quarta-feira, 9 de maio de 2012

hoje é dia não

foto tukayana. blogspot
Hoje não estou para grandes coisas. A minha mãe partiu há 23 anos, para todo o sempre numa eternidade que  me doi mais hoje, porque volta tudo.
Há uma semana sonhei-a. Linda, jovem e sorridente. Hoje uma amiga de infância disse-me que sonhou com ela. Que lhe oferecia algo de presente. E que sorria. 
Fiquei comovida com esta revelação. Esta amiga vive em Luanda, foi minha vizinha e a sua mãe é minha madrinha do crisma. Saber que a minha mãe vive no sono da noite duma pessoa que em 1975 viu a dona Celeste pela última vez fez verter umas lágrimas dos meus olhos ansiosos por chorarem. A irmã desta pessoa disse-me que a minha mãe era extremamente bondosa e doce e que nem sabia repreender. Verdade. Como me sacudia o pó a dona Celeste!
O dia foi difícil. Não via a hora de chegar a casa. Dona Pitanga fez-me ir ao Modelo gastar dinheiro pois gulosa que é, não é qualquer lata que lhe serve. Como a pachorra para andar a pé era pouca, esperei o TUT. Uma senhora chegou entretanto encalorada. O dia aqueceu e há quem diga que chegou aos 30 graus. 
Isto dá cá uma saúde dos diabos. Num dia chove e faz frio e no outro abafa-nos.
A criatura desaustinada com o calor, não perdeu o pio e foi um ver se te avias a desenferrujar a língua. Desde dizer que era cozinheira no colégio A.Corvo, a dizer que faz um part- time no hotel dos cavaleiros e que esteve a trabalhar na feira quinhentista, ela foi desabafando de tudo um pouco. Fiquei a saber que o hotel se safou, mas que foi neste ano que menos quartos foram reservados para o efeito.
O TUT chegou rapidamente e acomodei-me. A mulher virou-se para dentro e não mais a ouvi. Junto à ex Abidis entrou a Maria José. Reconheci-a de imediato bem como ela a mim. Desenhou um sorriso e sentando-se à minha frente logo começou a falar. A Maria José é uma jovem que já esteve à conversa comigo quase meia hora na mesma paragem de hoje. Descobri na altura que mora perto de mim. Que tem o sogro em Angola e que tem um cão que passeia à noite. Não gosta de viver em Torres Novas e quer ir embora para Lisboa de onde veio. Ficou de me ligar para bebermos um café. Deixou-me o telefone e levou o meu.
Vim direita para casa. Hoje é daqueles dias que antes só que bem acompanhada.
Olho o retrato da minha mãe. Sempre que passo no corredor a vejo. E não evito pensar que a minha mãe é um anjo bom que Deus colocou no mundo para me dar à luz e que esteve neste mundo fingindo sempre viver à sombra da família, mas que afinal foi a actriz principal da minha existência.
Obrigada mãe! 

1 comentário:

persiana fechada disse...

olá. Se sonhar com a Mãe foi bom ( imagino eu ) , apesar de ter muitas saudades dela, porque foi difícil o dia? Sim, bem sei que se calhar só lhe apetecia abraçar a Mãe, se a senhora fosse viva. Devia ser uma pessoa especial, a sua mãe. força e um abraço. beijos