linha verde. Mas na azul, o que por si só não constitui perigo. E depois a linha que mais gosto é a que me leva para o aeroporto. E me traz de volta a casa. A vermelha. Bem como a amarela, o que nem por isso me desespera)

chove

Chove a manhã triste e abortada
Neste chove não molha que não me dá nada
Não fora o sol inventado - bóia de salvação
E choveria a jorros no meu coração...

m.c.s.

terça-feira, 3 de maio de 2016

caminhando

Caminho-te estrada de mil mundos, passeando os olhos no pormenor. 
Caminho-te caminhos abertos à imagem de luz.
Ao som. E ao prazer. 
À descoberta. Ao saber...
Caminho-te becos calados, ruelas estreitas, colinas, tradição.
Céu e rio, primavera. 
Caminho-te com disfarçada paixão.
Caminho-te coração...

m.c.s.