quinta-feira, 30 de maio de 2013

desejo

Quero ir
Deixa-me ir
Em busca da minha força
Resgatar o que já amei
O tempo que me fugiu
A vida que desejei
O sonho que ruiu
Quero ir
Deixa-me ir
Ao sabor do tempo, voar
Subir ao sétimo céu
Na asa do sonho teu
Para voltar a sonhar
Para voltar a amar
Quero ir
Deixa-me ir
Ao canto do fim do mundo
É lá que posso saber
Caminho para achar
Um sentimento profundo
É lá que me quero perder 
E lá que me quero encontrar...

m.c.s.

terça-feira, 28 de maio de 2013

a curva...

foto tukayana.blogspot
A curva, uma delas, que a vida tem. E que o Ribatejo me faz dar...

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Ciclo Preparatório - A Volta ao Mundo com a Lena d'Água

o tempo em mim


Há um tempo para tudo. 
Olho-me e vejo-me em trânsito. Na viagem...
Há um tempo de descoberta. De amor.
Outro de ódio e de traição. Outro ainda de luto e resignação.
Mas há também um tempo de perdão...
Há depois um tempo de resgate. Da alma... 
Da vida perdida e da que há-de ser encontrada.
Há um tempo para acreditar...
Olho-me e vejo-me fielmente crente. 
Creio-me eternamente viajante do tempo...
Incrivelmente diferente. E preparada. Pacificamente mudada.
Verdadeiramente calma. Militantemente feliz.
Há um tempo para tudo.
Tudo me diz...
Estou nesse tempo!

m.c.s

Maio



Maio cor
Maio rubor
Olhar esperança
Ar de mudança
E calor
E bonança
No amor...
Maio corre
Brisa amena
Frio morre
Escreve a pena
Nasce o poema
Maio já
Cereja doce
Maracujá
Sente o sabor
Como se fosse
Som do tambor
Melodia...
A cantoria
Do beija-flor
Como se fosse 
Pura magia... 
Maio! Alegria!

m.c.s.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

eis a questão




Será que tenho mau perder?
Será? Acho que não. Já me importei mais. Já perdi mais. Já cheguei à conclusão de que quem nada tem, pouco ou nada vai perder. 
Mas há quem tenha muito. Ou pense que está com tudo. E aí deve ser difícil engolir esse sapo, se a sorte muda. 
Os sucessos são perigosos se a cabeça é fraca e a vaidade nos toma conta dos actos. 
Empunhar o sinal da vitória é curtido mas com conta, peso e medida. É que um dia é da caça outro do caçador e até no tarot, que nos vê o destino, os sucessos e insucessos, as perdas e ganhos, há uma carta, a da morte que significa mudança, renovação e o que hoje é, amanhã não será. 
Tenho p'ra mim que a perda também estimula. As lágrimas, os palavrões, as invejas. Mas pronto, há espiritos de luz. De sacrifício e capacidade de encaixe, graças a Deus. 
À força de nem sempre ganharmos e porque a vida é mais a perder, a gente habitua-se e leva na desportiva. Até tem uma frase que diz que ganhar ou perder tudo é desporto. Ah pois é! Mas vamos lá perguntar ao pessoal se não se importa de perder e a resposta é sempre, que nem a feijões...
Não sei como isso é, nunca joguei a feijões, só sei que o universo me diz que cada um vai tendo a sua dose e para melhor equilíbrio não podem ser sempre os mesmos a ganhar e a perder.
Mas às vezes a vida dribla-nos e vai buscar.
Outras aí vamos nós porque ah e coiso e tal e tal e coiso agora é que é, desta vez vai ser a sério, é p'ra ganhar e p'ra valer, está no papo e já ninguém nos pode parar e parece que oiço o Freddie Mercury cantar vitoriosamente you are a champion e vai daí só quando batemos com os burros na água é que percebemos que estávamos a sonhar, a viajar na maionese, pois então, e mais uma vez o sabor amargo da derrota deixa um gosto a raiva de estar tão perto e não chegar lá. Ao lugar da vitória, do ganho, do arrecadar e fazer 
contas de somar. 
Pergunto-me se tenho mau perder.
Só enquanto estou no jogo. Se vou para intervalo, esqueço. Desligo. Penso noutra possibilidade que me dará mais lucro. Me fará sorrir ou mover montanhas, ainda que nem com toda a sorte do mundo eu consiga o que ambiciono. 
Por isso afirmo que não tenho mau perder. O que eu não tenho é paciência para gente que mesmo depois de me matarem ainda vêm ver se estou bem morta mas se recusam a fazer-me o funeral.
Se tenho mau perder? Que ideia! Agora pensa! Ou então.... esquece...

