sexta-feira, 28 de março de 2014

a nova Sé - Igreja de Jesus, na Cidade Alta - Luanda




é Luanda


Tempo meu


Longe vai o tempo cor de rosa. Bordado a linhas de seda, perfumado a alfazema.
A doce prosa...
Longe vai o tempo das tardes quentes. Cheirando a mar e a esperança.
A dias de bonança.
Longe vai o tempo ajustado à pele e à calma.
À alma...
E à vontade de permanecer.
Hoje, não sei de poemas de amor, nem rimas para rimar.
Não sei do meu coração nem da vontade de amar.
Não tenho sequer a mão que me indique a estrada.
Nem uma bússula mostrando, que não estou enganada.
Só sei queixumes de dor com baladas a acompanhar.
Longe vai a certeza de acreditar no futuro.
Nas acácias rubras, do caminho.
Que ficam para lá do meu muro.

A vermelharem-me o destino...
Longe vai o desejo de ser luz e sorrir.
À ideia de perto estar, do tempo que me quer florir.
Longe vai o tempo de ter tempo para viver.
Longe vai o tempo de o vencer...
m.c.s.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Igreja da Nazaré - Luanda


Igreja da Nazaré, dos meus sonhos de menina, onde queria entrar vestida de noiva...
Tarde piaste, maria clara, digo eu agora, a olhar a igreja velhinha, da avenida marginal, hoje sanduichada entre torres e mais torres da nova e moderna Luanda dos tempos que correm, no novo país.

Largo da Portugália - Luanda


Ai se este largo falasse...
Falava coisas de um passado que tem dias parece que é presente, tem outros que parece nunca existiu...

o meu liceu...em luanda



A chuvada em Luanda, ontem




quarta-feira, 26 de março de 2014

passeando rio Kuanza abaixo...














o Poeta


O verdadeiro poeta não é o que estica o dedo e acusa. Esse é arrogante e injusto. E rejeita a sua musa.
Nem é o dissimulado. Esse é mercenário, cego e doente. Vende-se, compra-se, engana. Finge tudo o que sente.
O verdadeiro poeta quando é duro nas palavras, fala da vida da gente. E da sua. Das pedras que nos são atiradas. Das rochas da sua terra. Do seu mar, da bravura, da dureza dos que escapam à manada.
E possui a timidez da humildade. Que casa com felicidade.
E mais do que vencer, o que lhe importa é aprender, com a poesia do universo, porque não é perverso.
Quando oiço dizer que o poeta é um fingidor, sorrio ao atrevimento. Sem fingimento.
Porque a alma do poeta é mais transparente que a água e que o cristal. E não rima senão com destino e sentimento.
O verdadeiro poeta não desdenha nem mente.
Não espalha a semente da maldade, nem difama um seu igual.
Porque um verdadeiro poeta não é mundano, nem normal. Passeia-se pelo tempo espiritual. Irreal...
Ri e chora, sofre, delira e ama como um louco, que não conhece qualquer mal.
O verdeiro poeta tem a liberdade na mão e os sonhos no coração. Não se deixa formatar. Não se deixa acorrentar....

( a propósito do dia da poesia )

terça-feira, 25 de março de 2014

certezas


- Aqui toda a gente te conhece...
Alguém me disse. Eu ouvi,
- Aqui toda a gente te conhece...
Não tinha ainda despertado do sonho da noite calma, que sabe a lar quando não estou só, mas intuía já ser um sonho como outros, sonhados em noites igualmente fáceis e calmas.
Sorrio sem supresa... aqui toda a gente te conhece...
Porque é verdade. Décadas de vida em terra pacata.
Onde a serra abraça o lugar, o rio atravessa a cidade, o castelo espreita a praça, os chorões dão sombra às rãs, os castanheiros começam a florir, a lua ilumina as estrelas, a calçada conhece os habitantes, as casas foram lares, a família espera por nós.
As pessoas olham, páram, perguntam, sorriem, beijam, recordam.
- Aqui toda a gente te conhece...
Acordei nessa certeza. Do sonho, só recordo alguém dizendo,
aqui toda a gente te conhece...
Décadas de vida presente, activa, interventiva, em terra pacata.
Um dia destes, marco encontro com o passado. E vou. Porque não sonhei, mas estou com saudades.

