sexta-feira, 5 de julho de 2013

acordei levando...


Hoje acordei a pensar em saldos. Eles andam aí. Os saldos. E não só.Também acordei dorida. Combalida e vencida.  A prostituta da idade não dorme, não se esquece, não me poupa. Poupados são os portugueses, nas palavras e nos actos. Ainda é pouco o que a gente vê por aqui. Por falar nisso, lá terei de ser testemunha de alguém que levou uma corneta para a ponte e vai daí foi à força parar a uma orquestra, orquestrada que foi a sua música. Quiseram provar por á mais bê num prazer mórbido e fascista, que cantava bem mas não alegrava e quem quer festa tem de lhe suar a testa.
Mas são também pobres os portugueses, pois que dão o dito e três tostões pelos  saldos que já espreitam, só para gastarem o que têm e não têm. E lhes foi roubado.
Tenho para mim que não é assim que lá vão, pois que sempre ouvi dizer que quem nasceu para lagartixa nunca chegará a jacaré e saldos, é coisa de pobre, tem cara de pobre e é dirigido aos pobres. Aos que lhes falta a garra e a vontade de vencerem, mesmo que não olhem a meios para atingir fins, nem os saibam justificar. Quem a sabia toda eram os caçadores de jacarés e crocodilos que os matavam, os exibiam como troféus, ficavam  bem na fotografia e depois lhes tiravam a pele para embonecarem as bonecas e calçarem os donos do povo, mas isso eram outros tempos e outros poderes, outros quinhentos de coisa colonial, se bem que por vezes parece  estou a ver esse filme,  rebobinada que é  a película. O cenário e as luzes da ribalta.
O povo, tal como eu, que hoje acordei a pensar nos saldos, suspira por eles. É um ritual. E o povo gosta de rituais. E da barafunda. E do vai e vem nos centros comerciais, quem dá mais, quem pode mais, quem se veste mais?!  Falando em vestir, faço um reparo, não é bem vestir, é mais  consumir, o que atrai a populaça sequiosa de novidades já que as notícias fresquinhas que quem manda, nos dá,  hoje são novidades e amanhã, mais do mesmo. É que para velho já basta a potassa. E continuando nos saldos que é um gosto que não compromete nem manda ninguém para a cadeia, a menos que roubem, o povo prepara-se para um assalto às lojas, para se vestir de moda que é isso que o meu povo gosta e quer, por pouco dinheiro, se bem que há por aqui, ali e acoli uns  perdedores que apostam em  deixá-lo nu em pelota, tal é o chá de sumiço que têm dado às poupanças do zé povinho.
E porque feirar é bem português já dizia o paulinho das dúzias, quando percorria as feiras de fio a pavio, hoje era o que me apetecia fazer, não fosse estar um calor dos diabos e ter acordado com uma dor limitativa e obscena, que parece me arrancam o coração pela boca e a alma pelos olhos. E me deixa prostrada a assistir aos quinquilheiros desta praça venderem a ervilha que é este kimbo, sem escrúpulos nem arrependimentos. Não fosse o big brother e acreditava que a minha hérnia está aos coices porque estou a pagá-las todas, já que não tenho humor nem estaleca para as provações.Acho vou ligar o 999 da MEO e assim acreditar que sou jovem, bonita, saudável, rica, feliz e burra e este país é um paraíso à beira mar conquistado, só para eu desfrutar. Ah e não será preciso lutar e contra os canhões marchar, marchar, até porque estou mal da coluna. Que se chegue à frente quem a tem. Não sei se os há.  Pois que nos últimos tempos entre bitacaias e carraças, venha o diabo escolha. Desconfio que com o acordo ortográfico acabaram as letras maiúsculas para  Homem com o dito h, big.



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