quinta-feira, 23 de setembro de 2010

as diferenças

Não foram precisos mais do que dez minutos. Apenas dez minutos e criaturas ainda em fase de aprendizagem, disseram-se frases insultando-se e a outros, numa atitude de me deixarem com os cabelos em pé, de cólera.
Como se não fosse com elas e na forma de insulto, ouvi ao longo de apenas dez minutos de viagem frases como:
Dá cá isso seu paneleiro; Aquela preta da turma da Irina; Estás cego ou quê?; Cala-te loira burra; O kota hoje acordou com os pés de fora; O gajo é coxo...
Aposto que a continuarmos todos em viagem e ainda ouvia falar dos comunistas, dos testemunhas de Jeová, dos ciganos e com um pouquinho de sorte algum se lembraria de ter ouvido ao pai falar dos retornados.
Eu sou de apetites. E esquisita. E tenho dias. E hoje não estou no melhor dos meus dias.
Não estando para amar pensei que podia ser implicância minha. Mas não. O que se passa é que estou com ouvidos de tísica e tolerância zero.
E apeteceu-me distribuir bofetões. Não por eles. Não.
Numa coisa mais justa. De igual para igual que não somos iguais apesar de sermos da mesma geração.
Com os paizinhos e educadores destas criaturinhas. Onde é que andam? Que não ensinaram a esta nova geração algo fundamental. O respeito pela diferença.
E com o rei na barriga, distribuem insultos por tudo o que mexe e não é como eles. Afinal, somos couves?
Que pais estes...
Que geração a minha...
Que país este!
Decididamente hoje não estou para aqui virada.
Até porque ontem adormeci com a pior notícia que se pode dar a alguém e coloquei-me no papel desses alguéns, infelismente muito chegados a mim. E hoje acordei com as entranhas às voltas, a cama, o quarto, tudo a rodopiar. E ainda estou desse jeito.
Talvez por isso, porque hoje o ar pesa mais e custa a respirar e há quem não respire, é que a minha tolerância é zero.
E por isso me pergunte que anda esta gente a fazer, se não fazem um esforço para evoluirem e serem felizes. E ser feliz não é isto. Este ódio no coração.
Tanta gente que parte, que queria tanto viver, ensinar e receber os ensinamentos que a vida nos vai dando, ser feliz...

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