Lírios do Campo

Hoje a disposição para vencer o dia, venceu.
E " folgada " pude observar os campos, aqui, perto de casa.
Viver na cidade a olhar o vale, verde de oliveiras, e a serra, é um privilégio diário.
Nem tanto, quando chove; aos domingos à noite, no regresso de Lisboa, ou se tenho as mãos ocupadas e pesadas com compras necessárias e imprescindíveis.
Nessas alturas desejo ter, nem que seja uma " lata velha " com rodas, mas o melhor é não chorar sobre o leite derramado, que eu até nem gosto muito de leite...
O facto é que esta coisa pouco prática de andar a pé, forçada, melhor dizendo, levou-me hoje, a uma descoberta preciosa.
Já há flores nos campos, crescendo de forma expontânea e ainda não é Primavera.
E eu vi-as. Lírios brancos, lindos. Por entre as oliveiras.
Só não rebolei na erva verde, e húmida do orvalho da noite, para sentir o seu perfume, porque estava de saltos altos, uma senhora, e depois, o autocarro não espera, apesar de ter ganho um amigo no Sr. motorista de um tempo em que perdi a carteira dos documentos e ele a achou e ma entregou. Fiquei-lhe agradecida para a vida e depois disso, ele olha-me como igual, até desconfio que sobe um degrauzito, quando pára a viatura para que eu entre.
Mas porque os saltos, os trapitos, o chapéu na minha cabeça perfeitinha nesta arte de apanhar bonés, e enfiar barretes, me trouxe uma energia própria do início do verão, não só vi flores do campo, como dei comigo a trautear a música do CD de, amália de hoje, com o novo arranjo dos meninos de Alcobaça, os " the gift " e na voz da grande Sónia Tavares.
Depois disto só me resta dizer que, daqui a nada estão aí, a Primavera, os morangos, o Carnaval, a Páscoa, as cerejas ( já aí vêm? ) o verão, as férias e a praia e que a vida é bela e eu quero viver isso tudo.