sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Assistente de Bordo

Quando andava no Liceu, era costume perguntar-se o que queríamos ser quando fôssemos grandes.
Muitas de nós nem sabíamos. Mas havia algumas que queriam ser hospedeiras.
Achei sempre arriscado andar pelos ares fora. Eu nunca disse que gostaria de o ser.
Se calhar fiz mal, porque o Universo está aí a apanhar tudo o que se diz e podia ter acontecido eu ser mesmo hospedeira.Hoje teria uma bela vida.
Havia um certo fascínio por esta profissão. Imaginávamos mulheres elegantíssimas, sofisticadas, belíssimas, viajando por todo o mundo...quem, que mulher não gostaria de se sentir assim, maravilhosa e com uma vida igualmente maravilhosa?!
Tive colegas de liceu que aspiravam ser um dia as mais belas hospedeiras dos ares e conseguiram-no.
A TAAG tem várias profissionais que foram minhas colegas de liceu e são amigas ainda hoje.
A Susete é uma delas. E nesta viagem de regresso vi-a desempenhar as funções.
Quando ando de avião, observo sempre estas profissionais. Acho-as muito seguras, muito à vontade, como se pisassem chão firme e invejo-as. Porque tenho algum medo de andar de avião.Cada vez menos, mas...
Quando uma colega dela anunciou a descida, a Susete estava ao pé de mim, sorrindo docemente. Viera entregar-me o saco dos doces de coco que passara, mas que eram meus.
E como tinha que ir para o seu posto despedira-se dizendo-me " TEM UMA BOA ATERRAGEM ".
E foi aí que eu pensei bem nesta coisa de se ser assistente de bordo, do medo, do risco, da vida das minhas amigas.
Um dia, o médico do meu filho, que o ia operar disse-me: É uma operação vulgar, simples mas tem risco como todas as operações. E isso bastou para que eu me sentisse inquieta, assustada.
Perante este voto formulado pela assistente de bordo do meu voo, minha amiga, Susete, eu pensei que de facto por vezes se tem uma má aterragem. Por vezes nem sequer se aterra. E senti o medo percorrer-me a espinha. Um frio, uma coisa gelar-me por dentro.
Lembrei-me do acidente do avião que ia do Brasil para França, dos e-mails que foram enviados após o acidente e que diziam que havia profecias no sentido de cair um avião em África no mês de Dezembro, este mês, portanto.
Foi uma coisa de segundos, apenas. Eu também retribuira à Susete os mesmos votos. Ela sorrira para mim. Foi a esse sorriso que me agarrei.
Ela tem muitas horas de voo. Não seria aquele voo que acabaria de forma diferente.
Entregar na mão de Deus é fantástico. Demite-nos da responsabilidade e confiamos mais.
E eu mais uma vez confiei e não me defraudei.
Tive uma boa aterragem no aeroporto de Lisboa tal como a Susete.E os portugueses a caminho de casa e do Natal, também.
Mas que é um risco, esta profissão, é, e elas sabem disso muito bem.

2 comentários:

maria disse...

Sabes que quando estudante, tbm era esse o meu sonho? Afinal, fiquei para aqui como funcionária pública e muito bom, nos tempos que correm.
Sabias que Madame Rochas era o perfume das hospedeiras da TAP do nosso tempo? Li no Sanzala.
Pelo que percebi num post, tu usavas à época esse perfume. Já eras mto à frente rapariga!

Anónimo disse...

QUEREM LA VER QUE ERA MESMO O 'TAL' PERFUME DAS HOSPEDEIRAS?????
TAMBEM EU O USEI!!!!!!!
HOJE PREFIRO O 'NOA' MUITO MAIS SUAVE...EH O DNE....
AMIGA O PERIGO EH PERMANENTE, MAS NEM PENSAMOS NISSO, SO QUANDO SURGEM SITUACOES MAIS CRITICAS, MAS PODES TER A CERTEZA QUE VAI SER MUITO MAS MUITOOOOOOOOO DIFICIL
DEIXAR ESTA VIDA, HOJE TENHO A CERTEZA QUE NAO SERIA MAIS FELIZ COM QUALQUER OUTRA PROFISSAO, EH LA EM CIMA QUE ME SINTO BEM, EH ESSA VIDA SEM ROTINA QUE ME FASCINA, A POSSIBILIDADE DE ESTAR AQUI HOJE E AMANHA SABER QUE PODEMOS ESTAR JUNTAS EM LISBOA, CONTINUO APAIXONADA PELA MINHA PROFISSAO TAL COMO HA 30 ANOS....A REFORMA ESTA A CHEGAR E A UNICA CERTEZA QUE TENHO EH QUE-----VOU TER QUE VIAJAR SEJA LA PARA ONDE FOR DE 3 EM 3 MESES PORQUE A IDEIA DE PERMANECER MUITO TEMPO NO MESMO LUGAR ''APAVORA-ME''''