quinta-feira, 30 de junho de 2011

sabes qual?

foto google Ofereceste-me o silêncio das longas conversas que desconfio posso ter, olhando o fogo crepitando na lareira fria do cacimbo.
Recebi esse silêncio sofridamente semeado de palavras que reconheço mas não me disseste, olho no olho, olhar de gente que vê para lá do horizonte. No alarido que faço olhando esse além que fica para lá do sol deste verão, desconsigo aceitar o pacto de silêncio do astro rei se despedindo no mar no fim de tarde. É hora de foguetes e festa. Música e rufar de tambores. Raios de sol, escrevendo o que tu não dizes, como um sim para as minhas esperanças. Ali, onde não vale a pena fingir, na hora em que a palavra deixa de ter razão, que eu não exigo tudo como no sonho, um gesto, apenas um gesto, como se o sol ao invés de penetrar na água salgada do mar azul verde esmeralda, viesse distribuir beijos de luz e calor no meu coração. E eu saberia que me queres...aqui e lá. Deste jeito de viver e de sentir. Nesta forma de dizer que penso em ti e te espero mesmo que sentada, na ponta de uma rocha, na falésia, ou na estrela que ilumina as vidas que sonham. Um dia vou-te virar costas e tu finalmente vais querer espalhar as palavras que nunca me falaste. E das duas, uma terceira para desempatarmos...sabes qual?

Ontem, duplo jantar

- Sabes da mana? Tem o telemóvel desligado. Não atende o fixo. Será que foi à procissão? - O " mano " riu-se. - Uhm..olha quem..., diz ele. Ela não é dessas coisas, acrescenta. Esqueceu-se daquela vez em que a " mana " velha ia com a caçula ao colo, em noite de 13 de maio, a caminho da igreja da Sé, em Luanda e uma criatura desatenta e inconsciente por de trás, com a vela acesa, ateou fogo ao seu rico e bonito cabelo comprido e só deu conta quando este começou a estalar e a cheirar a porco chamuscado. Aquele cheiro de orelha de porco quando está a ser chamuscado ( que nojo! ). Há coisas que nos traumatizam. Mas isto apenas foi um episódio infeliz e que serviu para rirmos às gargalhadas mais tarde. Que passados talvez 40 anos ainda o recordamos divertidamente.
Cheguei a casa às oito. Mudei de roupa. Descalcei-me. Vesti uma t-shirt de alças e uns calções. Fui dar de comer à Pitanga e tratar do areão. Apanhei a roupa do estendal e dobrei-a. Quando me preparava para me iniciar na navegação da internet, o telefone fixo tocou. Como pouquíssimas pessoas o têm, descarto hipóteses. Atendi. - Então??? O que te aconteceu? Tens o telemóvel desligado. Estou farta de ligar - Era a caçula. Naquele momento lembrei-me que era 4ª feira. Não tinha fome. Estivera no Mc Donald´s desde as 5,30 até às 8. A comer o célebre hamburguer e todos os adicionais a que tinha direito e a conversar. - Já jantaste né? Não falei verdade. Toda. Apesar de ao longo da noite ter reposto a verdade dos factos. - Não, não jantei. Bem vistas as coisas tinha lanchado. Mas não sou de lanches e jantares a seguir. Apesar de ter fama de ter dentes até às orelhas, não como que nem um alarve, e desperdiçar a companhia da caçula é algo que não faço nem que a vaca tussa. E fui. A caminho, permiti-me analisar esta necessidade de estar com quem me ama. Com quem eu gosto tudo no mundo. Estar com a caçula é um privilégio que nem toda a gente tem. É estar com alguém que é família no verdadeiro significado da palavra. É não ter de filtrar. É falar alto os pensamentos todos, mesmo os pecaminosos. Não falar pela metade, das coisas. É ter a certeza de que é túmulo. É poder sentir e dizer. Tudo. Tudo mesmo. É ouvir rir cristalinamente alguém que tem uma vida lixada, e ainda assim é mais feliz que a maior parte das pessoas. Estar com ela, é uma Lição. É descomprometermo-nos, desconseguirmos nos queixar, nos amargurar. E lá fui eu. Por ela e por mim. Com o hamburguer aos saltos e a coca-cola a chocalhar entre o estômago e sei lá mais o quê. Parece que não sossego o facho. Saltito entre quereres, sonhos e realidades, fins de tarde e noites de procissões, com os santos a sairem à rua, em dia de santo popular que parece é primo afastado dos outros, que não o festejam do mesmo jeito. Mas sossego sim. Sair de casa mal cheguei para ir receber colo de irmã, cara da D. Celeste, é dois em um. A minha alma anda cansada. Sobretudo daquelas que são as chamadas almas penadas. Que parece que gostam de me ver cansada, triste e afastada da luz que não têm. Não sou muito de ligar a investidas intriguistas e maldosas, mas enquanto alma, desconfio que não é bom. Enquanto mortal igual a tantos outros, eu, maria clara das dores tenho a reacção para a acção assim como quando o coração fica ao pé da boca e aí vai disto. Embora cada vez menos. A minha amiga maria helena amaral ( maria luanda, como gosta de se intitular ) aposta em mim a toda a hora, dizendo que um dia já foi como eu, e que um dia eu serei como ela é hoje. Gosto tanto dela, acho-a tão superior a tudo o que é mesquinho, feio, falso, que me agrada a possibilidade de subir os degraus que ela subiu e poder reconhecer-me na sua postura de hoje, que não a conheci quando era como eu, de pêlo na venta e com o tal do coração no canto da boca a cada provocação, a cada traição, injustiça ou intriga. A cada falta de educação e teatro de 5ª categoria. Porque me sinto cansada das faltas e falhas dos mortais e também das minhas, desfrutei da companhia da minha querida Paula, caçula da D. Celeste e do Sô Santos e vim para casa muito melhor. Há noites em que se janta duas vezes mas vale a pena. Tudo.

