terça-feira, 23 de julho de 2013

a realeza da vida Real

Há coisas que não percebo. Ou por outra, devo ser eu que tenho mau feitio. E tenho dificuldade em encaixar o que vejo acontecer. Ou não estou no mesmo mundo que outros, não vejo o mesmo filme, ou... sei lá.
Mas resta-me o desabafo, porque a esse tenho direito. Aka, xiça, penico! Fonix...
Nascem, comem, bebem e vão à casa de banho como qualquer mortal. Fazem filhos do mesmo jeito, acho eu. Fazem tudo como nós, mais coisa menos coisa, tirando alguns pormenores de somenos. Alguns até matam elefantes, têm amantes toda a vida desrespeitando os cônjuges, bebem demais, jogam, tomam drogas, têm vidas cheias de ócio e de nada fazer, ou por outra, fazem sim, fazem filhos fora dos palácios e dizem as más línguas que até são culpados de doenças e mortes das caras metades. Tudo como os simples e pecadores mortais da plebe. 
Então, no alto da minha quase indiferença, quase indignação sou forçada a perguntar, para quê esta festa toda à volta das criaturas da família real, mais da criaturinha que nasceu agora? 
Família real somos todos. Temos todos. Belisquem-se a ver se não doi. Estamos cá, com as nossas vivências. Mais ou menos reais, sim, agora pensando bem, porque estou a lembrar-me que nem sempre caio na real, mas isso são outros quinhentos. 
Páro para pensar na minha realidade, bem real, se é que se pode dizer assim, mas é mesmo para dar ênfase à coisa. Gosto tanto dos meus príncipes! Amo-os de paixão. Quero coroas de flores enfeitando os seus caminhos. Quero rosas sem espinhos. Não é preciso nem ouro nem prata nem diamantes. É preciso mais do que isso, saúde, trabalho e felicidade.O meu príncipe e a minha princesa são reais. Vivem neste trono que é a vida, rodeados de desafios, motivos e incentivos.Alegria, humor, inteligência e sucessos. Por vezes vivem menos bem, menos motivados, mais cansados, tristes e desiludidos. É a vidinha deles e de cada um de nós que não nascemos em palácios mas, e se cairmos mesmo na real total? Nós sabemos que aqueles que lá nascem nem sempre são mais felizes, mais ricos, mais perfeitos, mais apaixonados, mais bem formados mais bonitos. Basta olhar para a chipala da usurpadora do lugar da avó da criaturinha acabada de nascer. Credo, cruzes canhoto, nem uma carripana estampada é mais feia que ela. Parece uma " tia da linha " toda recauchutada, sem sucesso. 
Ai que a minha vida dá-me tanto que fazer! Ai que os meus príncipes são o mais importante que a vida me deu. São sangue do meu sangue, carne da minha carne e nasceram no berço que eu e o pai lhes pudemos dar.
Não são reais?
Gostava tanto que as crianças dos musseques, bairros de lata, bairros económicos, bairros em geral, pudessem nascer com direito ao amor, à saúde, higiene, alimentação e educação quanto baste, para assim crescerem tranquilamente e se tornarem nos homens do futuro...
Esses é que não são reais. Fazem parte da realidade sim, mas não têm o direito de ser mais eles. Como nós, simples mortais, como eles os que agora nascem nos berços de oiro, com coroas de diamantes, apaparicados por todos e rodeados de mesuras.
Enfim! O povo gosta duma festa alheia, de embandeirar em arco, de fazer filmes à conta de gente que não está próxima e que lhes parece tirada de contos de fadas. Vamos olhar ao redor? Tem meninos nascendo por aqui. Que precisam de tão pouco mas que mesmo assim lhes falta. 
Façam o vosso filme. Sejam protagonistas de estórias de sucesso ajudando o próximo. Deixem os príncipes alheios lá nas gaiolas douradas, berços de oiro e pais de alta estirpe, grande linhagem, avôs que a gente sabe como é...podres encobertos, tal qual como os simples mortais.
Quando li a notícia desta criança que agora nasceu, lembrei-me da sua real avó, a princesa Diana e não dessa criatura que agora lhe ocupou o lugar.
E lamentei que não estivesse viva para viver o momento único e real que deve ser o nascimento de um neto. Apenasmente isso...ela que tanto fez pelas crianças mutiladas.

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