segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

No autocarro

Quando saí de casa, chovia a cântaros. O taxista veio ajudar-me porque eu parecia o Pai Natal. Faltavam-me as barbas e a fatiota porque os embrulhos já eu tinha. Eram mais que muitos e eu só com 2 mãos. Quis meter o Rossio na Betesga e o resultado foi triste. Só me apetecia chorar, porque ainda por cima e como já vai sendo costume, estava um pouquito para o atrasada. Para o autocarro das 20,30 horas, faltavam 15 minutos. Se houvesse um contratempo no Eixo Norte Sul, estava feita.
O taxista percebeu-me muito bem e acalmou-me dizendo que chegariamos a horas.E não é que chegámos? Nos entretantos, já que se tornara íntimo, quis saber para onde ia de autocarro.
Porque não? Não me custa dizer a verdade, quais segredos, quais carapuças. O que se perde com isso? Às vezes, parece que não, mas ganha-se. A minha gente é que gosta pouco que eu dê trela aos taxistas. Que são apanhados do clima e se passam. E é verdade. Há muitos que só nos falta bater.Já tive um episódio desses. Eu levava, mas ele espumou de raiva comigo, porque nunca me calei.
Mas este de hoje era da paz e do amor. Confidenciou-me que o pai era de Fátima e a mãe de Ourém. Tu cá tu lá, quase vizinhos, quase família, portanto.E ajudou-me em Sete Rios. E desejou-me Boas Festas. Terei Sr. taxista, terei se Deus permitir e eu fizer por isso.
Cheguei ao autocarro das 20,30 horas, faltavam 3 minutos. Era o autocarro onde sempre vinha, mas de há uns meses que falho neste horário.
Recrutei uma menina, da E.P.P. que eu já conheço, assim, de viajar com ela aos domingos e feriados, para que tomasse conta da minha tralha enquanto comprava o bilhete e ela sorridente e mesmo simpática, concordou de imediato. Quando finalmente entreguei o bilhete ao sr. motorista, meu amigo do peito desde há cerca de 3 anos, este saudou-me bem disposto: Bons olhos a vejam, minha senhora.Tem andado fugida.
Digo o quê, a uma pessoa assim? Nada.
A viagem foi feita debaixo duma chuva incómoda. Adormeci com os fones, ouvindo Amy Winehouse - Back to Black. Acordei à saída de Santarém ainda com a mesma música porque por artes do diabo, ou não, por vezes não sei que voltas lhe dou e fica repetindo o que nem sempre é bom.
Quando cheguei não encontrei um único taxi e o meu irmão salvou-me.
Salvou-me também desta sina de ouvir alguém dizer que volta para o buraco escuro, cantando, porque liguei a televisão e apareceu na TVI um puto a cantar, num concurso de música, uma canção do Carlos Paião - Versos de Amor.
Irra, estava a ver que tinha que ouvir a Amy até me cansar
O Universo tem destas coisas.E eu cada vez estou mais em sintonia com o Universo.
Por isso a canção do Carlos Paião veio mudar tudo.Do deprimida para o optmista foi um ápice. Agora estou com muito sono e vai ser um ápice adormecer.

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