quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Bom Natal, Amiga!

Estava a ler mails, agora.
Acordei há pouco. Se não mandar os mails que preciso mandar, as pessoas de quem eu gosto e que não estão comigo, e perto de mim, não receberão votos de Boas Festas.
Jamais me perdoaria. Alguma coisa o Universo apanhará.
Tocou o telefone. Não pensei em ninguém em especial. Podia ser qualquer pessoa.
Li - MILÚ -
Pois. Como acham que estou neste momento?
Eu estou aqui, nesta cidade onde os meus filhos nasceram, onde vivo há 34 anos, onde está a minha irmã, o meu irmão, os meus cunhados, os meus sobrinhos, amigos e muitos muitos conhecidos...
A terra onde sempre passo o Natal.
No início, quando comprei a casa perto da capital, ainda me perguntaram se passaria a fazer ali o Natal.
Mas, não. É aqui que está a minha família.
O lar é este, mesmo que abandonado. Por mim, todos os fins de semana e mesmo que sem os filhos.
A Milú...
Precisava deste telefonema para ...ela foi a gota. Essa gota de água que vou tendo quando preciso abrir a torneira.
Amiga, então?
Unh...como é, estás boa Maria?
Sim, digo eu, muito duvidosa.
Que é que tens? Tás bem?
Ouvia-a cumprimentar, agradecer, muito movimento, perto dela e fez-se luz.
A esta hora, já me tem ligado. Quando vai no autocarro, para o avião, ou nas escadas do mesmo, ou no seu interior.
Não sabia se a pergunta era para mim.
Repetiu e eu perguntei se era comigo.
Sim, como é que estás? Estás estranha...
Como queres que esteja? E a torneira abriu-se feio.
Tem calma querida, disse-me ela com a sua voz terna, protectora, que eu conheço há tantos anos.
Chegou ontem, foi ver a Mimi que felismente já está em casa. Esteve perto da minha.
Claro que eu não estou lá desde domingo.
Disse-me que estava no avião.
Sim, vou agora para Luanda.
Jesus!Que hoje vais nascer...
Imaginei-me. É tão recente, que tenho cada pormenor, cada minuto, cada gesto, cada membro da tripulação, cada cheiro...vejo-me subindo as escadas, como a minha amiga.
E lembro-me que toda a gente, vendo-me em Luanda em Dezembro achava normal passar ali o Natal.
E hoje, há pouco, desejei, viajar com a Milú para Luanda.
Passar o Natal na minha terra, em Paz. Com alegria e humor. Com saúde, com calor.
De chinelos e alsinhas.
No meu meio ambiente.
A Milú chamou-me querida, como sempre faz, adoçou a voz e desejou-me um Bom Natal.
Sobre o Natal já conversámos muito. Ambas sabemos o que se sente quando há perdas.
Ambas sabemos que o Natal é lindo e custa muito e tem anos que não apetece.
Que o deviamos saltar para 1 de Janeiro.
Hoje, ambas estamos já na fase da lágrima, das recordações. Ela é mais dura que eu. Finge melhor.E vai trabalhar. E chegará ás 18,30 horas ao seu Natal. Com a família. Com a sua filhota que partiu para Luanda há poucos dias.
Desejei-lhe, primeiro, uma boa viagem. Lembrei-me da Susete e apeteceu-me desejar-lhe uma boa aterragem. Mas não. A Milú vai ter uma boa viagem, uma boa aterragem e um bom Natal. E umas Festas Felizes e tudo de bom, porque merece muito.
Depois desejei-lhe uma boa noite. Se os meus desejos e pedidos forem importantes, e depender deles a felicidade da minha amiga, ela já é uma pessoa muito, muito feliz há muito tempo.
O espírito de Natal está em mim diariamente. Com os meus amigos.É pouco, bem sei, mas pratico para que o rol seja alargado, a muita gente, a toda a gente.
Pratico, umas vezes com o coração cheio de amor e boa vontade, outras vezes sem dar sequer por isso. Mas há seres que ainda não estão preparados para esse espírito de Natal.
Tenho fé que um dia o mundo será melhor. Já é melhor que ontem. Há mais Verdade.
Os sentimentos expôem-se sem inibições e as pessoas têm uma linguagem mais altruísta e calorosa. Têm gestos de condescendência e compaixão.
Ainda somos muito papagaios. Repetimos intenções sem pensarmos no peso dessas intençoes, mas havemos de lá chegar.Eu hei-de lá chegar.
Hoje, por momentos, quis chegar às 18,30 horas a Luanda...
Mas não. O meu lugar é aqui. Junto da minha família. Abraçando o meu filho que há quase um mês não vejo.
Dando um beijo no Paulo, o meu herói e fazendo uma prece, a mais forte, erguendo e elevando o meu coração a Deus.
Jantando e ceando com a minha gente e tentando transformar a Noite de Natal, na noite mais bonita do Ano. De Paz e de Amor.
A Milú tinha pressa. Estava a trabalhar.Leva angolanos para Luanda, a passar o Natal na minha terra. Um Natal quente e barulhento. Alegre e humorado. Como o povo da minha terra. Um Natal em casa.
Hoje, a minha casa é Portugal. E os portugueses a minha gente, a minha família.
Não esqueço os outros. Todos os que amo. Também os de Angola.
Não esqueço, mas quero lembrar-me que preciso ser feliz nesta noite de Natal.
Embrenhar-me no espírito natalício e vibrar no fim da noite com a surpresa e alegria, na descoberta dos presentes.
Na minha casa somos uns felizardos e não fazemmos a coisa por menos.
Temos dois momentos para a abertura dos presentes. Um é à meia-noite com a família alargada e outro, esse muito íntimo, amanhã, logo pela manhã, junto à árvore de Natal.Os três. Esta escolha vem-me de pequenina e os meus filhos seguem-na religiosamente, sem a quebrarem. Porque gostam.
É uma felicidade. Para cada um, perante a alegria do outro. Todos por um e um por todos.
Obrigada querida. Com o teu telefonema, o teu carinho de sempre, trouxeste ao meu coração o espírito do Natal.
Uma boa viagem, minha querida. Leva os meus votos, aos angolanos, de umas Boas Festas.
E tu, vai em paz e tem uma noite daquelas. Como tu gostas. Em família, seja Natal ou não.
Tu sabes fazer de um dia comum, um Natal fantástico, com sotaque, humor e gargalhadas e muito, muito Amor.Porque tu sabes AMAR.
Obrigada minha amiga, pela tua presença sempre.
E já agora, um BOM NATAL.
E muitos presentes no sapatinho yá?

1 comentário:

Anónimo disse...

AMIGA

xeguei mesmo as 18e30, as 20 ja tava em casa
como ha ja muitos anos, o Natal foi ca em casa, com os meus sogros, cunhados e sobrinhos,a minha irma, filhos e o YAGO(ta lindo, moreno de olhos azuis)
tentei 'recuperar'a alegria dos anos passados, nao ligamos a Mimi a meia-noite de proposito, NAO QUERIAMOS CHORAR.....
ficamos a conversar ate as 8e30 da manha,ja o sol ia alto, mas nem demos pelo tempo, com as minhas ausencias constantes e o stress quotidiano, raramente consigo reunir a familia, por isso quando isso acontece, eh 1 dadiva, aproveito e faco de tudo para que ninguem tenha vontade de ir embora, tenho vontade de parar o tempo, NADA VALE TANTO COMO OS MOMENTOS PASSADOS COM A FAMILIA
agora espero pelo Ano novo, depois.....sei la quando tereiesta oportunidade outra vez....