domingo, 12 de setembro de 2010

Há uma Luz que nunca se apaga


Dia 10 de Setembro completou mais um ano, um ser que eu amo de paixão, desde que nasceu.
O Paulo é assim como que O Primo. Um ser pelo qual eu sinto muita admiração.
É um artista. É um ser inteligente e sensível e pinta a vida com as suas cores e traços muito próprios. Um ser singular e único.
Resolveu mandar-me este e-mail de resposta ao meu post no seu aniversário.
O que copiei para aqui não é senão o que queria dizer-me por isso o passei na íntegra.
A foto que me enviou é de Angola, claro, a sua terra, e onde esteve a trabalho por uns dias ao fim de 33 anos tal como eu e coincidentemente no mesmo mês. Setembro de 2008.
Não a consegui passar para o blog porque é um diapositivo e não deixa e também não o sei fazer.

Aqui está outra que podia ser a sua e que é também uma imagem das Pedras Negras de Pungo Andongo.
Bem hajas, meu primo.

Clara, agradeço a tua memória e aquela expressão. Visitei o teu blogue e tentei deixar lá este comentário mas não consigo dar-me com aqueles procedimentos todos e mandei tudo à vida. Venho dizer o mesmo neste correio.

Sabes que sempre fui um envergonhado e aquela tua memória põe-me muito pequenino. Não é comum fazeres uma viagem no tempo. No entanto, construíste esse mecanismo. O teu texto é equivalente a um salto no tempo, à velocidade da luz, fazendo-me viajar até um espaço conhecido, estranho só na data do tempo. É um tempo para mim desconhecido, evocado na bonita memória das palavras do meu Pai: “…é um menino”. É estranho visionares, porque se trata disso de um filme, uma narrativa já do teu tempo mas que tu não viveste, da qual não tenho memória, isto é: como foram os primeiros tempos neste planeta, o que se disse sobre nós, que estranhas esperanças nos reclamavam.

Venho reverenciar a tua doce memória do espaço que eu mais tarde tão bem conheci: “Estou no quintal, virada para a avenida…”. Lembras-te de como se estendia o espaço do vosso quintal até à Avenida Brasil? Lembras-te da Mangueira do quintal?

Lembro-me de algumas festas dos vossos anos na noite do vosso quintal; Lembro-me que a parede do vosso quintal não era paralela ao alinhamento da Avenida…Estas memórias, que agora vens enriquecer são-me muito caras, eu habito-as, e elas moram em mim. São uma explosão de felicidade interior inimaginável. Aliás, julgo que não sendo um optimista, esses primeiros tempos de felicidade, edificaram o abrigo onde me salvo de todas as contrariedades que por mim passaram.

Angola é um sítio divino, senão olha para a foto que anexo. É uma terra de Deus. Deus habita muitos lugares, mas julgo que por vezes escolhe, e quando me deparo com os não lugares desta terra, já que os lugares são espaços que foram posteriormente à obra da natureza edificados pelo homem, como este, das Pedras Negras de Pungo Andongo, fico imóvel e transido de um medo multidimensional perante tanta beleza, e sim, vejo que Deus gosta de morar por aqui, este não lugar é afinal um lugar, mas não do homem, de Deus.

Um bem hajas por fazeres vir ao de cima a tentativa de explicar. Eu não gosto, porque sinto que morar nestas memórias é muito melhor que as mil palavras que as cristalizam. Isto evoca-me o título de uma canção dos Smiths: “There is a light that never goes out

Um grande abraço Clara.

Paulo Gomes

2 comentários:

milú disse...

Afinal o dom da escrita tá no sangue, é de família, bonito, escrevam sempre e muito porque é uma delícia ler os vossos escritos
kandandu

Maria Clara disse...

Minha querida amiga
Foi porque me emocionei, e achei tão belo o que o Paulo, este primo como irmão, escreveu, que publiquei as suas palavras, que estavam destinadas a ser um comentário ao post a si dedicado.
São pessoas como esta que me calharam em sorte como família. Seria suposto vivermos em Luanda mas a guerra separou muitos irmãos e separou-nos também. Cada vez que estou com o Paulo, o João, seu irmão e igualmente dotado de grande sensibilidade e inteligência emocional e os seus pais, meus tios como pais, sinto-me renascer. Os nossos encontros fazem-se também de despedidas e sinto-me morrer um pouco a cada adeus. Raramente me revolto com o que od estino me reservou. Quando volto costas a estas pessoas que são as minhas pessoas cresce em mim uma revolta imensa que se atenua com as palavras que ficam e os afectos de que esses encontros são recheados. Em nós existe Amor, moramos todos na sua casa.
Paulo é uma pessoa fantástica. É um dos artistas da família. Com 3,4anos desnhava barcos e aviões e pintava-os de cores inventadas. O seu destino, traçava-o dando largas ao dom que tinha. Pinta qiue é um encanto, tenho em t.novas o David e a Angela, desenhados a carvão, ali, no sofá da sala, na hora. Toca guitarra e canta e ainda é arquitecto de profissão.Foi nessa função que em 2008 foi a Angola de onde saiu muito pequeno, 8 anos.
Ah, e é primo do primo Filipe, que te foi apresentado por mim aí.
Esta família é o meu orgulho, o meu abrigo, o meu chão e amo-os de paixão.
Brigada amiga pelas tuas palavras.
Para além de todos os atributos é também um excelente comunicador que encanta e torna as conversas momentos de prazer único.
Beijos.