sexta-feira, 23 de julho de 2010

em cima do acontecimento

-Mesmo à tabela. ( disse a motorista )
-Verdade. Mas o que passei p'ra chegar aqui ...( disse eu )
-Veio de tut? Você fazia o tut em tempos.
Tive Meeeeeeeedo! Memória de elefante, maior que a minha, ou quê?
Quê. Esta senhora possante, a dar-se a ares de general, única mulher motorista à época a que se refere, e que não chegou a meia dúzia de vezes que nos cruzamos no dito TUT, lembra-se de mim?
Como? Porquê? Jesus Maria!
Assim que entrei, as passageiras número um, ou seja, duas criaturas que invariavelmente viajam naquele lugar e que mais parecem os marretas, riram-se para mim num sorriro pepsodent e uma delas disparou:
Pensei que hoje também ia perder a carreira.
Oh p'ra ela! Oh!Oh!
Hoje também? Perguntei num franzir de testa e de nariz muito peculiar e que desanima qualquer um, que cara feia eu sei fazer sem precisar de ir para o espelho ensaiar.
A companheira marreta disse-lhe vitoriosa:
A senhora não volta a perder a carreira, porque já lhe dei o meu número de telemóvel para quando se atrasar me ligar que eu peço ao motorista que espere um pouco.
E falou verdade, pois um dia destes fez-me escrever o número, muito solícita.
-Mas segunda-feira perdeu-a, não perdeu? Insistia a primeira.
Xiça, penico, chapéu de coco! A mulher queria tomar-me conta da vida. E se não me acautelo, toma mesmo, ela e a parceira do lado.
Respondi-lhe com um belo de um sorriso, daqueles que só quem já tem 55 anos sabe fazer.
- Segunda-feira não trabalhei.
- Ah, então foi isso.
Aka! Mulherzinha insistente...
Fui para o meu lugar, mas sem antes tomar conhecimento de que há pouco tempo, com o motorista do ano inteiro e que está neste momento de férias, deram várias voltas ao redondel, ou seja à rotunda junto à Rodoviária, porque se aperceberam que eu perdera a dita carreira e muito amigos avisaram o sr. motorista que amigo também tentou que eu percebesse que estavam ali.
Fiquei grata. Mas fiquei mesmo.
À saída desejaram-me bom fim de semana como aliás fazem sempre, umas e outras.
Fiz o melhor dos meus sorrisos daqueles que quem tem 20 anos sabe tão bem fazer e anunciei as minhas férias, a partir das 17 horas. Foi um alvoroço no autocarro da carreira, como elas dizem.
E ficaram satisfeitas da vida porque mais uma vez e aparentemente tomaram-me conta da vida.
Muito aparentemente, porque como em tudo, a gente só conta o que quer, mas pronto, ficarm a saber que " a senhora do tribunal " com o elas me tratam vai de férias e a ausência será maior do que a dos fins de semana grandes. As marretas ganharam o dia, ou talvez não. Eu ganhei-o, mas foi a trabalhar. Com um prazer redobrado, porque é sexta-feira e fiquei mesmo de férias a partir das 17 horas.

1 comentário:

Anónimo disse...

as kotas atyé podem ser um pouco zongolas mas não há dúvida k te protegem, por causa dakela gata xegas atrasada à paragem e elas até avisam o motorista..
tadinhas são inofensivas.....