sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

até para o ano

Bom! O ano está praticamente no fim.
Vou deixá-lo bazar. Até para o ano yá? Venha o candengue 2011 e que venha por bem. Vou pregar para outra rua. Mais animada.
Mungueno! E Sakidila por me aturarem.
Kandandu muito apertado

corrida de S. Silvestre de Luanda


O evento hoje e neste momento mais importante em Luanda é a corrida de S. Silvestre de Luanda. Como diz o locutor, uma corrida de todos nós.
Vai acontecer dentro de momentos. Os atletas partem da Mutamba. Aqui, na rua da Missão passarão dentro de alguns minutos, talvez 10, 15 minutos. A avenida está deserta. Os polícias controlam tudo e o público não é muito. Dos prédios vêem-se algumas pessoas às janelas. Grupos de miúdos jogam à bola nos passeios dos prédios. Participam na prova 2 portugueses, outros europeus, um grego, alemães, dois russos, um búlgaro, sul africanos, um canadiano, etíopes entre eles o recordista mundial e de outros países africanos. Mais de mil atletas integram esta prova e prevê-se que seja uma corrida renhida.
Ouvem-se as sirenes. Os helicópeteros sobrevoam toda esta zona que fica pertíssimo da Mutamba.
É a corrida mais mediática de todos os tempos.
Vejo a TPA e ao mesmo tempo oiço a rádio que cobre o evento. Os céus de Luanda estão em hora de ponta, num tráfego surpreendente.
Começou a prova neste momento. Seguem para a Maianga. Passam em frente à Delegacia de Saúde apenas passados 4 minutos. Correm bués, estes atletas de gabarito internacional (alguns). A população é quase nula em algumas artérias da cidade. Está um calor sufocante e esta prova será duríssima.
Aguardo por eles no oitavo piso da avenida da Missão, antiga luís de camões. Vão neste momento na avenida dos quartéis. Passarão o liceu feminino até ao Zé Pirão.
Depois a avenida da Missão, Mutamba, Coqueiros. Estádio.
Estou neste momento a ver o estádio dos Coqueiros no seu interior onde se encontra a meta que os atletas vão cruzando.
Há quanto tempo, Avé Maria!
Mas porque o meu kamba desceu para a rua eu não podia perder e fui também e no rescaldo é que está o engraçado da corrida. Gente de cabelos brancos. De cuecas e sutien, fazendo piruetas e até reclamando como um que ia andando em passo apressado, completamente rebentado e dizendo asneiras e que - contrataram estrangeiro, para quê então estrangeiro?!... Foi um gozo com o público e os últimos inscritos. Mulheres muitas e de várias idades e nacionalidades. Gostei de assistir in loco a estas corridas que já não via vai para mais de uma vida. Venceu o recordista etíope, ouvi dizer.

príncipe e princesa



Meus príncipes, tudo mas tudo de bom. Divirtam-se muito. A sul. Mas a norte deste sul...
Atravessem o ano com muita alegria.
Depois de falar convosco e de vos saber juntos o meu coração ficou mais levezinho.
Recebam estas rosas de porcelana que vieram do quintal de alguém que é Amor, de quem eu gosto muito e que me retribui incondicionalmente. A minha querida Arminda.
Deus vos proteja hoje e sempre e vos reserve um ano de 2011 pleno de saúde, sucessos e muita alegria. Abraço os dois num abraço igual ao do aeroporto em Lisboa. De um tamanho sem tamanho, que não cabe no mundo e em nenhuma das eternidades que possa existir. Adoro-vos e quero o melhor do melhor para os dois, sempre.

episódio

O ano passado fiz um périplo pelas clínicas desta cidade. E também, pelo hospital, a propósito de uma pedra no rim, não minha mas da minha kamba. Desde ontem que andamos a contas com uma alergia. Não eu. Ou melhor, só apanhei de raspão. De quitetas no Miami.
A mim deu-me uma violenta volta ao intestino, mas à kanuca foi mesmo alergia daquelas de muita comichão e erupção cutânea. E lá fomos nós hoje a uma clínica da especialidade.
De dois médicos peruanos. Mãe e filho. Este, que estudou no Lubango e depois foi para o México acabar os estudos.
A kanuca entrou para um cubículo onde se encontrava a enfermeira, no rés do chão.
E ouviu da dita:
- Pode ir a balança.
E ela foi a balança pesar-se.
Depois disse:
- Pode ir a sala de espera.
E elas vieram ter comigo que me encontrava sentada por ordem do administrativo que as atendera para a ficha.
Depois delas " irem a balança " ele olhou para mim que me mantinha em pé no mesmo sítio que estava assim que entrei. E disse:
-Faz só favor de dizer mãezinha?!
-Vim acompanhar as senhoras que entraram.
- Faz favor de sentar então, apontando a cadeira que estava por de trás de mim.
E eu, obedeci.
Estamos em África, pois então!...