nem as moscas mudaram...

foto google Eu disse que era inocente. E continuo a ser. Mas é uma coisa antiga pagar o justo pelo pecador. E hoje chegou a bomba. O décimo terceiro mês inteiro, já era. Agora tarde piaste. Empobrecer não dá saúde a ninguém. Rouba-nos a alma. Só me ocorre um desabafo. Que porca miséria! Que país este...que desgoverno...que encenação! Se ao menos as moscas tivessem mudado... Como se diz na minha terra: Querem-nos matarieeeeeê...

Beijos, todos...

foto googleCheat, merde, tuge ou merda, muita merda é o que eu desejo para logo mais à noite, quando estiveres no teu espaço de criação e execução. Tudo, mas tudo, de bom, meu príncipe.

HOJE

foto do google

"Conquest - Porto Solo Performance Commissioning Project


8 adaptações e performances da coreografia 'Conquest' de Deborah Hay
Integrada no programa Improvisações/Colaborações, a Fundação de Serralves convidou a coreógrafa norte-americana Deborah Hay a realizar o ‘Porto Solo Performance Commissioning Project’, um projecto que conta com a parceria da Circular Associação Cultural e da Câmara Municipal de Vila do Conde. Deborah Hay é um dos nomes maiores da dança contemporânea e pertenceu à geração dos experimentalistas americanos da Judson Church Dance Theater, um dos movimentos artísticos mais radicais dos anos 60, profundamente influenciado por Merce Cunningham e John Cage. O projecto Porto Solo Performance Commissioning Project, estruturado ao longo de várias fases, conclui-se com a apresentação das adaptações da peça Conquest, de Deborah Hay, pelos coreógrafos portugueses António Júlio, Cristiana Rocha, David Marques, Joana von Mayer Trindade, João Martins, Jorge Gonçalves, Sofia Neves e Teresa Silva. Ao longo de meses, os coreógrafos envolvidos trabalharam a sua adaptação de Conquest através de uma prática diária individual e de um compromisso de aplicação dos conceitos e fundamentos legados aos artistas por Hay. O exercício de adaptação foi amplo e reflexivo. A concepção e estruturação das peças associadas à representação corpórea e inteligência individual dos coreógrafos deram lugar a adaptações dramaturgicamente diferentes, embora prevaleçam elementos comuns reconhecíveis. Porto Solo Performance Commissioning Project é, na sua essência, uma experiência de encontro e retransmissão. A apresentação das peças ao público dá visibilidade a uma fase de um longo processo de conhecimento e experiência entre Hay e os coreógrafos e sublinha “a importância do património histórico e da sua vivificação no desenvolvimento das práticas e da teoria da arte e da dança actuais”, como refere Maria José Fazenda.
O Projecto Improvisações/Colaborações é co-financiado pelo ON.2 - O Novo Norte, o QREN e o Fundo Europeu de Desenvolvimento RegionalApoio Institucional: Ministério da Cultura Apoio à divulgação: Câmara Municipal do Porto Parceria: Circular Associação Cultural Câmara Municipal de Vila do Conde A Circular é uma Estrutura Financiada pelo: Ministério da Cultura / Direcção-Geral das Artes. "

