Domingo de Saudade

Quando era pequenina, havia uma canção, que tocava na rádio, naqueles rádios muito antigos, de botões enormes, que toda a gente tinha em casa e que hoje são verdadeiras relíquias.O título da canção não soube nunca.
Sei sim que se cantarolava muito bem.
" Pela calçada da serra indo eu muito entretido, ao domingo que saudade eu e e tu muito entretidos, a olhar a nossa terra, a olhar nossa cidade..."
Quer se dizer...nem sei se era bem assim. Sei sim, que me acompanhou, esta melodia, ao longo da vida.
E aos domingos de saudades, estando eu muito entretida, ah pois, cantarolo esta canção que me ficou na memória de tempos tão antigos como o tempo em que Judas teve sarampo.
Isto para não começar a espernear de saudades e não desatar num choro convulsivo.
Porque hoje é domingo, está um sol maravilhoso, o dia muito claro e a cheirar a domingo de Luanda.
E eu como sou masoquista fui " matar " as minhas saudades ao restaurante aqui ao lado, Mulemba X'Angola. É claro que elas se avivam, se oiço as músicas que eles lá têm, se como moamba e cacussos com feijão de óleo de palma e se vejo uma sala enorme, repleta de angolanos e outros.
É o meu mundo, o meu lugar.
Não pude evitar pensar que se tivesse sido diferente, poderíamos estar todos em Angola. Eu e estas pessoas que aqui vêm matar as saudades da terra através do paladar.

Este domingo é um domingo que cheira a um tempo BOM.
Que me fez pensar no que lá vai.
No que há-de vir.
E tudo o que eu quero, é ter domingos assim, aqui ou lá, mas que me façam sentir que existo e sinto.