perfumando a inspiração


Queria falar de amores-perfeitos, a roxo e azul, tão singelos, verdadeiros,
esperança a semear e colher, amor perfeito viver,
queria falar da flor de laranjeira, imaculada, pura, doce futura laranja madura,
queria falar também de rosas, brancas, das memórias santas do coração,
e das amarelas, como sol de Maio à procura da constelação.
Mas mais que todas, queria falar de rosas vermelhas da paixão, que ainda não se extinguiu em mim.
O que eu queria era falar d' um imenso jardim,
onde cravos vermelhos de abril, insistam vitórias, lutas, glórias, pendurados na lapela em manifestação, de escolha e liberdade.
E queria no despertar da manhã lembrar-te flor trepadeira, jasmim do poeta, minha saudade,
germinando a cada poema, a dar cor, voz e verdade na minha história dileta.
Queria sorrir-te, florindo-me. E abraçar-te. E florir-te de inspiração.
Queria escolher cada pétala e plantar-lhe a palavra certa para a canção.
Porque queria cantar-te amores-perfeitos, flor de laranjeira, rosas e cravos e jasmins do poeta, até à exaustão.
E perfurmar-te até à próxima estação...

m.c.s.

alfamando-me

                                                               foto tukayana.blogspot
Disseram-me,
- ... e sobe a rua para o castelo picão e vai encontrar as roupas estendidas na cordas. Eles andaram a enfeitá-las para virem cá filmar no fim de semana. Como às outras dos chapéus.
Não sabia qual era a rua. Não a encontrei. Apesar de seguir as indicações.
Alfama é um labirinto, para os de fora. Tantas vezes que já lá fui e outras tantas me parece sempre a primeira vez. O que é bom porque a cada vez, penso na próxima, para assim perceber este bairro e circular nele de forma mais confiante e sabedora.
Cheguei à igreja que me fora indicada, a de S. Miguel. Ali perto da rua da Regueira. Que estava enfeitada com chapéus de chuva.
Tudo me parece perto mas ao mesmo tempo, tudo me parece estranho.
Inclusive os moradores, que habituados ao vai-e-vem dos turistas sabem bem quem é português. Falam entre eles, às portas das casas, das mercearias, dos bares e casas de fados com um ar perfeitamente dono do espaço. Chamam-se aos berros e ouvem-se à légua. Discutem e insultam-se com palavrões cabeludos. Analisam-nos dos pés à cabeça e ainda têm um dialeto com que se entendem quando forasteiros estão por perto. Tinham-me dito isso. Um amigo que ali morou e ainda mantêm muito contacto com o bairro. Julgava que isso era no tempo em que o bairro vivia dos barcos, do porto, da estiva. Dos negócios de rua. Mas comprovei, ( porque ouvi falarem diferente) que há ainda quem use essa linguagem, que mais não é que português, com um acrescento de letras que transforma cada palavra em algo desconhecido dessa realidade. São também simpáticos, quando solicitados a uma qualquer informação. Quer adultos, quer adolescentes.
No átrio da igreja de S. Miguel, nas escadas, sentados, estavam uns putos a conversar, claramente putos de bairro.
Conheço-os à légua. Fui miúda de bairro. Não de Alfama, mas da Vila Alice e sei como se trata tudo por tu, marcando terreno, numa posse orgulhosa de ser tudo nosso, para além até do que a vista alcança.
Parei em frente deles e perguntei. O mais velho dos quatro, ou seja, o maior, mais espigadote, não necessariamente mais velho, mal tinha aberto a boca já um reguila, tipo russo de má(u) pêlo, o manda calar, acompanhado d' um gesto de mão para não prosseguir,
- cala-te meu, eu digo à senhora. Moro lá. Diz-me com ar de polícia sinaleiro. Cheio de gestos.
- Vá para a direita. Suba as escadas, continua e já está na minha rua. Está toda cheia de roupa nas cordas.
Fiz o que me disse e enquanto subia as escadas, vejo o grupo de miúdos que cortara caminho dando a volta à igreja. O puto grita, é aqui mesmo.
E lá vão eles alfamarem-se para outro beco, outras escadinhas, outra intenção qualquer.
Eu, bem eu entrei na rua e fotografei..

