segunda-feira, 23 de agosto de 2010

tempo em mudança

Todos os anos faço a despedida do verão. Com lágrimas e lenços brancos. Colocando-me num ponto estratégico. Vendo-o afastar-se rápido e sem sequer olhar para trás, por sua conta e risco,
com destino aos mares distantes, mais a sul.
Cansada, encolho os ombros e até que não faça aquele frio húmido que penetra nos ossos e o sol se não esconda nas nuvens cinzentas, ainda acredito que é bom que chegue o Outono, que até gosto e ai que bom as noites mais frescas, a convidar ao chá e à leitura. E às conversas filosóficas. E ao sofá e à manta assumidamente bichinho caseiro ( que não sou ). E ao filme do tipo, Cartas para Julieta.
E que até estava farta do calor, da praia, da areia, de ventoinhas e de leques. De cheiros nos transportes públicos, de saldos, de gente falando alto, de caracóis e cerveja, de exageros.
Mas é sol de pouca dura e eu que me conheço bem, estou já a pôr-me bem em mim de óculos e tudo.
Hoje podia ser Setembro. Mês da mudança.
Em Setembro, começa. Em Setembro, acaba.
Alguém me dizia este fim de semana que o fim do ano devia ser em Setembro. E não é que há uma razão nisso?
Mas hoje sendo Agosto e parecendo Setembro, o dia está melancolicamente carente. Um dia para...amar. Não no sentido de cama, dois seres e, pronto, o que quiserem inventar ou reinventar. Como se não houvesse amanhã.
Não. Está um dia que só lembra coisas que ficaram para trás. E chá de gengibre. E chocolate quente. E um disco romântico. E Luanda. E eu.
Eu saltando Outonos como se saltasse à corda, barra no exercício. Sacudindo alguns choviscos como se fosse uma benção e partindo para amanhã na certeza de que nenhuma nuvem seria mais forte que eu.
Hoje e eu, lembrando a menina que matei e enterrei num óbito sem choro nem tradição.
Hoje Agosto e eu puxando o Outono como se fosse Setembro.
Não me percebo nesta pressa de ver o tempo mudado e não ver. Esta indecisão. Esta confusão que me atrofia.
Coisa de Outono. E ainda Verão...
Hoje estou assim, sem nome nem rumo. Sem identificação.
E querendo que o tempo passe sem saber o porquê.
Confusa. Um pouco perdida de mim.
Hoje, se fosse Setembro seria mais honesto.
E eu saberia porque estava assim...

2 comentários:

Anónimo disse...

SE isto te deixa menos macambúzia, xega cedo na 6a feira pois trouxe tambarinos da banda, temos hipótese de matar saudades desde k consigas xegar cedo......sábado de manhã bazo pra nguimbi xeguei ontem tou por aki 4 dias....jinhos

Maria Clara disse...

Vou chegar mais cedo sim. Beijinhos.