quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

a " marrar " a " marrar "...

Diz que sou enxertada em corno de cabra. 
Eu não sei. Não confirmo nem desminto. 
O que sei é que não pertenço, nunca pertenci, nem quero pertencer, a rebanho nenhum. 
Tão pouco sou pastora e guardadora de cabras. Por isso não pastoreio por esses baldios fora. 
Nem sequer gosto de chanfana.
Bicheza dessa? Longe do meu " curral ". Não vá eu dar marradas. 

entre-comas (3)

Não vieste...
Olhei a terra longe, fértil e feiticeira. Onde a noite é densa e aromática. 
Mágica. 
Prenhe de romance e paixão. 
Os sons se tornam ecos dos corações em alvoroço. E os corpos se manifestam em ânsias orgásmicas. 
Em climaxes de prazer e identidade. Esquizofrenicamente... 
E a kianda emerge das águas, ninfa do poema por declamar.
Onde o chão é, minha, tua raiz. E as saudades nos estrangulam o tempo.
Ainda te desenham os contornos. Os cheiros. A essência.
Ainda te flecham o peito numa posse de placenta. 
Ainda te conhecem a voz, o carácter. E a sapiência.
Os antepassados.
Eu? olhei a terra longe, a sanzala, a cubata. O ritual. As vestes. Que despes.
Ainda te sinto a presença breve. Intensa. Terrena. 
Crescendo para além de ti. 
Em mim.
Não vieste...
Ergo os olhos, saio do meu canto, mas não fujo. 
Não me desfaço em pranto. Não me envergonho. Nem me ruborizo. Ou escondo.
Sou livre. Como tu. Que não vieste.
Sou livre para escolher. Amar.
Enquanto tiver memória, olharei a terra longe...

m.c.s.

entre-comas (2)


Julguei que vinhas, cavalo alado, por entre o nevoeiro cerrado da minha esperança de te esperar. De te ver ao longe, chegar...
Julguei que vinhas e trazias nos lábios, sabor a maboque que prometeste, p'ra me beijares. P' ra me encantares...
Nas mãos a maciez que te conheço. 
E no olhar, silêncios. Feitos de terras prenhes, campos d' alvoradas, florestas densas, achas, fogueiras, fogos e vulcões, séculos de história fértil, navegadores. 
Vozes por narrar. O mar...
Julguei que vinhas e acordei-me nas páginas dos livros por desfolhar.
No busto, traçado a carvão, por pendurar, nas noites de lua cheia espraiada nesse luar.
Despertaste-me entre kissanges e marimbas, rituais. Timidez, inquietações. Surpresa e sedução.
Julguei que vinhas e mantive-te vivo no meu coração.

m.c.s.

entre-comas (1)

"...fico no silêncio encabuladamente ruborizada. 
É nestas e noutras leituras que faço que tenho a certeza que não sei fazer declarações de amor,
por que fico só num canto da cabana, 
envolta em panos, cabeça baixa, envergonhada, 
sem saber se bato as pestanas, 
se tiro os panos, 
se abro os braços, 
se acolho o príncipe, 
ou se fujo para a mata densa e negra para esconder o peito, 
subindo e descendo acelerado, do meu coração..."

m.c.s.

macacando-me

Não nasci boa pessoa. Nasci macaca. De emitação.
Mas nem sempre repito as lições que recebo. 
Arrisco. Só para ser pessoa. 

m.c.s.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

ainda o carnaval 2015 em Luanda



















O Tejo, do meu olhar


de agora em diante


Hoje, revisitei o armário e arejei todos os sapatos de salto alto. 
Em bom.
Decidi que nunca mais desço do alto dos meus saltos.
Cá por coisas...
m.c.s.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

entre-fugas

Podes até ir embora... 
Fugir das palavras. Do meu olhar.
Do meu corpo e das minhas mãos.
Fugir da minha influência. 
Persistência.
Da minha sedução.
Mas não consegues fugir-me da memória.
Nem do meu coração.

m.c.s.

Mikkel Solnado feat. Joana Alegre - E Agora? (Videoclip Oficial)

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

a minha insónia

Deito-me na insónia da noite. E acho-te.
E porque és um sonho tão valioso, que não te quero perder, não adormeço.

m.c.s.

entre-Tanto

Eu estou à tua espera. Mas enquanto espero, amo. 
Amo com os olhos que te olharam. 
Com a boca que te beijou. 
As mãos que te tocaram.
E com a pele que se arrepiou.
Amo com a alma que em ti esbarrou.
Com a intenção que floresceu.
Com o sonho que me despertou.
Com o coração que te amou.
E com a memória que te guardou. 
Eu estou à tua espera. Mas enquanto espero, amo.
Com as palavras que me inspiraste. 
Com os poemas que na diferença, marcaste. 
Com a música que me dançaste.
E com o caminho que me ensinaste.
Eu estou à tua espera. Mas enquanto espero, amo.
Porque me quero inteira. Genuína. 
Verdadeira. 
Amando.
Quando chegares...

m.c.s.

por estaca


Posso não passar da cepa torta, mas vou colocando umas estacas para me enxertar.