quarta-feira, 15 de maio de 2013

sou benfiquista


A Família



Família é uma palavra e um sentimento. Um modo de vida. Mágicos. Entre os demais e sobretudo nos que nasceram sob o signo de Caranguejo.
Foi um Caranguejo, o pai da família que iniciou com a mãe, que me mostrou que essa palavra, esse sentimento esse modo de vida são a mola que move tudo. O equilíbrio.
E eu nunca esqueci.
Quando constituí a minha própria família, imitei de olhos fechados o grande pai, a grande mãe. E descurei um pouco a que já tinha. Inevitavelmente...
Quando a família se desmoronou, agarrei nos cacos e colei-os. Fui ajudada. Apoiada.
Pela família que o pai e a mãe criaram. Pela que eu criei.
Hoje somos todos uma única família.
Há famílias que precisam de se desintegrar para que compreendamos o sentido verdadeiro da palavra Família e a agarremos com unhas e dentes e corpo e alma. 
Obrigada Família de que faço parte desde que nasci. 
Obrigada aos que pari. Aos que chegaram de novo.
É um privilégio fazer parte do vosso, nosso, núcleo familiar. 
Um orgulho. Uma força. Uma certeza. E uma tranquilidade. 
É uma paz e um destino em que acredito.
É um final feliz.

m.c.s.

perdição


Fiquei presa ao teu olhar
À força da tua luz
Nessa cegueira me matei 
E me morri
Ressuscitei
E renasci
Na esperança que esse mar
Infinito fosse, para te amar
Para navegar
Presa que fiquei 
Nessa crença 
Nessa paixão 
Longa e densa
Nessa louca ilusão
Desde que te vi

Quanto tempo passou em vão
Quanta chuva 
Quanto verão
Quanto chão eu percorri...

Fiquei presa e me soltei
P'ra me voltar a prender
P'ra me voltar a render...na tua luz
E já não sei
Juro que já não sei
Sem esse olhar viver
Sem ti ficar
Sem ti me achar
E me perder...

m.c.s.

ignorantemente chocada


Perdoem a ignorância, mas os presidentes dos países, não são sujeitos a exames médicos, periodicamente? Pergunto eu, pois que se não são, deviam ser...
Valha-nos Nossa Senhora dos Aflitos!

m.c.s.

terça-feira, 14 de maio de 2013

observando

foto tukayana.blogspot
Se o meu horizonte se visse da minha janela, estaria pintada nela, o mar e o voo dos pássaros livres. A lua, o sol e as estrelas e o destino estaria a lê-las...
Digo eu enquanto leio o signo e olho o lugarejo através do vidro, não acreditando que hoje aconteça um milagre. 
Em segredo vos digo que já tive a minha quota parte, hoje. 

m.c.s.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

mágoa


Levei o dia olhando o espelho e espiando humildemente a minha mágoa.
Levei o dia magoada...
Mágoa tem cor da derrota e da impotência, da tempestade e da penumbra.
Tem prisão.
Tem rosto fechado, cansado, ruga na testa, esgar duvidoso. 
Tem olhar baço, ausência de vida, ausência de luz. 
Não há sol, só frio e chuva. Vazio. 
Lágrima gritando caminho, deslizando no destino para se findar num mar de lamentos.
Mágoa tem boca tremendo, promessa de beijo que o tempo levou, canção que perdi no fim da estação. 
Tem silêncio de palavra que não usei e ideia que não verbalizei. 
Mágoa tem cheiro da tristeza e da decepção. Falta o perfume embalando-me o coração. 
Tem falta de música e de onda cantando. De palmas batendo e brisa soprando.
Mágoa tem falta de histórias de encantar escutadas na noite, nos sonhos de alcançar. E convite para jantar. 
Tem falta de abraço e toque da mão, piano e emoção.
Mágoa tem dias sem cor e sem volta. Sem perdoar . Com muita revolta.
Com perda, com dor...
Levei o dia olhando o espelho e espiando humildemente a minha mágoa.
Sozinha...magoada.
Levei o dia, levando...

