foto tukayana.blogspot
O fim de semana chegou ao fim. Apesar d' amanhã voltar a ser domingo p'ra mim, na verdade, não o é para muitos. Há uns dias no ano que podem ser tirados e que fazem parte dum artigo que a gente usa, assim nos autorizem a usá-lo. Amanhã é dia de artigo. Por vários motivos e mais um. E esse é que me faz ficar por cá e tão bem usufruir dum domingo sem viagem para o ribatejo. A Pitanga preocupa-me e faz sentir-me culpada. O mano Zé tratou dela e bem, tenho a certeza. Já o confirmei pelo telefone. Mas...quando o motivo é o que é, não há opção. Há obrigatoriedade voluntária nesta escolha que não me deixa outra.
Respirar, respirar, suspirar, suspirar, e tudo estar nos seus lugares, isso é que me faz feliz!
Foi um fim de semana de calor e sol. E peixe grelhado junto ao mar de Cascais.
Foi uma voltinha pela vila como sempre faço. Umas fotografias e uma viagem de comboio até ao Cais do Sodré que me fez pensar no acidente há poucos dias em Caxias. Esta é a linha em que mais quilómetros faço. Chegada ao términos quis sair e o cartão não me permitia a passagem . Foi preciso pedir a umas meninas que me deixassem passar de boleia. Já mo fizeram e eu permiti. E elas também. Depois fui apanhar o 36, só para não ir de metro como toupeira, pois que o dia estava lindo e apetecia andar nas ruas. Melhor não o tivesse feito. Depois de, ter esperado mais de meia hora pelo desgraçado do autocarro, e ter ouvido xingar o governo, xingar a carris, xingar o parceiro do lado, chorar a criança, rir um maluco, que se metia com quem estava na paragem, menos comigo, não sei se porque estava de saltos e ele ficava minorca ao meu lado, se porque se cansou antes de chegar a mim ou se simplesmente me ignorou, lá chegou o bendito 36 para nos levar. E levou. 1,75.€. E levou, até à praça da Figueira, porque ali, um taxi veio por trás e pum catrapum, pum, pum, que a mim tudo me acontece, e de repente podiamos ter sido sinistrados. Não fomos, mas fomos pouco bem tratados, pois que tivemos de descer da viatura e o motorista mais do que indicar o procedimento a seguir, grunhiu, tendo-nos valido o facto de todos estarmos habituados a pessoas que grunhem e a paragem seguinte ser ali logo no Rossio e assim rapidamente nos encontrámos para tentarmos continuar a nossa viagem.
O calor na baixa estava insuportável.
Já na viagem de comboio percebi que fazia imenso calor. Mas ali a falta era a falha do ar condicionado. Remeti-me para a crise, achando indecente que os bilhetes sejam cada vez mais caros e sejamos tratados a pão e água. Quando entrei no autocarro pensei que estava destemperada, até que ouvi as queixas da vizinha da frente, uma mulata guineense, li na mala e outras imbambas que trazia, guiné, e depois comprovei no seu crioulo um pouco mais difícil de entender que o crioulo de caboverdianos, com que ela brindava quem entrava e que conhecia. Quando apanhei o segundo autocarro percebi que nenhum autocarro teria ar condicionado. E percebi também que é difícil fazer Cais do Sodré, Olival Basto, num autocarro apinhado de gente, respirando o mesmo ar quente. Percebi que as escadas rolantes das estações, quer de metro, quer de comboio estão quase todas paradas. As passadeiras também. E as pessoas com deficiência, também, pois não têm forma de se deslocar, com tantas dificuldades. Finalmente constatei que o povo está quilhado. Paga e não bufa, porque quando o faz vêm as forças policiais e leva na tarraqueta. A ver, o Movimentos dos Indignados que gritando na Feira do Livro - Passos, ladrão, o teu lugar é na prisão - de imediato foram empurrados e obrigados ao silêncio.
Em suma, e porque espero que a população de Lisboa e arredores que paga o seu passe mensal reclame pelo ar condicionado a que estava habituada, continuarei o meu acidentado e cansativo percurso dizendo que cheguei à paragem do 32 às 6 horas e quando entrei em casa eram 8,45. No Olival uma festa de arromba parecia estar para acontecer. Percebi depois, já instalada no sofá da minha sala que o som organizado e bonito que vinha da rua não era senão o da fé. A procissão das velas, que iniciava na igreja e passava pela minha casa. A emoção tomou conta de mim que eu estou sempre a pôr-me a jeito para uma lágrima sobressalente.
Gosto de acordar no Olival. Sobretudo na primavera e início do verão. A cor e o cheiro deste lugar tem algo que me atiça as emoções e que por sua vez me chegam ao estômago. É lá que eu tenho o primeiro sinal de bem estar. Quando assim é eu sei que estou feliz. O Olival foi uma escolha minha. Não tem piléria nenhuma enquanto terra mas representa a minha libertação e deve ser por aí...
Acordada, fui às compras ao...Pingo Doce. Claro que eu vou lá. Claro que fica perto de casa e eu gosto. Claro que no dia 1 de Maio não fui, não quis ir e tive raiva a quem foi, não porque me apeteceu ficar raivosa mas porque a ganância foi comprada miseravelmente por quem tem olho clínico e manipulador para a coisa.
Depois da minha ida e volta, foi ver o adeus à Virgem cujas celebrações em Fátima começaram logo pela manhã na TVI e terminaram quando Fátima ficou deserta.