quarta-feira, 29 de junho de 2011

parabéns e outras comemorações

foto do google Hoje é dia de S. Pedro. Nada a acrescentar a isso. Um santo da devoção de muita gente. Para além disso, muito para além disso, é o dia de aniversário de pessoas muito queridas. E não só. Este dia é muito importante para mim. E só quando esclerosar me esquecerei dele. Já dei os parabéns à Mena. Já conversámos muito. Desejei-lhe tudo de bom como para mim. Gosto muito da Mena, minha amiga de infância. Não me vejo sem amigos, destes. E sou feliz porque a cada ano comemoram os seus aniversários. Disse-me: Agora tu és a caçula. A mais candengue. Yá. Sou mesmo, kamba diami. Por poucos dias.



Há porém alguém que já partiu e que nasceu neste dia também. Para a mãe Eduarda vai a minha prece de que esteja onde estiver, esteja bem. E olhe por todos os filhos, netos e por nós que sempre nos mantivemos por perto.


Ah, e por muitos anos que viva, jamais esquecerei que em 1975 este dia calhou a um domingo, and so on...

des(encontro ) ((?))

Saltito por um carreiro estreito. Não enxergo as pedras que abundam no caminho, mas sei que estão lá. Os olhos insistem em percorrer a noite, quando a alma cansada já desistiu. Não é uma noite como as outras. Alguém me soprou por de trás do ombro, e me disse que eras tu. Que vinhas lá. Olhei-te quando me olhaste. Mas ia jurar que nem me viste. Foi tão rápido, que não sei se aconteceu ou foi fruto do meu sonho colorido de verão. Atordoei-me. Silenciosamente. Como se fosse tola. É. Se fosse loira, olhava-te nos olhos a correr, e dava-te a mão. Aloirava-te no meu coração. E seria feliz. Mas sou morena. Castanha dourada do bronzeado do sul amigo. Igual a tantas outras veraneantes de praia, mar e sol. Deixei-me ficar sentada a ver-te desapareceres. Num banco de pedra, como há tantos pelos carreiros estreitos onde saltito, à espera que um dia páres, me olhes com olhos de ver, e me dês a mão.

terça-feira, 28 de junho de 2011

minha sina



Meu amor
Porque te aceno?!
Porque te chamo?!
Porque te espero?!
Nas cartas da cartomante
Kimbanda do bairro operário
Estava escrito que acabou
Que o teu amor me deixou.
Não volto à bruxa de fama
Meu amor
Na minha cama
Sozinha com a minha dor
Rogo pragas
Excomungo
Quem de ti me disser mal
Meu amor
Tu és o tal
Por quem espero
Por quem chamo
Sol do meu calor
Meu amor
Minha sina
Minha dor...

m.c.s.

Vento Norte

Sopra uma brisa
Vento norte
Cânticos
Cantares de ninar
Estórias de encantar
A badalar...a badalar
Na saudade que o mar me trás
Com o seu marulhar


Ténue afago
No seu doce tocar
Baixinho
Sussurrando devagar
Tão devagarinho
Que não sei se estou a sonhar

Um dia...Eu quero morar

Numa casinha branca
Flutuante...
Entre o mar e o luar
E banhar-me nua
De frente
Bem de frente
Ao teu olhar...



m.c.s.

