quinta-feira, 18 de março de 2010

As conversas são...


Vi os trabalhadores da Câmara Municipal, a podarem as árvores da avenida por onde passei.
Exaltei. É a Primavera à vista! É vida! A folha que vai rebentar...
São os casacos para dentro do armário, o pé livre de botas, as noites mais pequenas e quentes...
Reportei-me de imediato a um tempo e um lugar muito meus...
O tempo de Luanda pequena e eu menina, observando os homens podando as árvores da avenida, à catanada. É isso mesmo. Os homens podavam e cortavam os ramos mais grossos, com catanas.
E os pensamentos, são como as conversas, que por sua vez, são como as cerejas e por isso veio-me à memória, uma professora de francês, acabadinha de chegar a Luanda, e que usava bata branca, como nós, estudantes, mas que tinha uma colecção fantástica de sapatos e malas a fazer pandã e que por sua causa, acho, fiquei a ter a paranóia do calçado e das malas.
Pois a stora de francês, chegara a Luanda para leccionar. Esposa de um militar de carreira, a fazer uma " comissão " em Angola.
Então, um belo dia contou-nos que acabadinha de chegar a Luanda, julgara que o " terrorismo " chegara à cidade e à sua rua, quando viu pela primeira vez os homens da Câmara Municipal a podarem as árvores à catanada. Não tendo visto bem o que andavam a fazer, apenas as catanas nas suas mãos, entrou em transe tal o pavor de " pretos " e de catanas...
Ao que os pensamentos nos levam. E de facto as conversas são como as cerejas, e cerejas faz-me lembrar o Fundão, e esta terra lembra-me o espetáculo do meu filho em Novembro e os fins de semana na aldeia ...
Só que venham as cerejas, já é bom. Aliás é óptimo. Eu sou por cerejas o que o macaco é por bananas, por isso...já aí estão?

2 comentários:

Anónimo disse...

amiga kem era essa? não me lembro disso, claro, kem tem memória de elefante és tu...

Maria Clara disse...

Não me lembro do nome dela, mas acho que nesse ano tu andavas na turma I e eu na H. Mas ela era uma mulher grnade e possante, de cabelo muito curto e todos os dias mudava de sapatos e carteira. E usava bata como nós.Acho que foi no ano da " paparoca " e da " zigurate ".