Foi ainda ler e acabar o livro - O Seminarista, de Ruben Fonseca, um escritor brasileiro que descobri há pouco tempo e que estou a adorar. Foi fazer o bolo de cenoura e amêndoa, o jantar, pôr flores numa jarra e esperar ansiosamente a chegada das duas criaturas que mais amo no mundo sendo que uma delas me fará finalmente e de novo, respirar a dois pulmões por algum tempo mais.
Se foi mais um fim de semana? Foi. Mais um. Mas em nada igual aos outros. Nem eu...
Foi um fim de semana de calor e sol. E peixe grelhado junto ao mar de Cascais.
Foi uma voltinha pela vila como sempre faço. Umas fotografias e uma viagem de comboio até ao Cais do Sodré que me fez pensar no acidente há poucos dias em Caxias. Esta é a linha em que mais quilómetros faço. Chegada ao términos quis sair e o cartão não me permitia a passagem . Foi preciso pedir a umas meninas que me deixassem passar de boleia. Já mo fizeram e eu permiti. E elas também. Depois fui apanhar o 36, só para não ir de metro como toupeira, pois que o dia estava lindo e apetecia andar nas ruas. Melhor não o tivesse feito. Depois de, ter esperado mais de meia hora pelo desgraçado do autocarro, e ter ouvido xingar o governo, xingar a carris, xingar o parceiro do lado, chorar a criança, rir um maluco, que se metia com quem estava na paragem, menos comigo, não sei se porque estava de saltos e ele ficava minorca ao meu lado, se porque se cansou antes de chegar a mim ou se simplesmente me ignorou, lá chegou o bendito 36 para nos levar. E levou. 1,75.€. E levou, até à praça da Figueira, porque ali, um taxi veio por trás e pum catrapum, pum, pum, que a mim tudo me acontece, e de repente podiamos ter sido sinistrados. Não fomos, mas fomos pouco bem tratados, pois que tivemos de descer da viatura e o motorista mais do que indicar o procedimento a seguir, grunhiu, tendo-nos valido o facto de todos estarmos habituados a pessoas que grunhem e a paragem seguinte ser ali logo no Rossio e assim rapidamente nos encontrámos para tentarmos continuar a nossa viagem.
O calor na baixa estava insuportável.
Já na viagem de comboio percebi que fazia imenso calor. Mas ali a falta era a falha do ar condicionado. Remeti-me para a crise, achando indecente que os bilhetes sejam cada vez mais caros e sejamos tratados a pão e água. Quando entrei no autocarro pensei que estava destemperada, até que ouvi as queixas da vizinha da frente, uma mulata guineense, li na mala e outras imbambas que trazia, guiné, e depois comprovei no seu crioulo um pouco mais difícil de entender que o crioulo de caboverdianos, com que ela brindava quem entrava e que conhecia. Quando apanhei o segundo autocarro percebi que nenhum autocarro teria ar condicionado. E percebi também que é difícil fazer Cais do Sodré, Olival Basto, num autocarro apinhado de gente, respirando o mesmo ar quente. Percebi que as escadas rolantes das estações, quer de metro, quer de comboio estão quase todas paradas. As passadeiras também. E as pessoas com deficiência, também, pois não têm forma de se deslocar, com tantas dificuldades. Finalmente constatei que o povo está quilhado. Paga e não bufa, porque quando o faz vêm as forças policiais e leva na tarraqueta. A ver, o Movimentos dos Indignados que gritando na Feira do Livro - Passos, ladrão, o teu lugar é na prisão - de imediato foram empurrados e obrigados ao silêncio.
Em suma, e porque espero que a população de Lisboa e arredores que paga o seu passe mensal reclame pelo ar condicionado a que estava habituada, continuarei o meu acidentado e cansativo percurso dizendo que cheguei à paragem do 32 às 6 horas e quando entrei em casa eram 8,45. No Olival uma festa de arromba parecia estar para acontecer. Percebi depois, já instalada no sofá da minha sala que o som organizado e bonito que vinha da rua não era senão o da fé. A procissão das velas, que iniciava na igreja e passava pela minha casa. A emoção tomou conta de mim que eu estou sempre a pôr-me a jeito para uma lágrima sobressalente.
Gosto de acordar no Olival. Sobretudo na primavera e início do verão. A cor e o cheiro deste lugar tem algo que me atiça as emoções e que por sua vez me chegam ao estômago. É lá que eu tenho o primeiro sinal de bem estar. Quando assim é eu sei que estou feliz. O Olival foi uma escolha minha. Não tem piléria nenhuma enquanto terra mas representa a minha libertação e deve ser por aí...
Acordada, fui às compras ao...Pingo Doce. Claro que eu vou lá. Claro que fica perto de casa e eu gosto. Claro que no dia 1 de Maio não fui, não quis ir e tive raiva a quem foi, não porque me apeteceu ficar raivosa mas porque a ganância foi comprada miseravelmente por quem tem olho clínico e manipulador para a coisa.
Depois da minha ida e volta, foi ver o adeus à Virgem cujas celebrações em Fátima começaram logo pela manhã na TVI e terminaram quando Fátima ficou deserta.
Foi ainda ler e acabar o livro - O Seminarista, de Ruben Fonseca, um escritor brasileiro que descobri há pouco tempo e que estou a adorar. Foi fazer o bolo de cenoura e amêndoa, o jantar, pôr flores numa jarra e esperar ansiosamente a chegada das duas criaturas que mais amo no mundo sendo que uma delas me fará finalmente e de novo, respirar a dois pulmões por algum tempo mais.
Se foi mais um fim de semana? Foi. Mais um. Mas em nada igual aos outros. Nem eu...
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