domingo, 4 de abril de 2010

Ser...palavra

Não quero ser lesma, lenta e minúscula, arrastando-se viscosa e babada. E dependendo do estado da minha vesícula, repugnante.A imagem romântica deste invertebrado, morreu no jardim da minha casa, quando me agrediram o romantismo, e violaram e se apropriaram dele e do meu jardim, estrangeiros armados, de razões, que morreram pouco depois...
Nem rato...de sacristia e dos outros. Cinzento pardo, cor de rato, fuinha, nervoso, qual fitipaldi do volante, que não está onde devia estar quando lhe pousamos o olhar assustado e repugnado.
Nem borboleta esvoaçante, bela, mas frágil e insegura num tempo que corre veloz e perverso a caminho do seu fim e que poisa ao de leve no que inspira. A imaginação. No perfume, no pólen dos campos...
Tão pouco quero ser néctar e pétala, ou chamada de flor e ornamentar salões e festas. Oferta de amantes, filhos, conquistas, favores, obrigações.
Nem companhia de defuntos, ou bouquet de noivas.
Queria ser, talvez, uma palavra. Apenas uma palavra. Que letrados e os outros, todos a lessem.
De letras coloridas alegremente.
Que andasse na boca de cada um e fosse desejada, como beijos.
De boca em boca.
Queria que fosse vermelha, como a terra da grande terra.
Como as acácias dessa terra.
As rosas e as cerejas.
Como sangue que corre nas veias. E o vinho doce, do prazer.
Como o sol do entardecer.
E o fogo que arde e queima dentro de mim.
Eu queria ser talvez uma palavra.
Aquela que os poetas rimam com canção.
De que o coração se alimenta.
Eu queria apenas ser...Paixão!

2 comentários:

anónimo disse...

Bravo! muito bonito.

anónimo disse...

Bravo! muito bonito.