quarta-feira, 18 de julho de 2012

no espírito das férias


As férias são uma terapia para todos os males. E eu sofro de alguns males...
Os movimentos são livres, as horas de sono também. Esquecemos o relógio, obrigações e sacrifícios.
As férias são um intervalo no stress e no trabalho. São um convite ao descanso e ao lazer. São também um desafio. A imaginação é estimulada e o desejo de criar jorra como água duma fonte.
Aqui estou, acabada de sair da cozinha onde fui fazer num instante, quatro crepes, dois com recheio de queijo e dois doces, um com doce de morango e outro com açúcar e canela, tarefa que substituiu uma ida à praia, sim, uma ida à praia, pois que o calor que se faz sentir aqui é tanto e a minha sala está tão fresquinha que depois de fazer o saco tive um pressentimento. Seguido de uma hesitação. Depois uma certeza. Ninguém me arranca de casa para enfrentar um metro, um comboio, areia quente, sol bravio, calor intenso, água do mar fria. Posto isto, meti mãos à obra. E assim sendo, crepes foi o que me apeteceu fazer e se assim pensei melhor o fiz.
Nestes dois últimos dias, de companhia que estive  com a minha amiga de sempre, muitas foram as questões que nos pusemos. Com a mesma idade, assaltam-nos dúvidas, percebemos limitações, brincamos com isso, mas a conclusão é uma só: velhice é tramada.
Nestas férias e porque não tive hipótese de fazer uma viagem, de sair do meu habitat, algumas têm sido as escolhas para que os dias corram com o maior prazer e conforto de forma a esquecer-me desta limitação imposta e da qual não sou culpada. Onde é que entra a velhice? Não entra. Não quero que entre. Tem de ficar do lado de fora da porta, do lado de fora dos meus projetos, do lado de fora da minha vida, mas não é fácil. Quando escolho não enfrentar o calor, os transportes públicos e  uma tarde de praia, questiono-me. Estarei eu a conformar-me? Ou seja, estou a ficar velha?
Estou mais velha, essa é a única certeza que tenho. Mas enquanto me envelheço vou fazendo o gostinho ao dedo. O meu aniversário não me deu trabalho nenhum. Jantámos fora, no the decadente, um restaurante da moda, que fica no Bairro Alto e que gostei muito. As velas de aniversário apaguei-as na esplanada da TimeOut, tentando que o vento não as apagasse antes de mim. O desejo foi pedido na mesma mas francamente nem me lembro qual foi. Qualquer que tenha sido há-de ser algo que me fará feliz. Recebi presentes, tais como um perfume, o meu perfume, um fim de semana em Peniche, brevemente, no hotel onde fico sempre, um livro, o retorno de Dulce Maria  Cardoso, umas bolas para centros de mesa, de artesanato, feitas com muito carinho pela minha querida amiga, vindas diretamente de Luanda, uma caneca para o chá, personalizada, uma garrafa bonita de licor, com ginja dentro, parece que é ginja de Samora Correia que a outra amiga me trouxe do Ribatejo. Ribatejo???? Estava quase esquecida que existe essa região no centro de Portugal.  Fui aos saldos e comprei umas coisinhas poucas. Fui ao cinema. Fui à praia. Tive um almoço, encontro de gente da minha infância. Tenho ficado em casa mais do que era suposto, tal como hoje, escolha minha. Fiz de babysitter dos 3 Ms, filhos da SMS, fui passar o dia com as minhas amigas de infância, Mena e Milú. Ontem, com a minha querida amiga Milú. Na cozinha fiz doces e salgados. Pratos vegetarianos e outros. Vejo televisão. Falo ao telefone e no chat do facebook. Durmo cedo e também durmo tarde.
As férias são uma terapia. E estas têm sido uma pequena amostra do que vai ser a minha vidinha depois da carta de alforria. Se assim for, muito bem. Por enquanto, vou caminhando nos meus dias, umas vezes rapidamente outras com a lentidão própria de quem está num fare niente tão bom! Férias! Fé
rias! Não há nada melhor. Só um euromilhões. E esse, um dia sai...

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