Choveu à noite na cidade.
As gotas d’ água tocaram a vidraça anunciando a viragem do tempo.
Este tempo sempre reclamado. Já não é a mesma coisa, dizem alguns.
O tempo passa a correr, dizem com falta de fôlego.
Que tempo chalado, dizem outros. Sempre virado do avesso, acrescentam.
Sempre pouco, sempre ansiado. Não tenho tempo p’ra nada, oiço dizer, digo eu. Ai tempo da chuva! Já cá faltava…
Choveu à noite na cidade. Primeiro mansamente. Quase imperceptível. Desajeitada
e envergonhadamente.
Depois, ganhou embalo, força, como tudo o que chega para se instalar.
Bateram fortes à minha janela estas primeiras chuvas d‘um tempo novo e nunca por
mim suspirado.
Bateu forte, sim. Tocou mais que a pele,
a alma.
Ainda vivendo os sonhos de verão.
Ainda apanhando os restos do ar, do sol, do mar e do chão.
Dormia a noite a bandeiras despregadas. Dormia eu, cansada. Descansada.
Despertou em mim esta chuva outonal que me pareceu pedir perdão e que mais que
mal, me fez pelo menos perceber a chegada duma nova estação.
Chegou a chuva e o outono.
domingo, 23 de setembro de 2012
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