A cabeça serve para pensar. Há quem diga até, cabecinha pensadoooora! Num tom jocoso que nunca percebi muito bem.
Também já ouvi que quem pensa não casa, quem casa não pensa, e pensando bem no assunto, acho que há-de haver alguma réstia de verdade nisso, nem que seja para valorizar o pensamento.
Bom, mas de facto que a cabeça serve para pensar, lá isso serve. Também...
Quem não ouviu já? Algumas vezes me disseram. Até já kandengue crescida, feita mulher de hoje, naquela hora da séca a dar para a chamada de atenção, puxão de orelhas, dedo esticado, me dizendo palavras para servir de exemplo, num abre olhos, para quê que és parva? A cabeça serve para quê? Não é para pensar? Pensa! e coisas e tal...
Sim, porque apesar deste tamanhão todo, tem muita gente se armando em mãe, avó, chefe, dona da minha vida e querendo mudar a minha cabeça, que, afinal, não serve apenas para ir ao cabeleireiro, mas também para pensar até deitar fumo. Às vezes branco, o que é um alívio para concluir que ainda não flipei dessa. E me vão dando algumas ideias que não são de ...credo, xiça, penico, uma criatura, que é para não dizer, gaja, que afinal sou uma senhora, uso saltos altos e visto-me a condizer e tudo, mas dizia eu, uma criatura começa a pensar e percebe que isto não é para todos, porque pensar doi. A dor tem danos colaterais. Então a pessoa pensa a intervalos, faz como aqueles conjuntos musicais do século passado, que tocavam duas
músicas e quando acabavam a segunda diziam, descansaaaaaaar, naquele tom de arrasar a cabeça e o coração das kanucas.
E por falar em coração, pergunto eu, para que serve o dito? No mais das vezes atrapalha, digo eu que não quero olhar para ele como um músculo que não pode parar, sob pena de morte.
Pergunto eu pensando, lá está, para que servem a cabeça e o coração? Para pensar romanticamente que o coração nos prega partidas, nos faz correr, rir, chorar, não pensar, não comer, não questionar. Que nos prende ao mundo; aos cheiros, paisagens, pessoas, terras, estações, ao passado e à memória. Que nos prende a vivências. Que nos faz amar e continuar. Que nos aprisiona e liberta. Que nos faz escolher.
E era aqui que eu queria chegar. Se a cabeça permitir e o coração concordar.
É que escolher em sintonia, harmoniza ambos.
Por isso hoje o meu telefone fixo tocou às duas e tal da manhã. Quem era? A Amizade. Querendo conversa. Se pensei duas vezes? Nem pensar!
O coração disse sim, vamos conversar.
A que horas me deitei? Às cinco da manhã. Porquê? Porque se a cabeça serve para pensar, ordena ao coração para não esperar e entregar-se ao presente que é único tempo que a gente tem.
Não disse o que é que a amizade tanto tem para falar pois não? Coisas nossas. Que nos passam pela cabeça e moram no coração.
Acordei às 9,30 horas com uma brutal dor de cabeça mas de coração tranquilo.
Encolhi os ombros e não pensei mais nisso.
Agora pensem...
m.c.s.
P.S. Obrigada Amizade.
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