quinta-feira, 9 de maio de 2013

saudade


Trago-te as rosas brancas
Que o teu pai cuidou
E cativas me ficaram na memória
Trago-te as camélias da tua história
As flores da mocidade
Que o tempo não apagou
Trago-te a minha saudade...
E colho flores do campo
E acácias da minha cidade
Com que enfeito o manto
Que te envolve de luz 
Na tua eternidade
E oro a Deus, força do Bem
Minha mãe
Que partiste neste dia
Mas vives dentro de mim
Num amor que não tem fim
Fonte da minha alegria
Trago-te a minha verdade
Trago-te a minha saudade...

m.c.s.

coisas de Gente...ou não




Há gente, mais gente que outra gente, na vida da gente.
Digo eu, que sou filha e neta de duas pessoas que fizeram de mim gente que gosta de gente de verdade e que em anos diferentes mas no mês de Maio e dia de hoje, partiram dum mundo de gente que os amava tanto! 
Num amor que não é para muita gente. 
Como não é, coisa da gente deste mundo e que faz arrepiar, as " coincidências " a que sou sujeita desde que sou gente. E como não acredito nelas, as coincidências, considero que fui brindada de uma sensibilidade genética que me permite perceber as gentes e as vidas das gentes da minha família e das gentes que amo. E juntar peças de um puzzle desta vida de gente. 
Gostava de perceber as " coincidências " desta vida de gente, da minha família, amores e amigos e que me atingem quer para bem quer para mal. 
Um dia, quem sabe, serei gente grande e poderei então perceber tudo o que o universo tem posto na minha vida e na vida desta gente que me rodeou, rodeia, amou e ama e assim afirmar com toda a certeza do mundo que não há coincidências.
Uma coisa sei e saberei sempre, é que há gente, mais gente que outra gente na vida da gente.
Salve o dia 9 de Maio e a minha gente, espíritos de luz ( mãe Celeste e seu pai, avô Carvalho ). Deus os abençoe para todo o sempre. 

terça-feira, 7 de maio de 2013

ápice



Um segundo...
Não mais que um segundo me pertenceu
Fui brilho do olhar
Luz incandescente
Calema 
Alto mar
Rio precipitando a corrente
Fui poeta à volta do tema
Alma grande e inquieta
Poema
Altar
Prece saindo do terço
Fui mais de mim e do avesso
E quis amar...
Fui esgar sorridente
Gargalhada sonora
Coração saltando fora
Tremente...
Fui silêncio
Inquietação
Caixa de pandora
Um segundo...
Não mais que um segundo me pertenceu
Parou o mundo
E fui palavra soletrada
Balada tocada
Cativa em algo meu
Guardada
Sonhada
Num tempo que o amor teceu
E fui um instante irreal
Maravilhoso
Crucial
Fui um tudo e quase nada
Um ápice...
Um momento de felicidade
E fui um segundo
Não mais que um segundo
Quase, quase tão longo como a eternidade.
m.c.s.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

domingo, 5 de maio de 2013

a Mãe


obrigada


Ser mãe é o maior sentir.
A entrega, a alegria, o orgulho, a dádiva.
O instinto e o amor maiores.
A maior bênção.
A maior razão...
Ser mãe é mais forte, mais sério e mais bonito do que tudo o que sonhei.
Ser mãe é a oportunidade de me amar melhor e mais altruistamente.
Ser mãe é o meu estado de graça.
Obrigada Ângela e David. Vocês são os filhos que me tornaram melhor ser. A Mãe...
Amo-vos, para além do que é possível saber amar, simplesmente...

m.c.s.

mãe



Mãe, eu sou a tua consequência, tu és a minha causa.
Tu não partiste de mim porque moras na minha mortalidade. Sempre...
Obrigada.


m.c.s.