ainda alfama a semana que passou, em festa






fotos tukayana.blogspot

segunda-feira, 24 de março de 2014

Alfama a semana passada







me confesso uma benfiquista elástica

Este é um momento emocionante para quem é benfiquista, vai ao estádio, ouve o hino do seu clube, e com quarenta e nove mil pessoas, ( hoje foi assim ) ergue-se da cadeira, estica o cachecol bem alto e canta.
Há uma energia maravilhosa que se sente no espaço do jogo, retângulo e toda a envolvência. E é lindo...
Nasci benfiquista. O meu pai, minha mãe, os meus tios, alguns amigos do meu pai eram benfiquistas. Todos gostavam de futebol até à dor. E a todos reconheci sempre uma grande capacidade para o sofrimento, defendendo as cores do seu clube até aos (des)limites do (ir)razoável.
Cresci assim. Se bem que tinha a meu lado um educador mais velho que pai e mãe, homem sensato, ponderado, corretíssimo e inteligente que não ia em futebois. O máximo para ele era uma simpatia pela Académica de Viseu porque nasceu nesse distrito; por arrastamento, da Académica de Coimbra ( lembrei-me tanto dele, hoje! desculpa avô Carvalho mas contra o Benfica eu não tinha escolha ) e sabe-se lá porquê, também simpatizava com o Belenenses. Ora uma pessoa assim, gosta do desporto duma maneira mais ampla e não de clubites. Não cai em cenas menos bonitas, discussões mesquinhas e inúteis, não arranja ódios de estimação, não sente pavor da segunda-feira e das bocas dos colegas do clube que está em competição directa com o seu, não faz taquicardia, nem lhe sobe a tensão, não gasta dinheiro em bilhetes, cachecois, viagens, bifanas, imperiais. Não diz asneiras ao árbitro e não é treinador de bancada. Não engole sapos quando a sua equipa perde porque não tem clube, não é do Benfica até debaixo d' água...
Ao longo da vida foi assim a minha sina. Gostar de futebol e acompanhar o sô Santos a tudo quanto era jogos de futebol, basquete e hoquei, sempre de olhos postos nos encarnados, aplaudindo ou chorando.
Em Torres Novas fiz-me sócia dos amarelos, ou seja, do Clube Desportivo de Torres Novas, tinha cadeira comprada e cativa no estádio de futebol e em determinada fase da minha vida todos os domingos ia ver os jogos dessa equipa, ora em casa, ora fora. Bem sei que as equipas, futebol, andebol, basquete e hoquei, nada tinham a ver com o Benfica, mas eram da terra onde eu vivia, da terra dos meus filhos.
Eu vivia naquela terra participando a todos os níveis da vida da terra. E via tudo o que me era dado ver, em todas as modalidades desportivas.
Casei com um sportinguista e não foi drama nenhum. Cada um respeitava o outro e os seus gostos, taras e manias. Ao estádio de Alvalade fui ver jogos do Sporting, muito antes de ver os jogos do Benfica na Luz. Nos anos em que o Sporting foi campeão, acompanhei o sportinguista lá de casa, indo para a rua comemorar com toda a sinceridade.
Quando o Benfica foi campeão há uns anos atrás, sei lá, talvez oito ou nove, dez, enfim, há mais de sete, o sportinguista acompanhou-me e à cria mais velha até ao Marquês de Pombal onde a família benfiquista comemorava assim o seu triunfo.
Houve porém uma fase da minha vida em que nem o Benfica ganhou nem eu. Foi portanto sempre a perder e eu desinteressei-me de actividades desportivas com carácter quase obrigatório. E de outras.
Como veem, já passei por várias fases, porém sem ser camaleão.
Portanto, esta tenho sido eu, a benfiquista que algumas vezes chega à dor com os insucessos do seu clube, outras se alegra até à emoção e muitas vezes se torna elástica porque o desporto está acima de clubes. E é lindo nas várias modalidades. E as pessoas valem muito mais a pena que as clubites e eu gosto demais de pessoas para me colocar de costas voltadas para elas por causa de um clube de futebol.
Mas, nos últimos tempos tenho sido desafiada a ir ao estádio. E o que de início me parecia um entretimento, uma festa de cor e som, de habilidade, aos poucos foi crescendo e tornando-se muito mais. Um momento alto da minha semana. Uma paixão ( de novo ) que tinha perdido quando deixei de ir com sô Santos.
Hoje, a caminho da Luz, dei comigo nervosa e preocupada. É preciso ganhar porque se o fizerem, serão campeões. Há o exemplo do ano passado em que o Benfica morreu na praia, várias praias. E quando o hino ecoou e se espalhou pelas almas dos benfiquistas eu senti também essa energia maravilhosa que se espalhou.. E quando os encarnados marcaram o primeiro, o segundo, o terceiro golo, eu pulei da cadeira, fiquei em pé e dei saltos como antigamente quando assistia a jogos.
E já estou a pensar no próximo jogo em casa.
Se sou uma boa adepta? Não sei o que é ser uma boa adepta mas sei que sou com certeza alguém que respeita o seu clube e todos os outros que com ele se confrontam. Porque a minha forma de estar, pode e deve ser elástica sobretudo quando tenho familiares e amigos de outros clubes, como o Sporting e o Porto. De mim ninguém disse, diz ou dirá, que recebeu um e-mail, um telefonema, uma publicação no facebook, rebaixando, humilhando o seu clube porque respeito é bonito e eu gosto e sei colocar-me no lugar do outro.
Se o Benfica vai ser campeão? Provavelmente. E se assim for, está a parecer-me que vou comemorar para o Marquês, não com o tal sportinguista mas poderá ser sozinha, com benfiquistas ou quem sabe com sportinguistas ou portistas que não tenham mau perder.
Se houver um azar, vários azares, como o ano passado, paciência. Não vou descontar no primeiro que me aparecer.
Como hoje ouvi um benfiquista dizer à saída do estádio, o que é preciso é ganhar um jogo de cada vez...

