segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Votar, eis a questão

Parece que a minha vida às vezes é um marasmo. Mas desenganem-se. Quem quiser um pouquito de animação acompanhe-me. Sempre acontece qualquer coisita que de repente nos deixa numa assim, tipo... surpriiiiiise! Que é como quem diz, com cara de tacho.
Mesmo a caminho das urnas, estrada essa que devia ser feita séria e silenciosamente vão-se tecendo comentários cá muito meus, nossos. Porque fui de companhia, votar, pois então.
Logo à entrada, a lateral do edifício novo da Escola Secundária Maria Lamas, uma mesa com três criaturas da nossa praça. Caras bem conhecidas e algumas com quem me bati de frente, anos a fio.
E observo, ali assim mesmo ao pé de mim a grande e frustrante novidade do dia, que já ia bem a meio.
Quem quis votar com o cartão de cidadão e mudou de morada, lixou-se. Desculpem mas foi o termo mais decente que me ocorreu para vos dizer que deixou de constar das listas e não votou. Mostraram o cartão vermelho, fizeram uma cruz antecipada no dito cidadão, não fosse o mesmo borrar a pintura, fazendo a cruz errada no quadradinho que nos oferecem num sorriso de orelha a orelha.
Cá eu, votei. Ainda tenho BI antigo e não trato do CC enquanto não caducar o meu querido BI. A fotografia é horrorosa mas como se diz vulgarmente, já não estou para agradar a ninguém, ainda lá tenho o estado civil, e ainda assino sete nomes, mas está tudo lindamente. Nos conformes. E siga a marinha.
Votei e votei muito bem. Sem arrependimentos. No único homem que ganhou. Fui uma das 500.000 criaturas que botou uma cruz no último quadradinho.
Eu que não encarneiro assim às primeiras, não faço coro em salvas de palmas e Vivas, enquanto seguia os acontecimentos pela televisão apeteceu-me falar sozinha, bater palmas e dar Vivas ao homem que arrepanhou os tais quinhentos mil votos dos portugueses, não contando com os que votariam se não tivessem sido enganados pelo progresso que finalmente chega também às urnas e apanhou desprevenido quem está habituado a que tudo se faça devagar, devagarinho, a passo de caracol, como a lesma.
Hoje, no meu local de trabalho percebi que num universo de 12 pessoas, três disseram abertamente que tinham votado em Fernando Nobre. Foi uma surpresa para mim. Ou não.
Há quem queira a mudança. Sem vícios. Nem passado.

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