terça-feira, 31 de agosto de 2010

em mudança

Abro a minha janela
De par em par
O sol rompe a aurora
E amanhece feliz
numa combinação colorida
espalhando pela serra
Os tons da terra
Nesta terra...
Percorro as ruas
por entre odores de perfumes vários
O mais intenso, reconheço
nos figos verdes das figueiras
Salta um coelho nervoso e assustado
por entre as oliveiras e o mato seco
E distrai-me o pensamento.
Nas sandálias da feira que feirei outro dia
piso firme as folhas estaladiças do fim do verão
Gosto do que vejo
Gosto do que sinto
Gosto de viver isto
Este tempo de mudança...aqui.
Mais do que digo
Mais do que queria
Um dia...
Um dia se partir...
Quando partir
Vou deixar um pouco de mim nestes caminhos
Vou levar estes dias intensos, na pele
Vou lembrar na saudade, o fim do verão ...

( por m.c.s. )

da minha janela

Amanhecendo, no último dia de Agosto.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

voluntária à força

Estou de castigo no meu lar, doce lar.
Prisioneira voluntariamente. Um pouco à força.
E quem foi que me fez essa maldade? Os senhores da MEO.
O calor está infernal. Não há ar condicionado, só ventoinhas que aponto à minha cabeça como arma de defesa e às costas e resto do corpo. Se me fará mal? Certamente. Mas como é possível estar no último andar de um prédio ( onde o calor é sempre maior tal como o frio no inverno ) com janelas fechadas ?( por causa da Pitanga; é nestas horas que quase me arrependo de ser a " mãe " desta gatinha meio avariada dos pirolitos ). Logo se verá se ainda por cima vou ser castigada na saúde...
É que a avaria da caixa que tem um nome que eu não me lembro estava por resolver até hoje. Depois de chegar de Lisboa encontrei tudo na mesma como a lesma. Desesperei. Uma vez mais, sem televisão nem internet. Prometi fazer uma escandaleira e adormeci nas minhas promessas, mais cedo que desejaria. Como quando antigamente faltava a luz, lembram-se? Nada para fazer e a solução era dormir. Pois, foi o que fiz, ontem, mas decidi naquele momento que nem mais um militar para a Guiné, a partir dali.
Hoje decidi que só a escandaleira, não bastava, e resolvi tirar a minha avaria a limpo. Falei com os funcionários, praguejei, anunciei que a minha net móvel era da optimus por culpa deles que falharam 3 vezes na vinda a minha casa entregarem-me o material necessário ( de vingança mesmo ) e que ia solicitar uma indemnização por pagar um serviço do qual não tenho usufruído.
Apenas ouvia a voz metálica do funcionário que começara por dizer - em que lhe posso ser útil? e empacava no D. Maria Costa, D. Maria Costa, o que me enfurece ainda mais, porque odeio que me tratem por d. maria...costa, e o homem parecia advinhá-lo e como um disco riscado, repetia um nome com o qual não me identifico. Destilei todo o veneno antigo, de três semanas e posto isso fui ouvindo mais calmamente o que tinha para me dizer. E não sei se alguma vez vos aconteceu, a mim aconteceu ver-me de repente a fazer ligações, desligar botões, meter um palito num orifício e pressionar para que as luzes da caixa se apagassem e ele do outro lado dizendo faça assim, d. maria costa, faça assado, d. maria costa com uma firmeza delicada e educada que me desarmou e o meu tom de voz perguntadeira passou a ter o seu tom de voz.
Tinha a tal caixa desconfigurada. Ele tratou disso e eu ajudei.
Agora estou à espera que me telefone. Ah pois. Não é para sairmos, não. Eu estou em casa e já agora, cá ficarei. É mais para lhe dizer se a televisão e a net se desligaram nestas horas. Se não se desligaram, e não, está a avaria resolvida e não chegou sequer a avaria, se se desligaram, têm de vir substitui-la, o que não me parece provável, dado que isto está a correr sobre rodas.
Numa noite de calor imenso depois de um dia com 42 graus era só o que me faltava que continuasse com a avaria. Não há quem aguente amanhã, uma noite caseira com uma equipa do MEO a devassar-me a minha intimidade. Se assim for, ah, vou pedir uma indemnização por perdas e danos, ai vou, vou...

Oioai - Tudo O Que Precisamos [HQ]

A senhora é de lá?

Um casal entrou e parou em frente a mim.
- Queremos registos criminais. Três.
- Para quem?
-Para mim, minha mulher e minha mãe.
- O fim a que se destinam?
-Aquisição de nacionalidade estrangeira. Angolana...
Quando disse isto vi-o. Até ali olhara mas não vira. Eram números. 3 para a minha contabilidade. Eram 10,50€.
Ainda assim, segurei-me e de mim para mim enquanto entrava no sistema e me preparava para introduzir dados, pensava: - maria clara, deixa para lá as pessoas. Não faças perguntas nenhumas sobre Angola. Vá lá, só desta vez, deixa as pessoas sossegadas. Quase consegui. Mas a mãe da criatura entrou e é já minha velha conhecida. De tirar vários r.cs. para ela e filhos e as minhas boas intenções cairam por terra. Lembrava-me inclusive que moram na Praia do Bispo e o filho mais novo não tem estes trabalhos porque nasceu em Angola e tem a nacionalidade angolana há muito tempo.
A velha senhora fez-me uma festa e apresentou-me a família. Vinha com as netas mais novas, duas delas mestiças, de cabelos loiros e encaracolados a confirmarem o que já me tinha dito, que uma nora era de " côr " assim num segredar só para mim, porque até sou de lá, da terra dos " pretos ".
Perguntei como está Luanda.
- Em obras, sempre em obras.
Na 6ª feira estive com uma amiga que partiu no sábado para Luanda e nem lhe perguntei como estava a cidade. As nossas conversas decorrem como se vivessemos as duas ou cá, ou lá. As histórias sobre a terra e as pessoas surgem naturalmente.
A estas pessoas perguntar por Luanda é permitir que falem da terra. Que me dê a conhecer.
-A senhora é de lá?
Era o que eu queria ouvir. Para ficar mais próxima da realidade deles. Fui logo dizendo que sim. A matriarca contou que já lá tinha ido duas vezes.
-E quando volta?
-Em Dezembro.
Como gosto de dizer isto. E já me vejo dentro do " cabrito " com as meninas e as menos meninas ( as da minha idade que conheço ) da TAAG, e apetece-me tudo menos estar num computador a debitar trabalho em tempo de férias judiciais.
Os utentes partiram. Sem que evitassem perguntar-me: - Quer alguma coisa para Luanda?
- Que as obras terminem para que possamos todos desfrutar mais e melhor...

as férias dos outros

Estou com um torcicolo arranjado não durante a noite, mas logo pela manhã.
Isto hoje correu mal. A D. Pitanga achou por bem desaparecer-me com o relógio ( novo ) e com o telemóvel. Só não desaparece com os óculos porque os fecho a 7 chaves, quer dizer, na gaveta da mesinha de cabeceira, porque aprendi e a duras penas que não pode fazer companhia às outras peças que me são essenciais. Já não tenho pachorra nem ânimo para começar a semana espreitando para baixo da cama.
Coisa deprimente, ajoelhar-me perante a semana, curvada e fatalistamente conformada. Eu bem tento, mas não tenho essa natureza e o mau feitio vem ao de cimo. Prometo-lhe tareia, ameaço e ela olha-me naquele olhar azul mar e céu. E eu vou fazer o quê? Não é gente. E gente já me escondeu não relógios nem telemóveis, mas pensando bem, também, e eu tive que me aguentar à bronca.
Mas 2ª feira nem o é, se não correr mal, para justificar a tradição e a minha má vontade.
Entrei no bendito do autocarro e avistei ao fundo um companheiro de viagem antigo, que conheço de outras paragens. Perguntei-lhe pelas férias. Foi o que quis ouvir. Eu não tenho emenda. Sempre a pôr-me a jeito. Mas porque é que não fingi que o tinha visto no dia anterior e já sabia assim que tivera umas férias maravilhosas?!
1º, porque não sou fingida e depois por 2 razões. Férias só são fantásticas se terminarem na partilha. O ego está insuflado e quando alguém, ( depende do alguém ) nos pergunta - atão?Isso é que foram férias, ahn??? isto é o mote para que a gente volte a viver tudo de novo com um prazer especial. E na nossa cabeça faz-se assim como que uma confirmação - Estava a ver que nunca mais perguntavas -
A 2ª razão é que nós, dependendo do destino de férias, temos curiosidade, não mórbida, porque achamos sempre que nós aproveitariamos muito mais e melhor, mas há uma cusquice pequena, mas cusquice para sabermos o que viram, o que comeram, o que se divertiram, como foi que...em suma quem faz férias em Nova Iorque e um cruzeiro a partir dali e visita Miami, é concerteza alguém com outros horizontes e a gente quer perceber como é que se move no mundo, a pessoa que temos ao nosso lado e que nos provoca o torcicolo, porque são 20 minutos sem pestanejar, a olhar para o lado, nos olhos de alguém ainda babando deslumbrado pelo que deixou para trás.
A olhar para o lado e num enjôo dos diabos, não do discurso fantástico, mas das curvas do autocarro.
Mas quem me mandou a mim fazer perguntas ansiosas por respostas longas e pormenorizadas?
Bem, mas pronto, o ego do meu conhecido de longa data está bem e recomenda-se. E à 2ª feira é um milagre.
Fiz-lhe a última pergunta, das muitas que pude e quis fazer, na curiosidade óbvia de saber como vai o mundo do outro lado.
- E agora, a caminho de Vila Moreira, como é que é possível trabalhar sem fazer asneiras com os dedos e mandar assim para o ar uma asneira cabeluda do tipo - F......, ( isto não disse que sou uma senhora, troquei por um Bolas! ) já estou de novo nesta parvalheira!
É que por muito menos, por um fim de semana no Olival Basto, eu não digo uma, mas todas as que conheço e mais algumas que invento e estico os lábios que já não são finos, num " beiço " desgraçado para que não haja dúvidas que tudo, é melhor que o tarrafal, fará este pobre de Cristo que viveu 15 dias noutra dimensão...
Ele riu-se amareladamente, e com um olhar baço disse-me: Hoje é difícil mas ainda falo nisso, amanhã é pior porque já ninguém me pergunta pelas férias e até me convenço que foi um sonho.
Cá para mim, só sei que estou com um torcicolo à conta das férias desta criatura e não cheguei nem perto de um avião, ou do comandante dizendo- Senhores passageiros fala-vos o comandante...
Eu nunca mais aprendo. Quem me mandou a mim querer ver a extensão do ego deste companheiro de viagem que ao longo do ano viaja discretamente ao meu lado num reles autocarro da Rodoviária, e depois em 15 dias vive em explosões de encantamento como nos contos de fadas, entre aviões de longa carreira, cidades maravilhosas e apelativas, barcos fantásticos e luxuosos e locais onde alguns só nos filmes têm oportunidade de conhecer ...
Olha eu! E agora quem me faz uma massagem? Ninguém. E como não tenho voltaren ou reumon lá tenho eu que ir à farmácia e à conta das férias alheias vou entrar em despesas.
Acho que amanhã apresento-lhe a conta da farmácia. Ou não? Não.
Penso que me vou sentar do lado contrário e pergunto-lhe onde passará as férias do ano que vem. Há-de dar história para os 20 minutos de viagem e assim como assim fico com o pescoço compensado. Nos dias seguintes farei a viagem mais do que calada, muda, olhando para a frente...e depois, serei eu que direi, xau, xau que vou de férias. Mas mesmo assim a pôr o 2º pé no chão para que não haja perguntas nem respostas.

