fotos mcs
quarta-feira, 6 de setembro de 2017
a minha rua
Hoje... Acordei na minha rua...
De vez em quando adormeço no leito - e feliz faço o caminho de volta até a encontrar.
Sem passaporte nem visto para a viagem sonhar.
A minha rua não é uma rua qualquer. Ela é muito mais que estrada de partir e chegar.
Ela é estação.
Sorriso, beijos e emoção. Paz e lar. Coração...
Ela é mãe, voz, colo e abraços. Estreitos laços de enlaçar.
Memória.
Ela é a minha história.
O meu rio, a savana e o planalto.
O meu sol.
O meu mato...
O meu mar.
Cachoeira. Feiticeira.
Luar...
Hoje...acordei na minha rua...
A ela gosto de retornar, na calada da noite. Com vontade de me aninhar. Com vontade de ficar...
Sempre em risco. De acordar.
A minha rua não é uma rua qualquer. Ela é o princípio do mundo e o fim da viagem.
O meu mais desejado sonho.
A minha última paragem.
Hoje... Acordei na minha rua...
os maus
A Matilde deve ter 3 anos. Não mais. Faz-se acompanhar da avó. E vão à minha frente. No comboio. Miúda espertíssima e tagarela ainda não se cansou de nos brindar com algumas pérolas da sua inteligência.
Depois de ver uma foto dela no telemóvel da avó, disparou:
Aqui, não gosto de mim. Porquê? Disse a avó. Estava com cara de má, avó. Não estava a falar. E não estava a rir.
Fiquei a pensar que aos olhos desta criança todos os que vão nesta carruagem são maus. Menos a avó que ainda não parou de falar e rir às tiradas da sua neta. Que afinal é o que importa. Esta defende-a de todos nós - os maus. Até porque não fugindo ao que é suposto os avós são os super heróis da história dos mais novos. E aqui claramente a regra cumpre-se.
Saiu em Santarém. Espero que a cidade a abrace e lhe sorria e que os maus que sorriem e falam não lhe saiam ao caminho.
Já eu....Não tive essa sina. Mas não sou criança; e por isso enquanto o pau vai e vem folgam as costas...
Adeus Matilde!
m.c.s.
segunda-feira, 4 de setembro de 2017
tabaibos
Tão ladrão é o que vai à horta como o que fica à porta -
isto ouvia eu nas salas de audiências, vezes sem conta.
No caso, ela, a minha companheira de viagem, andava com um plástico para não se picar arrancando os tabaibos das piteiras da beira da estrada e metendo para o saco - e eu segurando no dito, a ajudar. Depois ainda chegou alguém com uma caixa plástica, que nos esperava a poucos metros e das ruínas de Miróbriga que encontrámos fechadas devido ao adiantado da hora.
Para não darmos o desvio por perdido fomo-nos aos tabaibos que foi uma pressa e não os arrancámos à dentada porque os próprios defendem-se e muito bem. É que a melhor defesa é o ataque e esta coisa que alguém disse que é muito boa e que na banda comia-se já no tempo do uaué, eu nunca comi e queria provar - esta coisa, a que chamam figos da Índia ou de piteira, tem picos a dar com o pau e ferra na pele dos afoitos até ao sangramento.
Ladraram cães das fazendas e dos quintais vizinhos, apareceram gatos com coleira, sem coleira, todos pretos - não sei o que isto quer dizer mas no Alentejo há muitos gatos de rua, todos pretos - ouviram-se vozes falando intrigadas e olhos espreitando, que eu vi, mas enquanto não enchemos o saco não
saímos dali. É que tudo o que a nossa vista alcançou foi nosso e demo-nos ao luxo de escolher.
Foi a verdadeira caçumbula à junta de freguesia. Ou não...
Se se sentem lesados que se queixem mas o que é da estrada a todos pertence. Digo eu. E se assim não é, temos pena mas foi do saco para o papo. E que bem que me souberam...
m.c.s.
sábado, 2 de setembro de 2017
há no amor...
Há no amor uma loucura que dá certo. E nos torna ora domésticos ora vagabundos do sentir.
Uma paz que cremos não é efémera.
Estado d' alma que cura chagas e trata raízes e nos impele a sorrir.
Há no amor a certeza d' um caminho de olhar seguro.
E mãos parideiras de sementes ávidas de florir.
Há no amor uma coragem de voto favorável de união.
Um milagre. Um mandamento. Uma doutrina.
A liberdade da conversão...
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