quinta-feira, 22 de julho de 2010

regras

Ai se eu gosto de sardinhas!
E hoje cumprindo uma espécie de compromisso praticamente assumido, pacto fraternal, melhor dizendo, lá fomos nós, eu e a caçula que as quartas-feiras já nos escravizaram.
Não gosto muito de regras. Cansam-me, atrofiam-me. Mas esta espécie de regra estabelecida por ambas sem que tal, passasse a acordo legal com ida ao notário, eu cumpro com gosto.
Nem me cansa nem me atrofia. Exagera-se em mim a vontade de comer, porque de um jantar se trata, às 4ªs feiras, Diverte-me todos os rituais que temos para estes jantares tão agradáveis e bem dispostos. E gosto das nossas conversas, sempre tão diferentes de semana para semana, mesmo que o tema seja sobre os mesmos.
Já iamos com o jantar a meio, quando o Alfredo, filho da Lurdes da avenida Brasil, veio à mesa.
Ouviu as últimas palavras, ditas pela caçula, e a propósito respondeu:
- Difícil é a vida.
A caçula disse de seguida:
-Mas nós conseguimos vencê-la.
E o Alfredo, que era amigo do meu herói, o amor da minha caçula que há 3 anos um acidente lhe alterou a vida de forma tão injusta, respondeu:
A senhora é que é uma vencedora...
- Olha que não Alfredo, parece-te.
-Ai é um vencedora, é.
A caçula sorriu encabulada e encolheu os ombros.
Terminado o jantar, o meu, sardinhas assadas, o da caçula, polvo à lagareiro, fomos pagar. Pagou ela. Apesar de ter recebido hoje e ser um dia que por hábito as pessoas gostam de pagar as despesas, deixei que pagasse. Não repartimos despesa. Ora paga ela ora pago eu. Ela sente-se melhor assim.
Estava um grupo na sala que se despedia do sr. Vítor. Havia um aniversariante. Fazia 34 anos. A caçula dissera entre dentes. Já ninguém tem 34 anos. Ouvimos o Sr. Vítor dizer ao dito aniversariante: Daqui por 30 anos tem a minha idade hoje.
Feitas as contas de cabeça, o que para mim é um feito, perguntei: Tem 64 anos?
Respondeu-me: Feitos em Janeiro.
-Mas não parece, disse-lhe.
Então o homem sorrindo maliciosamente diz-me: tenho uma resposta para si.
-Dê, disse-lhe eu.
Baixou o tom e rindo disse-me: É porque não dorme comigo.
Toma lá uma passa! Já a formiga tem catarro, pensei eu.
Não desarmei. Já não tenho idade para achar disparate, disparates. Um homem que é tão galanteador que a cada vez que pago a conta e estou na maquineta do multibanco, por isso a meio metro dele, me diz, que cheiro muito bem, ou que tenho um perfume muito assim ou assado, sem que pareça vulgar, mas apenas galanteador, pode responder-me desse jeito malicioso, porém inofensivo.
O sr.Vítor tem alguns cuidados connosco. Pergunta pelo Paulo, à caçula, pelos meninos, a mim, e por Angola e fixou que a próxima viagem a Luanda será em Dezembro.
Por estas e por outras é que eu gosto da regra das quartas-feiras, que não é senão, jantar com a caçula, se possível na " Tasca "onde encontraremos sempre o Alfredo e o sr. Vítor, do mesmo jeito que hoje estiveram e que nos fazem sentir em casa.

2 comentários:

Anónimo disse...

vamos ver se nas minhas férias em outubro consigo participar num jantar desses......faço questão de participar desse encontro familiar até pk já não vejo a caçula há muito tempo

NAMIBIANO FERREIRA disse...

Clara, obrigado pela visita. Bonito o eu espaco, tb!
Pode levar os poemas desde que mencione autor e o blogue.
Kandandu