acácia

As flores de acácia são um regalo para a nossa alma. Por trás da Escola Industrial existem aos montes. Levei uns bafos valentes de um zungueiro que atrevidamente e sempre com uma auto-estima elevadíssima num exagero caricato, achou que era lindo e eu, aqui a maria clara das dores estava a fotografá-lo. Ainda se estivesse a vender alguma coisa de jeito...pela mercadoria eu seria capaz de correr o risco de fotografar de frente. A criaturinha convencida, batia no vidro do carro( fechado, claro) querendo a máquina. Louco não? Só se fosse eu também louca é que lhe ligava. A kamba que estava comigo, abriu a janela e perguntou-lhe se ele achava que era tão lindo assim e importante para lhe tirarmos uma foto. Como continuou a bravar, a minha kamba simplesmente resolveu com um xé, cala boca mazé... o costume, eu é que já não me lembrava que se resolve assim.
Percebo o zungueiro. Eu também não gostaria de ver alguém de máquina fotográfica para cima de mim. Mas aqui não foi o caso. Eu só queria as acácias e consegui. Ele era de somenos.
Queria estas acácias para te oferecer. Um cheirinho da nossa terra. Hoje. E aqui estão.
Acácia da Vila Alice, hoje, no último dia do ano.

fim de ano

Votos de um Bom Ano para todos.
Brindem como quiserem. Passem esta noite como melhor desejarem. Este champanhe foi de boas-vindas, mas hoje repetirei a dose, para despedida do ano velho e início do ano novo...
Aos meus filhos, meus irmãos, sobrinhos, primos e tios, Pitanga, amigos e colegas, os votos de um Ano de 2011 se possível, melhor que este que hoje termina. Para ti pessoa que estás desse lado desejo o melhor, como desejo para mim e eu desejo-me muito, tudo...sim, estou a falar contigo. Julgavas que me esquecia de ti? Eu sou lá pessoa para me esquecer de quem me trata bem e de quem eu gosto?!
Kandandu apertado de um tamanho sem tamanho para todos, desde esta terra linda até onde estiveres, ainda que seja no fim do mundo...

verbalizando matumbamente

E pronto! Com esta me vou. Gostava de ficar mais tempo mas está tarde. São quase 4 da manhã embora a hora do post seja inferior não sei porque razão, porque não manipulei o relógio, nem sei como isso se faz. Estou podre de sono e antes que fique podre de calor ( a luz está a faltar constantemente e o gerador tem de ser ligado ) vou dormir porque sou filha de Deus e tenho preciso, como dizem não os angolanos mas os alentejanos, que é quase a mesma coisa ou não sejam quase todos descendentes dos negreiros que foram para as minas de carvão em algures de nenhures do Alentejo profundo, nos tempos passados.
Só queria mais uma coisinha, assim pequenina e carecendo de importância.
Onde é que estão os professores à séria? Ahn?
No meu tempo, de menina e moça aprendi com três angolanas, D. Zita, D.Dina e menina Piedade, minhas sôssoras do colégio nossa senhora de fátima, da avenida brasil, o bê a bá naqueles livros que agora vendem para colecção e eu tenho novinhos em folha e comprados na livraria do Corte Inglês. E a gramática era decorada, e redecorada e entrava se não fosse pelo jeito, pela força, e os verbos conjugavam-se tantas vezes quantas fossem precisas.
Existia uma régua e uma mangueira daquelas mangueiras de jardim de cerca de meio metro.
Não havia frescuras nem se chamava violência ao uso destes dois acessórios. Os pais davam ordem para que lhes dessem uso se necessário. O Sô Santos também, apesar da vizinhança com as professoras num laço quase que de parentesco. A minha sorte é que eu tinha memória de elefante e nunca levei mangueiradas. E não dizia deposi-te. Ai de alguém que escrevesse assim.
Esta criatura não andou no colégio nossa senhora de fátima nem passou pelas mãos da d.dina, d.zita e menina piedade...

