Cocós ou Garnizés

Há pessoas que têm uma boca santa.
Nunca um palavrão lhes sai de dentro. E se escapa, só escapa porque à força de ouvirem a outros, ficam influenciadas. O caso duma criatura minha amiga, que muito de vez em quando diz, p.q.o.p, um pouco porque eu andei muito zangada, há uns tempos atrás e vingava-me numa vingançazita de trazer por casa e não algo de facto consistente, honesto e oportuno. E repetia assim a asneirola sempre que tinha oportunidade.
Por isso tanto o cântaro foi à fonte que a minha amiga foi também e perdeu a asa e aí vai disto...passou a saltar-lhe o pé para o chinelo e a disparar, com uma boca muito cheia e com um prazer infantil de quem está a transgredir e gosta, um p.q.o.p. que dá gosto ouvir...
Mas, enganando a asneira, gosta de chamar às pessoas que são pouca coisa, Cocós. E tem uma lista que ambas conhecemos, onde encaixa algumas pessoas de diversos galinheiros.
É que cocós são uns bichinhos com asas que nunca chegarão a galinhas, de mato, do campo ou de capoeira.
No Porto chamam garnizés aos cocós e volta a fazer sentido.
Lembro-me de ouvir dizer: Oh p'ra ele, parece um garnizé. A propósito de alguém muito poucochinho querendo armar-se em galinhola...
E para que servem os cocós ou garnizés?
Acho que para fazer pouco mais do que nojo.
Bicam tudo o que apanham a jeito e pôem uns ovos muito pequeninos. Ah, parece que a canja é melhor do que a de galinha. Mas eu, que até nem gosto de canja e só me lembro da de borracho, de um tempo já tão distante, que lhe perdi o sabor há muito...dispenso.
Tenho uma colega a quem deram uns cocós e ela não sabe o que fazer com eles.
Eu também não saberia, porque não prestam para nada e a minha amiga passaria o resto da vida a azocrinar-me a cabeça por ter permitido na minha vida...cocós.
Não sei porque me lembrei disto, talvez porque a minha colega oferecia-os a quem os quisesse.
A mim, não, que não gosto de Cocós...