Digo eu, a escutar  minha raiz. que diz ser robusta.

m.c.s.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

a amizade quando é especial


As pessoas diferenciam-se nas pequenas e nobres atitudes, nos gestos menos iguais, nas palavras raras. Na memória que não apagam nem negam. Reconhecem. Guardam. Cuidam.
Por isso há pessoas especiais na nossa vida. Digo eu a pensar em alguém muito especial, que me entrou pela vida há quase 42 anos e nunca dela sairá.
Obrigada pessoa que um dia me disseste, 
sabe que o cigarro faz mal? a quem respondi, 
é a mim que faz. 
Podias ter dado meia volta e simplesmente não mais me dizeres uma única palavra. Mas ficaste. 
Podia eu ter dado meia volta e ter-te mandado dares uma volta. Mas porque somos especiais, não aconteceu. E ainda hoje nas voltas da vida dizemos palavras. Sentidas. Especiais...
É isto, amizade. Especial.

m.c.s.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

divagação 2

Madruguei.
Porque se sonho contigo és o meu sonho maior. E não cabes na minha noite.


m.c.s.

entre-eus

Acordei bem comigo e melhor acompanhada não podia estar. 
Disse-me, olhando por mim acima, por mim abaixo, cada pedaço tocado por ti, cheirando a ti, à espera de ti,
- Aqui está um belo dia para exibir os meus eus vagabundos. Estes que te trazem tatuado a ferro e fogo.
Assim sendo, aqui vamos nós palmilhar caminhos meus. 
Ah, levo a máquina, para o caso de te colocares a jeito entre mim e eu e queiras ficar na fotografia, connosco.

m.c.s.

divagação

Hoje vou dormir cedo. Só para te ter no meu sonho por mais tempo.
m.c.s.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

essa sou eu...

Vertendo verdade. 
Deixando as palavras vagabundearem pelos sentimentos. 
Até à lágrima. Ao sorriso. À comoção. 
Livre.
Essa sou eu. Se me tocam as cordas duma guitarra antiga e me cantam canções de magia e afectos. De embalar.
De adormecer e sonhar.
Bailar...
Como é bom ter passado! E não sentir nem medo, nem peso, nem culpa.
Nem arrependimento. Apenas saudade. 
Esse sentir do amor que não morre.
E ficando, se aconchega ternamente no coração. 
Como cacimbo de fim de tarde, da terra que me gerou e pariu. 
E amou.
Essa sou eu. Vertendo verdade. Falando baixinho, num sussurro.
Luz ténue, disco tocando, quase silenciosamente.
E a emoção a espalhar-se na pele. Invadindo a alma arrepiada. 
E o coração grande. A crescer...
A bater suavemente. 
Vagabundeando-se no sagrado que é o eterno.
Essa sou eu...

m.c.s.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

entre sonhos

Olhei o espelho. Mergulhei em mim. Cachoeira d' águas mansas. Transparentes. Espelhos d' água.
Olhos no meu olhar. Sem constrangimentos nem culpas ou desculpas. De frente. 
Contemplando todos os eus de mim. A ver se algo mudara. 
Era eu. Aquela mulher. Inteira. Vestindo a sua pele. Ocupando-a confortavelmente. Cabendo nela. Generosamente...
Em paz.
Tal como o coração. Tranquilo. Aplaudindo discretamente.
Era eu. Aquela mulher. De rosto lavado. 
Nem sinais de baton. Eyeline. Máscara. Artifícios. 
Sem faltas. Nem personagem. Ou qualquer produção.
Era eu aquela mulher. Simples. Limpa. Nua. 
Alma serena. Completa. Pura.
D' olhos doces. Que me olhava. Do espelho. 
Como se o tempo parasse e eu fosse um longo olhar.
Via-a bonita. Sim. Bonita.E renovada. Sem rugas ou sequer marcas de expressão. 
Os lábios desejando beijar. 
Como se o dia prometesse beijos da tua boca. E a vida nos abraçasse e embalasse na canção. 
Podia ser Bocelli, Sinatra ou Betânia. 
Mas era rouquidão, feito voz, sentimento, coração, de Pablo Alborán. E lhe escutasse,
- "Por fin lo puedo sentir/Te conozco y te reconozco que por fin/ Sé lo que es vivir/ Con un suspiro en el pecho/ Y con cosquillas por dentro/ Por fin sé por qué estoy así/ Tú me has hecho mejor/ Mejor de lo que era... "
Era meu o sorriso que o espelho devolvia. Era eu. Aquela mulher que sorria a desejar o mundo suspenso. A fazer-te eterno. Ali. Aqui...
Olhei o espelho. Coração silencioso. Batendo. Brandamente. Apelos mudos...
Olhos feitos mel. E boca à espera de beijos. Sabendo a beijos. Que me roubaram a alma e me devolveram vida.
Era eu aquela mulher. Que contemplava em si, o Amor. E cantava, baixinho e feliz, como se inventasse a canção,
" Y por fin sé por qué estoy así,
Tú me has hecho mejor
Mejor de lo que era... "

