foto tukayana.blogspot
· Chego à
piscina. Exterior. A piscina d’água quente, tem água fria. O jacuzzi idem. A
luz está a falhar. Há um problema com o gerador. Na receção informaram-me.
Quando lhes fui dizer que a televisão não funciona. A Sara ( a minha amiga da receção
) piscou-me o olho quando a chefe de sala, acho que é a chefe da sala das
refeições pediu que se falasse mais baixo, pois estava ao telefone a tentar
resolver a avaria. Esta mulher, ao jantar, ( às vezes janto no hotel ) circula
de mesa em mesa perguntando se está tudo bem, distribui sorrisos de orelha a
orelha mas não me convence. É a única criatura que ali trabalha que não joga na
minha equipa nem que se pinte de encarnado. Chego à piscina exterior. É como chegar a casa. Sinto-me um peixe dentro
d’água. É bom chegar e reconhecer o espaço. E chamá-lo meu. Há sol. Não há vento. Está ameno e agradável. Procuro uma espreguiçadeira.
Apenas três estão disponíveis. Bem me disse a Sara que o hotel estava lotado. Das
três, só uma funciona. Acabo por sentar-me de costas para o sol. Os melhores
lugares foram ocupados. Não faz mal. Há vários casais jovens com crianças pequenas. Há jovens raparigas e rapazes em
grupo. Estes falam espanhol. Há um casal com sotaque forte de Angola, com duas kanucas,
brincando ruidosa e alegremente dentro da piscina grande. Há um casal mais
velho que eu, certamente. Ele, com certeza. Encontrei-os a fazer o chek in
quando cheguei. Ela com ar desportivo e moderno,
loira, cara lavada, magra, gira. Ele,
cabelos brancos, pele morena, voz arrastada, ar pegajoso. Agarrando-a pela
cintura, passando-lhe a mão pelo rabo e olhando p’ra mim por cima do ombro
dela, com ar baboso. Detestável. Detestei. E continuo a não gostar. Ela está a
ler uma revista e ele, quando me sento na espreguiçadeira, agarra nos óculos de
sol e coloca-os. E pára de ler o jornal. Sacana de caça. Sacanas dos caçadores. Parece que estou a vê-los no Corte
Inglês, passeando-se com as mulheres, companheiras, amigas ou amantes, quero lá
eu bem saber, de braço dado e avançando para tudo o que mexe. Eu não devia
levar tão a peito isto, cada um é como é, mas provocam-me asco, sobretudo
quando babam pela minha cria. Pedófilos duma figa…hoje não é o caso pois que já
sou bem crescidinha. Olho à minha volta. Uma mulher novinha muito escura do sol dá um iogurte ao
filho. Fico daquela cor achocolatada ao fim de três dias consecutivos de sol, praia
e piscina. Já me confundiram. Quem é essa mulata que está do teu lado?
Perguntou a Nany à Mena, vendo fotos de aniversário desta última, comemorado no
Ribatejo, ai jesus que se ma apaga a luz só de pensar no ribatejo, mas é que a Mena
vive também nessa região. E esta respondeu: a mulata é a Clarinha e as pombas, (
como ela gosta de me tratar e como eu gosto de a ouvir ).Ao lado da mulher escura, outra com o mesmo tom de pele. Enorme. Talvez tão
alta como eu e mais pesada com certeza. O seu estômago e barriga, no dobro dos
meus anexos. Acompanhada do namorado, marido, amigo ou amante ou seja lá o que
for. Dirigem-se para a escada de acesso à água. Nas mãos dele, uma máquina
fotográfica. Ensaia a foto. Ela diz: Assim? E finge que vai em voo. Agora, diz
ele. Ela mergulha, atirando-se para a água sem desfazer o personagem. Dentro d’água
grita: Ficou boa? Estou bem? Mostra, mostra…e ele, ai ele, olha-a sorridente,
tão sorridente que eu sorrio também, ai ele…ai ela… ai o amor…ele sem desfazer
o personagem, sorriso pepsodent, diz: estás linda! Pareces um golfinho.Olho os dois. E não desfaço o personagem, sorrio. Pareces um golfinho…O amor é lindo!
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