Amanheci-me antes do amanhecer
Para de ti me não perder,
alvorada,
a cada madrugada renovada
Amanheci-me ainda era noite escura
acordando a manhã cinzenta
fresca, chuvosa e pura
Imponente...
Amanheci-me
e despertei a minha mente
Fonte de claro e fácil viver
Amanheci-me
Antes do dia me acontecer...
m.c.s.
quarta-feira, 30 de agosto de 2017
está de chuva
Está de chuva!
Hoje é aquele dia que marca encontro e não evita repetir caminho para o ( século ) passado.
Faz muito por isso, um dia de verão nublado.
Cá estou eu de vestido rodado, franjinha, magricela e divertida, 8 anos - no átrio do colégio - pulando, ao céu carregado de nuvens negras que passam por cima das casas de zinco do muceque Marçal, já cansadas da viagem do Cacuaco até aqui.
Cá estou eu gritando, cantando e apelando aos chuviscos caídos do céu africano da minha rua e às forças invisíveis e sagradas, dignas de crédito que, de repetidas e fantasiosas invocações, se tornaram verdades - Nossa Senhora da Conceição, faça sol, chuva não...
Posso até já não usar vestidos rodados, não ser magricela, nem ter 8 anos, tão pouco estudar a geografia e as condições climatéricas e irremediavelmente ter-me fugido o tecto africano, mas quando as nuvens negras de verão, aparecem por trás do monte deste lugar sei que vêm do Cacuaco ao colo da Nossa Senhora só para me ouvirem encalorada e saudosa sussurrar,
- Nossa Senhora da Conceição faça sol chuva não...
m.c.s.
terça-feira, 29 de agosto de 2017
domingo, 27 de agosto de 2017
terça-feira, 22 de agosto de 2017
segunda-feira, 21 de agosto de 2017
dissertando
Se não sabes o que dizer, cala-te. Há na sabedoria do silêncio uma energia que espera o tempo certo para acertar.
m.c.s.
sexta-feira, 18 de agosto de 2017
tempos ferozes
Chegando à marisqueira Florbela, vejo na esplanada, como sempre, já que acho ter ele lugar cativo como nos estádios, faça chuva ou faça sol, o castiço velhote do chapéu e fato completo, em alegre cavaqueira com um homem com ar bem disposto já entrado na idade. Até aqui tudo jóia.
Eis senão quando o cavalheiro se dirige a mim fazendo-me parar.
- Bom dia! Gostava de lhe deixar estes folhetos sobre o Reino de Deus...
Interrompi - obrigada mas não, porque não vou ler.
- Porquê? Insistiu.
Porque não quero.
Olhou-me como se tivesse acabado de ouvir uma blasfémia e eu segui caminho.
Foram mais duas as abordagens até ao metro. Neguei mais duas vezes receber panfletos.
Hoje a angariação religiosa de fiéis pelas minhas bandas está feroz.
Isto pode querer dizer alguma coisa. O que será?
m.c.s.
meeeeedo
Chegada ao Marquês mudei para a linha azul mas antes parei nas tapiocas. Ninguém por perto. Quando escolhia o recheio ouvi gritos de um homem repetindo sempre a mesma ordem ou protesto, porém imperceptível. A vendedora olhou-me e sorriu indiferente.
- Que medo! Disse eu. Acrescentando - com atentados atrás de atentados nunca se sabe...
No minuto seguinte sobem pela escada rolante vindos da plataforma onde eu já estaria se não tivesse parado nas tapiocas, 2 homens. Um, alto, encorpado, de barba, vestido de calças de ganga e camisa branca. O outro de calções e t-shirt. Sacos e mochila na mão que coloca no chão ao mesmo tempo que pára e faz parar o das barbas dizendo-lhe que se mantivesse afastado e junto à parede. Marca um número no telemóvel e diz-lhe
- Vou só saber se tem problemas com a justiça ok? Não se agite. E vai dando os dados do homem a um João qualquer que está do outro lado da linha, consultando algo que tem nas mãos. Chega entretanto um segurança do metro. Falam. Não ouvi o que disseram.
Agarrei na minha tapioca, peguei e andei. Para a plataforma aonde algo aconteceu que deu origem ao que vi.
Barcelona, turismo, estação de metro, terrorismo, medo. Palavras presentes em mim hoje.
Lisboa está linda e eu espero que nada lhe estrague a beleza.
É que eles " andem " por aí e até os agentes parecem veraneantes. Já não se sabe quem é quem. A prová-lo os de hoje. Não saberia dizer quem era o suspeito.
domingo, 13 de agosto de 2017
sexta-feira, 11 de agosto de 2017
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