domingo, 29 de agosto de 2010

B Fachada - Só te falta seres mulher

cozinhando

Vou ali e já venho num instantinho. Fazer um cozido à portuguesa e uma mousse de manga.
Tudo coisas levezinhas.... E boas. P'ra quem gosta.
Embora a tradição já não seja o que era, ah pois é, não é não, de vez em quando lembro-me que adoro cozinhar e como uma maria da vida, sentir-me no meio dos tachos. Relaxa-me e vejo o stress desaparecer entre um ingrediente e outro.
Vou confessar-vos um segredo. Se não estivesse tão cansada e não fosse já a dar para o velho, ainda mudava de profissão e ia para cozinheira.
Seria como peixe dentro de água...Juro-vos.
Mas não perdi a esperança de fazer um curso daqueles, como as pessoas mais velhas fazem, na faculdade senior. Só para me divertir e aprender algumas dicas e pormenores de etiqueta.
Um dia anuncio isso aqui. Agora...vou ali e já venho, não demora nada e faço isso com uma perna às costas.

BOB MARLEY - DON'T WORRY BE HAPPY

...Be happy! E um bom fim de semana.

É o Maior do Mundo!

Foram três na pá!
Foi como se o campeonato tivesse começado apenas neste jogo.
Foi a estreia de Salvio.
Foi a família benfiquista unida do primeiro ao último minuto.
Foi o espanhol Roberto que passou de besta a bestial, defendendo o penalty.
Foi Jesus a fazer o milagre...e a dizer que há males que vêem por bem...
Foi uma alegria!

Eu já esqueci, porque se quero, tenho memória curta e não dura uma semana.
Já esqueci o Braga.
Há amores assim. Comparo-o ao bem querer que sinto pela minha Pitanga.
Zango-me, praguejo, ameaço, mas basta um miminho que esqueço tudo e a Pitanga e o Benfica, são amores para sempre, daqueles que a gente diz e sente que... É O MAIOR DO MUNDO!

sábado, 28 de agosto de 2010

o vôo do pássaro livre

Fiz parar o tempo
Viajando nas tuas palavras
Nas asas de pássaro livre
No som e no colo ninado
Num baloiçar musical
E breves estórias da terra
Sempre a terra a velejar
Nas ondas da tua vida.

Guardei a prata das águas
Da baía iluminada,
Que me versejaste um dia
Na resposta àquele poema
Gravei o vôo das aves
Dos mares do nosso sul
Mais teu que de meu
Olhei-te, fotografia
E como que por magia
Senti-te no meu perfume.


Abriste a porta cerrada
Percorreste os meus caminhos
Entraste na minha pele
No meu sangue
No meu mundo.
Depois...
Perdeste-te de mim
Nem no rasto do pássaro livre (?)

Te voltei a encontrar

Onde estás?

Por onde andas?
Em que concha te escondeste?

Páro de viajar
E salto esse momento
Sem ti...
Um dia...sim, um dia talvez
Saberei parar o tempo
De novo...
Viajar na melodia
Que foi tua um dia
E cantar, cantar, cantar
Hinos de Liberdade
Verdadeira...
Mas hoje, tenho-te na saudade
De não saber onde estás
De não me dizeres porquê
De seres...lembrança em mim.


( por m.c.s. )

Alcione - O Pior é Que Eu Gosto

Gosto disto e apeteceu-me. Ouvir. E colocá-la aqui. Porque sim. Há gostos que têm razão de ser. Há pessoas que ouvem e dão a ouvir músicas assim como que a darem recados. Não é o caso. Mas pode já ter servido para o caso. Não eu, que não dou recados destes. As músicas têm intenções. E pretenções. Esta não fugirá à regra. E depois ...de intenções está o inferno cheio. Há também quem diga que o inferno não existe e isto é que é o inferno. Então, convido-os a irem para o inferno, mas ouvindo Alcione nesta bonita música um pouco nim, mas ao jeito dos anos 60/70. Porque hoje é sábado abraço-vos com um abraço do tamanho do mundo. E cantem e vivam se possível sem hesitações nem limitações.

aprovada

Com fuba vinda de Luanda, quiabos da horta de Torres Novas, e galinha do talho aqui da rua, fiz uma moambada, de comer e chorar por mais. Sobrou esta dose, para quem a apanhar.
Mas vou dizer-vos. É um regalo que dá gosto ver alguém que não é angolano nem português, comer moamba. Isto ainda é como o outro. Agora funje?????!!!!!!
A pessoa que hoje almoçou em minha casa tem uma origem que não vos passa pela cabeça e comeu funje pela primeira vez, não tendo feito cara feia, bem pelo contrário. Repetiu, o que me deixou feliz.
Este sábado, o meu almoço jogou em casa e não podia ser melhor. Foi aprovado.
Mais... ganhou.

celebração de solteira

Algures numa praia deste jardim que é Portugal, estão, hoje, sábado, a banhos, diversão e comemoração um grupo de jovens do sexo feminino, que podem ser para aí mais que muitas, sei lá, talvez umas vinte.
Como pode ser? Ai pode, pode.
E cada uma mais bonita que a outra. Tudo com ares de sereias cantantes e saltitantes.
E porquê? Porque são jovens, talvez menos de 30 anos, solteiras ( nem todas ), amigas entre si e sobretudo, duma delas. Muito popular, desta ervilha que é portugal. Assim como pipocas...doces. Sete, serão madrinhas de um casamento, as outras, irão assistir no camarote à celebração do amor no papel passado e perante Deus.
Bom dia para todas e boa noite também.
Prevejo uma noite...daquelas. Longa e divertida.
Onde há tanta mulher...pelo menos ida à casa de banho vai ser a velha peregrinação. Parece que as estou a ver, todas de mãos dadas, de baton nas mãos, retocando a maquilhagem.
Divirtam-se meninas.

na Grande Alface nº 152

Revista Time Out Lisboa
Nº 152
Da secção Grande Alface
Editada por: Ângela Marques
Amamos & Odiamos

Amamos
Quando de repente abre uma caixa no supermercado

São 20.40, o primeiro jogo do Benfica na Liga dos Campeões começou há 19 minutos e a mais recente contratação do nosso clube do coração ( vá, ceda, à hora do fecho desta edição, o Sporting ainda está em risco de nem sequer ir passear
à Liga Europa ), Salvio ( o tal que pode ser o novo Di Maria - ou, vá, melhor ainda ) está em campo. Passámos no supermercado para comprar uns bifinhos de peru e uns pacotes de natas e à nossa frente só vemos filas de 326 pessoas que não se podiam estar a borrifar para mais um Benfica. Pior - à nossa frente só há filas com problemas. Códigos de barras que não passam são o prato do dia. E nós de bifinhos de peru nas mãos. De repente, vemos um funcionário a dirigir-se a uma caixa aberta. Fazemos de conta ( fazemos todos, para não parecermos sete cães a um osso ), mas seguimos-lhe os passos como um leão faminto no National Geographic. Quando ele finalmente pára em frente à caixa registadora já nós estamos a baixar-nos à espera do tiro de partida dos 400 metros barreiras. E quando ele começa a frase " pela mesma ordem, façam o favor..." já nós corremos. Naquele momento aquele homem salvou-nos a vida. Pronto, talvez tenhamos de acotovelar alguém. Mas vamos ver o Salvio a chutar à baliza. E isso é tudo o que nos interessa. Se calhar até encomendamos antes uma pizza.

