Uma desgraça...

Uma desgraça nunca vem só.

O toque da campainha às 7,50 horas anunciou-me que dali vinha " chumbo ".
Toquem à meia-noite, às 2 horas da manhã, mas às 7,50 horas, NÃO.
O cabelo molhado, a Pitanga por comer, o batido por beber...e um autocarro às 8,20 horas. Um percurso de 15 a 20 minutos consoante os sapatos e a energia, e não vale parar nem olhar para o lado, uma distracção e é a morte do artista.
Antes de abrir, pensei no Zé. Levou comigo ontem à noite, deu-me jantar, ordenou umas pastas de fotos de Luanda, com uma paciência de Jó e seria que ia ter que me transportar até ao emprego?
Bem, mas quanto antes abrisse a bendita porta, melhor.
Ia-me caindo tudo quando vi a vizinha de baixo.
Que " chovia " na sua casa de banho, que " chovera " toda a noite.
A primeira reacção foi responder-lhe: E eu com isso?
Mas à Augusta, não. Ela é do melhorzinho que existe ali e nas redondezas.E se ali estava era porque era grave, para mal dos meus pecados.
E vi o filme. E estou feita. Canos, obras, pedreiro em casa, férias, dinheiro...PÂNICO.
Depois de fechar a torneira do contador e prometer, que à noite falariamos, voltei a casa. Nervosa, a pensar que estar sozinha não dá com nada. Que sempre vale a pena ter gente em casa, para repartir, para que nos tratem dos problemas, da logística...
Foi um segundo apenas. Já não há forma para o meu pé. Ou as formas não têm o meu tamanho. Por isso o pezinho sempre vai ter de resolver dar corda aos atacadores e tratar do problema.
Mas fiquei desorientada e atrasada também.
Ainda comecei a vitimização, mas fui distraída pela Pitanga. Esta gatinha tem o condão de me passar da depressão para a fúria.
Chego à conclusão que ando sempre em cima do arame. Não é para me meter com ninguém, mas aqui se aplica o termo que me serve como uma luva. Pareço uma trapezista.
Só que não caia... Ou melhor, só que me levante das quedas!...