Elis Regina - Se eu quiser falar com Deus

a janta

Não há como jantar com a minha caçula, para me passarem os achaques. Olhando no fundo dos seus olhos, não há tristeza que resista. Nem saudade de coisa qualquer. O acidente do Angélico, lembrou-nos outro. Lembrou muito. Lembrou tudo. A velocidade não era a mesma, nem a hora, nem o local nem a falta de cinto. Mas a consequência, foi terrível. Tem sido dolorosa. Cada vez menos. Não porque passou muito tempo ( 4 anos ) mas porque o meu herói recupera devagar, mas recupera. Há pessoas, muitas, que ainda não sabem que vão morrer. Ninguém as avisou. Andam distraídas ou demasiado altivas. E não se detêm na ombreira da porta da mãe do Angélico. E julgam como se fossem deuses. Daqueles que habitam nas mentes injustas e arrogantes. Daqueles que também me visitam, e que eu vou expulsando com alguma lucidez. A caçula e eu sabemos o que é ouvir todos os dias dizerem que o doente está muito mal. Ouvir a explicação dos níveis de coma e sabermos que se baixa um valor, é irreversível. Por isso e porque sabemos o que doi, o que nos morre um pouco todos os dias ao mesmo tempo que se renasce o desejo do milagre, compreendemos a mãe do Angélico, esse menino bonito e talentoso, filho da minha terra, filho duma mulher angolana. O milagre...A caçula, eu e todos os que amamos o meu herói pedimo-lo. Aconteceu algo parecido com um milagre. A minha caçula é uma grande pessoa. A melhor que conheço. Jantar com ela é deixar-me de tangas, pôr os olhos nela e pensar que onde os nossos pais estiverem têm certamente o maior orgulho da filha que puseram no mundo onde nem sempre as estradas têm flores. Jantar com a minha caçula é rir, gargalhar dos esforços feitos para nos libertarmos das amarguras. Das verdadeiras amarguras com que a vida nos contempla. E seguir em frente...

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Uma alegre surpresa

Depois de ver o vídeo decidi publicá-lo aqui. Pode ser que precisem, queiram, ou sintam curiosidade. Quem sabe se vos apetece ir até lá. Vão ver o site. Acho que vão gostar. Quer dizer, não acho nada, tenho a certeza. Apesar do director clínico ser meu amigo, não há borlas, mas o preçário é uma alegre surpresa.

dia não...

foto tirada do google ( avª do Brasil, Luanda )Entrei na segunda-feira a pensar que gosto do Sul. A cor é mais cor. O mar é mais mar. O sol é mais quente... Afinal, o sul fica na rota para casa...

Quando me dá a saudade de casa, entre outros recursos, recorro ao blog. E leio o que escrevi aquando das minhas viagens a Luanda. E vejo as fotos todas que publiquei. Ainda não publiquei todas. Um dia destes pego e " despejo " aqui o resto. Na minha hora do almoço, deu-me para isto e eis que aqui me choro num vale de lágrimas. Não sei porquê que estou assim. Chorona. Até me deu para ir ler os comentários feitos pelos meus amigos. E mais chorei, que até me lembro de uma estória contada por uma figura de outros tempos, na avenida brasil enquanto o autocarro da terra nova não aparecia. E dizia : Chóróna, mas já quer námórar...isto era uma empregada negra para a filha branca da patroa. É nestas alturas que digo carradas de asneiras, no silêncio a que me remeto. Porquê que ainda aqui estou? Porquê???? Eu sei porquê. Mas custa tanto não fazer o caminho de volta! Para casa...