& Odiamos
Pagar dois euros e meio por um Magnum na praia

Dormir na praia é a segunda melhor coisa do mundo ( dormir mesmo, de babar a toalha ). Mas comer um gelado depois de dar um mergulho é seguramente a melhor. Só que o mundo não é perfeito. E os bares e restaurantes de praia muito menos. Nós até percebemos que é giro ter uma carta de gelados com post-its por cima dos preços.
Deve ser divertido colá-los lá e escrever os preços à mão. Mas, amigos, não é giro fazerem-nos pagar dois euros e meio por um Magnum. Mesmo que ele vá ser nosso e só nosso até ao fim. Não tem graça. Porque nós sabemos quanto custa um Magnum. Nós sabemos que o Magnum é um gelado espectacular e, sim, há dias em que pagávamos cinco euros para comer um. Mas é tramado apanharem-nos num momento de tanta fragilidade como é aquele em que temos de passar por entre as toalhas dos outros banhistas apenas de biquini ou calção de banho para nos irem à carteira.
Até porque muitas vezes nem estamos à espera e deixamos a barraca ou a palhota só com a moedinha de dois euros na mão. E fazer todo aquele caminho de volta porque vocês decidiram que além do lucro que têm nas caipirinhas ainda nos vão roubar nos gelados é mau. E faz-nos chamar-vos nomes. Nomes feios. Que preferimos não dizer aqui.

Por Ângela Marques ( a cria mais velha )

tambarinos acabados de chegar

Gosto de tambarinos.
Gosto da árvore que os dá. Magestosa, imponente.
Conheci uma, que me espiou a infância, na Senado da Câmara.
Junto da cacimba e do Bairro Indígena.
Quando lembro tambarineiros, essa é a que me dá esse acre e doce.
Do sabor e da memória, do outro lado de mim.
Vejo-me nos dias dourados e perfumados do tempo livre e sem passado.
Vejo-te também, junto de mim.
Tenho dificuldade de lembrar os dias puros e vagarosos, sem ti.
Gosto que me tragas tambarinos, de Luanda.
Gosto de ti, sem tambarinos.
Gosto de ti em Luanda e em Lisboa.
Gosto do tempo agitado e stressante e das noites apressadas.

De agora...
Das coisas simples e das gargalhadas.
Das histórias da nossa terra dos tambarinos.
Adorei estar contigo.
Adorei os tambarinos.
Volta bem, para a nguimbi. E boa aterragem.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

estrelas em Saint Tropez

Ouvi uma conversa entre dois homens, colegas de trabalho.
Ouvi, porque não fizeram segredo, embora falassem baixo.
Um, desfolhava uma revista de nome Cuore, que pertencia ao outro.
Na capa, títulos como " Quentes e boas " e " Não há famoso que não se estique ".
No interior da revista, muitos eram os famosos e famosas. Portuguesas e não só. Que teriam feito férias em Saint Tropez ( também já lá estive e não achei a menor graça. A praia da Nazaré é bem mais bonita ).
- Estás a ouvir? Se soubesse que estas madames estavam em Saint Tropez, agora quando lá estive convidava-as para darem uma voltinha comigo, de mota.
O outro riu-se gozão.
- Vai sonhando...
-Eu vi uma fila delas, não sabia é que eram para mim.
-Oh, J...., isto não é p'ra nós.
És jogador de futebol? De tenis? Piloto de fórmula 1? Então, esquece.
Nem com um euromilhões lá vais...
Eu, tive que me rir. Denunciei-me assim e eles calaram-se.
À 6ª feira, os funcionários públicos com mais de 40 anos sonham ridiculamente com estrelas das revistas, só porque sim.

escaqueirando

Acontece, algumas pessoas, dizerem-me como se fossem capazes de me tomar conta da vida:
" Hoje não estás no teu melhor, li no blog que... ". Ou, " Gostas de doce de tomate? Hei-de oferecer-te um frasco, e doce de ...? " ou ainda " Anda aí passarinho novo, muitos bancos de pedra, muitos sonhos, isso traz água no bico " e " Vai para a rua, a internet faz mal, nem vives " ou, e isso dá-me muito gozo, ouvir a caçula dizer " O mano disse-me que tu..." tudo porque lêm e ficam por dentro dos minutos em que, como agora, estou a escrever.
É giro que leiam. Que palpitem. E se preocupem, o caso da caçula e do " mano " da caçula e meu. É giro que se ponham a advinhar bicos de passarinhos cheios de água.
Mas...aqui é que está o busílis da questão.
Como é que não vivo? Gente da minha alma, a minha vida não é o blog. Só... E quem mete água que ferve não é o passarinho, é quem acha que eu tenho uma vidinha tão clara como água que choro nos textos, ou se viajo ou não viajo, trabalho ou não trabalho, amo ou não amo. E que passo para o computador simploriamente.
Nos espaços que vão entre um post e outro, vivo, e desse respirar, numa percentagem de 100%, provavelmente dias há que denuncio as minhas faltas de ar, assim num 10% de boa vontade e a minha respiração ofegante talvez 2% e a minha inspiração e expiração repousada e calma num 5%, sobrando 83% de vida anónima, para a intimidade onde ninguém entra, escapando das espreitadelas virtuais, que na maior parte nem são tão virtuais assim porque conheço esses olhares e apesar de me questionarem não é cusquice nem se atrevem a falar-me a sério em passarinhos da água no bico, que se não fosse cá por coisas até provocava quem de direito, com os albatrozes que são os pássaros maiores do mundo ( se não é verdade, desmintam-no, vá...) e poderia dizer que passarinho novo, não, que a pedofilia é uma coisa doente, e que dá prisão, se fosse um albatroz...isso é que era.
Mas não, desinquietem-se que não há aves no meu horizonte, que é como quem diz, não há aves não há penas...e sim neste caso não vale o gosto para o desgosto.
E então é assim. Comecei este post porque queria dizer, porque alguém me abordou sobre as minhas refeições semanais com a minha irmã, e porque surgiu a pergunta: Então já não é à 4ª feira que jantam? É em qualquer dia e não vos estou a trocar as voltas. A vida se encarrega de as trocar.
E agora como é que fica? Não estou a enganar ninguém. Raramento fujo à verdade e o que escrevo aqui, é. Quando me sento em bancos de pedra, claro que é e não é. Mas isso acho que toda a gente percebe. Até tu a quem chamo para que venhas sentar-te ao meu lado para sonharmos os nossos sonhos ainda que com a liberdade de ser cada um com os seus. Sobretudo tu. Porque eu já te topei há muito tempo e isto é recíproco. Quer dizer, não estou a ser pretenciosa, só a dizer que gostamos de sonhar, preferencialmente sentados.
Mas, e porque não quero desviar-me uma vez mais do tema, ontem, sim, jantei com a caçula e não foi 4ª feira. E para a semana posso não jantar. O que conversamos? Eu até posso dizer. Só que nem mesmo estando a jantar connosco perceberiam os nossos quês e porquês. Mas sim, falamos da internet, do facebook, do blog, de pessoas, algumas que se cruzam comigo, e também na internet, de albatrozes dos mares do sul, da liberdade e das prisões das almas, do trabalho, dos afectos. Rimos pouco porque o cansaço não deixou mas divertimo-nos com o mau humor do Alfredo e com a calma do Sr. Vítor. A comida estava como sempre. Comemos massada de tamboril, que as senhoras cozinheiras fazem tão bem. E pronto. Ontem a noite estava óptima, a lua cheíssima fazia sonhar e o seu brilho levava-me para outras latitudes, mas lá chegarei. Quando cheguei a casa espumei de ódio, não porque era só a Pitanga à minha espera, mas porque o Meo, sim tenho Meo, há mais de uma semana que me prega partidas e já tive um desaguizado com a funcionária que me atendeu quando denunciei a avaria e sim fui para a internet na mesma, porque tenho net móvel para os desenrascansos, e só não vi televisão.
Mesmo escaqueirando a porta, a minha noite não foi só isto, por isso não se inquietem comigo que eu não vivo para o computador e mesmo que afirmem coisas que sejam verdade, eu nego, se até ( S. ) Pedro negou três vezes... e depois, ninguém tem nada com isso.
Mas não estou sequer zangada. Apeteceu-me escrever um post, não sabia por onde começar e a provar que querendo escrever, há sempre tema, aqui está...é a Vida, que a gente vive.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

quiabos biológicos

Os quiabos da horta do mano Zé, que me vieram parar às mãos assim numa oferta que me agradou muito. Eles plantam. Eu como. Não é por nada mas eles têm terra a perder de vista. Eu, só a dos vasos das plantas, e portanto não dá muito jeito semear quiabos ou tomate, courgetes ou beringelas e transformar a minha casa numa horta biológica. Nem a Pitanga ia gostar.
Oh, oh! Já basta o que basta, ter nome de fruta.

doce de tomate

Adoro doce de tomate. O mano Zé tem tomate na sua horta. E a Lurdes faz o doce.
Eu como-o. Este já lá vai...
Se fosse menina, sentava-me no muro da casa, se não andasse em pé a fazer equilibrismo, comendo pão com doce e a ver a banda passar, que é como quem diz, vendo a minha rua fervilhando, da baixa para o musseque e do musseque para a baixa.
Doce de tomate significa dias felizes da velha e ingénua infância.
Obrigada Lurdes.

a amizade em fotos

Um presente de aniversário da Manuela e família.
Uma ternura e muita amizade implícita, nas fotos que colocou nele.
Uma página do meu novo álbum. São pessoas minhas, estas.
Bem hajam meus queridos amigos.

