quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Pitangando

A Pitanga era sem abrigo. Foi encontrada bebé, no meio das ervas ao portão de casa, de uma amiga. Que depressa a " despachou " para mim, até porque eu " precisava " de distracção.
Nunca tinha tratado de um bichinho destes. Dentro de casa. Os gatos do quintal não eram a mesma coisa. A mãe se encarregava de lhes dar restos, espinhas e rabos de peixe, que antigamente era assim que os gatos sobreviviam. Hoje é que são tratados que nem gente. E por falar nisso, a D. Pitanga julga-se pessoa. Mais, julga que sou sua mãe. E quer ser tratada que nem filha preferida.
E todas as noites, desde que voltei de Luanda e para Torres Novas, quer dormir na minha cama. E mal apago a luz para dormir ela salta e raspa com a patinha na roupa para que eu levante edredon, lençol, etc.
E sabem o que faz? Entra para o quentinho. Primeiro ficava aos pés, do tipo saco de água quente que não gosto nem preciso nem tenho esse hábito, apre que horror! E aos poucos foi subindo. Passou a encostar-se na minha barriga e encaixar-se na concha que faço com as pernas para me aninhar e enrolar em mim própria. Agora, descaradamente se enrola junto ao meu peito, estica o focinho, a carinha, quero eu dizer, já que é gente (?), pois então, estica os bigodes para o meu braço e faz dele almofada.
Como se de cria minha se tratasse.
E o pior é que eu deixo. E pior ainda é que eu gosto.
Estou aqui estou a chamá-la para os meus braços mesmo que ela não esteja para aqui virada.
Mas olhem só o que me haviam de arranjar...eu que achava um horror animais dentro de casa, nos quartos, nas camas. E até sorria de escárnio quando via uma senhora de lulu pela trela ou babando das histórias do tareco.
Só que não fique a dizer miau miau e a ronronar já é uma sorte.

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