domingo, 24 de janeiro de 2010

Os Votos




Ser especial é relativo.
É ser diferente.
Quase inatingível.
É ser raro.
Dotado.
Aplicar esse dom.
No campo das artes, ser especial é vulgar.
Quando se escreve, se pinta, se dança,se canta, se representa, se compõe, navegam já estes seres raros em águas que se renovam, e de cristalinas e celestiais que são, tornam-se estas pessoas, em singulares, que eu muito admiro.
E não me importo nada, de me sentir um grão de areia, perto destas almas incompreendidas, sonhadoras e livres.
Tenho o privilégio de ter seres singulares, raros, muito próximo de mim.
Há um certo ritual, uma predestinação, um pressentimento, uma paranóia entre estas pessoas, quando vão para o lugar de exposição fragilizado como o é, dançar em palco, representar, cantar, tocar...
E alteraram-se os votos. E passaram da SORTE à MERDA.
E hoje é vulgar entre artistas, antes de qualquer prestação em público desejar-se MUITA MERDA.
Já se estendeu às famílias que têm " artistas " e é vulgar os pais, irmãos, namorados, amigos fazerem esses votos sem sequer atentarem nas palavras.
Ser especial é relativo, como o são as palavras.
No fundo o que todos nós desejamos a quem queremos bem é que suplante, brilhe, arrase e seja feliz, realizado, ainda que num segundo. E tanto nos faz que seja com sorte ou merda.

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