CARLOS PAIÃO - VERSOS DE AMOR

Carlos Paião**cegonha**

Recordar Carlos Paião hoje é a minha obrigação, a minha dificuldade e uma honra para mim. Faz 22 anos da data da sua morte. É, ainda hoje o compositor português, meu preferido. Haverá sempre um intevalo, entre ele e nós, como no último trabalho feito antes de partir. Nesse intervalo, oiço as suas músicas e elas têm o dom de me fazer sentir, sinal de que nem a morte é mais forte que as suas palavras, os seus acordes e a sua voz. Carlos Paião, sempre.

estou sem tempo

I'm Outta Time...
Cliquei em Oasis, I'me Outta Time.
Está no ambiente de trabalho.
Deixei-a ficar porque me lembram tempos.
Que às vezes parece que nem existiram.
Como um sonho bom que não passou de um sonho.
Tempos de gente.
Gente que gosta muito desta música...
Eu também gosto. Tanto, tanto, que me emociona como poucas.
E de vez em quando venho à gaveta do coração, clico e oiço.
E sinto...pena. Porque cada vez mais, estou sem tempo, para dizer e viver o que me emociona.

exemplo prático

Uma mulher ( eu ) percebe quando está a ficar velha. Carta fora do baralho. Não que queira jogar, mas...é mau.
Entre muitas outras coisas, quando:
As mulheres da sua idade, mais novas ou mais velhas, que sempre olharam com aquele olhar invejoso, apenas olham para o que veste, calça ou usa como acessórios e nem se detêm no seu rosto.
Os homens e mulheres se levantam no metro para que ela ( eu ) se sente.
Abram a portinhola, junto ao motorista, no autocarro, para que passe.
Apenas os velhos ( homens ) a olham. Pior, babam. E velho não quer dizer os 90 anos do Dr. Pena, ilustre advogado que conheço há 35 anos e nunca será velho.
Velhos são os trapos, dizem. Mas quase nos sentimos uns trapos velhos quando assim é.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

ao pé coxinho

Tenho para mim, que quando me beliscam os sonhos, não é culpa de quem vem manipular o que eu anseio mas culpa minha que os sonhos venho sonhar neste banco de pedra coxo.
Como quando na mesa estão três bifes e eu os sirvo. O mais pequeno é sempre p'ra mim. Não que não goste de bifes mas porque quero o melhor para quem está comigo.
Assim é nos sonhos. Se me sento e estou de companhia ou espero companhia para contemplar o que está para além do que a minha vista cansada alcança, é óbvio que me sento na direita do banco. Ofereço o lugar de destaque, no caso, o mais alto, para que observe mais e melhor porque eu, mesmo de olhos fechados, vejo o que os olhos não conseguem ver e depois, quero que ao pé de mim os sonhos, mesmo que não faça parte deles, sejam sonhos ambiciosos e elevados.
Por isso, de vez em quando os meus sonhos são beliscados. Ou manipulados. Ou não os entendem. Ou não se ralam com eles e a culpa, se a há, é minha que me ponho a jeito. Ofereço o melhor lugar, como se fosse para mim porque quero pessoas felizes e tenho pessoas possessivas e, sim, egoístas.
Mas não desisto de sonhar.
E de te convidar a vires sentar-te. Acredito que não seremos culpados se os sonhos correrem mal.
A culpa, olha, a culpa é dos bancos coxos que a vida tem.
E o remédio, é sonharmos ao pé coxinho...

Um a Zero

Existem alguns obstáculos, uma meia dúzia, que terão que ser superados para que a minha viagem a Luanda se faça, assim, na boinha. Em Dezembro.
Hoje quando vinha no autocarro, imaginei-me a caminho do céu do meu encanto e juro-vos já me sentia uma pessoa boa só de me imaginar a chegar. Porque eu sou, tipo Madre Teresa de Calcutá, Santa Clara, Nossa Senhora das Dores, quando estou em Luanda. Não fossem os meus amigos conhecerem-me e achar-me-iam pateta, lerda, cacimbada, tal a disponibilidade, a tolerância, a alegria e o encantamento com que estou naquelas duas semanas. Completamente apaixonada por tudo. Até pela pessoa em que me torno.
Luanda, Angola, África têm um fascínio que enfeitiça almas sedentas de Vida.
Acho que ninguém me consegue entender. Nem chegar perto de perceber esta sensação de felicidade. Desta coisa tão boa que me torna um ser melhor, quase perfeito.
Mas enquanto não, simples mortal cheia de dúvidas e defeitos, penso nos obstáculos. Já sei que a minha kamba se ler isto vai comentar:
Maria, já começas? Que pessimismo!
E tal e coiso...
Dou um recado: O primeiro obstáculo já era.
E olhem que era grande, grande. Se não fosse resolvido, não poderia viajar para Luanda. Nem sequer me adiantaria pensar nos que ainda hei-de resolver.
Agora que já estou aliviada com esta questão, posso começar a pensar nos outros. Uma meia dúzia. Mas que é isso para mim e para o meu querer?
No final das contas, tudo se vai resolver por bem, que eu sei. São só passos a dar. Um por um, a passo certo.
Luanda é uma menina difícil de abraçar e faz-se sempre rogada a cada viagem que penso fazer. Como se não gostasse dos meus abraços, mas, depois é ela que me segreda que não a deixe, aprisionando-me até a alma.

Luanda é um dos meus grandes amores.
Todos os grandes amores que tenho, valem a pena.
Luanda vale muito a pena.
E também por isso, vivo uma existência feliz.

700 bonecos envidraçados

Na minha hora do almoço, fui visitar o Museu da Boneca.
Num edifício recuperado pela Câmara Municipal, o Museu tem neste momento expostos cerca de setecentos bonecos de várias épocas, tamanhos e materiais.
Rosa Vieira é a colecionadora de bonecas que cedeu a sua colecção ao Museu. Diz ter cerca de seis mil bonecas, porém não cabem nas instalações, sendo por isso substituídas de vez em quando para que todas tenham lugar que serve de deleite e contemplação, para quem brincou, brinca e gosta de bonecas.
Conversei com esta senhora, que estava no hospital das bonecas, um compartimento pequeno onde recupera bonecos, encontrando-se no momento a recuperar um boneco da Ilha da Madeira que tem cerca de cinquenta anos. Perguntei-lhe se havia ali alguma boneca de Las Palmas. E a senhora comoveu-se com a pergunta. Explicou que ao passar na Ilha de barco, a caminho do Brasil, as bonecas iam a bordo, pelas mãos dos vendedores e desejou muito ter uma mas não lha compraram.
Eu, Maria Clara das Dores, quando tinha cerca de 4, a 5 anos, tive de presente uma boneca de Las Palmas, comprada aí, por alguém que fora para Luanda de barco. Era quase do meu tamanho. Dizia papá e mamã e simulava uns passitos. Adorava essa boneca que era um verdadeiro luxo, peça rara e cara e nem todas as miúdas tinham a sorte de brincar com uma boneca assim.
Perguntei-lhe por uns bonecos pequeninos que faziam de filhos das bonecas grandes e que eram masculino e feminino sendo que o boneco tinha um caracol que o distinguia da boneca. Morria de amores por esses bonecos e o instinto maternal iniciou-se aí, com esses bonecos.
Encontrei-os aqui no museu. Também eu me comovi com estes bonecos todos que vi.
Vi também no hospital, para ser arranjado, um chorão, os bonecos que apareceram na minha adolescência e que eram uma coisa tão ternurenta que dava vontade de apertar e dar muitos beijos nas belas bochechas que tinham.
Comprovei que o universo dos bonecos é feminino. Racista e preconceituoso. Em 700 bonecos, talvez 10 sejam masculinos.
Apenas dois bonecos negros estavam expostos.
Lembrei-me do meu boneco da TAAG, negro, que a Susete me ofereceu há muitos anos e que guardo religiosamente como relíquia.
Poderia cedê-lo ao museu, mas foi-me oferecido pela minha kamba de liceu.
Enfim, gostei de visitar o museu. Se passarem por Alcanena não deixem de o fazer. O bilhete apenas custa 1,60€ e a localização é fácil. Por de trás do tribunal. Vão gostar, certamente.

Parabéns Braga

Oh Jesus!...
Se não fazes uns milagres, este ano passo-me para o Braga.
Com eles, são só alegrias! E assim como assim nem de cor mudo...

partiu, o Zé Cigano

Morreu o Zé Cigano.
Não imaginava que este homem morresse.
Há pessoas assim. Que não morrem.
Que não faz sentido que morram.
Que têm uma altivez, um desapego da vida e das pessoas que não esquecemos.
Conheço-o há muitos anos.
Patriarca de uma família cigana, vendedor ambulante pelos mercados, sempre acompanhado da Bia, sua mulher e dos filhos, ( o Zé e o Helder, os que conhecia melhor e mais dois ) vestido de preto ( por ter enterrado já tantos familiares, incluindo dois filhos ),de um metro e oitenta e tal, magro, direito e impecavelmente vestido, chapéu na cabeça e o porte de quem já viu tudo.
Hoje quando passei em frente à mortuária reparei na quantidade de gente que ali estava, pacientemente esperando. Velando o corpo. Cumprindo.
Vi o Helder, seu filho. E pensei se não seria alguém da família ou amigo.
Mais tarde a minha amiga disse-me que o Zé Cigano morrera.
Foi com tristeza que recebi a notícia.
O Zé Cigano era considerado o pai dos ciganos. Uma figura de destaque na cidade e arredores. Arredores do mapa de Portugal. Uma figura que impunha respeito à sua comunidade e aos outros.
Vi-o a última vez tomando o pequeno almoço com a Bia, sua mulher, no Limão Verde. Pastelaria muito conceituada de Torres Novas e onde os encontrava muitas vezes.
O Zé Cigano vai a enterrar amanhã. Terá muita gente a acompanhá-lo. Já estão nas imediações da casa murtuária e mais chegarão de todos os cantos do país amanhã. Ele merecia-o.
Torres Novas perde um personagem que fazia parte da cidade.
Tão conhecido, ou mais, que o Presidente da Câmara. E respeitado.
Por mim, lamento. Gostava de os ver juntos, sempre juntos, a Bia e ele. Gostava de pensar que eles eram o exemplo de que se é injusto quando se fala em minorias. Gostava de os apontar como exemplo, nas discussões que tenho por causa de minorias injustiçadas.

turistas em Paris

Louvre. Paris. Fevereiro de 2010.
Quem me dera lá de novo...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A Escola Industrial

A Escola Industrial de Luanda. Na Vila Alice.
Vários amigos aqui estudaram.
E o mano Zé e a amiga Fatinha também.
Beijos para todos.

Janelas coloridas

Primavera em Genéve. Suiça. Férias da Páscoa de 2009

Páscoa Suiça

Domingo de Páscoa de 2009. No lago, em Lausanne. Suiça.