finalmente


Igual ao entardecer de hoje só o de dezembro de 2009 neste mesmo lugar. Quem disse que não devemos voltar ao lugar onde fomos felizes?
Que momento mágico este!
Já vi muitos sois pondo-se. É sempre lindo. Estranho. Irreal. Único. Em peniche, na quarteira, em trás-os-montes, em lisboa, no funchal, na serra d'aire, nos pintainhos, no porto, em nice, em paris et voilá... Mais sol menos sol. Mais cor menos cor ou mais tamanho menos tamanho é um instante que nos cala a voz e nos exalta a alma. É a entrega do dia à noite. Da luz às trevas. Da realidade ao sonho...
Hoje esta terra Ganhou e o Sol também.
Tal como o ano passado, nunca mais vou esquecer este legado do astro-rei ao mar.
A foto que aqui está não captou esse momento. Pertence a outro dia. Hoje a máquina não tinha cartão, culpa minha, sempre minha.Não tenho cabo para as passar para aqui. Se fosse masoquista já me tinha chicoteado, assim, fico com a memória desse momento mágico, com a cor vermelha e laranja de um sol enorme, imenso, tocando a água azul, verde esmeralda como se a beijasse terna e suavemente, contrastando com a emoção que provocou.
E eu, simplesmente chorei.
Como prometi e os meus compromissos fazem lei, estive presente, olhando o horizonte e advinhando-te, pessoa sentada olhando também o sol que um dia vais abraçar em kandandus de um tamanho sem tamanho.
Ser feliz é ver o sol vermelho no céu laranja, violeta, a esconder-se no mar do meu presente. E saber que não estamos sozinhos.

na tarde longa


Vi passar a tarde. Calmamente.
Ah como é bom entrar nas tardes longas e quentes de uma Luanda de sempre, apenas de cara lavada, sofisticada ou simplesmente antiga ou em desuso conforme o local onde nos encontramos...
Aqui, na Ilha, o tempo passa devagar. Gostoso e preguiçoso. E o vento que sopra nos segreda que este é o lugar que procurávamos para nos darmos encontro.
Uma menina, empunhando uma bacia de plástico azul, chega até mim. Oferece paracuca e jinguba simples. Eu conto os sacos que ela tem feitos e as pessoas que ficaram do outro lado de lá da linha do horizonte que está lá ao fundo. Peço oito saquinhos. A kamba que está ao meu lado pede jinguba, enquanto a menina oferece um saco aberto para que eu prove a paracuca. Cuiou feio. Eu que até nunca fui muito apreciadora de paracuca, desde que fui para Portugal que a transformei numa guloseima de primeira. Esta paracuca foi feita à pouco tempo. Percebe-se. Cada saco custa 200 kuanzas.
Comprei sem regatear. Passei de madrinha, tia ou mãe, a amiga. Mas o tratamento nunca deixou de ser afectuoso. Como sempre aliás.
Há quem leve maçãs, água, iogurtes, para os lanches na praia. Nós hoje comemos jinguba. E depois no bar da praia, no Bordão, choco frito. Uma vez não são vezes, porém as vezes têm sido diárias. Ontem pankamos quitetas e pregos, bebemos cerveja e eu adormeci às 10,30 horas, sem hipótese de ter os olhos abertos e as cinco oitavas no lugar tal a sonolência. Hoje nem uma gota de álcool.
Não vim para Luanda para comer, e pareço uma enfardadeira. Não vim para Luanda beber e desde champanhe a cerveja é o que se queira. Não vim para Luanda dormir e por duas vezes me deitei entre as 10 e as 11 porque adormeci com gente a falar para mim. Vê se pode, isto???????
Não há dúvida que não se pode dizer que desta água não beberei ou melhor - Que nesta terra não exagerarei...
É caso para dizer que, perdoa-se o mal que me faz pelo bem que me sabe.

o carro do fumo dos tempos modernos



Este é o carro da tifa, ou carro do fumo. Actual. Anda de noite pela cidade espalhando insecticida numa luta contra os mosquitos ferozes e carnívoros.
Antigamente o carro do fumo era um jipe com um bidon atrás e andava de dia, com um bando de miúdos em delírio perseguindo-o.
Quando era candengue fechava-me na casa de banho como quando ouvia a sirene dos bombeiros ou das ambulâncias. Aos poucos fui perdendo o medo e cheguei a correr atrás, descalça e louca da vida, como os outros miúdos.
Obrigada kanuca por teres fotografado este carro do fumo das memórias da mãe e minhas e de gente da nossa idade, que tu nunca tinhas visto e achaste importante para mim. E não te enganaste.
Brigada querida.

