quinta-feira, 9 de setembro de 2010

apreensivamente esperando

É tão estranho...ver as notícias do telejornal sobre o acidente de autocarro em Marrocos.
E leio em rodapé - 11 pessoas continuam internadas, 5 em estado grave - e fico toda arrepiada.
Uma amiga de infância faz parte deste número.
Eu lutando sempre para que não sejamos números e afinal não somos senão um algarismo que se associa a outros e passamos a fazer parte das estatísticas pelos piores motivos.
Este número afinal tem um algarismo que é uma amiga minha.
E não é daquelas que a gente diz que é amiga, mas apenas é uma conhecida de longa data. Não.
Daquelas amigas que a gente conhece a mãe, os irmãos, a família toda, os amigos, os gostos, os desgostos, os pensamentos, as palavras, a casa. Entra, senta, come e dorme. Ri, chora, conversa, desabafa, desconversa. Passeia. Vê peças de teatro e ouve poesia em dia de poesia.
Conhece muito e bem. E gosta. E ama. Como família. Irmã do coração.
Que se lembra do nosso aniversário, que nos trata por " das Dores " ou " Maria Clara " sempre, que conhece a nossa família, que nos conhece assim como palma das nossas mãos.
Dou comigo a ver as imagens dos feridos e tentando vê-la.
Sei que é forte. De fibra e de armas. Foi assim a vida toda. Vai sair desta.
Ainda nos vamos rir disto...
Agora, só quero que venha para Lisboa o mais rapidamente possível, após a avaliação ao seu estado e que se restableça totalmente.
Sonhei com ela. Com a foto do facebook, no auge da vida. Linda.
Estou um pouco assarapantada com este acontecimento nas nossas vidas. Este acidente envolve muita gente. Na parte que me toca como amiga, da minha amiga, sei pessoas da família, porque de uma família muito unida se trata, muito preocupadas e tristes mas arregaçando as mangas e esperando que ela volte já hoje, para lhe darem todo o carinho e apoio de que necessita.
Ao longo dos tempos, fui conservando os meus amigos e até fazendo outros. Duas amigas já faleceram. Ambas angolanas. Ambas em Luanda. Uma outra amiga, e há muitos anos, mais de 30, esteve em coma um mês, tendo recuperado quase totalmente.
Felismente para mim e para os meus amigos, nenhum outro esteve em perigo de vida .
Por isso alguma dificuldade em lidar com esta situação.
Quando não sei o que fazer, faço algo que me alivia. Oro...

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