domingo...dia de Mãe


Subo as escadas. O cheiro da comida da vizinha do primeiro andar espalha-se. 
Deixa-me adivinhar o que é. Hum, o cheiro que se espalha é forte. A carne. 
A guisar ou a estufar. Ou será que é caldeirada? 
Cheira à comida da mãe. Da minha mãe. 
Decerto a vizinha aprendeu com a mãe dela. Que não é a minha.
Será que a comida de mãe é toda igual? Talvez. Dizem agora que é a comida caseira. Na moda. Eu digo que nunca sairá de moda. Sabe bem. Muito bem. A saudade. A beijos e abraços. Palavras doces e embaladas na colher da sobremesa e na limonada de limas, açúcar e gelo. E na fatia de mamão com sumo de limão. Sabe a colo...
Há um sabor, um cheiro a comida de mãe, nas minhas memórias. Será que o olfacto das minhas crias tem de memória a comida de mãe? Decerto tem. Acho, todos os filhos têm. A momentos à volta da mesa. A conversas. Palavras ditas a rir. A mimo. A crescimento. A momentos à volta do amor...
Tudo isso e contos de outros tempos, a minha mesa tem. De aldeia. E de mato também. Do tempo em que a minha rua se chamava de Saber Andar e a luz parava nas bombas da Mobil e dali não passava. E o asfalto parava com ela. A fronteira que dividia a cidade do asfalto, da cidade velha de terra batida, mulembas, eucaliptos e perigos. Homem do saco...
Há um cheiro que sobe as escadas comigo. Solta-se do meu passado. Pede que não o deixe para trás, em memória dos velhos tempos. Duma mesa farta. De afectos fartos. De domingo farto. De domingo...
E entranha-se no meu hoje solitário.
Dou à chave e entro. Olho tudo com olhos de passado. Venho de braço dado com a saudade. 
A comida de mãe nunca me abandonou. Aprendi com ela. A guisar, a estufar. Aprendi a fazer caldeirada. De cabrito. 
Aqui no presente que é passado há pouco, fiz de tudo. Aqui aprendi o que não sabia. Aqui transformei as saudades em fé e os domingos que vivi, noutros. Quase tão bons como aqueles. Quer dizer, tentei. Se o consegui?! Não sei. 
Há uma diferença grande entre os ovos estrelados em azeite pela mãe e aqueles que eu compro no supermercado e desconseguem ter o ritual da galinha a cacarejar no galinheiro ou no meio dos sacos de carvão para a venda.
Há uma grande diferença entre o cabrito que ia comprar com o pai ao mercado de S. Paulo e aquele que compro no talho do supermercado.
Há uma grande diferença entre o domingo de então, cheio de cheiros e de cores, um dicionário de palavras que dançavam nos meus ouvidos pareciam querer fazer poesia, 
pareciam brincar às rimas que o pai gostava de cantar à desgarrada nas noites de domingo. 
Há uma grande diferença entre o futuro sorrindo e prometendo e o de hoje que tem os dias subtraídos e contados.
Há uma grande diferença...
O lugar da mãe na mesa, ficou vazio. E se fosse só esse!...
O tacho grande para a caldeirada foi para o lixo. O jarro da limonada partiu.. O mamoeiro secou. 
Só as mangueiras do quintal que ao domingo espalhavam a sombra sobre o jardim das rosas do avô e sobre o tanque de peixinhos vermelhos, ainda estão lá. Que eu sei. Eu vi. 
Transportei essa visão comigo. Através dos tempos e dos lugares. Trouxe-a apertada contra o peito porque na verdade quero voltar ao domingo, dia de mãe. E de caldeirada de cabrito. E de cores e cheiros e beijos e abraços. E olhares de admiração, momentos de ternura e gratidão.
Cheirou-me a comida de mãe...e a tempo meu e dela também. Hoje...
Que se assinalem os domingos e vivam as mães...

quarta-feira, 1 de maio de 2013

1977 - Torres Novas


No tempo do SG Gigante - 1977


1976


1976



numa parede de Lisboa


e eu...eu sou!




" Quem é esta virgem morena? Quem é esta virgem que parece que ginga?
Esta virgem é a mamã Muxima. Que vem de África. "
Ouvi isto, na voz e na imagem do canal angolano que chega ao meu aconchego a que chamam lar, nesta manhã quente e bonita de Abril.
E simplesmente me arrepiei.
Os olhos, esses marejaram. E o meu coração sentiu mais forte Angola. Desenhou o mapa. Sem limites. E passou a kimbundo, que mora em mim. A muxima. 
Tocaram sinos na minha pele. O sorriso se ampliou e a fé se envaideceu.
Tocou-me a angolanidade espalhada pelo mundo. 
Hoje, domingo, dia de paz e descanso, tocou-me a minha verdade das coisas.
Ser angolana não é um acidente de percurso na vida dos meus progenitores. 
Nem uma coincidência feliz. Nem um acaso do destino. Nem um calhas. 
Ser angolana é ter a certeza de que amo essa condição para além do que não sei, não imagino, nem consigo sonhar. 
Para lá do universo e das eternidades em que a minha alma se renovará.
Para lá da consequência e da causa. 
Ser angolana é coisa de muxima. Não faz. 
Ser angolana é. E eu...eu sou.

m.c.s.

José Afonso - "Maio maduro Maio" do disco "Cantigas do Maio"* (1971)