Combatentes


Avenida dos Combatentes.
Paralela à Avenida Brasil.
Uma diferença gritante, de 2008 para 2010.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

as farras de fim de ano



Por toda a cidade anunciando as festas de fim de ano com os melhores artistas. A Ilha será palco de muita alegria e comemoração.
Os preços...upa lélé!
Escandalosos.
Aka! Canário! Vou ter de parar de escrever porque parece que tirei a noite para denunciar. Mas me disseram, e estou só comentando.
Mas o meu conselho ainda é, para irem às festas de quintal. Da fami-lha. Cada um leva o que tem e faz-se uma festa e peras, mangas, fruta-pinha, ananás...
No fim da festa, um caldo de peixe quentinho que cai que nem ginjas, gajajas, pitangas...

tradição?



Na Ilha como por toda a parte existem lojas de venda de produtos. Aqui vendem-se vestidos brancos, tão procurados nesta época do ano. Os angolanos gostam de se vestir de branco para atravessarem o ano. Superstição?
Tradição? Religiosidade? Haja quem responda porque eu não sei nem perguntei.
Se calhar é só uma moda. E porque o branco é a cor apropriada para o calor.
E amanhã, último dia do ano, a temperatura vai subir...vai estar ao rubro.
Fortaleza de S.Miguel. Lugar de onde vi muitas corridas de automóveis. Corredores famosos, como Álvaro Lopes, depois mais tarde António Peixinho e outros. Sô Santos conhecia muita gente. E também os que organizavam as corridas. E conseguiamos entrar de borla. Os amiguismos. Coisa tão antiga como a própria fortaleza.
Antes do autódromo ser construído e inaugurado era daqui que partiam os carros de corrida, lindos de morrer e ruidosos que só eles.
Gosto de ver provas de automobilismo, não por alguma razão especial mas apenas porque me ficou desse tempo, os domingos na fortaleza em tempo de corridas. E toda a festa que isso envolvia.
A fortaleza também lembra outras actividades.
Namorar. Oh como era bom ir namorar para a fortaleza tendo a Ilha e a Baía como cenário...ouvindo uma música de Lindomar Castilho, eu vou rifar meu coração,vou fazer leilão, vou vender (?) a quem der mais...
Tudo o que é bom termina, e de repente estou aqui no lugar de outrora e em vez de apreciar a fortaleza hoje, estou a olhar através do tempo para o que já passou e até parece que há uma certa nostalgia em mim...
Mas não. Cada coisa tem seu tempo. E depois, corridas para quê? As kinamas já não aguentam e namorar no carro é coisa antiga e perigosa e pode ser interrompida abruptamente. Nãnãnãnãni...
Estive em contemplação no fim do dia. Olhando a fortaleza, o grande orgulho da nossa baía. A lembrança que não se apaga. Gritante.
Desafiando os tempos, ali está espreitando cada regresso a casa. Dando as boas vindas.
Fui à Chicala que já não é como era dantes, mas não é mesmo. Agora até tem prédios sendo construídos. Parece que hoje tirei a noite para criticar. Estou só constatando. Apenasmente...
Fui buscar um bolo de chocolate, recheado a mousse também de chocolate, com raspas e pepitas de chocolate, evidentemente. A doceira vive mesmo em frente à fortaleza, na Chicala. Enquanto esperava, olhava o mar, pouco mar, porque agora fizeram um aterro e tem mais terra que mar, mas olhava o cochito que deixaram, todo ele dourado da luz da fortaleza. Na margem mesmo ali na rua esburacada pelas chuvadas recentes, palmeiras. Olhando este cenário mágico, pensava no privilégio que é viver naquele lugar. Em frente ao mar. Podendo contemplar a fortaleza que a gente todo o ano, ano após ano, sonha ver um dia. E um pouco da baía e os seus prédios luxuosos, qual cidade europeia, americana, asiática, moderna e estilosa.
Dei comigo a pensar que se fosse invejosa estava mordida querendo estar na pele da doceira que pode acordar na aurora, abrir a janela e agradecer a Deus viver nesta cidade maravilhosa que abraça todos os seus filhos, mesmo que ao fim de trinta e três anos de ausência e abandono. Mas como não sou nem um cadito apenas pensei que era para lá de bom poder viver nesta terra e vir à Ilha quando pudesse e me apetecesse. Apenas isso, chegava.