Lindo

Pôr do Sol. Visto da Ilha. Luanda.
Foto enviada por uma amiga.
Bem hajas.

virginianos

O Signo Virgem começou a 23 de Agosto e termina a 23 de Setembro.
Como tenho algumas pessoas chegadas e de quem gosto muito que fazem anos neste período e são portanto virginianas, a todas os meus parabéns.
Das vossas características, apenas gostava de ter a capacidade que possuem para serem organizadas e prefeccionistas.
Mas cada um é pró que nasce.
Um abraço daqueles...do tamanho do Mundo.

optimismo II

" Também tenho medo da morte. Mas se os outros conseguem, nós também havemos de conseguir passar para o lado de lá. Não há-de ser assim uma coisa tão má."

Ouvi a uma amiga, a mesma que tem a teoria sobre a inveja, que acabei de postar.
Ela é uma curtida...

optimismo

" Não me importo que tenham inveja de mim.
A inveja é um sentimento que vem da alma ( pequena ), mas faz com que avaliemos o valor que temos no mercado. E coloca-nos num nível superior. Ninguém inveja quem está abaixo de si. "

Mais ou menos isto que eu ouvi a uma amiga, sobre esse sentimento pequenino e doente que é a inveja.

Ninguém me contou...

Vivo numa sociedade que me envergonha mais vezes do que seria suposto.

Um adolescente, iniciado no mundo da droga e do pequeno crime é aconselhado por alguém com responsabilidade moral e cívica, a arrepiar caminho, sob pena de ser preso e mais tarde, sair da prisão " bicha ".
Ninguém me contou. Eu ouvi.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

a pitanga das pitanguices

Ela é tão linda quanto estouvada.
E a janela da cozinha foi palco para as suas habilidades de trapezista.
Escapou-se-me e quando dei por isso apareceu-me do lado de fora fazendo equilíbrio entre uma janela e outra.
A queda seria trágica. É só um terceiro andar...
Nunca viram um gato lívido?
A Pitanga, que às vezes parece que é gente, apareceu-me lívida e com o pelo em pé, como se tivesse feito um penteado em crista.
Se não fosse quase trágico iria ser uma gozação. Ainda tentei rir do seu aspecto mas ela vinha da rua, para lá de assustada. Uma rua de 30 cms de parapeito e depois...o abismo.
Pitanguices!

vagabundeando na cidade

Acordei em câmara lenta. Num vagar surpreendente. E de surpresa em surpresa, acabei saindo de casa uns bons minutos antes da hora habitual. Num tempo tal que dava tempo de ir aos figos naqueles terrenos encosta abaixo a caminho do Vale do Alvorão, e voltar. E ainda em tempo de calmamente entrar pela manhã torrejana.
Fria e pálida manhã!
Num passo de tartaruga, lesma, caracol, este sem os corninhos ao sol, porque viste-o por raiar no horizonte, para os lados de Tomar, me desloco.
Acho que hoje o sol nem faz falta. Como no chavão, que diz que só faz falta quem está. Eu não sei se concorde, mas para não ser do contra nem confirmo nem desminto esse lugar comum de que ninguém é imprescindível.
Eu, santa paciência, já não prescindo de mim. Bem sei que neste momento sou só um avantajado umbigo, mas não prescindo e não há nada a fazer.
Ia, então eu, nessa calmaria, no passo do faz de conta que estou de férias, olhando com olhos de ver, para tudo o que mexe, e que surpresa...a cidade não mexe. Igual ao meu vagar.
Acorda devagarinho. Esfrega os olhos preguiçosa e espreguiça-se por entre os silêncios que não se quebram. Refresca o rosto no rio que corre. E espreita a minha passagem.
Só eu e a cidade. Pouco mais. Um carro de vez em quando e ninguém pelos caminhos.
Páro, olhando o castelo. Parece crescer impertigadamente sobre o rio de águas frescas. Em cada pedra secular que o desenha. É abraçado, ( ilusão de óptica ), pela serra que está mais verde que nos outros dias. E com contornos melhor definidos.
Sinto a ausência das gentes no silêncio das coisas.
Olho as árvores do parque. Renovam-se com a renovação das estações.
Não sei porque raio acordei tão cedo. Não tenho pressa e a cidade pisca-me o olho coquete. Quer conquistar-me. Não caio assim às primeiras. Não quero esse flirt matinal e passageiro.
Esta terra tem sido um pouco madrasta e não pode vir com falinhas mansas de manhã fria de Agosto.
Uma coisa conseguiu. Que pergunte num tom mais afirmativo do que interrogativo. Melhor. Entre um e outro. O que é que falta a esta cidade?!
Quase sinto compaixão, neste desamor que reconheço e que ostento como baluarte. Quase me arrependo. Não sou a única culpada. Porque não me mantém presa? Apaixonada? Porque não me conquistou?
Contemplo-a benevolente. Hoje sinto a sua força genuína e como a um inimigo que está no nosso patamar, respeito-a e tiro-lhe o chapéu.

tempo em mudança

Todos os anos faço a despedida do verão. Com lágrimas e lenços brancos. Colocando-me num ponto estratégico. Vendo-o afastar-se rápido e sem sequer olhar para trás, por sua conta e risco,
com destino aos mares distantes, mais a sul.
Cansada, encolho os ombros e até que não faça aquele frio húmido que penetra nos ossos e o sol se não esconda nas nuvens cinzentas, ainda acredito que é bom que chegue o Outono, que até gosto e ai que bom as noites mais frescas, a convidar ao chá e à leitura. E às conversas filosóficas. E ao sofá e à manta assumidamente bichinho caseiro ( que não sou ). E ao filme do tipo, Cartas para Julieta.
E que até estava farta do calor, da praia, da areia, de ventoinhas e de leques. De cheiros nos transportes públicos, de saldos, de gente falando alto, de caracóis e cerveja, de exageros.
Mas é sol de pouca dura e eu que me conheço bem, estou já a pôr-me bem em mim de óculos e tudo.
Hoje podia ser Setembro. Mês da mudança.
Em Setembro, começa. Em Setembro, acaba.
Alguém me dizia este fim de semana que o fim do ano devia ser em Setembro. E não é que há uma razão nisso?
Mas hoje sendo Agosto e parecendo Setembro, o dia está melancolicamente carente. Um dia para...amar. Não no sentido de cama, dois seres e, pronto, o que quiserem inventar ou reinventar. Como se não houvesse amanhã.
Não. Está um dia que só lembra coisas que ficaram para trás. E chá de gengibre. E chocolate quente. E um disco romântico. E Luanda. E eu.
Eu saltando Outonos como se saltasse à corda, barra no exercício. Sacudindo alguns choviscos como se fosse uma benção e partindo para amanhã na certeza de que nenhuma nuvem seria mais forte que eu.
Hoje e eu, lembrando a menina que matei e enterrei num óbito sem choro nem tradição.
Hoje Agosto e eu puxando o Outono como se fosse Setembro.
Não me percebo nesta pressa de ver o tempo mudado e não ver. Esta indecisão. Esta confusão que me atrofia.
Coisa de Outono. E ainda Verão...
Hoje estou assim, sem nome nem rumo. Sem identificação.
E querendo que o tempo passe sem saber o porquê.
Confusa. Um pouco perdida de mim.
Hoje, se fosse Setembro seria mais honesto.
E eu saberia porque estava assim...

lusco-fusco

O lusco-fusco é quase irreal.
Demora o tempo de um suspiro, de um afago, de um acenar de mão, de um beijo nos lábios...
Fugaz e rápido.
Ao domingo, o lusco fusco tem o cheiro do mar a vazar. Da melancolia.
E a cor violeta da perda.
E a assinatura do fim.
E como despedida, segreda-me ao ouvido, eu que odeio segredos, que nesta solidão de domingo galopando para a noite, também eu sou um lusco-fusco.

domingo, 22 de agosto de 2010

a praia e eu

O mar estava lá todinho à minha espera. E eu, claro, eu fui que não me fiz rogada.
Mas hoje foi mais praia que mar. Contemplação, tem hora e a minha hora foi de banho.
Estendi a toalha azul ( não tenho outra ) e cobri-a com o biquini azul, igual ao azul tantos que vi ao sol.
Mal pude esperar e fui molhar os pés. Surpresa das surpresas, a água estava quase tépida. Uma novidade em terras do Cabo Carvoeiro. E nem pestanejei.
Um bom banho salgado e muitas algas a temperarem a ousadia. Depois foi secar ao sol, para rematar.
Foi assim o meu dia em Peniche.

hoje, o mar

Devagar e a passo certo chego ao mar.
Falta-me percorrer a distância da calçada, até lá.
O sol está quente e há poucas sombras.
Abrigo-me na minha.

" O Pedro "

Se gostam de comer peixe fresco e passear até à praia, o Restaurante " O Pedro " em Peniche, na rua dos restaurantes, a caminho do porto, é o ideal. A relação qualidade/preço é fantástica, os empregados são simpáticos, o dono, mais ainda e fixa-nos e pergunta-nos pela família, o que pode ser constrangedor, mas pronto se não querem levar a família, ou se há elementos que já não fazem parte do núcleo duro, das duas uma, ou não vão ou vão e enfrentam a pergunta e desculpam-se como melhor souberem e quiserem. Eu aconselho-vos a irem. Não tenho comissão nenhuma. Nunca tenho. Gosto que os meus amigos, o povo todo saiba onde se come barato e bem. A caldeirada de peixe é muito boa e custa 21 € para duas pessoas que podem ser três. A dose de sardinhas custa 6,50€. A espetada de peixe 10€ e por aí adiante. Então? Parece-vos bem? Ah, hoje esteve agreste o serviço de mesa. Tiveram uma enchente dos diabos e vi claramente visto, com estes olhinhos de lince e ouvi com estes ouvidos de tísica, um empregado pedir a um cliente que se encontrava a comer que se levantasse porque precisavam de ir a uma dependência que ficava ali mesmo ao lado. E não é que o cliente se levantou? Eu noutros tempos ficaria piursa mas hoje também me levantava na boa, nem que fosse para ter uma história para contar sobre o restaurante da minha eleição, nesta terra que eu amo. Parece que não tenho grande exigência na escolha não parece? Mas tenho sim. Eles, mesmo quando fazem pedidos no mínimo inoportunos, são simpáticos e são mais que muitos de forma que os nossos pedidos também são satisfeitos na hora. Vale uma visita e não precisam de dizer que vão da minha parte porque eles não sabem o meu nome. Apontam-no, como faz o " Toucinho " ou o " Minhoto " em Almeirim para a sopa da pedra, mas esquecem de seguida. Bom almoço...

palhaçadas and so on



Hoje há circo em Peniche.

