quarta-feira, 5 de setembro de 2012

de volta

foto tukayana.blogspot
Voltei para o Ribatejo. O que não tem remédio, remediado está.
A viagem de autocarro às 13 horas nada tem a ver com outros horários. Até porque os destinos são diferentes. Apenas param em torres novas, graças a Deus, pois isso significa haver imensos expressos. Depois podem ter como destino, Abrantes, Castelo Branco, Oleiros e não sei se outros.
Ontem, não percebi qual o destino. Sentei-me num lugar que não era o meu, pois o meu levava ao lado uma criatura e procuro sempre ir sozinha, por vezes não é possível, mas que tento, tento, correndo o risco de que me digam:  Óooo, pst, esse lugar é o meu, ou, desculpe mas está sentada no meu lugar, ou ainda, qual é o número desse lugar? E eu sorrio, levanto-me e vou ocupar outro. Na maior parte das vezes, o meu lugar já está ocupado e confesso que não me lembro de fazer levantar ninguém. Feitios. Até porque se estiver em dia não e me for entregue um lugar na frente, ah isso tento sempre ocupá-lo para não ouvir nem ver  ninguém senão o exterior. Mas as pessoas não gostam de viajar na parte de frente e não tenho que desalojar ninguém. Enfim, estava eu sentadinha e ansiosa que aquela coisa começasse a andar quando um casal bem entradote, aliás, todos os ocupantes bem entradotes, parecia uma excursão, com tudo o que as excursões desta idade implicam, chegou ao nº 25 e disse às pessoas que ocupavam os dois lugares: Ó amigo esse lugar é meu e da minha senhora. E a partir daí cresceu um alvoroço naquela chafarica que só o motorista resolveu, pois que uns tinham os lugares marcados e os outros tinham bilhete de ida e volta sem numeração. Este país é uma vergonha, foi uma das frases ouvidas. O povo paga, paga, deviamos ser servidos pela posta do meio. Isso também acho, bem como a vergonha que este país é, mas…
Nas costas daquele casal que teve de se levantar e ir ara o fim do autocarro vi as minhas.
A minha paciência era pouca e hora e meia tornou-se um suplício até que adormeci e acordei pouco antes de Santarém. Ao meu lado, à minha frente, atrás de mim, uma verdadeira sinfonia. Roncos e mais roncos. Bocas abertas, cabeças ao lado. Um horror. Não voltei a dormir até chegar a torres. Que figurinha uma pessoa faz. Devia ser proibido dormirmos nos transportes públicos. Há quem tombe a cabeça para o lado do parceiro e quase durma no seu ombro. Que meeeedo! Odiava ter um estranho de cabecinha no meu ombro, bocarra aberta e quem sabe, babando-se. Que nojo! Coisas de gente pobre que tem de se aguentar à bronca e viajar com mais umas dezenas, cheirando a naftalina, falando alto, palitando os dentes, contando estórias ao telemóvel, dormindo, ressonando e até babando-se.
A falta de paciência passou-me  assim que cheguei a casa. A minha Pitanga recebeu-me à porta como sempre. Apenas larguei tudo e agarrei nela ao colo. Depois de a mimar pus-lhe uma latinha inteira de gourmet que ela gosta. Comeu e desapareceu-me. Acho que para me dizer que estava zangada. Passados uns minutos voltou e depois de me apanhar no sofá saltou para o meu colo como se duma criança se tratasse e recebeu todas as festinhas do mundo completamente consolada.
Já aqui estou.  Logo mais irei de viagem de novo. Para mais uns dias. Desta feita, dispensando o autocarro.  Depois conto, ou não…

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