quarta-feira, 19 de setembro de 2012

vou fingir...


Vou fingir que estou em Lisboa. Que mania esta de chamar Lisboa ao Olival Basto...eu sei que não é Lisboa, claro que sei, e sei também que é Odivelas. Mas a tabuleta do fim de Lisboa está ali no fim da calçada de Carriche, paredes meias com o Senhor Roubado, estação do meu metro. O Olival, fica ali algures a uns metros. Depois das bombas de gasolina, o taxista carrega e muda de tarifa, mas logo, logo é a minha casa. 
Não me incomoda ter casa na periferia. No subúrbio. Afinal, quando vivia em Luanda a minha casa ficava na avenida Brasil. 
Entre a baixa e o muceque. Entre o asfalto e a terra batida. Entre o sangue azul e sangue do povo, vermelho como todo ele é.
Vou fingir que estou em Lisboa. Não tenho nada contra o Olival Basto. E tudo a favor. A bem dizer ainda não percebi, nem quis perceber, é mais isso, o que é o Olival Basto. Sei que é uma freguesia de Odivelas. Mas nada mais sei. Parece um bairro. Um simples bairro. Mais que uma aldeia. Um bairro como o era a Vila Alice ( muito mais pequeno ), a Vila Clotilde ou o Cruzeiro, o Alvalade, o São Paulo. Tem gente desses bairros. E de Cabo Verde. Guiné, Moçambique. Tem gente da Índia. Tem gente...
Se eu fingir que estou em Lisboa, quer dizer no Olival Basto, vou fingir que é fim de semana. Vou fingir que estou usando o Netbook da minha cria. Aquele que eu e a irmã oferecemos num Natal. E que me é emprestado cada vez que vou a Luanda. Cada vez que vou de viagem cá dentro ou lá fora. Já me acompanhou para alguns países europeus. Para a praia e para o campo. Para Trás-os-Montes e para o Algarve. Para Guimarães ou para Peniche. Nazaré ou São Martinho do Porto.
Se eu fingir que estou em Lisboa, melhor dizendo, no Olival Basto ao fim de semana, não me lembro que o meu computador avariou. Porque afinal tenho o Netbook do meu príncipe.
Mas, agora que falo nisso, como me custa ter ficado sem o meu computador!
Desconsigo esquecer. Meu companheiro de quase cinco anos. Como a Pitanga. Chegou à minha vida quando chegou a minha Pitanguinha. E completam-se.
Não há dúvida que a vida é sempre a perder. Mas custa tanto...

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