domingo, 13 de dezembro de 2009

A minha viagem

Vou ser a viajante de novo.
Amanha.
Nao quero pensar nisso. Que me vou embora...
Hah certezas que tenho hoje, que nao fora ter vindo este ano, sentir, e seriam grandes suspeitas, mas nao, certezas.
Hoje, tenho a certeza absoluta que este eh o meu lugar e que preciso de estar aqui.
Ser como aqueles que sabem desta verdade mas vivem cah.
Poder dizer: " Estou cansada disto. Falas assim porque nao vives cah ".
Isto eh o discurso de quem olha a cidade e nao contempla. Ela estah ca, todos os dias. Nao foge. " Levam com ela ".
Eu queria poder estar cah e nao precisar de contemplar. Eu queria permanecer, ficar...
Da minha janela contemplo a minha cidade. Vejo a terra e o mar.E a Ilha. E o Mussulo.
E os predios que se erguem. E os velhinhos. As casas baixas, do tempo colonial.
Olho o ceu, carregado, porque esteve quase sempre cheio de nuvens brancas e cinzentas, ameacando chover num temporal de me aliviar a pressao que eh, ter os dias contados para ser feliz aqui.
Hoje eh domingo e a cidade estah calma. Como que a dizer-me que tambem sabe ser serena e apaziguadora dos espiritos inquietos como o meu.
Olho a cidade, com os olhos da contemplacao e sentindo antecipadamente a saudade.
Foi uma bencao estar ca e participar.
Foi um privilegio viver tudo o que vivi.
Eh uma alegria perceber que nao sou um numero, mesmo.
E que a minha vida paralelamente ou encontando-se com pessoas que aqui ficaram, quando iniciei a minha viagem, a outra vida que tenho vivido, nao foi vivida em vao.
E que as memorias sao um bem precioso, para que nos sintamos ricos, importantes, amados.
O que Deus me deu,quando pensei que me estava tirando, foi tao maior que eu, apesar de estar ja a sofrer de saudade, de dor de ir embora, sinto que ele me tem abencoado.
Mimado, protegido e dado a possibilidade de nao ser um ser em crescimento apenas.
Ele deu-me a possibilidade de SENTIR que cresco com amor.
Vou partir com o coracao cheio. Levo na bagagem tudo o que preciso para ser melhor.
Levo as memorias, os amigos, o povo, o passado e o presente.
Levo Luanda e o seu mar, a terra, o luar...
Levo um pais inteiro.
Levo Africa...

1 comentário:

maria disse...

Clarita, é lamentável que tenhamos que admitir o que tu admitiste e bem. Há com cada borjesso! Felismente que nem todos os trabalhadores da construção civil são como descreveste estes. Pensa uma coisa, as pessoas em grupo tbm se manifestam com outras atitudes. Tiveste azar. Mas deste a volta é o que importa e tiveste uma boa aterragem, não foi bom? Já cá estás vivinha da silva.