domingo, 24 de outubro de 2010

surpreendente

Contavam-me que uma criança na Vila Alice, bairro de Luanda, muito meu conhecido de ali ter crescido, um dia, após a Independência, habituada que estava a transportar a água em bidões, ao ver finalmente a água sair de uma torneira se assustara, dera pulos de alegria e incredulidade.
Uma história a que não dei grande importância, porque me pareceu um pouco fantasiada e exagerada. Soube que de facto a água chegava à Vila Alice com alguma dificuldade há uns anos atrás, por isso o benefício da dúvida.
Também me contavam que o mesmo se passara com a luz. A criança desta história pulara alegre e surpreendemente ao ver a casa iluminada de luz eléctrica, gritara: Luji,luji!
Contaram à minha frente, ontem, que uma familiar da narradora viera a Portugal, naquele período mau que os angolanos passaram após a independência, com todas as faltas e dificuldades que o país vivia, olhara pela primeira vez para grão de bico, cozinhado num prato e surpreendidíssima dissera:
Mamã, olha que batatinhas tão pequenininhas...
( Durante um período longo, em Luanda não havia grão de bico, quem nascera depois de 75 não lhe conhecia a existência, a menos que viajasse para o exterior )

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