iluminação natalícia

Hoje quando vinha da Ilha, onde tenho ido todos os dias, passei pelo prédio da Sonangol.
Está bonito que só ele. Para quem não vive em Luanda e não conhece o dito prédio, fica em frente à Lello. Ocupa um espaço de esquina, por isso duas ruas. Numa delas, a que vai dar ao antigo largo D. Afonso Henriques, Obras Públicas e Casa Americana, a própria rua está enfeitada a azul e branco e os enfeites têm animação. Coisa linda sim senhora. Até parece que caem lágrimas do céu. Não sei porque chora o céu se é tudo tão bonito, se calhar sou eu a inventar, como sempre, mais que sempre, ou não, sei lá...
O prédio em questão tem um formato circular, quer dizer, nem sei bem, pensando nisso, acho que é semi-circular. Moderno. Imponente. À noite todo ele é luz a espelhar a baía, como aliás todos os prédios modernos que a marginal tem. Antigamente era a lua que beijava a baía e até que era romântico. Nos tempos que correm a lua tem rivais e esses são endinheirados. Já há fruta-cores pelas águas salgadas e noturnas e o romantismo já não é o que era. Mesmo para os que estão a a jantar no Cais de Quatro. É um romantismo que deixou de ser rosa e passou a vermelho, azul, verde, amarelo, enfim, multicor , mas Luanda é que ganha com isso. Imaginem-se em Las Vegas. É quase assim. Quer dizer, eu nunca fui a Las Vegas, mas acho que é assim.
Não estou a criticar. Longe de mim tal pensamento e muito menos palavras injuriosas. A minha terra é a minha terra e eu até que gosto de tudo bem animado e iluminado, graças a Deus, n'ganazambiê, amen, amen...
Mas vim aqui falar do que vi passando pela Baixa da minha terra, quando acabara de ver um pôr do sol,( luji, luji natural ), que o Criador nos dá e não cobra nada, apenas que cresçamos e agradeçamos e nunca nos envaideçamos ou sejamos ingratos. E o que vi foi o prédio da sonangol todo iluminado. E animado de movimento às cores a cada andar. Digno de se ver. Bonito mesmo. O único assim. A dar nas vistas que até me fez pensar que a Baixa até que merecia estar toda assim engalanada num luxo que é um regalo.
Aka, sukuama, mamãuê! Xé, olha a banga! Já mereciamos. Que béléza!
Não digo quem foi, nem que me cortem às postas como os chineses fazem aos cães e não sei se aos gatos também mas a minha querida Pitanga nunca, nunquinha que vai conhecer a minha terra, por causa dos chineses da Nova Vida, vizinhos dos meus amigos, portanto é assim, nem que me dêem uma paulada e me cozam com batatas eu vou dizer quem foi que disse mas ouvi enquanto contemplava a ganda banga do edifício da sonangol:
- Angola devia chamar-se SONANGOLA...
Olhei mais uma vez para cima. Para os lados. Para dentro de mim e perguntei:
- Porquê???????? Angola não está bem? Nome bonito esse. E dei comigo a negar esse novo apelido.
Não quero que a minha terra mude de nome.
Ai uê N'Ganazambieeeeê não deixa então...Angola também é minha, e tua, nossa, de todos nós. Não pode. Somos milhões e não meia dúzia. Yá?!

crepúsculo em Luanda

O primeiro pôr de sol em Luanda, visto da Ilha do Cabo, ontem.

mar azul

O meu mar

mercado

Pequeno mercado, no largo do embarcadouro da Corimba. Vende-se comes e bebes. Até caldo de peixe com farinha. É só preciso levar caixas. Neste dia, não havia caldo.

mwangolando


Ouvido na rádio a um locutor:
Rótunda. Com o ó bem aberto.
Na rua:
Comer um gelado - chupá um gelado
Ver televisão - assitir télévisão.
Quando a joana nasceu - quando nasci a joana

taxi

Não é preto com capota verde. Não é candongueiro. Mas é um taxi. Pela cidade...

trabalhando




Zungueiras, quitandeiras ou peixeiras, tudo é gente que trabalha para viver. Ou sobreviver. Que tem gente em casa que precisa de comer. E eu curto-as bués.