domingo, 1 de fevereiro de 2015

por essa angola fora




mercado no caminho do Huambo


hoje, o meu nome é saudade




Hoje, o meu nome é saudade. 
O passado resgatado no olhar, na pele, nas entranhas. No coração. 
Esse tempo bom. Esse sentir. Tudo o que falei, olhei, toquei, cheirei. Recebi. Vivi.
Saudades dos pais. Do avô. 
Da minha terra. Da minha infância. Da minha rua. Do colégio, do liceu.
Saudade dos meus amigos. Aqueles que ficaram para trás. Que partiram já.
Saudades de gajajas, maboques, sape-sape, pitangas. 
Da Lucrécia, da Minda. 
Cheiro de pão quente da padaria Independente. 
Terra molhada. Flor de acácia.
Quitandeira, zungueira. Sotaque. Pregão. Meu chão.
Saudade do cacimbo e do pôr do sol. Do sábado. Da Ilha. Samba. Corimba. Mutamba. 
Saudade de Trás-os-Montes. Dos tios.
Das cerejas do quintal. Do folar de carne e dos económicos. 
Favaios e lareira. Castanhas. Alheiras.
Dos acordes das guitarras enquanto se faz o pão. Do Paulo e do João....
" Pata de negreiro/Tira e foge à morte/Que a sorte é de quem/A terra amou/E no peito guardou/Cheiro da mata eterna/Laranja Luanda/Sempre em flor "...
Hoje o meu nome é saudade.
Do príncipe, na cidade Luz. 
Da caçula, no Ribatejo.
Da kamba diami em solo africano. Da Julieta, na neve. 
Do verão. Do sul. Bola de berlim. Dias de sol. Onda batendo na rocha.
Hoje o meu nome é saudade. De mim, em ti. De ti. Em mim.

m.c.s.
( 30 de Janeiro - Dia da Saudade )

Barragem de Castelo do Bode e rio Zêzere





entre-vozes

Há um grito abafado nas palavras por dizer, 
um desesperado silêncio 
de tudo lembrar, 
de não querer esquecer. 
Por muito tempo vou calar a razão 
que insiste em não deixar falar o coração.
Por muito tempo vou deixar falar o eco dessa interior voz, 
repetindo a vontade que tenho de te renascer.
Há no silêncio, no grito abafado, no meu sentimento, 
a voz dizendo, 
a voz cantando,
a voz chamando...
a voz insistindo para te permanecer...

m.c.s.

tarte de pera & gengibre

Ingredientes:

(massa)
225 g de farinha de trigo sem fermento
40 g de açúcar
125 g de margarina vegetal fria
raspa de 1 limão
1 ovo caseiro

(recheio)
5 peras descascadas, sem caroço e partidas em quartos
2 c. de sopa de açúcar mascavado
1 pedaço de gengibre fresco, descascado
raspa de 1 limão
gema para pincelar
açúcar em pó para decorar
queijo fresco batido para servir (ou iogurte grego, natas...)

Preparação:

Numa tigela, colocar a farinha e o açúcar.
Adicionar a margarida partida em cubos até o preparado ficar em migalhas.
Juntar a raspa de limão e  ovo e amassar até ligar e a massa ficar homogénea.
Fazer um disco e embrulhar em película aderente. Levar ao frio por 30 min.
Enquanto a massa refrigera, colocar os quartos de pera numa taça e juntar o açúcar mascavado, o gengibre fresco ralado e a raspa de limão. Misturar tudo e reservar.
Estender a massa e dar-lhe uma forma circular.
Colocar as pera sobre a massa, deixando alguma área livre à volta.
Dobrar a massa para dentro, sobre as peras e pincelá-la com a gema de ovo batida.
Levar ao forno pré-aquecido a 180 ºC durante 40-45 min, altura em que a massa deverá estar dourada.
Polvilhar com açúcar em pó e servir com queijo fresco batido levemente açucarado.