domingo, 26 de junho de 2011

avaliando

Já estou no Ribatejo. A Pitanga está bem apesar do calor. Encontrei uma peça em vidro que tinha na casa de banho toda estrilhaçada no meio do chão, os tapetes enrolados, a gaveta da cómoda, aberta, e as peças espalhadas como sempre. Dei-lhe o pescado de espinafres e ela agradeceu. Como é que sei? Comeu a latinha toda. O que eu mais queria era ver a Pitanga boa de saúde. E está. Sobre todo o resto: Almocei na Oura. Atravessei o Alentejo sob uma temperatura que foi dos 39 aos 41 graus, chegando a marcar 42 por alguns quilómetros. Quando atravessei a ponte vasco da gama o termómetro marcava 39 graus e nunca mais desceu. Um inferno. Não fosse o ar condicionado do lexus da Ana Maria a quem agradeço a condução segura e a boa disposição ao longo dos dias e também nas viagens quer de ida quer de regresso. A Ana foi Grande, como se diz na minha terra. Quanto ao resto, fazendo uma avaliação destes dias passados: Não fiz compras. O que é bom. Ah! comprei uma pen para a net móvel, pois esqueci-me da minha. E é triste (?) mas já não passo sem net. Entrei e saí de lojas, acompanhei meninas nas compras mas estive de abstinência. O meu pequeno almoço, foi sempre batido, à excepção do dia de hoje. Nas outras refeições, uma vez hamburguer, outra pizza, e peixe nas restantes, à excepção de um strogonoff muito do manhoso, que se me contratassem é que iam saber o que é confeccionar strogonoff. Gelados? Apenas duas vezes. Uma em Albufeira, outra na Oura. Doces regionais, nem vê-los. Álcool? Só um copo de sangria, mas de vinho branco, não gosto de tinto. De resto, muita água e coca-cola. Não. Não fiz figuras tristes por via do álcool. Bolas de berlim? Duas vezes. Mal seria. Praista que é praista come pelo menos uma borla de berlim por dia. A minha média foi baixa. Por cada dois dias, uma. Banhos de mar? Todos os dias. Piscina? Q.b. Saídas noturnas? Todas os dias. Enfim! Nada mais a declarar. Só que, após estas pequenas férias, a minha amiga Pilar tem uma casa para alugar numa praia onde fiz férias vários anos, em família. Tudo ao molhe e fé em Deus e em mim. Fiquei a pensar nisso. Escolher entre uns dias em peniche ou no algarve. É uma questão de escolha, apenas. Estes dias já ninguém mos tira. Se foram os melhores?! Não quero avaliar assim, a quente. Quando passarem à história, logo avaliarei. Agora tenho de trabalhar até às férias que já não demoram. Logo a seguir aos meus anos uma semanita e mais uns diazitos. Porque estes dias não foram dias de férias, bem entendido. Não vão pensar que nós no tribunal estamos sempre a ter férias. É que mesmo que assim fosse ( não é ) agora a macaca da troika(ahn???) vai tirar-nos tudo a que temos direito, dizem as más línguas.

anoitecendo

fotos tukayana.blogspot









Anoitecendo na praia

algarviando II










fotos tukayana.blogspot

algarviando ainda...



















fotos tukayana.blogspot

conflito

foto tukayana.blogspot Há dois sítios no mundo, apenas dois, onde se estou e sei que vou embora não me levanto e digo; se é para ir, vamos embora já, que a minha alma já se pôs ao caminho. Quem me conhece, e não é difícil, já advinhou. Lisboa e Luanda. Afinal, as duas cidades do meu coração.
Afinal, os dois lugares que moram no meu peito e onde a minha alma habita. Estar em casa é estar comigo. É estar com Deus. É ter a certeza de que estou. Bem. Por isso, e mais uma vez, se é para ir embora, porque não ir já? Há missões cumpridas quando chegamos aos lugares. Outras que se vão cumprindo. E outras ainda que não se chegam a cumprir. Porque é que oiço o mar e vejo-me atravessando o Alentejo? Porque será que oiço os pássaros e só me ocorre a Pitanga? Porque será que sei que vou para o calor tórrido do Ribatejo e não sofro por antecipação? E que amanhã é segunda-feira e não estou nem aí? É domingo. Estou a sul. Não gosto de subir para norte, quando esse norte não é Lisboa, ou Trás-os-Montes. Porque será que não me importo? Aonde é que eu pertenço, afinal? Porque será que existem tantas vidas em mim, vividas e por viver, que me perco da real, da que me faz rumar para cima e me encontro em becos sem saída, encruzilhadas, ladeiras e mares por onde nem sempre é fácil caminhar? Nem sempre está bem assinalado o destino? Ter tacto, é seguir em frente. Na direcção que o caminho leva. Então porque me detenho nas esquinas que nem sempre têm um banco onde possa descansar, recuperar, sonhar sonhos reais que me fazem feliz? Tantas perguntas sem resposta! A minha alma impaciente, espiritualmente crítica, diz-me que me deixe de tangas e viva como todos os outros. Na personagem. Ou sem ela. Que ande ao sabor das ondas, do tempo e do vento. Que assente os pés no chão e evite os tralhos. Que cumpra o calendário e finja. Muito. Não sei se tenho uma alma amiga, pois são conselhos que não daria a ninguém, mas hoje, inquieta e irrequietamente, são estes que tem para me oferecer. Pegar ou largar. Nem sempre a alma tem razão, até porque os sentires têm razões que se sentem com a mente e esta é complexa. Tenho uma amiga que me foi dizendo ao longo dos tempos que a minha inteligência joga sempre em meu desfavor, ou quase sempre. Hoje é domingo, estou a sul, onde tantas vezes queria estar, mais próxima do outro sul, e parece que estou aqui a criar um conflito entre mim e eu. Mas não. Convivem quase sempre pacificamente. As guerras? Só existem se houver duas forças. Neste caso, tenho uma alma guerreira mas dócil. E cansada de guerras. Já a mente...mas como não há fumo sem fogo...digo-vos, para terminar. O meu corpo ficava a banhos. A minha alma já lá vai...

