quinta-feira, 26 de julho de 2012

para ti, avô

Para ti, avô
Diz que hoje é o teu dia. Inventam tudo. Acho é para que não esqueçamos que os dias não são todos iguais. Há dia para tudo. Para amigo, para água, para saúde, para mãe, pai, criança, áfrica, mulher e agora até para avô. Acho é para que não esqueçamos que os dias não são todos iguais. E para o dinheiro circular feito presentes para os mais sortudos. E para lembrar os que não têm nem sequer uma nota de cinco euros esquecida no bolso, que há pais e pais, filhos e filhos, crianças e crianças, avôs e avôs. 
Afinal há dias para tudo e para todos e há dias até como este, para pensarmos que se não os vivermos, perdemos as raízes, as origens, os laços e as correntes. A hereditariedade, os princípios, os tiques, os dizeres, as gargalhadas e piadas, o perfume, os fins de tarde, os cacimbos, as estórias, os passeios, a música, os hábitos e as regras, os limites, os momentos x ou y que foi essencial e que nos torna diferentes do outro ali do lado, a memória, e fica difícil uma vida fácil e abençoada. Livre e sem fantasma no armário.
Não sou diferente do outros e por isso aqui estou não deixando o dia assinalado passar sem que saibas que sou uma pessoa feliz. Sou mesmo. Fazes-te presente na minha vida a cada momento feliz do meu passado. A cada sábado. A cada passeio. A cada sorriso e brincadeira. Nas palavras dos meus amigos de infância. Nos mais velhos que te recordam. Nos ensinamentos. Na doação d’um amor que te senti e me amaste do coração numa exaltação e entrega que só avô tem.
Não precisas dias no calendário para te saber de cor. Para te sentir amor incondicional. Para te ouvir palavras sábias e sensatas. Para ter a certeza que um ser humano não é igual ao outro. Para saber que foste singular e me calhaste em sorte num sorteio que Deus fez questão de me brindar. Numa imposição do destino, que chegou como dádiva.
Sou uma pessoa feliz. Sou mesmo, avô, porque conhecer-te, privar contigo e amar-te fez-me ter prazer na existência, crescer e receber lições de vida de que nunca mais me libertarei. Como âncora no fundo do mar.
Olha sô Carvalho, foste tão porreiro, tão porreiro que acho não há avô melhor no mundo.
Moras no meu coração para todo o sempre e quem me dera ser uma avó como tu foste avô. Só mais uma coisa, quero que saibas que toda a gente devia ter um avô assim, como tu…
m.c.s.

Sem comentários: