quarta-feira, 24 de março de 2010

Noite diferente

Porque hoje é 4ª feira, fui caçular...ou melhor, fui tascar com a caçula.
E já regressei.
O papo foi bom.
Sem combinar, sem querer, sem ser por mal, fizemos ambas, algo que não se faz, nunca.
Ouvir a conversa da mesa por detrás de mim.
Eu sei que é feio. Mas fazer o quê? A conversa da mesa vizinha era muito interessante. Dois homens e duas mulheres. Daquela gente que não aparece muito por aqui. Não eram de cá, pelo que percebi. Muito pouco de actores sociais. Na deles, nitidamente.
Acho que nunca o disse neste espaço, mas vou dizê-lo agora. O que me atrai nas pessoas não é o aspecto físico. Nunca foi.
Há algo que me atrai muito. A voz.
A dicção. A colocação da voz. O tom. As palavras...os temas. A gargalhada.
Hoje, por detrás de mim, havia gente que me atraiu.
Falava-se bem, vozes bonitas, pausadas, os ditongos pronunciados.
O tema, muito interessante. Sobre as energias. Sobre religião, o sobrenatural, o divino.
Sem preconceitos. Sem constrangimentos. Das relações interpessoais. Da condição feminina e masculina.
Tive vontade de intervir. Mas não.
O sucesso do nosso jantar, meu e da minha irmã caçula, dependeu muito destas pessoas.
Ambas pensámos o mesmo.
É um prazer, é uma dádiva, ouvirmos pessoas esclarecidas, inteligentes, descontraídas, conversarem simplesmente.
Hoje precisava de uma noite assim. Que me dissesse que não remo contra a maré.
Que algures, há gente que pensa como eu sobre isto, esta coisa que é a vida. E que pôe as mesmas questões e tem as mesmas angústias e inquietações, e espera como eu...
O Alfredo, o empregado, filho da Lurdes, a angolana que viveu na minha avenida, em Luanda e que conheço desde sempre, depois de me ter servido carapaus de escabeche, com batatas e miga, trouxe-me, uma travessa com petingas, que estavam uma delícia.
À saída contou-me que a noite passada, quando chegou a casa, a Lourdes estava deitada no sofá e ele deitou-se ao lado dela. Falaram da vida dele. Das miúdas. Miúdas e mais miúdas a darem-lhe cabo da cabeça. E a mãe Lourdes, disse-lhe que era o diabo. Ele, inquiriu-a: O diabo, mãe?
Sim, Alfredo, o diabo. O diabo anda de saias...
A sala de refeições rejubilou. A mesa por detrás de mim continuou animadamente.
E foi assim que terminou o nosso jantar. Diferente. Divertido.

1 comentário:

Anónimo disse...

e por falar em ditongos imagina kem eu transportei ontem para o Rio?????? nem mais nem menos k a
nossa professora de portugues, IRENE GUERRA MARQUES....
ficou radiante qdo a interpelei chamando STORA, levantou a cabeça e arregalou akeles olhos k já não são pekenos.....
foi 1 papo maravilhoso, de recordações, fikei satisfeita pk me disse k a AIDA FREUDENTHAL vive em lisboa, continuam amigas e procuram-se....
viajava em serviço, ainda trabalha, funciona no ministério da educação e dá aulas na faculdade...bem escusado será dizer o k comentámos sobre o portugues actual e o nivel dos estudantes....
tava satisfeitissima por me ter encontrado(já é a 2a vez), e vaidosa pk os discursos estavam muito bons.....regressamos ao passado, as tantas ja me via na cerca, na capela, na cantina...
quase no fim disse-me: 'continuas na mesma, alegre, solta e gesticulando muito......a tua filha é como tu?????'
imagina k ao fim de 40 anos ela lembrava-se destes pormenores ...qdo voltares vamos la a casa dela, vai ficar radiante, ker k eu conheça as filhas, ficou viuva ha 4 anos, e k promova 1 encontro com algumas ex alunas do liceu....muito orgulhosa pk uma é a actual ministra do planeamento e 2 advogadas muito conceituadas....ah tambem me falou na ANA MARIA GRANDE, veem-se qdo ela vai a Portugal