quarta-feira, 26 de setembro de 2012

nascem açucenas




Nascem açucenas por entre as pedras do caminho
Brotam  puras e singelas
Espontâneas
Alegres
Brancas, vermelhas, amarelas
E espalham a cor na manhã clara
Perfumando  a caminhada
Nesta fria e grata alvorada

Adivinho a dádiva de mais um momento de magia
No tempo que me saúda sorrateiro
E no nascimento tranquilo deste dia
Brilhante ousado e soalheiro
Pinto-me com a tinta destas  flores
Misturo-me intensamente nestes odores
Que timidamente me pincelam de alegria

Quero voltar a olhar as açucenas
Que vão enfeitando as minhas estradas
E suavemente crescem por entre as pedras do caminho
Trepando no arame farpado
Garridamente penduradas
Nos fundos da minha saudade
Indiferentes ao cimento armado
Que se ergue cinzentamente na cidade

Não, não estendas a mão
Não colhas a flor que desabrocha não tarda
Oferece-me o perfume quando a estação se instalar
No outono do meu desalento
E verás então o  seu respirar
E a cor do meu sentimento

Nascem açucenas por entre as pedras do caminho
Desvia as pedras e percorre comigo esse caminho…

m.c.s.

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