domingo, 25 de abril de 2010

25 de Abril de 1974, e onde é que eu estava?


Era estudante. Entrava às 14 horas, às quartas-feiras. Tinha borla de horário e por isso saí de casa, junto à uma hora.
Vivia no 126 da avenida Brasil. Em Luanda. Angola. Isto muda tudo...
Apenas quando cheguei ao liceu soube o que acontecera. No noticiário da 1 hora foi dada a notícia.
Luanda viveu a manhã, ou os seus habitantes, sem saber o que estava a acontecer em Lisboa.
No liceu foi uma tarde de aulas muito animada. A professora de OPAN ( Organização Política e Administrativa da Nação ) tinha mais responsabilidades do que qualquer outra. Não deu matéria. Explicou-nos o que era um golpe de estado e algumas das suas consequências no futuro, para a Metrópole e para Angola. Já abordara esse tema quando da tentativa frustrada em Março, mas muito, muito superficialmente.
Eu fiquei inquieta. Sabia que chegada a casa, pelo que o meu pai opinasse sobre os acontecimentos teria motivo para apreensões ou não. O meu pai, tinha um grupo de amigos e eu habituara-me a ouvi-los falar sobre estas questões. Lá em casa chegou a apanhar-se a rádio Brazaville e ouvir-se o programa que emitiam para Angola, que toda a gente dizia que era proibido, e que a PIDE/DGS e tal e coiso, se apanhasse alguém...o meu pai fazia-o mais para prevenção e porque era muito curioso e queria estar a par do que os " turras " preparavam para Angola, mais do que por consciência política, mas o facto é que esta possibilidade já não era tão nova e em primeira mão, para mim.
Por tudo isso, apesar de estar a acontecer uma revolução pacífica, em Lisboa e isso ser bom, porque havia um pormenor que nós sabiamos muito importante, para que fosse motivo de comemoração, a ditadura estava no fim, apesar disso, Luanda estava conspiradora, atenta, expectante. E pela primeira vez, Luanda teve uma noite mais silenciosa. Os seus habitantes adultos, estavam agarrados aos rádios, esperando mais notícias.

3 comentários:

Anónimo disse...

Eu tb estava em Luanda e recordo bem a nossa ingenuidade, o nosso desconhecimento sobre política. Quando uma colega me quis contar o que se passava e embatucou no termo, pois não conseguiu que lhe saisse "golpe de estado". Algumas horas mais tarde, depois de algu+em a ter esclarecido, procurou-me para finalmente me dizer que tinha havido um golpe estado. Meu Deus, quanta ingenuidade...

anónimo disse...

Também estava em Luanda.Foi estranho.Estás melhor? As melhoras.

Anónimo disse...

eu não digo k tens memória de elefante.....sei lá k aulas tive nesse dia, se houve borla ou não, a única certeza é k estudava no liceu feminino e tinha aulas de manhã nesse ano, agora k disciplinas tive e o k as 'STORAS' diseram........SÓ TU MARIA............quano estivermos velhinhas kero-te bem perto para me lembrares dos familiares e amigos, pk já sinto os efeitos do DNE