domingo, 23 de março de 2014

parabéns meu amorzinho


em tarde de sexta-feira

Já voltou a chuva. O frio. E o chapéu de chuva. E também as botas e a gabardine.
E o cheiro a papelão molhado. A capim e ratos mortos. Nas sarjetas.
Voltaram os contentores do lixo cheios e o pivete a um quarteirão de distância. Gritam socorro. Oiço-os, desesperados e desbarrigados de tanto plástico azul, branco e preto. Algum do pingo doce, lidl e até do forte, do Olival, aqui dos meus vizinhos, Marta, Fernando, Mário e Cristina. E Nela. A empregada. Uma equipa.
É dia de euromilhões e hoje há jackpot. Não o compro na papelaria aqui em frente porque levo um saco de lixo para o contentor e não me parece certo enfrentar uma fila com lixo nas mãos. Não é bonito. Nem saudável. Tenho cuidado. Gasto dois ou três sacos de supermercado, antes de o colocar dentro dos convencionais. Mas acumulo lixo nestes dias de greve e a fila do euromilhões não tem disso responsabilidade ou culpa.
Sigo adiante, Olival fora, pela rua de Angola. Há quem lhe chame a rua dos cafés. Realmente tem uma marisqueira e dois cafezitos com esplananda e tudo. E tem o movimento de carros e autocarros duma grande cidade, por ali passarem os que vão para outras localidades e vêm de Lisboa. Tem ainda uma pequena loja com caixotes de legumes e fruta, à porta. Já lá tenho comprado abóbora manteiga e courgetes, muito mais baratas, para levar à minha cria, quando tenho dinheiro na mão, porque estas lojas de indianos e paquistaneses não aderiram à modernidade e para eles é dinheiro na gaveta contra saco de compras na mão. Esta pertence a um indiano entradote na idade, digo eu, que o observo enquanto me faz o troco e mete as compras no saco. Desde a primeira vez que entrei na loja que este homem me sorri com a alma, a boca e os olhos malandrecos e doces. E ar bonacheirão. É um homem de estatura mediana, muito bonito, tez morena e cabelo branco. Responde-me olhando dentro dos meus olhos e tem gestos lentos e delicados. Lembra-me o avô Carvalho, quando está trajado à europeu. Cada vez que passo na rua, ele cumprimenta-me como se fôssemos velhos amigos. Desenha um sorriso no meu rosto sempre e hoje também, que se mantêm, ao passar em frente ao tasco que fica antes do viaduto, quando do interior d' um automóvel que passa,
- acorda ó vagabundo. Para um homem dormindo obscenamente sentado na esplanada. Conheço-o. É um homem pequenino, viscoso, que se o olho quando por ele passo, cumprimenta-me. O seu poiso é pela rua de Angola quase sempre. Se bem que já o vi na minha rua, à porta do supermercado. Não sei porquê, ou sei, faz lembrar um rato, acabado de sair duma qualquer sarjeta, com a chuva. Não gosto deste homenzinho cambuta que me sai ao caminho cada vez que saio à rua. Faço vista grossa quando me cruzo com ele porque algo me diz que devo fazê-lo. Homem pequenino, velhaco ou dançarino e não me consta que dance, apesar de o encontrar muitas vezes perto do teatro, junto ao viaduto, que atravesso.