desejo

foto tukayana.blogspot Porque hoje é domingo, porque logo mais à tarde vou embora, porque acordei com o mar enrolando na areia, feito espuma branca e com as gaivotas esvoaçando junto da varanda, porque estou viva, porque me apetece, porque vocês existem, por tudo e por nada, enfim...porque sim, aqui estou, desejando a todos um bom domingo. Beijos. Muitos. Todos...

a tasca...

foto tukayana.blogspot A tasca, que não é a da Ramalha, estava fechada. Se assim não fosse acho que tinha ido para os copos. Diz que têm caipirinhas. Bora lá...

P.L.

foto tukayana.blogspot" A ausência doi infinitamente mais do que a distância ! "


Tenho um amigo que diariamente me manda pensamentos. Gostei deste. Remete-me para pessoas que fizeram parte da minha vida e sairam dela assim num estalar de dedos que nunca mais lhes encontrei no caminho...Não sei se porque estou no algarve este ditado me assenta como uma luva pois que uma dessas pessoas apesar de ter nascido em angola e ter vivido em moçambique, vive(?) no algarve. Há encontros improváveis. Há ausências que doem infinitamente mais que a distância. E há pessoas que nos ficam permanentemente presentes na distância que a ausência cria. Enquanto houver sul e um albatroz voando rasante, eu sei que não te vou esquecer. As pessoas da minha vida duram para sempre e fazem-se presentes em mim apesar da ausência.

sábado, 25 de junho de 2011

a caminho de casa

Bom dia a todos. Acordei cedo. Da varanda vejo tudo o que me trouxe aqui. Vejo o mar e a praia onde tenho avermelhado e escurecido, esticada numa toalha de praia ou dentro das ondas pequeninas que o mar tem trazido até mim. A esplanada onde descanso a preguiça e bebo um descafeinado ou como uma pizza, sardinhas ou outro pitéu ( ando farta de comida ), a praça, as casas e as ruas por onde me perdi à noite. Agora no mais completo silêncio. Adivinho um dia difícil de calor ao que têm noticiado por aí.
Esta noite sonhei que viajava a caminho de Luanda. E que levava a Pitanga ao colo, o tempo todo. Inquieta-me pensar que só estou bem onde não estou. Pois se estou em gozo de uns dias de férias no sul, porque sonho eu com o outro sul?
Com a Pitanga, percebo. Estou preocupada com ela e com o calor que a minha casa tem, apesar do mano Zé me dizer que está tudo a correr sobre rodas. Bem sei que ao fotografar esta árvore, e as suas flores logo me lembrei da minha avenida. É que desde que nasci me lembro destas árvores e destas flores. Ainda lá estão. Parecem uns pincelinhos da barba. Durante anos sentia uma profunda saudade delas, do seu perfume. Depois descobri-as em Badajoz. Nesse dia até chorei. Há uns anos atrás em Torres Novas plantaram-nas. E agora vêm-se por todo o lado. Não sei o seu nome. Cada vez que pergunto aqui qualquer coisa, não obtenho resposta. Ou não sou lida, ou sabem o mesmo, ou menos que eu. Gostava de saber o nome destas árvores de jardim que me acompanham a vida e que me produzem uma doce sensação de nostalgia da minha terra. Da minha rua. Da minha infância. De mim. Terá sido por isso que hoje sonhei que ia a caminho de casa?