Zungando

Na zunga...
As meninas vão zungar. Roupas, no caso. São as zungueiras. Que percorrem a cidade a pé com os seus artigos que podem ser, roupa, sapatos, chinelos, chapéus, carteiras, louça, panelas, balanças e muitos outros artigos que não vos passa pela cabeça.
Eu curto bué ver estas vendedoras ambulantes, alegres, coloridas e nervosas. Como formigas trabalhadeiras. Emprestando à cidade uma tonalidade garrida e kizombada. Às vezes vemo-las ao telemóvel ou " chupando " manga. São as zungueiras das minhas memórias do ano inteiro, na Europa, e que vejo agora a vivo e a cores...só nesta terra mesmo!

é carapaueeeeeeeeeeeê


Estas, são quitandeiras de mangas e laranjas. Na Ilha.
Neste momento chega até mim o pregão de uma quitandeira que passa na rua oito pisos abaixo.
Está a vender carapau. E grita: é caparau, é carapauêeeeeeeeeeeê!
Como isto me fazia falta, aiuêeeeeeeeeeeeeê...

percorrendo luanda









Aqui está a oportunidade de fazerem comigo o percurso, desde o Governo da Província de Angola ( antiga Câmara ) até à Mutamba...

embarcadouro

O novo embarcadouro da Corimba. Daqui atravessa-se de barco, candongueiro ou não, para o Mussulo, que se vê em frente. Faz-se a travessia em 10 minutos.

Praia Amélia


quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

boutique ao ar livre

boutique


praia

Isto é a Ilha. Do Cabo.
Resolvemos ir à praia. A kanuca já lá estava. Combinamos a praia.
O Sr. Tiago, o motorista deixou-nos lá. O sr. Tiago é daquelas pessoas que entra muda e sai calada. Tinha até fama de antipático até eu ter convivido com ele o ano passado. Comigo foi sempre prestável e simpático e até falador. Este ano assim que me viu perguntou-me pela fami-lha. E se estava tudo bem comigo.
Hoje deixou-nos à porta do restaurante que dá nome à praia. Mas passados 10 minutos não mais, já estávamos de volta por termos decidido ir para o Miami.
Quando nós e a kanuca entrámos no carro ele disse:
Ai, suspenderam?
Ninguém respondeu,mas o sr. Tiago esteve bem,mas bem.

Luanda hoje





kinguilas

O Jumbo da Estrada de Catete está bem e recomenda-se. As prateleiras recheadas de artigos e por todo o hipermercado cheira a limpeza. É muito grande e ao contrário do que eu imaginara durante estes anos todos, fui encontrar um espaço bem maior do que na minha imaginação ele crescera.
No exterior muitas kinguilas ( mulheres que se dedicam à prática do câmbio ) tentando fazer o câmbio aos que consideram estrangeiros e não só. O gesto que até eu já entendo é o de juntar o dedo polegar com o indicador esfregando-o. Não degrudam. Não desistem. São insistentes e atrevidas. Andam na vida delas como quaisquer outros.

hoje

Eu não tenho emenda.
Sonhei com a Pitanga.
Não veio lamber-me as mãos antes de sair de casa, no Olival. Escondeu-se de mim e fiquei com essa atravessada.
Estou aqui e ocorre-me a Pitanga do olho azulão celeste como o nome da d. celeste.
Não me esqueço de nada nem de ninguém. Podem acreditar.
Da caçula e do mano zé que estão muito silenciosos.
Da Mena, dessa, foi logo quando ouvi o comandante na viagem para Luanda. Dos outros.
Da gente do Bom Amor.
Dos meus amigos reais e dos virtuais que são reais. Daqueles que são angolanos e estão em Portugal ou noutro país qualquer, menos em Angola.
Mas não tenho saudades. Isso não me peçam. Gosto muito de todos mas esta é a minha vez de me libertar e voar nas asas do pássaro livre qual albatroz, agora sim, nos mares do Sul.
E eu voo, todos os dias, aproveitando a liberdade que esta terra me dá.