- Acorda ó vagabundo! Bem visto...
Entro no pequeno café d'onde se avistam os prédios da quinta das lavadeiras. Ali, onde no meu regresso, vinda do centro de Lisboa no 36, já me sinto finalmente em casa, farta que venho do pára-arranca quase de uma hora. Ali, onde os taxis mudam o tarifário porque vão a sair da cidade e a entrar noutro concelho, neste caso o de Odivelas. Já aqui tenho entrado quando vou apertadinha, que até cruzo as pernas. Peço a chave e uma garrafa d' água e e fico com acesso ao quarto de banho. Descobri que são rápidos no atendimento e nunca há fila para o euromilhões. E quem sabe um dia qualquer destes, me dá sorte?!
São sete da tarde. Tenho tempo para chegar à baixa. O metro acaba de passar. Vejo-o cruzar-se com o que acabou de sair da estação de Odivelas. Não faz mal. O livro de crónicas, o último, do meu escritor favorito está na mochila. Vou reler mais uma das fantásticas crónicas deste homem, que tem sabedoria, poesia e alma de melhor escritor do mundo. Subo as escadas rolantes sem pressa. Já o fiz a correr. E ao cimo, o metro que já tinha as portas fechadas voltou a abrir-se para mim numa boa vontade do maquinista, que não foi a primeira vez, o que arranca sorrisos de troça à minha filha.
- Tens noção que não é o mesmo, não tens?
- Claro que tenho né? Como tenho a NOÇÃO que têm tempos para pararem nas estações. E no entanto já foram várias as vezes que a criatura esperou por mim, fosse um ou vários.
- E tens noção de que é por causa da tua idade, espero...( mais sorrisos de troça )
Nem respondo. Mãe é sempre muito velha para umas coisas e muito nova para outras. Sorrio agora à ideia.
Ainda não desfiz a personagem já o metro se aproxima a velocidade moderada. Entro para a última carruagem, que a esta hora vai quase vazia. Olho o relógio. Faltam 45 minutos para o meu compromisso. Chegarei mais que a tempo. Apesar da chuva ter voltado. Só que a faringite não volte...


sexta-feira, 21 de março de 2014

poesia

Cheira a mato e a liberdade
A infância na minha terra
À distância e com saudade
Penduro o sol no alto da serra

Oiço a cigarra cantar
Faz o ninho a andorinha
O albatroz me convida a dançar
Com pena de me ver sozinha
Não tenhas dó de mim
Nem percas o teu voar
Crescem flores no jardim
Que me hão-de enfeitar
E à noite, tu vais ver
No cimo do monte, o luar
A sua luz me oferecer
Para iluminada, sonhar
Traz-me também inspiração
Para o poema aparecer
E a cor viva da paixão
Para nela me perder
Cheira a mato e a liberdade
No dia que hoje nasceu
Sou alma que não tem idade
Num corpo que já floresceu.

m.c.s.

( porque hoje é dia mundial da poesia )
foto do google