Jardim da Gulbenkian ao sábado

Há tardes repousantes e verdes.
Um som, um livro e tempo.
Para uma conversa, companhia.
Um passeio; escadas e caminhos por entre os canaviais.
Parar. Sentar nos bancos de pedra, ou deitar na relva junto ao lago.
Captar imagens.
Ouvir o som de tardes de sábado e de paz. Da água fresca dos riachos.
Seguir o vôo das aves.
Ensaios de momentos.
Breves instantes tocando pequenos céus com as pontas dos dedos.
Estar às portas de casa...

uma movida madrilena

Lisboa a partir dos Restauradores. E da noite.
Captei esta imagem num momento de calma. Mas desenganem-se se pensam que o verão e o fim de semana estavam de férias de Lisboa.
Nas Portas de Santo Antão não se conseguia dar um passo que não se pedisse perdão a um turista, pelo transtorno causado pelo encosto, pisadela ou encontrão.
E no Santini a fila vinha para a rua uns bons metros. Os restaurantes a abarrotar.
O Chiado subia e descia de chinelo no pé, saltos altos e ténis. Calções e mini-saias. Rumo ao Bairro Alto.
A Baixa no seu melhor.
A capital tão luminosa, alegre e fervilhante a fazer lembrar Madrid, aos sábados à noite.
Uma verdadeira " movida madrilena " esta Lisboa que eu amo.

encarnados desmaiados


Oh Jesus! Desce à terra....
Os homens não são anjos nem têm asas. Estão sem força nas canetas. E de encarnado desmaiado. Cá para mim que sou uma pessoa crente, precisam é do patrocínio da Herbalife, seguindo assim a Académica.

sábado, 21 de agosto de 2010

Quando, quando, quando.

palavras escritas

" Gosto tanto, tanto, tanto de ti, que...acho que te amo "

Li estas palavras, algures de alguém para ninguém.
É uma declaração de amor tão bonita que me apeteceu eternizá-la. Aqui.
Ainda que não fosse verdade, ou não passassse apenas do momento da escrita.
Que interessa isso?
A intenção não é importante.
O que importa é a coragem para se pintar de vermelho essa paixão de segundos.
Qual tela de pintor. E alguém que não é ninguém, a musa inspiradora.
O amor fica sempre bem no retrato.
Li estas palavras, feitas declaração de amor e não esqueci.
Hoje apeteceu-me eternizá-las.

Colbie Caillat - You got me

Cartas para Julieta - Trailer

Eu sei que vão gostar " cartas para julieta "


Ainda há filmes que me comovem. E me fazem chorar.
Ainda há histórias que me fazem acreditar. Que não são mera ficção. Que acontecem.
Conheço algumas que passaram tão perto de serem uma história assim que quase revejo os protagonistas nesta bonita comédia romântica.
Chamem-lhe clichê, história batida ou outra coisa qualquer. Eu gosto. Senti-me dentro da história e gostei do que senti.
Quem é que não acredita num grande amor? Quem é que acha que é tarde demais?
Quem já desistiu?
Se por acaso estão fartos de calor e praia, vão ver este filme " Cartas para Julieta ".
Eu sei que vão gostar.

ao sabor do tempo


O sol invadiu-me o dia, logo pela manhã.
Eu deixo. Porque é sábado.
Acordo na luz, ao toque do seu afago morno.
Que promete.
Gosto de acordar neste lugar.
Acorda-se mais e melhor.
O tempo parece parar nas madrugadas e recomeçar nas tardes quentes.
A noite voa até à aurora mas não se despede.
Fica. Permanece. Tem o sabor do amor que nunca morre.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

jovens

" Vem comigo vem prá rua...vem..."
Cantando e assobiando, um puto entra no autocarro feliz e bem disposto. Os outros riem-se.
-Meu, ganda som.
Ouvem-se mais gragalhadas.
- Sabes o que é isto? - diz o pseudo cantor.
- F......, c......,isso é uma merda.
- É da Deolinda, meu. Nem conheces. É fixe.
- Para avacalhar é do melhor. - Diz o terceiro puto.
- Eh pá, isso é música do Avante. - Diz o segundo.
- Não gostas do Avante? Não vais. - Responde o cantor.
- Eu pá, és maluco ou quê? É o festival da erva...
Uma gargalhada nervosa por parte dos outros dois.
- Não gostas, não! - Continua o cantor.
- Puto, não me f...., yá?
Isto aconteceu no primeiro minuto, dentro do autocarro.
São estudantes de qualquer coisa e iam para a Nazaré passar o fim de semana.
Numa casa de dois quartos e uma sala. Vão lá estar quinze. Iguaizinhos a estes, aposto.
Não queria estar na pele dos donos da casa na segunda-feira. Parece que nem sabem que são tantos. Uma prima de um deles, filha do dono, convidou e eles aceitaram, claro está.
Não queria ser a dona do apartamento mas queria ser mosca para perceber o que acontece com quinze jovens, numa casa de pequenas divisões, num fim de semana.
Tudo ao molhe e fé em Deus, provavelmente.
E quem se lixa é o mexilhão, ou seja, os mais velhos e donos da casa.

semana profícua

A semana está no seu final. Sobrevivi. Sobrevivo sempre.
Mais do que isso. Vivo.
O tempo é galopante e assusta quem dele depende.
A mim já quase, não. Quero viver só o segundo, o minuto presente. De vez em quando tenho recaídas e faço planos, mais que um dia, um mês, meses. Nunca chego ao ano. São muitos dias somados para fazer contas de cabeça e a matemática nunca foi o meu forte.
Sou mais das letras. Da palavra e da voz.
Ontem jantei com a caçula. Para falarmos. Ambas cansadas e desgastadas. Eu, sem motivo aparente. Ela, com os motivos todos. Mas foi bom. É sempre. Soube das novidades do Paulo, que me deixam muito feliz. À saída o sr. Vítor mais uma vez me gabou o perfume. E me perguntou se queria levar o Alfredo para Luanda. Conversa mole, esta. Mas, conversa. Comunicação. Palavras. Que caiem bem.
O que me caiu para lá de bem, foi uma caixa de tigeladas que a caçula me ofereceu. Deram-lhas a ela e ela passou-as a mim. Porque será? Uns bolos feitos de ovos, e fritos,com a consistência das omeletas, redondos e que são a especialidade da cidade de Abrantes, que fica a poucos quilómetros de Torres Novas. Levei-as para casa. E não lhes toquei.
Ao longo da semana foram fazendo-me ofertas no campo da culinária. Um queijo fresco de cabra, acabado de fazer depois da ordenha do leite à própria da cabrinha. E figos brancos, pingo de mel, tudo do quintal da D. Laurinda.
Quiabos enormes nascidos e criados na quintarola do mano Zé, que vão para o tacho este fim de semana, um frasco de doce de tomate da horta, feito pela Lurdes ( minha cunhada ) . As terras do Ribatejo são boas e dão quiabos que até dá gosto vê-los quanto mais comê-los. E tomate. E por aí a diante.
Comprei " bolos de cabeça " para levar às crias. São bolos típicos e massudos que parecem duas cabeças juntas. E se oferecem aquando dos casamentos, às pessoas convidadas e não só, nas aldeias. Têm sabor a canela e limão. Gosto deles torrados à fatia e com manteiga ou queijo creme ( não é nada assim que se comem, mas eu só desta forma é que gosto ).
De forma que hoje vou para Lisboa de cesto à cabeça,( não é, mas quase ) parecendo uma provinciana que vai à cidade com os produtos da santa terrinha.
Porque não?
Ah, ainda recebi uma prenda de aniversário muito afectuosa. Um álbum de fotografias. Com fotos de pessoas que me dizem muito. E com momentos meus, das crias e nossos, que captaram. Coisa linda e amorosa e que me faz agradecer muito o cuidado posto neste presente que se quer eterno.
Há, no álbum de papel reciclado e colorido, pardo e amarelos, às bolas, uma pessoa que já não está entre nós, mas está e estará sempre. Há os aniversários dos meus filhos. A minha caçula e o seu Paulo. O mano Zé e a Lurdes. A passagem de ano de 2009/2010, o 1º dia de 2010. O Carnaval e eu e mais alguns, com uma cabeleira à Jimmy, divertida e ridícula. Há os pequeninos. Rafael e Teresinha. Ele a tomar o primeiro banho e as minhas mãos agarrando-o. Há os restantes elementos da família e alargada a outros elementos em noites de verão, no alpendre do " Bom Amor ".
Há muito empenho. Muita amizade. Muito cuidado. Como sempre.
Esta semana foi um tempo muito positivo. Recebi. Muito. Como que a dizerem-me que vão-se uns tempos e vivem-se outros. E o que interessa é que se Viva. E eu vivi.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

