quinta-feira, 4 de julho de 2013

a caminho...

A vida faz-se por etapas. Que ninguém a deixe passar encolhendo os ombros. Ou num deixa andar de acorda, come, bebe, adormece e acorda, come e bebe, numa repetição pobre e triste. 
Depressa nos daremos conta que a não vida nos anulará e matará rapidamente. E é bem feito e visto, porque para vegetar temos já as couves, os nabos, as alfaces e os tomates. E outros legumes que não me ocorrem agora, apesar de observadora, cozinheira e consumidora.
A vida precisa de vida. Numa reciprocidade que faz bem a ambas. Que cresce, floresce e dá frutos. Que impede a sua destruição. 
O sol quando nasce é para todos, dizem, mas nem todos o sentem e recebem a sua luz. 
O que é preciso afinal? Na minha modesta opinião, para a minha continuação, é preciso acreditar, inventar e dar.
Que ando eu aqui a fazer afinal? Quem diz aqui, diz ali e acolá, lá longe ou num algures que muitos dizem que é nenhures. Não interessa onde nem quando. Interessa a busca do prolongamento da existência do corpo e do espírito. Com querer e poder. Sem repetição. 
Vá lá, de vez em quando voltarmos às nossas origens lava a alma. E o que são as nossas origens? O lugar onde demos conta que éramos mais que vegetais. O momento em que percebemos que a vida é importante e grata e depende de nós. E de amigos. E de amores. 
De pai e mãe ou de quem substitui. O lugar das emoções mais primárias. Dos prazeres inesquecíveis. Dos sorrisos que iluminam os momentos e das palavras que nos marcaram o pensamento e influenciaram o nosso destino. 
O nosso início...
E porque tudo tem um princípio volto atrás para dizer mais uma vez que a vida se faz por etapas. E os diários existem para nos policiarmos e disciplinarmos. E percebermos que não somos números...apenas.
E vale a pena conservá-los. Aos diários. Para nos fazermos presentes. E para nos recordarmos. E limarmos o que há a emendar. E nos obrigarmos a fugir da não vida. E fazermos na memória a lista do que não fizemos, não queremos, o que somos capazes e o que nos dará alegria ter e fazer. O que desejamos que aconteça. O que depende de nós.
Porque a vida se faz por etapas, abro o caderno de apontamentos que anda sempre na bagagem que me acompanha, faço um visto no dia de ontem dou-lhe cinco estrelas, assinalo o dia de hoje com ponto de interrogação seguido de um sorriso e inicio o que se chama a lista de prioridades. 
Entre elas, a oportunidade de ter um dia diferente de ontem em que viajei para sul, aquele sul mais a sul deste sul, porém movido pelos mesmos princípios que são a necessidade do reencontro, com afectos. Voltar aos lugares onde também fui feliz. Não perder a oportunidade de rever lugares bonitos, festas bonitas, pessoas bonitas. Voltar a norte. 
Não é assinalável o dia de amanhã, no entanto assinalo os tempos próximos, incluindo o de amanhã, com a devida precaução e margem de erro alargada que não sou inconsciente, mas assinalo-los. Porque a vida é por etapas, e quero, posso e só não mando porque acredito no Universo e Ele é que manda tudo, prevejo, numa intuição de quem vai à luta, que posso ter dias bons se acredito que hoje é o primeiro dia deste resto de vida que todos queremos seja melhor. A minha etapa próxima não deixa de ser uma repetição da anterior, porém renovada. Em mutação. Fazer de tudo para ser feliz com as coisas simples que a vida me oferece e não me negar a novas oportunidades. Acolhê-las como bênçãos de Deus.
A vida é feita por etapas e eu, bem, eu, vou pôr-me a caminho, nem que seja a passo de caracol... 

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