às vezes chegam cartas

foto tukayana.blogspot Diz que o carteiro toca sempre duas vezes. Diz...mas já não é verdade. Quando damos por ela já ele foi...e cartas nem vê-las. Quer dizer, vemos vemos, mas dessas não vale receber. Para pagar. Sempre a desembolsar. O que eu gostava mesmo era das outras cartas. Aquelas dos envelopes azuis, debroadas com umas barrinhas às cores ( da bandeira ). Ai como eu gostava de receber cartas! E escrevê-las também. Elas eram, ao avô Carvalho, à avó Clara, à tia Olívia, à madrinha Teresa, à minha prima Leonor, aos meus afilhados de guerra ( também recebia de volta aerogramas amarelos, lembram-se? Pois é! ), não sei se ria se chore com esta lembrança. Mas também as escrevia para namorar. Coisa totalmente platónica. Qual facebook qual carapuça. Nada que se compare a cartas escritas no papel, que demoravam uma semana ou mais, a chegar ao destino. Mas tão bonito e romântico que se continuo por esta trilha ainda acabo a cantar alguma musiqueta do cantor de charme ( para não lhe chamar pimba ) Roberto Carlos, o rei da bossa nova e de todo o resto. Por exemplo - Me aqueça neste inverno, e que tudo mais, vá para o inferno... Ou do outro, O Julio Iglésias, que ainda há pouco esteve aqui em portugal a cantar e encantar as mulheres com mais de 50 anos, e que nos bares da Ilha de Luanda continua a fazer furor, e cantarei com ele, que, às vezes chegam cartas com sabor amargo, com sabor a lágrimas... Bom, toda esta ladainha para mostrar que este marco do correio é giríssimo. Só no algarve, com cheirinho a árabe...

refresh

foto tukayana.blogspotParece um conto de fadas com carroça e tudo. Mas não é. Que já não há fadas. Só numas certas anedotas do menino joãozinho em que mistura principuscos com principuscas, com cavalhicos e com cavilhar nos cavalhicos. Mas isso são outras estórias...que apesar da hora tardia, deus que me livre de aqui contar a anedota desta figurinha, que tanto me fez rir a semana passada aquando da minha viagem para lisboa com a caçula. Não sei como ela fixa anedotas. Eu não sou capaz, mas esta ainda a tenho presente nos lábios que riem em gargalhadas. Mas não havendo nem fadas nem principuscos ( princípes ) recorremos às bruxas que é o que há mais por aí. Será que hoje as bruxas sairam à rua?
Não vi ninguém pendurado em vassouras. Só muita gente em trajes menores que é como quem diz, em biquini, cuequinha, calção. Andam por aí biquinis azul turquesa e de outras cores. Se são bruxas não o sei, algumas serão sereias. Vale mais acreditar nisso, para continuar no espírito da coisa. Para a estória e para refrescar as memórias fantasiosas de quem gosta de contos de fadas. Ou simplesmente para reinventar a história...

Lá vai ela com mezinhas e outras inhas

parece que sou bruxa...foto tukayana.blogspot

cantando e rindo

eu vi um sapo, um grande sapo...foto tukayana. blogspot

levante

foto tukayana.blogspot Este mar, hoje estava de estalo. Como que a dizer que não quer comparações com a costa, com troia, portinho da arrábida, sesimbra, ericeira, santa cruz ou mesmo o baleal. Como que a dizer-me que todos os dias oferece conchas, para que os " utentes " se sirvam à vontade. Como que a dizer-me que me precipitei. Ontem foi ontem e hoje, um novo dia. Se ontem estava escaldada, agora estou enfarruscada. O sol que não se fez rogado espantalhou o vento. A água estava, que estava, de boa. Hoje o dia valeu. Não posso com uma gata pelo rabo. Não quero falar de gatos, porque ocorre-me a Pitanguinha e fico para além de saudosa, cheia de remorsos por a ter deixado sozinha. É que dizem as más línguas que santarém vai chegar aos 40 graus. E quando santarém chega a esta brutidade do tempo, torres novas pôe-lhe em cima mais 1 ou 2 graus. A ver vamos. Por cá nada mais a declarar. Digo eu...