chamada de atenção

Pouco sei do Facebook. Inicialmente não aceitava os convites. Depois apareceram amigos que me queriam adicionar e não fazia sentido rejeitá-los. E aceitava-os. Mas nem sequer lá ia ver como aquilo era. Não tinha a menor curiosidade e tinha algum receio. Ouvia dizer que o facebook era perigoso.
Também ouvi a várias pessoas que vêm ler o blog que as fotografias publicadas aqui podem tornar-se perigosas. Já publiquei algumas, que depois retirei por não querer que as pessoas em causa se sintam inseguras ou prejudicadas. As minhas, não as retiro, e continuarei a publicá-las mas são minhas e eu assumo o risco e o perigo. E depois, com franqueza, para que querem fotografias minhas? Não servem para nada útil.
Também ouvi muitas vezes dizer que o site Sanzalangola era perigoso.
Conclusão a que chego: a Internet pode ser perigosa ou prejudicial. Será?
Eis uma questão a que talvez não saiba dar resposta. Também não tenho de saber. Aliás, sei muito pouco sobre todas as questões e mais esta.
Uma coisa eu sei. Sempre que entro no Facebook, nos blogs, em sites assumo-me como Maria Clara Santos. Tenho sete nomes no B.I. mas não é necessário escrever o nome completo para me identificar. Aliás, seria uma seca a acrescentar à seca que por vezes sou. Sei que há muita gente, mais do que deveria existir que anda por todos estes lugares da internet sob pseudónimo, assumindo personalidades que não existem, portanto, falsos que nem Judas. Deixo com a consciência ( ? ) de cada um e não é por isso que vou deixar de ser quem sou.
Uns meses antes de voltar a Luanda em 2009 comecei a ser alvo de críticas após os comentários que fazia na Sanzalangola por parte de gente que não se identificava. Como se me conhecessem e tivessem um ódio de estimação por mim. Fui chamada de bipolar entre outras coisas de um jeito que não deixavam dúvidas quanto à intenção ofensiva. Por essa altura uma mulher começou os seus comentários ali. Com nome verdadeiro. Dirigindo-se-me. Comentando a seguir aos meus comentários e aos das pessoas que se me dirigiam. Tentando chegar também, às minhas pessoas. Utilizando palavras e termos vulgares, mas que fazem parte do meu discurso, como agreste, criatura, ervilha ( para designar o mundo )feroz, entre outras. Como se fosse uma cópia de mim e do meu discurso. Inicialmente simpática e próxima. Eu sabia quem era embora não a conhecesse. Era uma pessoa que surgia do meu passado mais remoto. De criança. E que deixara para trás. Por via do sanzala encontramo-nos e eu fiquei muito contente por esse encontro. Jantámos juntas, uma vez. Ficou a saber onde morava porque me levou a casa.
Nunca mais a vi. Mas ouvi. Muitos meses seguidos. Anonimamente, o meu telemóvel e depois o fixo, que é confidencial, tocavam dias e noites numa esquizofrenia que me fez acreditar que fosse quem fosse ( porque não soube logo quem era ) estava concerteza louco. Durou de Julho de 2009 a Fevereiro de 2010. Inicilmente era só ao fim de semana e de noite, depois da meia noite, que recebia as chamadas sempre como DESCONHECIDO no ecran do telemóvel, e depois passou a ser durante o dia. Por esta altura estava de férias e a pessoa parecia enlouquecida numa compulsão assustadora. Nunca falava mas ouvia-me, porque eu simplesmente não me segurava e falava também numa tentativa de ficar com as chamadas marcadas para descobrir mais tarde junto das operadoras. E consegui. E percebi que era mulher por um sussurro ameaçador, muito ameaçador, em resposta à pergunta que sempre fazia " o que é que quer de mim? "
Avisei que ia participar criminalmente, mas isso não assustou a criatura reles e cobarde, para além de louca que eu tinha à perna. No período que estive em Luanda, claro, não recebi chamadas. No sanzala passei a ser alvo de críticas duras por parte dela que andava desconfiada. Comigo. Atacando também uma amiga minha que claramente se percebia que o era, na tentativa de me atingir. Manipulou as pessoas que iam comentar ao site ( fotos de Luanda ). Num comentário que fez atingindo uma amiga minha, passei-me e para que percebesse que eu descobrira que era ela que me tentava atormentar, escrevi de acordo. Até para que desistisse, pelo medo. Não me interessava conhecer os motivos que uma criatura possa ter para semelhante atitude obsessiva. Não existiam, não existem. Só na cabeça dela obviamente. E têm de ser analisados, por técnicos de saúde. Não por mim.
Os críticos de que falei anteriormente surgiram com compaixão pela criatura e criticando a minha conduta, nada percebendo sobre a minha conduta para com ela. Algumas pessoas sabiam o que se passava, nomeadamente amigas de infância que não a conheciam e algumas pessoas que escreviam no sanzala e das quais me tornara amiga. Preveni-as.
Não devemos andar sempre a dizer como somos, enaltecendo detalhes da nossa personalidade que nos possam colocar acima de outros mortais. Eu nao o faço. Porém como sempre, como agora o estou a fazer, digo o que penso sem jogos. Quando é a sério, é mesmo a sério e sei que sou honesta e acredito na lealdade porque sei que sou leal e forçosamente, tem de haver gente como eu, porque não sou especial.
Percebi que pelo menos, uma das pessoas que preveni sobre esta situação, e isto nada tem a ver com um desentendimento meu com alguém que aos restantes não diz respeito e portanto ninguém tinha de se afastar dela por minha causa, mas é algo que pode tocar a todos, e é indicativo de alguém perturbado e perigoso, não mudou a sua atitude, dizendo-me assim nas entrelinhas ( foi a leitura que fiz ) que preferia o contacto com essa senhora ao meu. E trocava anos de vivência no passado por alguém que nem sequer conhecia. O que me entristeceu e desiludiu.
O que estava a contecer era grave. São chamadas anónimas. Um crime punido com prisão. À noite. 1,2, 3, 4 da manhã. De dia. A qualquer hora. Em casa. No emprego. Na rua. Na praia. Sozinha. Acompanhada. Chamadas seguidas. Mais de seis meses ininterruptamente. É perturbação do descanso e ofensa da integridade física e psíquica. Como dizia, uma das pessoas com obrigação de saber quem eu sou e porque não conhecia a dita senhora, como tal não perdia nada, não acautelou a sua segurança, nem os laços que nos uniram no passado e não se importou com a questão trocando e-mails com ela e comentários no Sanzalangola.
Depois de chegar de Angola pouco mais escrevi no Sanzala. Aquilo descambou por culpa de todos. Não me excluo dessa culpa. Mas achei por bem nunca mais escrever ali. Entretanto os administradores do site acharam também por bem limpar os comentários das fotos sobre Luanda, acto que na época critiquei, chamando os bois pelos nomes e assinando com o meu nome. A senhora em questão desapareceu do site, pelo menos com o nome verdadeiro.
Recebi alguns mails seus muito insistentes, e também do seu marido, mas nunca respondi. Recebi um telefonema seu com o número visível. Ao fim da terceira insistência, atendi e fiz das tripas coração para manter o diálogo. Aguentei o coração e consegui que me desse mais dois números de telefone. É contra a minha natureza o cinismo, mas naquele momento não tive outro remédio. Nessa noite e madrugada, recebi mensagens repetidamente. Quase ofensivas. E e-mails.
Participei dela. Criminalmente. Sabia que era ela. Confrontando os números que constavam das listas das operadoras, com números que me ligaram, com os que tinha dela. Quanto ao processo, não me manifesto como devem calcular.
O facebook entra na minha vida. Tenho ali alguns amigos associados.
Há uns dias recebi um convite da senhora em causa. Achei diabólico. Fui verificar se as minhas pessoas estavam também a ser convidadas por ela. E sim.
É uma pessoa desiquilibrada. Má e perigosa. Loucamente infeliz. Não desite. Anda no pé dos amigos que me estão adicionados. Apareceu dissimuladamente. E puxou a ela o meu irmão, duas amigas de infância e uma amiga do sanzala. E gente que eu não adicionei propositadamente e a quem recusei o convite. Mas que conheço e que me são de certa forma, próximos. Preveni o meu irmão e uma das amigas de infância. A outra não me surpreendeu porque nunca deixou de ter contacto com ela. Quanto à amiga do sanzala, que é minha amiga virtual, ela é que sabe. Há muito a preveni.
Previno todos os outros. Anda alguém no facebook no encalço dos meus amigos convidando-os para que se tornem seus amigos. Agora com um apelido diferente, que reconheço. Não os conhece de lado algum. Deduzo que só porque são meus amigos. É uma pessoa aparentemente normal, no trato, no que me foi dado ver, porém existe ali um desvio qualquer. E bastante grave. Se acaso alguém quiser saber quem é, eu dou o nome. Para se prevenir. Mas não aqui.
O meu endereço: m-clara-s@hotmail.com