férias

4º dia em Luanda
Está um calor e um sol imensos. As quitandeiras na rua, apregoam os seus produtos; as mangas kuiam demais de grandes e bonitas que estão. Os zungueiros passam apressados com óculos, toalhas, ferramentas etc. Os automóveis mais que muitos, buzinam desesperados ou viciados, no trânsito. Das obras, imensas nos prédios que se erguem pela cidade e também por aqui junto do Quinaxixe chega-me o som conhecido do trabalho.
Deitei-me muito tarde. Ontem fui para Nova Vida, a sul de Luanda. Um projecto novo e bonito, de vivendas modernas e arruamentos com jardins e acácias. Passei o dia na casa de amigos. De molho na piscina. Porque eu também sou filha de Deus. Comendo...bem nem vou dizer o quê, que não quero ser presunçosa ( não sou ) mas puxem pela cabeça e pensem no que se come tanto em Angola ao preço da chuva. Conversando muito também e ouvindo as estórias de hoje, e as de antigamente.
Angolano gosta! De rir, de se divertir, de caricaturar. Até de se rir de si próprio.
Champanhe não faltou e...estou de férias. Na minha terra. Com os meus kambas. A TAAG não está a voar, e posso usufruir em pleno da companhia da minha kamba diami. E inspirar o ar desta terra que eu amo e que me abraça sempre que volto, naqueles abraços imensos que só quem tem alma Grande dá. Maiores do que o Universo. De um tamanho sem tamanho.
Eu sinto o olhar de Deus quando estou nesta terra. E nasço a cada dia que acordo...e cresço...
Boa dia para todos.

Luanda hoje

A Baixa
A caminho da Corimba.
Um Hotel

luanda de noite

O meu amigo Mário levou-me a visitar vários pontos da cidade. Aqui é o Liceu Feminino.
Também fui ver o Liceu Salvador Correia. A Vila Alice. O Largo Camilo Pessanha e o Largo Teixera Pascoais. O Cesário Verde.
A minha avenida, até à Fernando Pessoa. O Colégio Nª Srª de Fátima. A loja do sô santos. A Mobil que agora é Galp. A padaria Independente, do Sr. Madeira. A pastelaria Gentil. A Eugénio de Castro. O cinema Império. A Escola Industrial. Depois, o Maculusso. O Largo Serpa Pinto. O Largo D. Afonso Henriques. A avenida do Restauração. A Câmara Municipal, a cidade alta. Igreja da Conceição e de Jesus. Palácio. Jardim da cidade alta. Obras Públicas.
Enfim, um pouco de Luanda à noite.
O ano passado o Mário tentou e conseguiu descobrir a casa onde vivera uma pessoa que mora no meu coração. Encontramo-la e fotografou-a nas barbas do guarda da casa e apesar de eu estar borradinha de medo que o guarda nos fizesse algum mal. Andar às fotografias de noite em frente de uma casa não é normal em parte nenhuma do mundo muito menos numa terra onde o inimigo espreitou décadas a fio.
O Mário tentou levar-me à minha casa. E descobri finalmente que já não existe casa,
No lugar da casa está uma vivenda nova cor de rosa.
Se o avô Carvalho viesse cá abaixo, na certa exigia a sua casa de volta. Assim, apenas olhei, e francamente, não me entristeci. Encerrei um capítulo.
A minha casa, onde nasci, estará para sempre nas minhas lembranças. Como o sô Santo, a d. Celeste e o avô Carvalho.
Luanda à noite, está lindíssima. E não desaparece, apesar de cada dia que passa se apresentar com outra cara.

a Clarinha

Esta menina chama-se Clara.
Espertíssima, linda, um doce, de apetecer apertar muito. Neta da minha querida Arminda.
Não conheço ninguém que tenha o meu nome, por minha causa. Só esta menina. Filha da Filú. Menina à época, a qual ensinei a fazer crochet e nunca mais se esqueceu disso.
- Tiaaaaaaaa! Tiaaaaa Clara.....
- Sim?!
- Eu também me chamo Clara.
- Tia, também quero pintar?
- Pintar? O quê? perguntei, farta de saber qual era a resposta.
- Com o teu baton.
- Tiaaaaaa! Vais dormir aqui?
-Tu queres?
- Sim. Dorme comigo. Na minha cama. É grande.
Percebem? Na minha terra os candengues nascem cheios de ternura por quem os rodeia. E manifestam afecto às carradas. A Clarinha não se lembrava de mim, do ano passado. Era muito pequena. Mas, este ano adoptou-me de imediato, só porque eu estava com a avó e com os tios.
Na minha terra o amor não se doseia como charope às colheres. Dá-se sem condição. Desde o kanuco ao kota.

uma janela

Da minha janela vejo o mar. E a Ilha. Lá ao fundo.
Quisera eu ter esta janela o ano inteiro.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010