sexta-feira, 24 de junho de 2011

fotografando III

foto tukayana.blogspotNa liberdade do céu azul, voando sem destino aparente. Voando no prazer da vida. No alto do vôo, abrindo asas ao vento, queria eu ser mais livre que o pensamento...

em noite de alho porro

Está aqui uma mulher a olhar o mar e a terra também, cheia de movimento e música e subitamente olha a televisão. E o Porto, carago, passa a ter toda a sua atenção. Hoje é noite de S. João e o Porto é de facto uma nação. Pelo menos nesta noite, de sardinhas, mangericos e alhos porros ( porra, para os alhos porros e mais o seu cheiro e porradinhas na cabeça ). Assisti ao magnífico fogo de artifício e achei belo. Soberbo. E as músicas escolhidas, de cantores mais que conhecidos - Rui Veloso, GNR , Abrunhosa e outros, também...Uma festa linda. Gosto do Porto e de santos populares. Gosto do Douro. Gostei de ver o fogo de artifício. Esmeraram-se. Uns e outros, das duas margens. Daqui do sul só me apetece gritar - Vivó Porto, carago!

fotografando II







fotos tukayana.blogspot

Gaivotas em terra...

fotografando I




no relax... até demais

fotos tukayana.blogspot


É uma opção...boa, sobretudo se fica à distância de umas escadas. Apenas. E se está quase vazia. E se nos apetece esbracejar. E adormecer nas espreguiçadeiras. É. Uma gaja quando vai para velha tudo lhe acontece. Ele é escaldões. Ele é gelados do ano passado. Ele é roncar que nem se dá pelo mundo à volta onde cabem muitos hellos e sorrisos meio patetas de rostos pálidos mas com bom senso mais do que suficiente para não estarem com os ombros e peito corados de desleixo, e não de vergonha, como eu. Ora eu, estava tão bem, não sei o que me deu...

quinta-feira, 23 de junho de 2011

azul marinho/verde esmeralda

foto tukayana.blogspot O mar está lindo. Azul marinho e verde esmeralda. Apesar da temperatura ser obscena. Escandalosamente gelada.

re(gelando )




Na hora que o tempo fica em silêncio assistindo à mudança. A hora do ajuste de contas dos elementos. A hora em que me questiono. Se estar a sul é estar certa ou é só uma questão de distância e de clima. E afinal é como estar em qualquer ponto estratégico de espera, de observação e de espaço dentro de mim para sonhar um sol mais quente, um mar mais quente, um abraço mais quente. Um beijo mais quente. Um verdadeiro escaldão que eu não tenho muito juízo. Um termómetro para medir a temperatura e se tiver febre, tratar-me. Hospitais não, que não gosto. Só tenho uma relação quase tu cá tu lá, por força das circunstâncias, ao longo da vida e infelismente, com o santa maria, e esse está a muitos quilómetros. O presente é hoje, mais do que o futuro, apesar de almas românticas e poetas acharem que o futuro pode ser hoje ( não me parece ). E sendo assim, neste presente nada mais tenho a declarar. O algarve está como sempre. Albufeira também, desde a última vez, que foi em Abril do ano passado. Está um vento muito sacana. A água, um gelo. Acho que se uniram todos para me tramar, mas se querem saber, nem me importo. Nada já me incomoda tanto como a ignorância e a esperteza saloia e isso há por todo o lado. A gente dobra a esquina e esbarra em chicos espertos, mas isso são outros quinhentos. Sei que não estão a perceber nada, mas não se ralem. O algarve deve criar uma dupla personalidade em mim e eu fico disléxica. Juro que não estou a falar convosco. Mas para vocês. O que parece a mesma coisa, mas não é. Bem, Deus queira que tenham mais sorte que eu, com a água, se estiverem a banhos.

algarviando