Yuri da Cunha kuma directed by dj marcell

pesadelo/ sonho

Acordei assustada. Tive um daqueles sonhos, a que chamamos pesadelo, que sempre acontece quando estamos a dormir e o nosso subconsciente liberto faz o que não deve. Angustiar-nos, provocar-nos taquicardia.
Dizer-nos que é possível acontecer...se o sonhamos.
Sonhei que estava com a minha kamba, em Lisboa. E assim num de repente como quem estala os dedos ela anuncia-me que faltam quinze dias para a viagem para Luanda. E eu, entro em pânico. Dou-me conta que nem o bilhete tenho.
Eu sei o que é isto. Oh se sei!
Tenho de passar por várias barreiras até à minha estadia em Luanda que quero que seja realidade. E à medida que o tempo se aproxima, começo a ficar pessimista, estado em que me coloco facilmente, não fossem as pessoas optimistas que me cercam, estarem atentas.
Isto porque não tenho vida fácil e nada obtenho de mão beijada, assim numa facilidade que observo nas vidas de outros. Sem esforço, e sem vencer dificuldades. E por vezes tão grandes que me levam a pensar se não será melhor desistir. Mas o meu espírito um pouquito guerreiro, xinga-me num insulto de kandengue de rua: Uôôôô, mariquinhas, sempre a mesma, afinal não mudaste népias. Fica aí mesmo, te mereces..."
Picada, reajo. E não há ser que me pique mais do que o tal do espírito, fotocópia de mim. Aliás, pareço um passador...
Mas, felismente que não faltam quinze dias. Há tempo que a gente não quer que passe tão depressa assim, para que haja tempo, para saltarmos os obstáculos.
É esse tempo que eu quero para mim. Num relógio de horas certas, num tic-tac calmo e sereno para que finalmente eu possa acreditar que brevemente tenho todas as barreiras ganhas e posso sonhar com a voz do comandante, as luzes de Luanda ao cair do dia, noites cálidas, a lua prateando a baía, os galos cantando à meia noite, as manhãs melodiosas num é peixiêêê, peixiêêê, das quitandeiras, as mangas maduras, escorrendo líquidas pelos meus braços até aos cotovelos, os doces de coco, as maçãs da índia, a quitaba, a Baixa fervilhando de trabalho e movimento, a Ilha colorida e o seu farol, a luz maternal da avenida Brasil, as acácias e as mulembas, as tardes longas, o pôr do sol, os sábados do meu encanto, os domingos de manhã, o cheiro do mar dos mares, e os abraços maiores do que o universo...de um tamanho sem tamanho...
Não há como, transformar os pesadelos em sonhos! E eu sou capaz. É preciso acordar lucidamente, para Sonhar.
E neste momento só me apetece ouvir Helvio em Kuma, melodia cuiosa que faz sonhar regresso, alegria, casa, kimbo, Luanda...

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

contrariedades (?) ou não

Cheguei ao autocarro, de mau humor. Os pés a escaldarem. Os tornozelos doridos, as pernas em esforço. A cabeça, doida.
A motorista era a senhora " generala " que de simpática que é, quase me convenceu que a vida é bela e nós é que damos cabo dela, não fosse dar uma palmadinha nas costas dum puto que deve conhecer, só pode, e que o ia tombando pondo-o vermelho que nem um tomate maduro.
Disse-lhe que fumasse à vontade que eu ia entrando e depois voltaria a ela.
As " marretas " do banco da frente, number one, hoje já estavam, e no seu melhor. Fizeram-me um cumprimento rasgadíssimo. A mais pequenina, cambuta, igual a uma bola de berlinde colorida, sorrindo simpaticamente ( não sei o que se passava hoje que todas me pareceram simpáticas )disparou:
- Já se acabaram?
Não. Não estava a acreditar. Dose dupla?
Lembrei-me assim num de repente que quando tive a pneumonia ou fosse lá o que aquilo fosse e andei mais de um mês a tossir, com febre e dores nas costas,com um ar tão desgraçado que até eu tinha dó de mim, apenas um ou outra me desejava as melhoras, muito como quem não quer a coisa, não fosse eu passar-lhes todos os vírus que não tinha. Eu não sou vingativa...mas quem mas faz, paga-mas.
- Acabaram sim. Em Setembro há mais.
Pronto, dissera-o. Mazinha. Muito mazinha sim.
- Eu também ainda tenho uns diazitos para Setembro - crescendo para berlinde e meio.
- E eu para Dezembro - Ai que prazer me deu dobrar isto, num quem dá mais.
Desistiu. Não tem mais um dia que seja para me acenar. Temi que me acenasse com alguma baixa a fingir (?), daquelas que em tempos se davam.
Eu ainda teria 5 dias de Janeiro, mas fiquei por ali. O resto do autocarro ria. Elas não são burras e conhecem-se há muito tempo. Eu não. Eu só ando de autocarro há cerca de três anos, mas desconfio e a desconfiar sou para lá de boa.
Sentei-me. Liguei o MP3 do Bruno, que ainda uso, porque o pai do Bruno ( mano Zé ) não teve tempo para pôr as minhas músicas, mais que muitas no presente que os miúdos me deram no aniversário, um MP4.
Decididamente, não é o meu dia. Voltas dadas e acabei a ouvir Paulo Flores cantar que " É doce morrer no mar " repetidamente. E não fui capaz de voltar à fase primitiva. A simples. Que não custa nada saber. Como se faz aos cachopos.
Ouvir alguém cantar esta frase durante 2,3 minutos, ok, tudo bem, assim em dose repetida, é muita morte doce no mar, e o mar que é salgado de repente ficando com aquele sabor acre e doce, enjoativo, parecido com a preparação que nos mandam tomar para fazer uma colonoscopia, deu-me para num repente, lembrar-me de todas as pessoas que sei que gostam do mar incluindo eu, e vermo-nos todos agonizando docemente num mar azul... que arrepio! Que espetáculo deprimente!
Ou eu aprendo a trabalhar com o MP3 do Bruno ou pressiono o mano Zé para aprender rapidamente as manhas do meu, de direito. E agora, por conta de um princípio de manhã miserável, para ouvir o Paulo Flores, morrendo docemente no mar, vai ser preciso que o outono chegue, para que se criem as condições necessárias para o voltar a ouvir sem que isso me incomode o estômago e a vesícula.
Porque o Outono é a estação da queda da folha, da saudade e do romantismo, feita cacimbo e qualquer música de Paulo Flores encaixa no tempo ameno de manhãs bonitas, tardes curtas e noites frias é que acredito que ainda vai ser possível ouvir esta bonita canção sem que se me revolvam as entranhas. É preciso ter fé...

o trabalho é culpado

" Ovelhas não são para mato " já dizia uma colega e amiga, a Lena, que por acaso está a trabalhar comigo neste grupo de apenas seis, num Agosto de férias judiciais, que nós, funcionários, não temos. Apenas temos as de direito.
Quais turnos, qual carapuça. Para quem a servir. Que não cabe na nossa classe. De oficiais de justiça. Por que somos cabeçudos? Ou antes, porque na hierarquia estabelecida, somos meros peões dum jogo do sistema? Será? Será.
Mas, é um facto que se sou cabeçuda, ainda sou mais patuda...
Ou pezuda. Com a idade chegam também as aderências. Os pés crescem e atrapalham. Eu calçava 37 e agora só o 38 me serve e vai lá, vai...
Hoje e porque estou a trabalhar, tentei voltar aos saltos. Para fazer pandã com a farpela de trabalho, que é um pouco mais cuidada que a roupa de férias e a havaiana no pé. Com grande desgosto, deparo-me com uma dificuldade que me permite pensar que já não sou uma cinderela. Não queria ser gata borralheira vendo o coche ser transformado em abóboras e os sapatinhos lindos numa coisa andrajosa, nuns pés tipo barca, mas calha-me. E porque o peso da idade e das bolas de berlim da praia, e gelados e tostas de isto e de aquilo e mais coca-cola sem limite, enfim, um sem número de pesos pesados, a pesar os meus pés delicados, é demais, vi-me nas amarelas para fazer o meu percurso até ao autocarro, demorando mais 10 minutos que o habitual e escapando por entre as pedras, não as que transformo em banquinhos acolhedores e sonhadores, calçada portuguesa mesmo, dos calceteiros e não dos sonhadores, a tal calçada que é o inimigo número dois das mulheres,que usam saltos, porque o número um já todas as mulheres sabem qual é, mas pronto, e ainda assim, a escapar, por várias vezes pensei ir beijar as pedras da calçada. Após umas chamadas de atenção de mim para uma " maria clara, maria clara... ", como a d. celeste chamava quando se aborrecia, decidi que estas sandálias traiçoeiras irão direitinhas para os pés de alguma corajosa,um presente envenendo porém com aviso prévio, no salto. Elas estão novas. São do ano passado mas calcei-as uma única vez o ano passado e hoje foi uma estreia para esquecer.
Ora eu! Que estava tão bem de férias! Sonhando a cores e com os pés nus,em frente ao mar...

Maria Bethânia - Oração ao Tempo

terça-feira, 17 de agosto de 2010

suave e alegremente para sul

Sobrevivi ao pior dia do ano. Agora é sempre a subir...descendo no mapa.
Escapei por entre os pingos da chuva, do que parecia ser um temporal. Raios e coriscos.
No fundo sabia que ia ser assim. São muitos anos. De chapéu de chuva, impermeável e botins.
E depois, bem, depois, o arco-íris feito cor e sol afugenta as nuvens e o mau tempo e a brisa da manhã diz-me, que daqui, o caminho é em frente. Suave e alegremente para sul...
E aquieto-me num tempo que preciso viver.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Florence And The Machine - Dog Days Are Over (OFFICIAL VIDEO 2010)

dia de aniversário


Queria poder dar-te a alegria que precisas para sorrir.
Queria poder dar-te a esperança que precisas para continuar.
Queria poder dar-te uma janela para olhares o presente com coragem. E o futuro com serenidade.
Queria poder dar-te ar para respirares.
Apenas posso fazer votos de dias passados o melhor que conseguires.
E a certeza da minha amizade.
E um abraço maior do que o Universo.
Parabéns Lena.

espargata


Para não passar mal, no Ribatejo, tenho de ser bailarina sem palco nem graciosidade. Sem leveza e sem encanto.
Mas tal como os bailarinos, à custa de muita disciplina e exercício.
E fazer a espargata. Um pé aqui e outro longe. Que pode ser Lisboa, Peniche, Trás-os-Montes, a Europa, Luanda...que pode ser no banco de pedra onde me apoio para viver sonhos, longe do pesadelo de morar fora dos lugares onde mora o meu coração.
Hoje, particularmente hoje, tenho os meus pés afastados um do outro na maior espargata que consigo fazer nesta imaginação infantil e recorrente. Foi o movimento que encontrei para não me sentir no circo, fazendo o número do palhaço pobre e triste, abraçada duma solidão igual aos abraços que dou, quando gosto de dizer às pessoas que gosto delas. Maior que o Universo.
Como me dizia uma amiga que me telefonou há pouco e que é A AMIGA:
Hoje é o pior dia do ano.